A incrível tecnologia dos Antigos (7a)

O Enigma da Tecnologia Antiga : A todos os cientistas-filósofos, de mente aberta, espalhados pelo mundo e que continuam a estudar, a aprender e a crescer. Possam eles nos levar até o infinito, e além. “E aqui, meu caro Watson, chegamos a um desses mundos da conjectura no qual as mentes mais lógicas podem falhar; cada um pode formular sua própria hipótese com base na evidência presente e, provavelmente, a sua será tão acertada quanto a minha”. Sherlock Holmes, a aventura da casa vazia.

O Enigma da Tecnologia Antiga (livro: “A Incrível Tecnologia dos Antigos” de David Hatcher Childress)

Capítulo 7A – A Terra como uma Gigantesca Usina de Força

“Os sacerdotes me disseram que a Grande Pirâmide incorporava todas as maravilhas da Física”.  –  Heródoto (350 A.C.)

O conjunto das pirâmides de Gizé

As estruturas do platô de Gizé, no Egito, devem ser os mais famosos exemplos de maravilhas tecnológicas construídas pelos antigos usando tecnologias que não conseguimos compreender nem duplicar hoje em dia. Quem construiu esses monumentos, como e porquê são perguntas que têm sido alvo de imensas especulações ao longo dos anos. A esfinge é uma das três estruturas mais controvertidas do Egito, jun­tamente com a Grande Pirâmide e o Osirion de Abidos. Escavada em rocha sólida, a esfinge parece tipificar o mistério do Egito ao olhar silenciosa­mente o horizonte. A idade da esfinge é uma questão de muitos debates. Seu corpo está gravemente erodido, embora o governo egípcio esteja reconstruindo-a hoje.

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O que teria provocado essa grande erosão? O controvertido egiptólogo alemão Schwaller de Lubicz comentou que a erosão aguda do corpo não poderia ser resultado de vento e areia, como se presume universalmente, mas da ação da água. Os geólogos concordam que em um passado não muito distante o Egito foi submetido a chuvas intensas. Geralmente, consi­dera-se esse período como coincidente com o do derretimento do gelo da última Era Glacial, entre 15.000 e 11.000 a.C.!

Isso indica que a esfinge já teria sido construída, fazendo dela a mais antiga estrutura do Egito, concebida muito antes da data aceita para a origem da civilização egípcia. De repente, somos levados de volta para os contos sobre o antigo Império Osiriano, a Atlântida e os cataclísmicos des­locamentos polares que abalaram nosso planeta (n.T.: O dilúvio aconteceu em 10.986 a.C.) de dez mil em dez mil anos, mais ou menos.

Diz-se comumente que a esfinge teria sido esculpida à imagem do faraó Quéfren, de quem várias estátuas foram encontradas de cabeça para baixo, uma das quais na forma de esfinge, em um templo próximo à figura de Gizé. De fato, esta teria sido novamente esculpida pelo menos uma vez mais, e sua cabeça é anormalmente pequena para seu corpo, indicando que deve ter sido bem maior. Talvez o faraó Quéfren tenha ordenado que a cabeça da esfinge fosse esculpida à sua imagem enquanto ele ainda estava vivo.

O Templo do Vale de Quéfren, perto da esfinge, também é uma estru­tura muito incomum. É feito de imensos blocos de granito e de arenito, pesando até 100 toneladas cada um. Não há inscrições de nenhum tipo no templo, e os blocos estão encaixados perfeitamente em um curioso pa­drão de quebra-cabeças que faz com que se ajustem com exatidão. Como já se disse, essa é uma marca registrada dos “construtores”, um tipo de construção megalítica que não apenas é extremamente difícil de se exe­cutar, mas de se demolir. Como os blocos se encaixam uns nos outros, não podem ser cortados como tijolos ou blocos quadrados de cimento. É espe­cialmente interessante comparar as técnicas de construção encontradas no Templo do Vale de Quéfren com aquelas vistas em Cuzco, Sacsayhuaman, Ollantaytambo e até Machu Picchu.

Diz-se ainda que há passagens secretas sob o platô de Gizé, que vão até as pirâmides, supostamente partindo da esfinge, e fazem parte das antigas escolas de mistérios do Egito. Um estranho poço que fica entre a pirâmide de Quéfren e a esfinge é conhecido como Tumba de Campbell ou Poço de Campbell. Esse local está bloqueado por uma grade, mas ainda é possível olhar o que há nele. O poço tem uns 5 metros de cada lado e uns 33 metros de profundidade. Em cada lado das paredes é possível ver diversos túneis, passagens e portas cortadas na rocha sólida. Essas passagens fa­zem parte do sistema de túneis que passam sob o platô de Gizé. Corre o boato de que é perigoso tentar chegar às pirâmides ou às câmaras subter­râneas secretas que se encontram nos túneis. Sua existência, e o que há nelas, é objeto de lendas e profecias.

