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A Revelação Templária – Apêndice II – Rennes-Le-Château e o Túmulo de Deus

revelação-templaria-clive-prince-livroAPÊNDICE II – RENNES-LE-CHÂTEAU E O “TÚMULO DE DEUS”

Quando preparávamos o plano final deste livro, Rennes-le-Château voltou aos títulos dos  jornais com a publicação de “The Tomb of God” de Richard Andrews e Paul Schellenberger.  Segundo a sua tese, altamente polêmica, o segredo descoberto pelo sacerdote Bérenger  Saunière era nada menos do que o lugar do túmulo de Jesus, que os autores acreditam que  se encontra em Pech Cardou, uma montanha a cinco quilômetros a leste de Rennes-le-Château.

Mas o catolicismo romano, evidentemente, exige a fé na ascensão corporal de Jesus aos  Céus, portanto, não deveria existir nada para enterrar. A própria ideia de o corpo de Jesus  existir em qualquer parte é profundamente chocante – e ameaçadora – para o catolicismo  ortodoxo.

Edição e imagens:  Thoth3126@protonmail.ch

APÊNDICE I – A MAÇONARIA CONTINENTAL OCULTISTA – Livro  The Templar Revelation – Secret Guardians  of the True Identity of Christ”, de  Lynn Picknett e Clive Prince.

https://www.picknettprince.com/

A ideia de que o túmulo de Jesus se encontra na área de Rennes-le-Château não é nova. É  quase um lugar-comum em França, onde já existem dois livros e meia dúzia de teorias  inéditas que afirmam a mesma coisa, embora cada um deles favoreça uma localização  diferente. (De fato, uma delas sugere que a sepultura do filho de Deus se encontra sob os  modernos lavabos públicos do parque de estacionamento de Rennes-le-Château!) A ideia  provém do simples significado do suposto segredo e da crença existente de que ele está  ligado a um túmulo (como, por exemplo, em Pastores da Arcádia, de Poussin, que tem um  túmulo como motivo central.)

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Et in Arcadia ego (também conhecido como Les Bergers d’Arcadie ou pastores da Arcádia) é uma pintura de 1637-38 por Nicolas Poussin (1594-1665). Descreve uma cena pastoral com um grupo de pastores da antiguidade clássica  em torno de um austero túmulo.

E o que poderia ser mais importante do que a descoberta do túmulo de Jesus? Mas como explicam as teorias de Andrews e de Schellenberger a solução  do mistério de Rennes-le-Château? As conclusões dos autores baseiam-se na descoberta de  complexos desenhos geométricos, ocultos em dois «pergaminhos codificados»,  supostamente encontrados por Saunière, e em várias pinturas que têm sido associadas a esta  história, como Pastores da Arcádia de Poussin. Os autores interpretam-nas como um  conjunto de «instruções» que, quando aplicadas ao mapa da área de Rennes-le-Château, conduzem ao lugar chamado por Pech Cardou, onde o «segredo» pode ser descoberto.

Esta conclusão apresenta, no mínimo, um sem-número de problemas. Primeiro, embora o  «código» geométrico pareça existir em várias obras (mas não todas), não é, de modo algum, óbvio que estas instruções se  destinem a ser um mapa – podiam ter algum significado esotérico baseado nos princípios da  geometria sagrada. Em segundo lugar, mesmo que os autores estejam certos, as suas razões  para aplicar estas «instruções» da maneira que as aplicam são obscuras e, por vezes,  arbitrárias. De fato, são apenas os pergaminhos que estabelecem a ligação entre a  geometria e a paisagem e, como vimos no Capítulo VIII, estes são de proveniência  extremamente duvidosa.

Mesmo que Andrews e Schellenberger tivessem descoberto o local exato, a sua dedução  final – que o segredo é Jesus estar ali enterrado – é notavelmente fraca. Interpretam a  famosa mensagem das «Maçãs Azuis» como um conjunto de instruções cuja finalidade é encontrar estas «maçãs azuis». Afirmam que esta frase, da qual depende grande parte da  sua argumentação, é a gíria local para designar «uvas». Infelizmente, este termo não é, de  modo algum, a designação de uvas na gíria local. E, mesmo que fosse, é preciso um  espantoso salto de lógica para afirmar que, de fato, maçãs azuis se referem a Jesus! Os  autores confundem o leitor quando escrevem «… o simbolismo do corpo inerente à mensagem maçãs azuis…» – ou quando fazem a afirmação sem fundamento «das uvas  que simbolizam o seu corpo [de Jesus], as maçãs azuis.

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Rennes-le-Château

Os autores também reivindicam a confirmação do seu raciocínio na sua interpretação  pessoal do mote “Et in Arcadia ego”… Partem do princípio de que devia ser completado com  a palavra sum – que transformam num anagrama de Arcam Dei tango Jesu (Eu toco no  túmulo de Deus, Jesus). Mas isso depende da hipótese de ser um anagrama e da adição de uma palavra que tem de ser imaginada.

