A História em mapas que Ajudam a Entender fanatismo do conflito entre judeus e palestinos

O conflito entre palestinos e israelenses se estende por pelo menos sete décadas e a atual violência — iniciada após o ataque do Hamas a Israel no fim de semana — é apenas o mais recente capítulo desta tensão. A região da Palestina, entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, é considerada sagrada para muçulmanos, judeus e católicos e desde a criação do estado de Israel é foco de discórdia, fanatismo religioso, ódio e atentados sem fim.

A História em 7 mapas que Ajudam a Entender fanatismo do conflito entre judeus e palestinos

Fonte: BBCLondres

Até 1918, a área pertencia ao Império Otomano desde séculos e era ocupada principalmente por árabes e outras comunidades muçulmanas. Mas a forte imigração judaica, encorajada pelas aspirações sionistas, começava a gerar resistência.

Após a desintegração do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, o Reino Unido recebeu um mandato da Liga das Nações [precursora da ONU] para administrar o território da Palestina.

Mas, antes e durante a guerra, os britânicos fizeram várias promessas aos árabes e judeus que mais tarde não foram cumpridas — porque, entre outras razões, o Reino Unido já tinha dividido arbitrariamente o Oriente Médio com a França.

Isto causou um clima de tensão entre nacionalistas árabes e sionistas judeus que levou a confrontos entre ‘paramilitares’ judeus e grupos árabes.

Oriente Médio em 1920, após o Tratado de Sévres

Criação do Estado de Israel

Após a Segunda Guerra Mundial, começou a se discutir a criação do Estado de Israel.

O Comitê Especial das Nações Unidas sobre a Palestina (UNSCOP) declarou em seu relatório à Assembleia Geral, em 3 de setembro de 1947, que havia motivos para o estabelecimento de um estado judeu no Oriente Médio:

  • argumentos baseados em fontes bíblicas e históricas
  • a Declaração de Balfour de 1917, na qual o governo britânico se declarou a favor de uma “nação” para os judeus na Palestina.

Ali foram reconhecidas a ligação histórica do povo judeu com a Palestina e as bases para a reconstituição do “Lar Nacional Judaico” naquela região.

Com o Holocausto contra milhões de judeus na Europa antes e durante a Segunda Guerra Mundial, cresceu a pressão internacional para o reconhecimento de um Estado nacional judeu.

Incapaz de resolver a polarização entre o nacionalismo árabe e o sionismo, o governo britânico levou a questão às Nações Unidas.

Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral aprovou um plano para a divisão da Palestina, que recomendava a criação de um Estado árabe independente, de um Estado judeu e de um regime especial para a cidade de Jerusalém.

O plano foi aceito pelos israelenses, mas não pelos povos árabes, que o consideraram uma perda de territórios. É por isso que ele nunca foi implementado.

Um dia antes de expirar o mandato britânico da Palestina, em 14 de maio de 1948, a Agência Judaica para Israel, representante dos judeus durante o mandato, declarou a independência do Estado de Israel.

No dia seguinte, Israel solicitou a adesão às Nações Unidas, status que finalmente alcançou um ano depois.

Começa o Conflito regional

Após a fundação de Israel em 14 de maio de 1948, a tensão deixou de ser uma questão local para se tornar uma questão regional.

No dia seguinte, o Egito, a Jordânia, a Síria e o Iraque invadiram o território recém-criado. Foi a primeira guerra árabe-israelense, também conhecida pelos judeus como guerra de independência ou de libertação.

Os esforços do Conselho de Segurança da ONU levaram à assinatura de um armísticio em 7 de janeiro de 1949 que colocou fim à guerra, momento em que surge a Faixa de Gaza.

Após o conflito, o território inicialmente planejado pelas Nações Unidas para estabelecer um Estado Árabe foi reduzido pela metade.

Para os palestinos, começou a Nakba, a chamada “destruição” ou “catástrofe”: o início da tragédia nacional dos palestinos. Há 73 anos, cerca de 750 mil palestinos fugiram expatriados para países vizinhos ou foram expulsos pelas tropas israelenses.

Em 1956, uma crise no Canal de Suez colocou o Estado de Israel em conflito com o Egito. Com apoio da França e Inglaterra, Israel invadiu a península do Sinai, mas sofreu pressão internacional para recuar.

Em 1967, entre 5 e 10 de junho, eclodiu a Guerra dos Seis Dias, que teve consequências profundas e duradouras. Israel obteve uma vitória esmagadora sobre uma coligação árabe.

Israel anexou novos territórios, capturou a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito, a Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) da Jordânia e as Colinas de Golã da Síria. Mais meio milhão de palestinos viraram refugiados sem pátria.

O último conflito árabe-israelense foi a Guerra do Yom Kippur, em 1973, que colocou o Egito e a Síria contra Israel e permitiu que o Egito recuperasse o Sinai. Gaza, porém, seguiu sob controle israelense

Seis anos depois, o Egito tornou-se o primeiro país árabe a assinar a paz com Israel, exemplo seguido apenas pela Jordânia anos depois. Em 1982, Israel devolveu completamente o Sinai ao Egito.

Hoje, 75 anos depois da criação de Israel, a paz entre palestinos e israelenses está tão distante quanto quando a ONU propôs dividir em dois o mandato da Palestina.

Atualmente, Israel só tem fronteiras definidas com o Egito e a Jordânia. Israel e o Líbano ainda não chegaram a um tratado de paz para definir sua fronteira, mas a linha de armistício de 1949 entre os dois países serve como fronteira de fato.

Essa fronteira não foi suficiente para evitar pelo menos duas guerras naquele território (em 1982 e 2006) e vários conflitos menores, primeiro entre tropas israelenses e guerrilheiros palestinos no Líbano e depois entre Israel e o Hezbollah, a facção muçulmana xiita do sul do Líbano.

Enquanto isso, a fronteira de Israel com a Síria permanece indefinida. A ONU considera as Colinas de Golã “território ocupado” por Israel, enquanto os israelenses as veem como “território em disputa”, isso desde 1967.


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