Sugeriu-se que uma biblioteca secreta da Atlântida, freqüentemente chamada de Antigo Salão dos Registros, está oculta em algum lugar sob as pirâmides de Gizé, dentro ou perto delas. Segundo alguns estudio­sos, o Salão dos Registros preserva antigos conhecimentos na forma de cristais de quartzo codificados, tal como hologramas que podem ser hoje codificados por laser. Além disso, nessas câmaras secretas – seladas para o restante da humanidade durante a era sombria da história do Egito, quando os funestos sacerdotes tentaram controlar o mundo – haveria também máquinas e aparelhos dessa era esquecida. Alguns acreditam que a Arca da Aliança esteve contida na Grande Pirâmide durante algum tempo, sendo depois levada por Moisés quando os hebreus rumaram para a Terra Prometida.

As pirâmides do platô de Gizé têm sido consideradas proezas da en­genharia desde tempos imemoriais. Heródoto (historiador grego do sé­culo I a.C.) afirma que sacerdotes lhe disseram, dois mil anos ou mais após a pretensa data da construção da Grande Pirâmide, que equipes com 10 mil homens cada trabalharam durante dez anos para fazer uma rampa para trans­porte dos blocos; depois, levaram outros vinte anos para construir a pi­râmide; finalmente, mais dez anos para ajustar as pedras de revestimento, desde o alto até a base da pirâmide. Heródoto afirma que Quéops financiou a construção fazendo com que sua própria filha tra­balhasse como prostituta. Uma inscrição na base da pirâmide, lida por sacerdotes para Heródoto, informava o número de cebolas e de rabane­tes necessários para alimentar os trabalhadores.

Contudo, ao que parece estavam inventando (muitas) coisas para Heródoto. Não foram encontrados vestígios de uma rampa. A maioria dos estudio­sos acredita que a rampa a que Heródoto se refere é a que começa no Nilo e passa pela esfinge. Todas essas pirâmides têm esse tópico que conduz a elas, mas este aparentemente nada teria a ver com sua cons­trução. Não há inscrições nas paredes mostrando a construção das pirâ­mides, mas há desenhos que mostram o transporte de gigantescos obeliscos e gigantescas estátuas, pesando mais de 100 toneladas, sendo levados por homens puxando trenós.

Segundo John Anthony West, embora tivesse sido possível reunir força de trabalho suficiente para construir as pirâmides ao longo do tempo, teria sido necessário algum tipo de equipamento para levantar os blocos, e ninguém resolveu esse enigma até hoje. Outros engenheiros afirmam que nenhum equipamento seria necessário para erguer os blocos, bastando que uma rampa chegasse até o topo da pirâmide. Entretanto, um enge­nheiro dinamarquês chamado P. Garde-Hanson calculou que tal rampa teria exigido 1,34 milhão de metros cúbicos de material, sete vezes mais do que o próprio material empregado na construção da própria pirâmide! Garde-Hanson acredita que uma rampa que chegasse até a metade da altura da pirâmide seria melhor, mas ainda seria necessário usar um equipamento para erguer os blocos, o que nos leva de volta ao problema inicial.

A colocação das pedras de arenito da cobertura, pesando 10 toneladas ou mais, é um problema ainda maior, pois elas foram cortadas e encaixa­das com muita precisão. Quéops sequer assinou sua própria pirâmide – os únicos registros são da extração em blocos de granito do interior da cons­trução, e não visavam divulgação.

Uma possibilidade é a engenhosa teoria de que a própria pirâmide seria uma bomba hidráulica, e que os blocos foram levados até seus luga­res por canoas que percorreram o lago Moeris, perto dali. Outra teoria que tem certo encanto para os místicos sugere que os blocos teriam sido levitados, usando aquilo que os egípcios chamavam de MAAT, uma força se­melhante ao poder da mente, ao qual se dava o nome de manas, em sânscrito.

Teria sido a Grande Pirâmide moldada no lugar?

Uma curiosa teoria sobre as pirâmides foi postulada pelo doutor Joseph Davidovits, autoridade em técnicas de construção antigas. Davidovits tem dito há anos que a Grande Pirâmide do Egito, bem como outras pirâmides, não foi construída com pedras talhadas como sempre se pre­sumiu. Davidovits acredita que os grandes blocos foram simplesmente despejados em seus lugares, e que são uma forma avançada e engenhosa de pedra sintética moldada no lugar, como concreto.

Em sua pesquisa, Davidovits menciona uma reunião da Sociedade Química Americana de meados da década de 1980. Ele é fundador e dire­tor do Instituto de Ciências Arqueológicas Aplicadas, localizado perto de Miami. Também é o autor do livro The pyramids: an enigma solved, de 1988. Davidovits afirma que uma nova decifração de um antigo texto hieroglífico proporcionou informações diretas sobre construção de pirâ­mides, e que ela apoia sua teoria de que o material usado na construção foi pedra sintética.

