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Atlântida: Um Habitante de dois planetas (2) – Caiphul

“O propósito desta história é relatar o que conheci pela experiência, e não me cabe expor ideias teóricas. Se levares alguns pequenos pontos deixados sem explicação para o santuário interior de tua alma, e ali meditares neles, verás que se tornarão claros para ti, como a água que mitiga a tua sede.

“Este é o espírito com que o autor propõe que seja lido este livro. E chama de história o relato que faz de sua experiência. Que é história?. . . Ao leitor a decisão…… O que é a experiência? Dois componentes: o conjunto das sensações que compõem uma dada situação e a percepção pessoal ou “tradução” individual desse conjunto de sensações.  Que este livro seja lido pelo fascínio da narrativa, como “lenha atirada à sua fogueira pessoal”, alimento para o seu “fogo interior“! Jogue a lenha na sua fogueira e deixe queimar. Os produtos dessa queima – calor e luz – ativarão ou reativarão um processo interno de pensar e sentir em você mesmo, um processo de ser, no cadinho da vida. Conhecer. . . A verdade. . . Quem pode decidir? –  Philos, o Tibetano 

Livro: “Um Habitante de Dois Planetas ou a Divisão do Caminho“, de Philos, o Tibetano – LIVRO UM, CAPÍTULO II


“Nunca pronuncies estas palavras: “isto eu desconheço, portanto é falso”. Devemos estudar para conhecer; conhecer para compreender; compreender para julgar“. – Aforismo de Narada.


LIVRO UM: CAPÍTULO II – CAIPHUL

O povo atlante vivia sob um governo que tinha o caráter de uma monarquia limitada. Seu sistema oficial reconhecia um imperador (cuja função era eletiva e de modo algum hereditária) e seus ministros, conhecidos por um nome que significava “Príncipes do Reino”. Todos esses ministros eram vitalícios, a não ser em casos de má conduta, um termo rigorosamente definido com prescrições impostas com severidade -, e a operação da lei a isso relativa era tal que nenhum cargo, por mais alto que fosse, era suficiente para isentar os ofensores.

Nenhum cargo governamental era eletivo, com exceção de uma função eclesiástica, ao passo que cargos menores do serviço público eram objeto de nomeação em todos os casos e os nomeados tinham de prestar contas estritas ao poder que os indicava para a função, fosse esse poder o imperador ou um príncipe, que, para usufruir do poder, era responsável perante o povo pela conduta dos que havia nomeado. Entretanto, não é a finalidade deste capítulo discutir o sistema político de Poseid, mas descrever os palácios ministeriais e monárquicos fornecidos pela nação a cada funcionário eleito, sendo um para cada príncipe e três para o imperador.

No geral, a descrição de uma dessas edificações, interior e exteriormente, tipifica todas as outras, assim como nos Estados Unidos da América e outros países modernos um edifício governamental é facilmente reconhecido como tal por suas características gerais de arquitetura. A descrição de um palácio, por conseguinte, servirá a um duplo propósito: o de dar uma ideia da mais notável residência do grande império atlante, visto que tenciono descrever o principal palácio do imperador; o segundo propósito é o de ilustrar o estilo que prevalecia na arquitetura do período em que residi em Poseid.

Imagine, se assim lhe aprouver, uma elevação de aproximadamente quinze pés, dez vezes essa medida em largura, e cinqüenta vezes em comprimento. Externamente às dimensões planas, em cada um dos quatro lados da plataforma feita de pórfiro talhado, vários degraus em aclive suave elevavam-se do gramado até o topo da elevação. Nos lados, esses degraus eram divididos em quinze seções, ao passo que nas extremidades as divisões eram apenas três, cada uma dividida em extensões de quinze pés. Entre as duas seções mais próximas dos cantos, cada divisão consistia em um profundo recesso quadrangular, com a escadaria descendo e passando em volta dele em ininterrupta continuidade.

A seção seguinte, a terceira, era separada das outras duas, de cada lado por uma serpente esculpida, de enorme tamanho, feita de arenito e tão fiel à realidade quanto a arte o permitisse. As cabeças dessas serpentes imóveis descansavam no gramado verde em frente à escada, enquanto o corpo ficava em relevo sobre a escadaria, indo até o topo da plataforma, enrolado em torno das imensas colunas que suportavam os frontões das varandas do superes-truturado palácio erigido sobre a plataforma já descrita; as colunas formavam um mui imponente peristilo entre as amplas varandas e os degraus.

