A última cidade inteiramente cristã na Cisjordânia ocupada por Israel está sofrendo uma onda de ataques de “colonos” judeus violentos, afirma um líder religioso local, o que levou famílias a fugirem e levou o clero a declarar que a cidade “não é mais segura” para seus habitantes cristãos. De forma ameaçadora, os colonos também estabeleceram um “posto avançado” nos arredores da cidade — Taybeh, Ramallah — uma comunidade de 4.500 anos de existência com enorme significado na história de Jesus Cristo.
Fonte: Catholic News Agency – Zero Hedge
“A cidade cristã, à qual o Evangelho de João (11:54) se refere como ‘Efraim’ — o lugar para onde Jesus se retirou antes de sua paixão e crucificação — não é mais segura para seu povo hoje”, disse o Padre Bashar Fawadleh, pároco da Igreja de Cristo Redentor de Taybeh, ao serviço de notícias católico em língua árabe ACI MENA . “Não vivemos em paz, mas em medo e cerco diários. Desde outubro passado, mais de 10 famílias deixaram Taybeh devido ao medo da violência e do assédio contínuos”.
Este e outros vídeos abaixo estão circulando nas redes sociais, supostamente capturando os últimos ataques dos “colonos” judeus em Taybeh esta semana ( a BBC confirma que um ataque ocorreu na quarta-feira):
Mais imagens horríveis do massacre de colonos israelenses contra a vila cristã de Taybeh, Ramallah, na Cisjordânia, onde colonos incendiaram casas e veículos.
Este é apenas o mais recente ataque de um padrão contínuo de agressão direcionado aos habitantes de Taybeh, um padrão que também inclui roubo de equipamentos agrícolas e destruição de plantações com fogo ou liberação do gado dos colonos para devorá-los, relata a Catholic News Agency .
“Colonos” judeus estabeleceram um posto avançado na extremidade leste da cidade, sobre as ruínas de uma casa de fazenda abandonada por cristãos que fugiram há cerca de um ano devido à crescente campanha de violência e intimidação dos “colonos” judeus.
Um “posto avançado” é um assentamento judaico em terras palestinas não autorizado pelo governo israelense. Os postos avançados geralmente começam com algo tão pequeno quanto uma barraca ou uma van e frequentemente estão situados no topo de colinas ou terras agrícolas.
No caso de “postos avançados de pastoreio”, os “colonos” judeus trazem gado que permitem pastar em uma ampla área com o objetivo de estabelecer uma reivindicação maior das terras. Apesar da falta de permissão governamental israelense inicial para os postos avançados, o governo de Israel frequentemente os legaliza retroativamente, consolidando a perda da terra pelos palestinos cristãos. (Observem que há palestinos cristãos e muçulmanos, e ambas as variedades de palestinos vivenciam as iniquidades associadas a não ser judeu na Cisjordânia.)
Colonos israelenses atacam a aldeia palestina cristã de Taybeh. Enquanto isso, se cristãos ou muçulmanos se defenderem, o exército israelense os matará.
O posto avançado dos “colonos” judeus na periferia de Taybeh fica em uma zona agrícola economicamente essencial que abrange 1.600 hectares dos 2.400 hectares totais da área da cidade. A terra é usada para plantações de olivais e culturas sazonais, além da criação de aves e ovelhas.
Na sequência habitual de eventos, os judeus nos postos avançados começam a assediar os palestinos, cujas famílias vivem há muito tempo daquela terra, impedindo-os de acessá-la. Tal comportamento é frequentemente praticado enquanto as forças de segurança israelenses observam e aguardam – muitas vezes intervindo apenas quando os palestinos revidam os invasores judeus.