O texto, chamado “Estela da Fome”[1], foi descoberto há cerca de cem anos em uma ilha próxima a Elefantina, no Egito. Consiste de 2.600 hieróglifos, 650 dos quais foram interpretados como referentes a técnicas de fabricação de pedras. O texto afirma que um deus egípcio passou instru­ções para a fabricação de pedra sintética ao faraó Djoser, que, segundo se supõe, teria sido o construtor da primeira pirâmide em 2.750 a.C.

A fórmula incluía uma lista de 29 minerais que podiam ser processa­dos com calcário moído e outros agregados naturais, formando uma pe­dra sintética para uso na construção de templos e pirâmides. Como os químicos dos séculos XVII e XVIII, os egípcios deram a esses minerais no­mes segundo suas propriedades físicas. Os materiais eram chamados “minério de cebola”, “minério de alho” e “minério de rábano” em virtude de seus odores característicos.

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Davidovits acredita que os ingredientes desses minérios continham arsênico. Outros seriam fosfatos tirados de ossos ou de estrume, de sedi­mentos do Nilo, de calcário e de quartzo – todos de fácil obtenção.

Segundo a teoria, os ingredientes eram misturados com água e coloca­dos em fôrmas de madeira, semelhantes às usadas para moldar concreto. Davidovits disse que o cimento usado nas pedras das pirâmides une quimicamente o agregado e outros ingredientes, em um processo similar ao en­volvido na formação de pedra natural. Assim, seria extremamente difícil distinguir a pedra usada nas pirâmides da pedra natural. O cimento Portland, por sua vez, envolve a união mecânica de seus ingredientes, e não a união molecular. Além disso, o “cimento egípcio” duraria milhares de anos, en­quanto o cimento comum tem uma vida útil média de 150 anos. Fibras orgâ­nicas, que devem ter caído acidentalmente na mistura, foram encontradas nos blocos de pedra da Grande Pirâmide, segundo Davidovits.

Qual era a função das pirâmides?

Embora muitos digam que as pirâmides eram tumbas para os faraós, as evidências (e o bom senso) contradizem essa teoria. Por mais espantoso que possa pare­cer, nunca foram encontradas múmias dentro de alguma pirâmide. Mui­tas múmias foram encontradas no Egito, porém não DENTRO de pirâmides, mas em câmaras (tumbas) mortuárias escavadas na rocha e esconderijos, como aqueles do Vale dos Reis, onde Tutankamon foi encontrado. Como diz o arqueólogo Kurt Mendelssohn, normalmente tradiciona­lista, em seu livro The riddle of the pyramids:

“Embora a função funerária das pirâmides não possa ser questionada, é bem mais difícil provar que algum faraó chegou a ser enterrado em uma delas […]”

“Excetuando-se a pirâmide de degraus de Djoser, com suas singulares câma­ras mortuárias, as outras nove pirâmides não contêm mais do que três sarcófagos autênticos. Eles estão distribuídos por não menos do que catorze câmaras tumulares. Petrie mostrou que os sarcófagos sem tampa da pirâ­mide de Khufu (Quéops) foram colocados na Câmara do Rei antes que esta recebesse cobertura, pois eram grandes demais para serem levados pela pas­sagem de entrada […] Gostaria de saber o que aconteceu com os sarcófagos desaparecidos. Os saqueadores podem ter quebrado as tampas, mas nunca se dariam ao trabalho de levar um sarcófago espatifado. Apesar de buscas cuidadosas, nunca foram encontrados pedaços de sarcófagos quebrados em passagens ou câmaras. Ademais, devemos lembrar que da pirâmide de Meidun em diante, a entrada se situava bem acima do nível do chão. Na pi­râmide “torta”, até o corredor inferior situa-se 12 metros acima da base, e para levar um sarcófago pesado para dentro ou para fora seria preciso con­tar com uma rampa considerável […]”

“O fato de terem sido encontrados sarcófagos vazios nas pirâmides de Quéops e de Quéfren é facilmente explicado como obra de intrusos, mas os sarcófa­gos vazios das pirâmides de Sekhemket e da rainha Hetepheres, e um ter­ceiro em um corredor sob a pirâmide de degraus, são outra história. Todos eles ficaram incólumes desde a Antigüidade. Como foram sepultamentos sem cadáver, somos quase forçados a concluir que outra coisa que não um corpo humano deve ter sido enterrada em forma de ritual. Já mencionamos o fato de que Snefru parece ter tido duas, ou mesmo três, pirâ­mides de porte, e obviamente ele não pode ter sido enterrado em todas elas […] Embora poucas pessoas discutam o fato de que as pirâmides tenham alguma conexão com o pós-vida do faraó, a afirmação genérica que os faraós foram nelas enterrados não é de forma alguma incontestável […].”