A divisão seguinte era um quadrângulo inserido nos degraus e, a outra, mais uma serpente, e assim sucessivamente, em torno de todo o edifício. Espero que esta descrição seja suficientemente detalhada para dar uma ideia daquele tremendo paralelogramo, rodeado de escadarias, guardado por formas ornamentais, e também úteis, de serpentes monstruosas, emblemas religiosos significando não só a sabedoria mas também o aparecimento de uma serpente de fogo nos céus da antiga Terra, iniciando o evento da separação do Homem de Deus. Alternados com essas formas ficavam os recessos, suavizando formas que de outro modo seriam severamente retas e monótonas.

Coroando tudo isso havia o primeiro andar do palácio propriamente dito, com seu peristilo envolto em serpentes elevando o grande teto das varandas sobre as quais descansavam enormes vasos cheios de terra a nutrir todos os tipos de plantas tropicais, arbustos e muitas variedades de pequenas árvores, e um luxuriante jardim que perfumava o ar já refrescado por numerosas fontes ali colocadas. Acima do primeiro andar, com seus pórticos cheios de flores, erguia-se mais um nível com aposentos, cercado de galerias abertas, cujo piso era formado pelo teto que cobria o andar inferior. O terceiro e mais elevado nível de aposentos não tinha varandas, embora tivesse passarelas em todos os lados, formadas pelo teto do pórtico inferior.

A mesma variada exuberância de flores e folhagens tornava todos os andares igualmente atraentes. Em todos eles, aves canoras e de plumagem eram hóspedes bem-vindos, sem gaiolas mas mansas por nunca terem sido maltratadas. Servidores armados de zagaias que projetavam flechas silenciosas, destruíam discretamente todas as espécies predatórias e também aquelas que, sendo desprovidas do poder de cantar, de plumagem de vividas cores ou de hábitos insetívoros para recomendá-las, eram por isso indesejáveis. Graciosas torres redondas ou afiladas erguiam-se acima do telhado principal do palácio, enquanto que os muitos aposentos com projeções, ângulos e arcos abobadados, contrafortes elegantes, cornijas e outros efeitos arquitetônicos, impediam que o conjunto parecesse pesado ou sólido demais.

Palácio Agacoe, em Poseid, Atlântida.

Em torno da maior das torres subia uma escada em espiral, conduzindo ao espaço protegido por um corrimão, no alto, cem pés acima das chapas de alumínio que formavam o telhado do palácio. O palácio de Agacoe era único por causa de sua torre, que o tornava diferente dos outros edifícios ministeriais. Deve ser explicado que a torre tinha sido erigida em memória de uma bela princesa que partira dos amorosos cuidados de seu imperial esposo para Navazzamin, a sombria terra das almas dos mortos havia muitos séculos.

Assim era o palácio de Agacoe. Seu andar superior era um grande museu governamental; o do meio abrigava os gabinetes dos principais funcionários do governo, enquanto que o primeiro estava magnificentemente decorado para servir como residência particular do imperador. Por não ser um lato desprovido de interesse, anotamos que as bocas escancaradas das serpentes de pedra recentemente descritas serviam como portais de entrada (do tamanho usual) para certos aposentos do subsolo, fato que serve para dar uma idéia clara do enorme tamanho daqueles sáurios líti-cos. Os monstros haviam sido feitos levando em conta a proporção artística; seus corpos eram de arenito cinzento, vermelho ou amarelo, os olhos de cornalina, jaspe, sárdio ou outra pedra de silício colorido, enquanto as presas em suas bocas enormes eram de quartzo branco brilhante, uma em cada lado do portal.

Tantas pedras cortadas e alisadas forçam a mente moderna a indagar se os atlantes obtinham o produto acabado por meio do incansável labor de escravos -e nesse caso teríamos sido um povo bárbaro, cuja autonomia política estaria sempre ameaçada pelas forças do vulcão social que a escravatura sempre cria – ou se possuíamos máquinas para o corte de pedras, de peculiar eficiência. Esta última é a resposta correta, pois nossas máquinas especiais para isso, assim como uma quase infinita variedade de outros implementos para todos os tipos de trabalho, eram um motivo de orgulho para a nossa nação e nos distinguiam das demais.

Permite-me fazer uma afirmação, não como argumentação mas para que ela possa ser compreendida à luz dos capítulos subsequentes: se nós, atlantes, não tivéssemos possuído esse grande número de invenções mecânicas nem o talento inventivo que nos conduziu a esses triunfos, então vós, habitantes modernos da Terra, também não teríeis essa capacidade criativa nem os resultados dela. É possível que tu, leitor, não compreendas a ligação que existe entre as duas eras e raças ao ler esta afirmação, mas ao chegares mais perto do final desta história tua mente para ela se voltará com plena compreensão.