Cristãos locais dizem que essa tática de privação agrícola é exatamente o que está acontecendo em Taybeh:
Durante a última temporada de colheita de azeitonas, pelo segundo ano consecutivo, agricultores foram impedidos de acessar suas terras perto do assentamento Rimmonim — construído em terras confiscadas de Taybeh — resultando em roubo ou deterioração completa da colheita de azeitonas. Aproximadamente 20 famílias foram agredidas fisicamente enquanto tentavam chegar às suas terras…
“Hoje em dia, os colonos estão pastoreando suas vacas em uma colina plantada com oliveiras e campos de cevada, bem ao lado das casas das pessoas. Os moradores veem isso como parte de um esforço coordenado e sistemático para estrangulá-los economicamente e expulsá-los”, [disse o Padre Fawadleh] — ACI MENA / Agência Católica de Notícias
Noite horrível na Cisjordânia: colonos israelenses estão atacando a vila cristã de Taybeh, perto de Ramallah, incendiando casas e atirando em moradores.
O tratamento terrível dado aos cristãos de Taybeh ajuda a explicar por que o senador texano Ted Cruz, que apoia Israel incondicionalmente, foi vaiado em 2014, quando proferiu um discurso de abertura em uma gala promovida pela organização Em Defesa dos Cristãos (IDC), uma organização sem fins lucrativos que busca combater a perseguição e os maus-tratos a cristãos em todo o Oriente Médio — incluindo Israel.
O vídeo do incidente com o senador Cruz viralizou novamente na semana passada, após a entrevista desastrosa de Cruz com Tucker Carlson — na qual Cruz insistiu ignorante e fanaticamente que a Bíblia ordena aos cristãos que apoiem a entidade política moderna que é o Estado de Israel .
Aqui, um cristão palestino explica como ele, sua família e outros moradores de Taybeh são vítimas de “colonos” judeus da Cisjordânia que buscam tomar conta das terras:
“Jesus Cristo veio aqui uma semana antes de ser crucificado [por escolha dos judeus]”, contou-me um palestino em Taybeh. Taybeh é a maior comunidade cristã palestina na Cisjordânia. Desde 7 de outubro, colonos judeus armados e o exército israelense, encorajados pela guerra em Gaza, aterrorizam a comunidade com agressões coletivas, roubos e expulsão forçada de palestinos de suas propriedades. “Eles atacam indiscriminadamente cristãos e muçulmanos. Essa é a natureza do Estado [israelense].” Meu documentário completo sobre a Cisjordânia ocupada: youtube.com/watch?v=6lcXlKJQPzM
Naquele evento da IDC de 2014 com o senador Cruz , as coisas rapidamente pioraram quando o senador proferiu a retórica condescendente com Israel que, com certeza, arranca aplausos quando se dirige a multidões [ignorantes] sem conhecimento da situação dos cristãos palestinos em território controlado por Israel, em Taybeh e em outros lugares.
“Em 1948, judeus em todo o Oriente Médio enfrentaram assassinato e extermínio e fugiram para a nação de Israel”, disse Ted Cruz. “E hoje, os cristãos não têm melhor aliado do que o Estado judeu“, acrescentou, provocando murmúrios e vaias.
Cruz tentou prosseguir, dizendo: “Deixe-me dizer isto: aqueles que odeiam Israel odeiam a América. E aqueles que odeiam os judeus odeiam os cristãos”. As vaias e as provocações persistiram, forçando Cruz a abandonar o evento, dizendo: “Se vocês não ficarem com Israel e os judeus, então eu não ficarei com vocês”.
Quinze quilômetros a nordeste de Jerusalém e 12 km a nordeste de Ramallah, Taybeh foi fundada pelos cananeus entre 2500 e 2900 a.C. Três comunidades cristãs conviviam harmoniosamente ali: a Ortodoxa Grega, a Católica Romana e a Greco-Católica Melquita.
Com belas casas caiadas, a Igreja de São Jorge original, construída pelos bizantinos no século IV, as ruínas de um castelo cruzado e uma região descrita na Bíblia (usando o nome “Efraim”) como o local onde Jesus buscou refúgio antes de ser crucificado [pelos judeus], Taybeh tem sido um destino atraente para turistas cristãos — embora não esteja claro por quanto tempo isso continuará assim.
Uma coisa é certa: ignorantes como Ted Cruz e grupos como “Cristãos Unidos por Israel” não se manifestarão em nome dos moradores cristãos sitiados de Taybeh tão cedo.