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É bem possível que cada pirâmide tenha abrigado o corpo de algum faraó, mas há um nú­mero desagradavelmente grande de fatores que contrariam isso. É na base dessas complexidades e contradições que os egiptólogos tinham de tentar encontrar uma solução para o mais difícil de todos esses problemas: por que essas imensas pirâmides foram construídas, afinal?” Se as pirâmides não eram tumbas, então o que eram? Há uma teoria que diz que eram observatórios astronômicos. Outra idéia é que as pirâmides, especialmente a Grande Pirâmide, eram marcos geodésicos e “cápsulas do tempo”, considerando que um conhecimento su­perior, como geometria e matemática sofisticadas, teria sido incorporado às estruturas. Outros afirmam que as pirâmides eram centros de iniciação. Naturalmente, há os defensores da “energia das pirâmides”. A palavra “pi­râmide”, na verdade, é grega e significa “fogo no centro”.

A usina de força de Gizé

A idéia de que as pirâmides eram aparelhos para o aproveitamento da energia do Cinturão de Van Allen (com o corpo da pirâmide servindo de anteparo, como o isolante que envolve fios elétricos) é a sugestão mais incrível de todas. Essa teoria está sendo defendida pelo engenheiro inglês Christopher Dunn. Em 1998, Dunn escreveu The Giza power plant: technologies of ancient Egypt, no qual apresenta suas teorias e oferece provas de que o antigo Egito abrigou maquinários e conhecimentos de engenharia avançados.

Dunn afirma que a Terra pode ser uma gigantesca usina de força, e que pirâmides, obeliscos e megálitos podem fazer parte desse grande “sis­tema de energia”. Ele diz que a Grande Pirâmide foi uma imensa usina de força e que ressonadores harmônicos foram alojados em ranhuras sobre a Câmara do Rei. Ele também sugeriu a ocorrência de uma explosão de hi­drogênio dentro da Câmara do Rei, que teria encerrado as operações da usina de força.

Em agosto de 1984, a revista Analog publicou um artigo de Dunn intitulado “Maquinário avançado no antigo Egito?”. Foi um estudo do li­vro Pyramids and temples of Gizeh, escrito por sir William Flinders Petrie. Dunn está convencido de que os egípcios usaram máquinas avançadas, em certos casos:

“Desde a publicação do artigo, visitei o Egito duas vezes, e após cada visita voltei respeitando mais e mais os antigos construtores de pirâmides. Em minha visita de 1986, fui ao Museu do Cairo e dei uma cópia de meu artigo, juntamente com meu cartão de visitas, ao diretor do museu. Ele me agrade­ceu gentilmente, jogou o artigo em uma gaveta juntando-o a outros mate­riais variados e saiu da sala. Outro egiptólogo levou-me à “sala de ferramentas” para instruir-me sobre os métodos dos antigos pedreiros e mostrar-me algumas caixas com primitivas ferramentas de cobre. Pergun­tei ao meu anfitrião o que ele sabia sobre o corte de granito, pois era esse o foco de meu artigo. Ele explicou que os antigos egípcios faziam uma ranhura no granito, inseriam nela cunhas de madeira e depois ensopavam a madeira com água. A madeira inchava e criava pressão sobre a fenda, partindo a pe­dra. Partir uma pedra é bem diferente de usiná-la, e ele não soube explicar como implementos de cobre podiam cortar granito, mas estava tão empol­gado com sua própria explicação que não o interrompi. Para provar seu ar­gumento, ele foi comigo até uma agência de turismo próxima do museu e me incentivou a comprar uma passagem aérea até Assuã, onde, segundo disse, a evidência era clara. Eu devia ver as marcas da extração lá, insistiu, assim como deveria ver o obelisco inacabado.

O gigantesco obelisco inacabado se concluído, teria medido cerca de 42 m (aproximadamente 137 pés) e teria pesado cerca de 1.200 toneladas. Seria o maior do Egito.

Obediente, comprei as passagens e cheguei em Assuã no dia seguinte. Após aprender alguns costumes egípcios, fiquei com a impressão de que essa não era a primeira vez que meu amigo egiptólogo se dirigia à agência de turismo para sugerir viagens a Assuã. Observando as marcas da extração, os métodos descritos, que seriam o único meio pelo qual os construtores de pirâmides extrairiam blocos das rochas de Assuã, não me satisfizeram. Encontra-se lá um grande furo circular, feito na lateral do leito rochoso, que tem uns 37 cen­tímetros de diâmetro e um metro de profundidade, localizado no canal que percorre a extensão do obelisco – cujo peso estimado é de 3 mil toneladas. O furo foi feito em ângulo, com a parte superior invadindo o espaço do canal. Os antigos podem ter usado brocas para remover material do perímetro do obelisco, extraído esse material entre os furos e depois removido as pontas.”