Na esperança de que meu esforço em descrever com palavras a aparência dos edifícios governamentais da Atlântida tenha tido êxito, tentemos agora adquirir uma idéia do promontório no qual estava entronizada Caiphul, a Cidade Real, a maior daqueles antigos tempos, na qual vivia uma população de dois milhões de almas, e que não tinha muralhas fortificadas. Na verdade, nenhuma cidade ou capital daquele tempo era cercada por muros, e neste respeito diferiam das cidades conhecidas em épocas históricas posteriores. Chamar meus registros de Poseid de história não é exagero, pois o que relato nestas páginas é a história derivada dos registros da luz astral (n.T. Registro Akáshico).

Não obstante, ela precede as narrativas históricas transmitidas por manuscritos, papiros e inscrições em pedras por tantos séculos, visto que Poseid já não era mais conhecida na Terra quando as primeiras páginas da história foram registradas em papiros pelos primeiros historiadores, e nem mesmo antes, quando os escultores dos obeliscos egípcios e os artistas encarregados de gravar as pedras dos templos imprimiram histórias pictóricas no duro granito. Poseid estava esquecida, pois hoje faz mais de treze mil anos que as águas do oceano Atlântico engolfaram nossa bela terra sem deixar sinal, como o que sobrou das duas cidades (Pompéia e Herculano) ocultas sob lava e cinzas e que durante dezoito séculos da era cristã permaneceram completamente desconhecidas.

“Que a terra (de Atlântida) seja coberta pelas águas, para que o Sol que tudo vê não a distinga mais em seu curso.”

Escavadores trouxeram à luz os restos de Pompéia, mas homem algum pode afastar as águas do Atlântico e revelar o que já não mais existe, pois ainda que cada dia fosse um século, teriam se passado três meses e dez dias desses longos dias desde o terrível (decreto) fiat de DEUS (n.T. Em 10.986 a.C, portanto à 13 mil anos):

“Que a terra (de Atlântida) seja coberta pelas águas, para que o Sol que tudo vê não a distinga mais em seu curso.“

E assim se fez. Em páginas anteriores, o promontório de Caiphul foi descrito como se estendendo pelo oceano a partir da planície caiphaliana, sendo visível de grande distância à noite por causa da luz irradiada pela capital. A península se projetava por trezentas milhas (480 km), na direção oeste a partir de Numéia, medindo cinqüenta milhas (80 km) de largura quase até o extremo, e erguendo-se como os penhascos de talco da Inglaterra a quase cem pés (30 metros), até alcançar uma planície sem elevações, quase tão plana quanto o soalho de uma casa. Na extremidade dessa grande península ficava Caiphul ou “Atlântida, Rainha do Mar”. Linda, pacífica, com seus amplos jardins encantadoramente tropicais:

“Onde as folhas jamais esmaecem nos floridos e mansos galhos, “E as abelhas se fartam com o néctar e pólen das flores o ano inteiro.”

Suas largas avenidas sombreadas por enormes árvores, suas colinas artificiais, cortadas por avenidas que se irradiavam do centro da cidade como os raios de uma roda. Cinqüenta delas corriam numa direção, enquanto que, formando ângulos retos com elas, atravessando a largura da península, com quarenta milhas de comprimento, situavam-se as avenidas menores. Assim era a mais poderosa cidade de mundo antigo, como se fosse um esplêndido sonho. Em nenhum ponto Caiphul se encontrava a menos de cinco milhas do oceano. Embora não tivesse muralhas, em torno de toda a cidade estendia-se um imenso canal, com três quartos de milha de largura por aproximadamente sessenta pés de profundidade, alimentado pelas águas do Atlântico.

No lado norte, um canal maior adentrava esse fosso circular – um canal no qual as águas profusas de um grande rio, o Nomis, criavam uma correnteza de considerável força. Conseqüentemente, formava-se uma corrente em todo o círculo do fosso, e a água do mar entrava pelo lado sul. Dessa maneira, efluía para o mar todo o sistema de drenagem da ilha circular artificial onde ficava a cidade. Imensas bombas a motor forçavam a água fresca do oceano a passar por toda a cidade por meio de grandes canos e condutos de pedra, fazendo a limpeza dos drenos e fornecendo força motriz para todas as finalidades, iluminação elétrica e serviços de eletricidade muito variados. . .