Andrews e Schellenberger interpretam a mensagem das «Maçãs Azuis» como referência a vários lugares que, quando ligados no mapa, formam um quadrado perfeito. No entanto,  estas interpretações são muito forçadas. Por exemplo, os numerais latinos, correspondentes a 861, são interpretados como uma referência à altitude específica de um lugar, a nordeste  de Rennes-le-Château. Esta referência surge apenas na atual edição do mapa do ING (Institut Géographique Nationele, o  equivalente ao mapa dos Serviços Cartográficos Britânicos). Todas as outras edições, e um marco no próprio lugar, indicam a altitude correta de 680 metros. Este fato leva Andrews  e Schellenberger a concluir que algum «iniciado» do ING  falsificou a atual edição para corresponder à mensagem. (Não teria sido mais fácil indicar  a altitude correta, em primeiro lugar?)

Depois, Andrews e Schellenberger ignoram o fato de que a mensagem codificada é um perfeito anagrama da inscrição da pedra tumular de Marie de Nègre, datado de 1791. Seria  uma obra verdadeiramente espantosa dos codificadores transformar uma inscrição do século XVIII  numa mensagem que indica precisamente estes quatro lugares – um dos quais é uma  moderna referência de altitude e outro é uma ponte ferroviária construída depois de 1870!

Além deste raciocínio tortuoso, os autores também recorrem às já gastas falácias da história de Saunière. Por exemplo, repetem o boato segundo o qual Marie Dénarnaud encomendou  o caixão de Saunière vários dias antes da sua morte – enquanto ele estava de perfeita saúde.  Além do fato de o seu estilo de vida excessivo ter arruinado a sua saúde, os investigadores de Rennes já sabem que a história resulta de um erro da leitura da data do recibo de pagamento do caixão: 12 Juin (Junho) foi tomado por 12 Jan (Janeiro).

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Os autores afirmam que se interessaram por este mistério, em primeiro lugar, devido à  intriga que rodeava as mortes suspeitas de três sacerdotes desta área – o próprio Saunière e os abades Gélis e Boudet. Andrews e Schellenberger acreditam que o trio foi assassinado  porque todos conheciam o grande segredo da região. Na verdade, seria tema para um romance  policial verdadeiramente emocionante, excetuando o fato de que apenas um destes  sacerdotes foi assassinado: o abade Gélis. Como vimos, o estilo de vida de Saunière  garantiu-lhe uma morte relativamente precoce, e Boudet morreu de causas naturais, numa  idade avançada (numa casa de repouso, sem nada de misterioso).

Assim, a solução dos autores para o persistente mistério de Rennes-le-Château é completamente insatisfatória. Mas a hipótese sobre o corpo de Jesus é válida?

Andrews e Schellenberger apresentam três cenários alternativos: Jesus sobreviveu à cruz e  fugiu para a Gália, onde viveu o resto da vida; a sua família e/ou os discípulos trouxeram os seus restos mortais para França; ou os Templários descobriram os restos mortais em  Jerusalém e trouxeram-nos consigo para o Languedoc. Apesar de nenhum destes cenários ser impossível, os autores não apresentam qualquer prova direta ou convincente que confirme qualquer deles.

A ideia de Jesus estar enterrado no Sul da França é plausível, embora se pudesse argumentar que ela faz mais sentido no contexto das nossas próprias conclusões. É possível  que Madalena levasse consigo o corpo de Jesus ou que fosse mesmo acompanhada por ele. (Andrews e Schellenberger, à maneira católica oficial, ignoram-na completamente.) Contudo,  não encontramos nenhuma evidência, mesmo de uma tradição que apoie esta ideia dos autores: todas as tradições que existem dão forte ênfase a Maria Madalena. A corrente  secreta herética do Sul de França era, e é, acima de tudo, um culto (ao feminino divino) de Madalena e não de  Jesus.

Mas, ainda que fosse descoberto um corpo, que talvez pudesse ser o de Jesus, como podia ser positivamente identificado como tal? Andrews e  Schellenberger, mais uma vez, aplicam a sua lógica única ao problema. Embora descrevam  as práticas funerárias judaicas do século I (para eles, Jesus era um judeu essênio) de  recolher as ossadas dos cadáveres e colocá-las num vaso de pedra ou ossário, subitamente  passam a discutir o corpo embalsamado de Jesus. (Irrelevantemente, referem que os  Templários conheciam a técnica do embalsamamento; seria demasiado tarde para  embalsamar o corpo de Jesus.).

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Sugerem ainda que o corpo podia ser identificado comparando-o com a imagem do Sudário de Turim. Evidentemente, qualquer especulação  sobre o túmAulo de Jesus tem de se limitar ao domínio das suposições até que, ou a não ser que, ele seja, de fato, encontrado e investigado. Andrews e Schellenberger não afirmam tê-lo encontrado, mas apenas tê-lo localizado. Eles advogam uma escavação arqueológica em  larga escala, que, segundo esperam, confirmará a sua hipótese.

Contudo, as tradições locais estão primordialmente relacionadas com duas pessoas: Maria  Madalena e João Batista e não com Jesus. A luz da nossa investigação, os rumores de que os  restos mortais de Jesus se encontrarem naquela área podem, de fato, referir-se a alguém  mais próximo dos corações dos habitantes locais do que Jesus.


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