Dunn diz que a arqueologia é basicamente o estudo dos fabricantes de ferramentas através da história, e os arqueólogos identificam o grau de desenvolvimento de uma sociedade a partir de suas ferramentas e arte­fatos. O martelo deve ter sido a primeira ferramenta inventada, e com martelos foram feitos elegantes e belos artefatos. Desde o momento em que o homem descobriu que podia efetuar profundas mudanças em seu ambiente aplicando força com razoável grau de precisão, o desenvolvi­mento de ferramentas tem sido um contínuo e fascinante aspecto da ati­vidade humana. Dunn diz que a Grande Pirâmide lidera uma longa relação de artefatos que foram mal compreendidos e mal interpretados pelos ar­queólogos, que desenvolveram teorias e métodos baseados em uma cole­ção de ferramentas com as quais eles se esforçam em replicar os aspectos mais simples das obras antigas. Diz Dunn:

“Em sua maioria, as ferramentas primitivas descobertas são consideradas contemporâneas dos artefatos. Contudo, nesse período da história egípcia, foram produzidos artefatos em quantidade, mas sem ferramentas que ex­plicassem sua criação. Os antigos egípcios criavam artefatos que não po­dem ser explicados em termos simples. Essas ferramentas não representam plenamente o “estado da arte” que os artefatos evidenciam. Há alguns obje­tos intrigantes que sobreviveram a essa civilização, e apesar de seus monu­mentos mais visíveis e impressionantes, temos apenas uma pálida compreensão da abrangência de sua tecnologia. As ferramentas que os egiptólogos exibem como instrumentos de criação de muitos desses incrí­veis artefatos são fisicamente incapazes de reproduzi-los. Após nos extasiarmos diante dessas maravilhas da engenharia, vemos a pobre cole­ção de instrumentos de cobre na caixa de ferramentas do Museu do Cairo e ficamos intrigados e frustrados”.

Dunn afirma que o egiptólogo inglês, sir William Flinders Petrie, também reconheceu que essas ferramentas eram insuficientes. Ele ex­plorou a fundo essa anomalia em Pyramids and temples of Gizeh, e fi­cou espantado com os métodos usados pelos egípcios para cortar rochas ígneas. Ele atribuiu aos egípcios métodos que “[…] só agora estamos co­meçando a compreender”. Diz Dunn:

“Não sou egiptólogo, sou um tecnólogo. Não tenho muito interesse em quem morreu, quando, se levou alguém consigo e para onde foram. Não quero desrespeitar o imenso trabalho ou milhões de horas de estudo dedicadas a esse tema por estudiosos inteligentes (profissionais e amadores), mas meu inte­resse, e portanto meu foco, está dirigido para outro lugar. Quando analiso um artefato para investigar como ele foi produzido, não me preocupo com sua história ou cronologia. Tendo dedicado boa parte de minha carreira a lidar com máquinas que efetivamente criam artefatos modernos, como com­ponentes de turbinas a jato, sou capaz de analisar e determinar a maneira pela qual foi fabricado um artefato. Também tenho experiência em métodos de manufatura não-convencionais, como processamento a laser e máqui­nas de descarga elétrica. Dito isso, devo dizer que, ao contrário do que se costuma especular, não vi evidências do uso do laser no corte das pedras egípcias. Contudo, há evidências de que foram usados outros métodos de acabamento não-convencionais, além de técnicas mais sofisticadas e con­vencionais como serrar, tornear e usinar. Sem dúvida, alguns dos artefatos que Petrie estava estudando foram produzidos com o uso de tornos. Há ain­da evidências nítidas de sinais de torneamento em algumas tampas de “sar­cófagos”. O Museu do Cairo contém evidências suficientes para provar que os antigos egípcios usavam métodos de fabricação altamente sofisticados, caso sejam analisados adequadamente”.

“Há vários artefatos que, de maneira quase inegável, indicam o uso de má­quinas pelos construtores das pirâmides. Esses artefatos, analisados por William Flinders Petrie, são fragmentos de rocha ígnea extremamente dura (impossível de ser cortada com ferramentas de cobre). Esses pedaços de granito e de diorito exibem sinais idênticos aos deixados quando se cortam rochas ígneas duras com máquinas modernas. É chocan­te perceber que o estudo feito por Petrie sobre esses fragmentos não tenha atraído a atenção, pois há evidências inequívocas de métodos mecânicos de usinagem. Provavelmente, deve surpreender muita gente saber que há um século são aceitas evidências provando que os antigos egípcios usavam fer­ramentas como serrotes, serras circulares e até tornos. O torno é o pai de todas as máquinas-ferramenta, e Petrie apresenta evidências de que os an­tigos egípcios não apenas usavam tornos, mas também realizavam proezas que, pelos padrões atuais, seriam consideradas impossíveis sem ferramen­tas altamente especializadas, como o corte de raios esféricos côncavos e convexos sem causar rachaduras no material.”