Mas, um momento! Serviços de eletricidade? Sim, na verdade tínhamos um grande conhecimento sobre a força motriz do universo: nós a utilizávamos em incontáveis formas que ainda estão por ser descobertas neste mundo moderno, além de formas que a cada dia estão voltando em grande número à memória de homens e mulheres do passado, reencarnados nesta época. Não é estranha a tua incredulidade, meu amigo, quando falo dessas invenções que consideras uma propriedade típica de hoje? O fato é que falo com o conhecimento nascido da experiência, posto que vivi naquele tempo, e também neste de agora. Vivi não só na Poseid de doze mil anos atrás, mas também nos Estados Unidos da América antes, durante e depois da Guerra de Secessão.

Tirávamos nossa energia elétrica das ondas do mar que se abatiam sobre as praias; das torrentes das montanhas e de produtos químicos, mas principalmente do que poderia ser adequadamente chamado de “Lado Noturno da Natureza”. Explosivos de alto poder eram conhecidos por nós, mas o emprego que deles fazíamos era muito mais amplo que o de hoje. Se pudesses feizer essas substâncias entregarem gradualmente sua enorme força aprisionada sem temer uma explosão, imaginas que tuas máquinas seriam movidas por motores elétricos ou a vapor, tão desajeitados por causa de seu peso?

Se um grande navio a vapor pudesse dispensar suas caldeiras e fornalhas e em seu lugar usar dinamite num recipiente perfeitamente seguro, possível de ser carregado numa bolsa, transmitindo poder suficiente para levar o navio da Inglaterra até a América, ou impelir um trem por seis mil milhas, por quanto tempo ainda usarias teus motores a vapor? Contudo, essa energia foi conhecida por nós – por ti talvez, por mim com certeza – na vida atlante. Certamente ressurgirá, pois Nossa Raça está novamente voltando da vida após a morte para a terra. Esse não era o único recurso energético que tínhamos.

As forças do Lado Escuro da Natureza eram para nós o que o vapor é para teus motores. E o que são elas? Neste ponto só responderei fazendo uma contra-pergunta: a força da Natureza, da gravidade, do Sol, da luz, de onde vem? Se me responderes “vem de Deus”, então explicarei que, da mesma forma, o Homem é Herdeiro do Pai, e tudo que é Dele também pertence ao Filho. Se Incal é impelido por Deus, o Filho descobrirá como o Pai o faz e chegará a fazê-lo também, como o Homem fez em Poseid, no passado. Mas podemos fazer coisas ainda maiores: és hoje, foste ontem. És Poseid que retorna, num plano mais elevado!

O propósito original para o qual havia sido construído o grande fosso ou canal que envolvia a capital tinha sido cumprido havia muitos séculos. Esse propósito fora puramente marítimo, ligado aos dias em que navios eram usados como transporte, antes do uso posterior de aeronaves, e havia cumprido sua finalidade tão bem que dera a Caiphul o título de “Soberana dos Mares”, um título que continuou a existir mesmo depois que os usos originais do fosso já tinham se tornado coisa do passado. Quando melhores meios de transporte suplantaram os antigos, os navios que por dez séculos tinham visitado todos os mares e rios navegáveis do globo foram abandonados ou convertidos para outros usos. Só algumas embarcações singravam as águas e eram barcos de recreio pertencentes a pessoas amantes de novidades e que dessa forma satisfaziam seu gosto pelo esporte.

Essa mudança radical, entretanto, não fez com que as docas de alvenaria do fosso, medindo cento e quarenta milhas aproximadamente, fossem abandonadas à destruição. Isto teria causado a perda de valiosas propriedades pela invasão das águas, assim como a deterioração do sistema sanitário da cidade, além de que tal desgraça teria destruído a beleza do canal e suas proximidades. Por conseguinte, nos sete séculos decorridos desde que deixamos de usar o transporte marítimo, não foi permitido que o menor sinal de fraqueza ameaçasse aquela grande extensão de alvenaria.

Uma característica marcante de Caiphul era a grande variedade e rara beleza de suas árvores e arbustos tropicais, ladeando as avenidas, cobrindo as muitas colinas coroadas por palácios, muitos dos quais tinham sido construídos de forma a se elevarem a duzentos e até trezentos pés acima do nível da planície. Arvores, folhagens, arbustos, trepadeiras e flores, anuais e perenes, enchiam os desfiladeiros, gargantas e terraços artificiais que os poseidanos, amantes da arte, haviam criado. As plantas cobriam os declives, envolviam os penhascos em miniatura, as paredes dos prédios e até, em grande parte, os degraus que levavam das margens até a beira do grande canal, como se vestissem tudo com uma gloriosa roupagem verde.