Templo em Assuã

Enquanto escavam as ruínas de antigas civilizações, será que os arqueólogos identificam imediatamente o trabalho de máquinas a partir das marcas dei­xadas no material ou da configuração da peça que estão contemplando? Feliz­mente, um arqueólogo teve percepção e conhecimento para identificar essas marcas, e, embora na época em que as descobertas de Petrie foram publica­das a indústria de máquinas estivesse na sua infância, a expansão dessa in­dústria desde então recomenda uma nova análise de suas descobertas. E ele prossegue sua narrativa:

“Tendo trabalhado com o cobre em diversas ocasiões, e tendo endurecido o metal da maneira sugerida anteriormente, essa frase me pareceu simples­mente ridícula. É claro que você pode endurecer o cobre malhando-o repeti­das vezes ou mesmo entortando-o. Contudo, depois que se atingiu determinada rigidez, o cobre começa a rachar e a se quebrar. E por isso que, ao se trabalhar longamente com o cobre, é preciso temperá-lo novamente, ou amolecê-lo, caso se queira manter a peça íntegra. Mesmo endurecido, o co­bre não é capaz de cortar granito. A mais dura liga de cobre que existe é feita de cobre e berílio. Não há evidências a sugerir que os antigos egípcios possuíam essa liga, mas, mesmo que a possuíssem, a liga ainda não seria dura o suficiente para cortar granito. O cobre tem sido descrito como o único metal disponível na época da construção da Grande Pirâmide. Por isso, deduz-se que todo trabalho com ferramentas deve ter sido baseado nesse ele­mento básico. Entretanto, podemos estar completamente enganados até em acreditar que o cobre era o único metal conhecido dos antigos egípcios, pois outro fato pouco conhecido sobre os construtores das pirâmides é que eles também produziam ferro.”

“Sem voltar no tempo e entrevistando os operários que trabalharam nas pirâmides, talvez nunca venhamos a ter certeza sobre os materiais usados em suas ferramentas. Qualquer discussão sobre o tema seria vã, pois en­quanto não se tem uma prova à mão não se pode tirar qualquer conclusão satisfatória. No entanto, a maneira pela qual os pedreiros usavam suas fer­ramentas pode ser discutida, e, se compararmos os métodos empregados atualmente para cortar granito com o produto acabado (como cofres de gra­nito, por exemplo), teremos alguma base para traçar um paralelo.”

“Os atuais métodos para cortar o granito incluem o uso de serra de fio e de um abrasivo, geralmente carbonato de silício, que tem uma dureza compa­rável à do diamante e que, portanto, é duro o suficiente para cortar o cristal de quartzo contido no granito. O fio é um aro contínuo, mantido em rotação por duas rodas, uma das quais é motora. Entre as rodas – cuja distância pode variar, dependendo do tamanho da máquina – corta-se o granito empurrando-o contra o fio ou segurando-o firmemente e permitindo que o fio passe por ele. O fio não corta o granito, mas é o veículo pelo qual os grãos de carbonato de silício realizam o corte em si. Analisando a forma dos cortes feitos nos itens de basalto 3b e 5b, é possível imaginar que foi utilizada uma serra de fio, que deixou sua marca na pedra. O raio pleno na base do corte tem exatamente a forma que seria deixada por uma dessas serras.”

“O senhor John Barta, da John Barta Company, informou-me que as serras de fio usadas hoje em pedreiras cortam o granito com grande rapidez, e que as serras de fio com carbonato de silício cortam o granito como se fosse man­teiga. Por curiosidade, perguntei ao senhor Barta o que ele achava da teoria do cinzel de cobre;e com seu excelente senso de humor, ele fez alguns co­mentários jocosos ao considerar o aspecto prático dessa idéia. “Se os antigos egípcios usavam serra de fio para cortar pedras duras, elas eram acionadas à mão ou motorizadas? Com minha experiência em ofici­nas, e levando em consideração o número de vezes em que tive de usar uma serra (tanto manual como a motor), parece haver fortes evidências de que em alguns casos, pelo menos, o segundo método foi o usado […]”.

As observações de sir William Petrie sustentam o que disse Dunn. Estas são as suas anotações sobre o sarcófago na Câmara do Rei da Grande Pirâmide:

“Do lado norte (do sarcófago) há um lugar, próximo da face oeste, em que a serra penetrou fundo demais no granito, o que foi corrigido pelos pedrei­ros; mas essa correção também foi excessivamente profunda, e 5 centíme­tros depois eles fizeram nova correção, pois tinham cortado 2,5 milímetros a mais do que pretendiam […]”

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Sarcófago da Câmara do Rei da Grande Pirâmide no Egito

A seguir, seu comentário sobre o sarcófago da segunda pirâmide:

“O sarcófago foi bem polido, não só por dentro como por fora, embora tenha sido praticamente incrustado no piso, com os blocos grudados nele. A parte do fundo foi deixada rugosa, e vê-se que foi primeiro cortada e depois traba­lhada até se atingir a altura certa; contudo, ao serrar, a ferramenta foi fun­do demais antes de recuar; o fundo não ficou totalmente trabalhado e o erro mais grosseiro totalizou 5 milímetros a mais do que a parte trabalhada. Foi a única falha de execução em todo o sarcófago, que foi polido em todas as faces, por dentro e por fora, sem deixar visíveis as linhas de passagem da serra, como no sarcófago da Grande Pirâmide.”

“Petrie estimou que teria sido necessária a pressão de 1 a 2 toneladas sobre serras de bronze com arestas diamantadas para cortar o granito extremamente duro. Se concordarmos com essas estimativas, bem como com os métodos propostos pelos egiptólogos com relação à construção das pirâmides, então é possível perceber uma séria desigualdade entre ambos.”