Talvez o leitor esteja se perguntando onde vivia a população. A pergunta vem bem a tempo e a resposta, segundo creio, será interessante. No trabalho de alteração da configuração da superfície do grande promontório, fazendo da planície uma bela variação de colinas e vales, o plano seguido tinha sido o de lazer uso de grandes suportes de rochas, de enorme resistência, na forma de terraços, deixando passagens em arco onde as avenidas faziam interseções com essas elevações, e preenchendo os vazios remanescentes com concreto feito com argila, pedrisco e cimento, cuidadosamente misturados e socados. O exterior era então coberto com terra fértil para ali se plantar vida vegetal de todas as espécies.

Essas elevações cobriam muitas milhas quadradas do espaço antes existente, deixando poucas áreas planas a não ser as avenidas; mas nem todas, pois muitas ruas ascendiam as colinas ou seguiam o declive ascendente de algumas gargantas até alcançarem o topo. Então atingiam a divisa e passavam para o outro lado por um viaduto em arco, do qual tubos de cristal a vácuo transmitiam uma luz contínua fornecida pelas forças do “Lado Noturno”. As faces verticais e as inclinações dos terraços, assim como os lados das gargantas, serviam para a construção de aposentos de variado e amplo tamanho. As portas e janelas dessas construções eram disfarçadas por saliências artificiais de rocha, cobertas de hera e outras plantas que crescem em pedras, dessa forma escondendo das vistas a deselegância das armações metálicas existentes por baixo.

Esses apartamentos formavam conjuntos artísticos para acomodar as famílias. A forração de metal evitava a umidade no interior, enquanto que sua localização no interior assegurava uma temperança constante em todas as estações do ano. Como essas residências eram projetadas e construídas pelo governo, e eram de propriedade do mesmo, os moradores as alugavam no Ministério de Obras Públicas. O aluguel era módico, suficiente apenas para manter a propriedade em boas condições, pagar as despesas de iluminação e aquecimento, o fornecimento de água e os salários dos funcionários que se ocupavam em cumprir esses deveres.

Tudo isso custava não mais que dez ou quinze por cento do salário de um mecânico especializado. A menção de tantos detalhes deverá ser perdoada, pois se eu os omitisse, só uma concepção vaga e insatisfatória seria obtida pelo leitor. O grande atrativo dessas residências era sua localização retirada, evitando a triste aparência de grandes números de casas angulares, um efeito extremamente desagradável muito visto em nossos dias de hoje mas raramente, ou nunca, nas cidades atlantes. O resultado desse planejamento era que, para quem olhasse de qualquer elevação, a cidade pareceria muito agradável em comparação com nossas modernas aberrações feitas de pedra, tijolos ou madeira, especialmente pela falta de arranha-céus separados por túneis estreitos e sem árvores, em muitos casos imundos, indevidamente chamados de ruas.

O visitante veria uma colina e depois outra e mais outra, até incluir todas em sua visão -eram cento e dezenove no total; aqui um lago, ou um penhasco ao lado de um lago, ou um parque coberto de árvores; mini gargantas com ar grandioso, pequenas florestas, tão regularmente irregulares. . . Cascatas e torrentes, alimentadas pelo inesgotável suprimento de água fresca da cidade, as margens e prainhas cobertas com árvores, arbustos e folhagens que amam a contiguidade da água. Estas, caro amigo, teriam sido as cenas apresentadas aos teus olhos, se pudesses ter contemplado Caiphul comigo. Talvez o fizeste, quem sabe? Mas Caiphul possuía também casas construídas à maneira moderna, pois a autorização da cidade para a construção de algumas casas belas, em locais e estilos calculados para aumentar a beleza do cenário, era um privilégio que pessoas abastadas podiam obter oficialmente.

Muitas a haviam obtido. Museus de arte, teatros e outras estruturas não destinadas a moradia também existiam em razoável número. Passeando pela cidade, descobri que as avenidas, em certos casos, pareciam interromper-se bruscamente diante de uma gruta, cujo interior geralmente estava enfeitado por estalactites pendentes do teto. Por vezes um ligeiro desvio do curso acontecia, impedindo a visão do interior da gruta. Nesses locais, lâmpadas cilíndricas de alta tensão, a vácuo e sem quebra-luz, enviavam um brilho suave ao interior, criando um afeito de luar muito agradável para quem entrasse, vindo do exter-ior brilhantemente iluminado pelo Sol.

Embora os habitantes fossem excelentes cavaleiros, em sua maioria, esse tipo de transporte não era usado a não ser como meio de cultura e graça físicas, uma vez que havia o transporte elétrico fornecido pelo governo. Certamente os reformadores deste século dezenove da era cristã se sentiriam na terra ideal se fossem caifalianos, isto porque o governo exercia o princípio paternalista, tão sistematicamente quanto o feria se fosse o dono da terra, de todos os meios de transporte e comunicações públicas, fábricas, enfim, todas as propriedades.

O sistema era de natureza muito beneficente, e nenhum poseidano desejava que fosse interrompido ou suplementado por algum outro. Se um cidadão desejava um vailx (aeronave) para qualquer finalidade, dirigia-se aos funcionários próprios que sempre estavam de plantão nos depósitos de vailx em todo o reino. Se quisesse cultivar a terra, contatava o Departamento de Solos e Agricultura. Talvez desejasse fabricar um produto; as máquinas estavam à disposição por um aluguel módico necessário para cobrir as despesas de operação e os salários das pessoas encarregadas daquela parte da propriedade pública.

Creio que estes exemplos são o suficiente. Cabe dizer que não existe harmonia política como a que provinha do paternalismo de nossos oficiais eleitos. O paternalismo governamental é encarado com desconfiança e um certo alarma pelas repúblicas modernas. É que hoje sua qualidade difere da que existia então. O nosso era um paternalismo observado de perto e devidamente contido pelos eleitores da nação, e sua existência era essencialmente um expoente de princípios verdadeiramente socialistas. Até aqui não entrei em detalhes precisos a respeito dos muitos acordos peculiares mantidos entre os pais políticos (governo) e seus filhos, ou entre trabalho e capital.

Não creio que deva fazê-lo nestas páginas com propriedade, pois não é o caso de uma petição de readoção, nesta época do mundo, dos métodos seguidos naquele remoto período. Creio que será suficiente dizer, o que não deverá ser inadequado nesta conjuntura, que Poseid não era incomodada no meu tempo pelo problema moderno e ao mesmo tempo muito antigo das greves, que bloqueiam o capital e a empresa, fazem morrer de fome o artesão e causam mais sofrimento aos pobres do que aos ricos. O segredo dessa imunidade às greves não precisa ser buscado muito longe numa nação cujo governo era a voz de um povo com suficiente educação para conceder o poder sem consideração de sexo, porque estava indelevelmente marcado em nossa vida nacional o seguinte princípio: “uma base de educação a cada eleitor; o sexo do eleitor não tem importância”.

Numa nação assim, seria muito estranho que desarmonias industriais pudessem perturbar a política social por muito tempo. O amplo princípio da igualdade entre empregador e empregado reinava em Poseid; não importava o que uma pessoa fizesse para a outra, toda a equação se firmava nesta pergunta: algum serviço foi prestado por uma pessoa a outra? Em caso afirmativo, o fato desse serviço ter sido prestado ou não através de um esforço físico não contava. Um serviço devia ser compensado, fosse físico ou intelectual, e também não era importante saber se o empregador representava um ou mais indivíduos, ou o empregado uma ou mais pessoas.

Nossas leis locais relativas à questão da igualdade industrial eram completas e bastante volumosas. Embora não pretenda dar uma versão completa do que se poderia chamar de leis trabalhistas, algumas partes merecem atenção. Será melhor prefaciá-las com uma breve história dessas regras para mostrar como, naquele tempo remoto, problemas trabalhistas muito semelhantes, e tão ameaçadores para a paz e a ordem quanto qualquer revolta industrial moderna, foram final e equanimemente resolvidos. Na “Pedra Maxin”, a cujo código legal será feita referência no devido tempo, encontramos esta semente vital de resolução de uma terrível ameaça envolvendo trabalho e capital, a saber:

“Quando aqueles que trabalham por um salário estiverem oprimidos e se levantarem em fúria para destruir seu opressor, que sejam impedidos e que Me obedeçam. A eles eu digo: não causes dano à pessoa ou à propriedade de qualquer homem, mesmo que sejais oprimido por ele. Pois não sois todos irmãos e irmãs? Não sois todos filhos de um só Pai, o inominado Criador? Mas isto eu ordeno: que eles acabem com a opressão. Busca com diligência o significado de minhas palavras.”