Diz Dunn:

“Até agora, os egiptólogos não deram crédito a nenhuma especulação que sugere que os construtores das pirâmides possam ter usado máquinas, e não força humana, nesse imenso projeto de construção. Na verdade, eles não atribuíram aos construtores de pirâmides sequer a inteligência necessá­ria para a criação e uso da roda. É notável que uma cultura com capacidade técnica suficiente para criar um torno e, a partir daí, desenvolver uma téc­nica que permitisse usinar raios em diorito duro, não tivesse inventado a roda antes disso tudo.”

“Petrie presume, de maneira lógica, que os sarcófagos de granito encontra­dos nas pirâmides de Gizé foram marcados antes de serem cortados. Os ope­rários receberam parâmetros de trabalho. A precisão exibida nas dimensões dos sarcófagos confirma isso, além do fato de que teriam sido necessários parâmetros para alertar os pedreiros de seu erro.”

“Embora ninguém possa dizer ao certo como foram cortados os sarcófagos de granito, as marcas de serra sobre a pedra têm certas características que sugerem não terem sido resultado de trabalho manual. Não fosse o fato de haver evidências em contrário, eu até poderia concordar que a fabricação dos sarcófagos de granito da Grande Pirâmide e da segunda pirâmide pode­ria ter empregado somente mão-de-obra – e levado um tempo enorme. É extremamente improvável que uma equipe de pedreiros, manejando uma serra manual de 3,2 metros, cortasse o granito a uma velocidade tal que ul­trapassasse a linha de referência antes de notar o erro. Retomar a serra e repetir o mesmo erro, tal como fizeram na Câmara do Rei, não ajuda a con­firmar que o objeto foi fruto de trabalho manual.”

“Quando li o que Petrie escreveu com relação a esses desvios, veio à minha mente uma série de recordações de minhas próprias experiências com ser­ras, tanto motorizadas como manuais. A julgar por essas experiências, além daquilo que observei por aí, parece-me inconcebível que a força humana te­nha sido o elemento de movimentação das serras que cortaram os sarcófagos de granito. Não se obtém grande velocidade ao se cortar aço com serra manual sobre um objeto com superfície de trabalho extensa, sobretudo um com as dimensões dos sarcófagos, e a direção seguida pela serra pode ser corrigida bem antes de se cometer um erro sério; naturalmente, quanto menor a peça, mais rápido a lâmina a corta.”

“Por outro lado, se a serra é mecanizada e corta a peça com rapidez, desvia do curso pretendido e cruza a linha de referência com velocidade tal que o erro é cometido antes que se possa corrigir o problema. Isso não é incomum. Isso não significa que uma serra manual não possa desviar, mas que a velo­cidade da operação determina a eficiência da correção de um erro causado pelo desvio.”

[…] Além de indícios externos, outros indicadores do emprego de máquinas de alta velocidade podem ser encontrados no interior do sarcófago de granito da Câmara do Rei. Os métodos evidentemente usados pelos construtores de pirâmides para escavar o interior dos sarcófagos de granito são similares aos métodos usados hoje para usinar o interior de componentes.”

Dentro da Câmara do Rei

Dunn diz que as marcas de ferramentas no interior do sarcófago de granito da Câmara do Rei indicam que quando o granito foi escavado, fo­ram feitos cortes preliminares, mais grosseiros, fazendo-se furos no ma­terial ao redor da área a ser removida. Segundo Petrie, esses furos de broca foram feitos com uma broca tubular, deixando um núcleo central que deve ser retirado após a execução do furo. Depois que todos os furos foram fei­tos e que todos os núcleos foram removidos, Petrie deduz que o sarcófago foi trabalhado manualmente até se chegar à dimensão desejada. Mais uma vez, os operários que trabalharam nesse bloco específico de granito dei­xaram que as ferramentas os ludibriassem, e os erros resultantes ainda podem ser encontrados no interior do sarcófago da Câmara do Rei:

No interior, a leste, vê-se o resto de um furo feito com broca tubular, pois a broca foi inclinada para o lado, e não utilizada verticalmente. Eles se esfor­çaram para polir aquela parte, e tiraram dela 2,5 milímetros; mas ainda dei­xaram a lateral do furo com 2,5 milímetros de profundidade, 75 milímetros de comprimento e 33 milímetros de largura; o fundo localiza-se a uns 21,5 centímetros abaixo do topo original do sarcófago. Eles cometeram um erro similar no interior ao norte, mas de conseqüências menos graves. Há vestí­gios de linhas horizontais de desbaste no interior oeste.

Diz Dunn:

Os erros observados por Petrie não são incomuns em oficinas modernas, e devo confessar que eu mesmo os cometi algumas vezes. Diversos fatores podem estar envolvidos na criação dessa condição, embora eu não consiga visualizar nenhum deles como fruto de operação manual. Mais uma vez, enquanto aplicavam a broca ao granito, os operários cometeram um erro antes de conseguir detectá-lo.