O estudante de ética interpretava esse comando com o significado de que as classes trabalhadoras oprimidas não deveriam prejudicar o capitalista opressor nem sua propriedade. As classes privilegiadas talvez fossem tão vítimas das circunstâncias quanto as mais pobres; o remédio estava, não na anarquia cega, mas na erradicação das condições errôneas. Isso seria fácil, desde que adequadamente tratado. Os oprimidos eram na proporção de milhares para um, em relação ao opressor. A maioria deles tinha o poder do voto e foi determinado que, sendo o governo servidor do povo, o método correto era lidar com a questão por meio de eleições e não pelo uso da violência contra os ricos. Portanto, fez-se a convocação para que o povo em peso votasse pela adoção de um código de regulamentos trabalhistas e o submetesse respeitosamente ao RAI. Dos muitos artigos e seções citarei apenas aqueles que são pertinentes aos tempos e problemas modernos, de modo que, se minha seleção não contém artigos e seções de maneira sequencial, a razão é óbvia.

EXCERTOS DAS LEIS TRABALHISTAS DE POSEID

“Nenhum empregador exigirá de qualquer empregado a prestação de serviços além dos horários legais de trabalho sem remuneração extra.”

“Seção 4. Essas horas não serão menos nem mais que nove horas de labor físico em cada período de vinte e quatro horas; não serão mais nem menos que oito horas de trabalho sedentário requerendo principalmente o esforço intelectual.”

Este estatuto permitiu que as duas partes de um contrato de trabalho decidissem quando o horário de trabalho começaria ou terminaria, com relação à primeira hora do dia, isto é, a hora moderna do meio-dia. Quanto ao caso dos salários, a lei era muito clara, explicando que, como o homem é egoísta por natureza -quer dizer, em sua natureza inferior – aplicaria com base no auto-engrandecimento a moderna doutrina do autogoverno. Assim, se ele não fosse movido pelo senso do dever para com seu semelhante a tratá-lo com justiça, não sendo a justiça ditada pela força, então caberia à lei compeli-lo a ser justo.

É neste ponto que o moderno mundo anglo-saxão, que é o mundo de Poseid (e Suern/Índia) ressurgindo, mostra um sinal do lento mas seguro progresso gerado pelo tempo -, prova que embora o homem, como tudo o mais, dotado ou não de inteligência, se movimente em um círculo, esse círculo é como a rosca de um parafuso, sempre progredindo para o alto, a cada volta para um plano mais elevado. Poseid deve ser compelida por suas mentes avançadas a fazer o que é justo pelos fracos. A América e a Europa estão se tornando mais propensas a agir corretamente e com justiça, porque isso é parte do seu dever. Vemos então empregadores modernos oferecendo de livre vontade o que os antigos poseidanos faziam por força da lei: partilhar lucros com os empregados.

Philos, o Tibetano, Zailm em Atlântida

Tendo a lei sido entregue aos juristas, os eleitores decretaram que o governo deveria estabelecer um Departamento de Intendência, cuja incumbência seria a de coletar todos os dados estatísticos referentes a produtos alimentícios comerciáveis, todos os têxteis necessários ao vestuário e, em suma, todos os artigos necessários para a manutenção social adequada dos cidadãos. Com base nesses relatórios estatísticos, seria feita uma estimativa do custo desses bens, entre os quais estavam os livros, reconhecidos como alimento mental. Foi calculado o custo anual desses itens e, os salários, com base no resultado da divisão do custo anual pelo número de dias. Essa tabela era atualizada a cada noventa dias, por causa da verificação de que certos itens principais flutuavam, não sendo o cálculo totalmente estável, e os salários de um trimestre poderiam diferir dos salários do trimestre anterior. Permite-me fazer uma citação:

“Seção VII, Art. V. Os empregadores dividirão os lucros brutos das operações comerciais da seguinte forma: O salário, ganhos ou emolumentos de cada empregado serão pagos com base na soma trimestral estimada do custo de vida determinado pelo Departamento de Intendência. Do restante, seis partes de cada cem do capital investido serão reservadas. Este incremento será e representará os lucros líquidos do empregador. Da receita restante serão deduzidas as despesas normais e, de qualquer soma remanescente, metade será investida para prover anuidades aos doentes ou incapacitados, ou como seguro aos dependentes de empregados falecidos. A metade restante será periodicamente distribuída entre os empregados com base em suas diferentes compensações.”

“Seção VII, Art. V. Um conjunto de empregados é apenas equivalente ao seu Superintendente. Este equivale a todos os seus subordinados. Portanto, os empregadores, se não forem eles mesmos os administradores do seu negócio, pagarão aos gerentes um salário igual à soma dos salários dos subordinados.”

Essas e outras leis trabalhistas realmente têm um sabor de modernidade. Mas a civilização de todas as eras, em todas as nações, unde a expressar-se de maneiras tais que, se usarmos a linguagem moderna para exprimi-las, parecerão quase idênticas. Tanto é assim que na antiga Atlântida e na moderna América o termo “greve” pode ser apropriadamente empregado para designar uma revolta de trabalhadores; o mesmo princípio caracteriza todas as outras fases-, de uma era para outra, o mundo progride com lentidão, e hoje ainda não está tão avançado nem tão civilizado, em seu atual subciclo, quanto estava no tempo de Poseid. Estas podem ser palavras duras, mas logo serão compreendidas.

Essas eram as principais características do mundo industrial de Poseid. As antigas greves e tumultos que deram nascimento a essas leis desapareceram e a paz tomou o seu lugar. A mudança foi benéfica, mas os fortes sempre procuravam descobrir um meio de burlar a lei e, embora não tivessem tido êxito suficiente para causar grandes danos, seu desejo foi adicionado à soma do Carma. Assim, quando o mundo moderno da época cris-(ã chegou aos séculos dezoito e dezenove, especialmente este último, começou a reencarnação daquele período de Poseid e, por algum tempo, a opressão novamente predominou. Contra essa tendência, hoje surge timidamente o desejo de agir com jus-i iça pela justiça em si, o que, aplicado a assuntos industriais, manifestou-se em anos muito, muito recentes -um sinal do brilho derradeiro no crepúsculo do dia quase chegado à hora final, lembrando uma era acabada.

Refiro-me particularmente ao desejo mais presente do homem de tratar corretamente os outros sem ser forçado a isso por decretos legais. É verdade que isso é feito ainda porque o homem descobriu que é conveniente; mas essa descoberta nunca teria sido feita se o desejo reencarna-do do bem não tivesse induzido experimentos de participação nos lucros, na esperança de exterminar-se a iniqüidade das greves e com a ideia de harmonizar a sociedade e levá-la a agir como gostaria que agissem com ela.

Esboço do transporte público em Atlântida.

Finalmente, por mais estranho e paradoxal que pareça, essa melhoria é resultado direto de antigos direitos conseguidos à força em Poseid, hoje filhos reencarnados da opressão reencarnada, assim como na Atlântida a opressão surgiu como reencarnação de eras ainda mais antigas, anteriores ao espantoso memorial de Gizé. Mas ir além de uma simples menção disso seria invadir a seara entregue a outrem pelo Messias; portanto, só um indício poderei dar agora e transmitirei outros mais tarde. Basta dizer, então, que aqueles foram tempos em que os homens lutavam contra nossa ancestralidade caída com uni movimento ascendente que era praticamente imperceptível, (glória seja dada ao Pai, pois Seus filhos, segura embora lentamente, estão por meios tortuosos ascendendo a Suas alturas; muitas são suas quedas, mas eles se levantarão de novo, não permitindo que o inimigo triunfe.

Pode parecer uma intrusão inoportuna, mas devo introduzir neste ponto uma breve descrição do sistema de transporte elétrico de Caiphul e das outras cidades, grandes e pequenas, espalhadas pelo império e suas colônias. Farei somente a descrição dos veículos de transporte local. Em cada lado das amplas avenidas havia uma larga calçada de mosaico para os pedestres. Uma linha de enormes e pesados vasos de pedra, sem fundo e onde cresciam arbustos ornamentais e folhagens, estavam no meio-fio, e de cada lado deles havia um trilho de metal, a uma altura de uns nove pés, apoiados em suportes semelhantes aos que serviam para amarrar navios.

A distâncias regulares, outros trilhos cruzavam as vias principais, podendo ser levantados ou abaixados para formar um desvio como os dos trens de hoje, com uma simples alavanca efetuando esse processo. O espaço abaixo dos trilhos servia como cruzamento de ruas, havendo raramente uma rua pavimentada por baixo, a não ser nas avenidas maiores. Nos mapas do Departamento Municipal de Trânsito, esses trilhos principais e secundários formavam uma espécie de teia de aranha. Para cada distrito havia grande número de veículos com mecanismo automático, que permitia o transporte de seus passageiros a tremendas velocidades e grandes distâncias. Não ocorriam colisões, porque o sistema era formado por trilhos duplos. (Continua…)


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