Vamos, por um momento, imaginar que a broca estava sendo aplicada manualmente. Até que profundidade eles conseguiriam perfurar o granito antes da broca ter de ser removida para que pudessem limpar o furo? Seriam capa­zes de perfurar 21,5 centímetros de granito antes de remover a broca? Para mim, é inconcebível atingir tal profundidade com uma broca manual sem a retirada freqüente dessa ferramenta para limpar o furo, ou sem se conseguir remover os detritos durante a operação da broca. Portanto, é possível que a retirada freqüente da broca revelasse o erro, e que eles percebessem a direção seguida pela broca antes de avançar 5 milímetros sobre a lateral do sarcófago, e antes do furo ter uns 21 centímetros. Dá para perceber que a mesma situa­ção ocorreu com a broca e com a serra? Temos duas operações em alta veloci­dade, com erros cometidos antes que os operários tivessem tempo de evitá-los. Embora se negue que os antigos egípcios conheciam a roda, as evidências provam não só que eles a possuíam como também tinham uso mais sofisti­cado para ela. A evidência do trabalho com torno é nitidamente visível em alguns artefatos catalogados no Museu do Cairo, bem como nas peças estu­dadas por Petrie. Duas peças de diorito da coleção de Petrie foram identifi­cadas por ele como fruto de trabalho em um torno.”

Dunn observa que Petrie não disse como inspecionou os trabalhos, se usando instrumentos de metrologia, microscópio ou a olho nu. Ele tam­bém menciona que nem todos os egiptólogos aceitam as conclusões de Petrie. Em Ancient Egyptian materials and industries, o autor, Lucas, le­vanta objeções à conclusão de Petrie sobre as ranhuras que teriam sido fruto de pontas fixas com pedras engastadas. Diz ele:

Em minha opinião, admitir o conhecimento do corte de pedras preciosas para se confeccionar dentes, engastando-os em metal para que suportem a pressão do uso intenso – tudo isso em um período antigo da história -, seria mais difícil do que aceitar sua presença pela suposição de seu uso. Mas será que havia mesmo dentes nesses trabalhos, como propõe Petrie? As evidên­cias a favor de sua presença são as seguintes:

  1. a) um núcleo cilíndrico de granito sulcado por uma ponta de gravação, com ranhuras contínuas e formando espirais, vendo-se, em uma parte, uma única ranhura com cinco rotações ao redor do núcleo;
  2. b) parte de um furo de broca em diorito com dezessete ranhuras eqüidistantes devidas à rotação sucessiva da mesma ponta de corte;
  3. c) outra peça em diorito com uma série de ranhuras, feitas a uma profun­didade de 0,25 milímetro em um único corte.
  4. d) outras peças em diorito mostrando os sulcos regulares e eqüidistantes de uma serra;
  5. e) dois pedaços de vasilha em diorito com hieróglifos entalhados nela por uma ponta de corte livre, sem aparas ou deslizes.

Mas se um pó abrasivo tiver sido usado com serras e brocas de cobre mole, é bem provável que pedaços de abrasivo tenham penetrado o metal, no qual podem ter ficado por algum tempo; e que tal dente acidental e temporário tenha produzido o mesmo efeito que dentes intencionais e permanentes.

Lucas especula que a retirada da broca tubular para remover detritos e inserir mais abrasivo no furo tenha criado os sulcos. Essa teoria tem seus problemas. Dunn afirma ser duvidoso que uma simples ferramenta acionada manualmente permaneça em rotação enquanto os operários a retiram do furo. Do mesmo modo, tornar a colocar a ferramenta em um furo limpo com mais abrasivo não exige que a ferramenta gire até chegar à superfície de trabalho. Há ainda a questão do afilamento, tanto do furo como do núcleo. Ambos permitiriam espaço suficiente entre a ferramenta e o granito, criando assim o contato necessário para criar as ranhuras que, de outro modo, seriam impossíveis nessas condições.

Diz Dunn:

O método que proponho explica como os furos e núcleos encontrados em Gizé teriam sido feitos. Ele pode criar todos os detalhes que intrigaram Petrie e a mim. Infelizmente para Petrie, o método era desconhecido na época em que ele fez seus estudos, e por isso não deve surpreender que ele não tenha conseguido respostas satisfatórias.

A aplicação de usinagem por ultra-som é o único método que satisfaz plenamente a lógica, do ponto de vista técnico, e explica todos os fenômenos observados. Usinagem ultra-sônica é o movimento oscilatório de uma ferramenta que desbasta o material, como uma britadeira quebrando o con­creto da calçada, só que mais depressa e de forma não muito visível. A ferra­menta ultra-sônica, vibrando em freqüência de 19 a 25 mil ciclos por segundo (Hertz), tem aplicação singular na usinagem precisa de furos de formato diferente em materiais duros e quebradiços, como aço endurecido, carburetos, cerâmicas e semicondutores. Uma pasta abrasiva é usada para acelerar a ação de corte.


 

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