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Atlântida: Um Habitante de Dois Planetas (24-A) – O Devachan

atlantida-philos-habitante-dois-planetasAtlântida, a rainha das ondas dos oceanos.   

“O propósito desta história é relatar o que conheci pela experiência, e não me cabe expor idéias teóricas. Se levares alguns pontos pequenos  deixados sem explicação para o santuário interior de tua alma, e ali neles meditares , verás que se tornarão claros para ti, como a água que mitiga a tua sede. .

 Este é o espírito com que o autor (Philos, o Tibetano) propõe que seja lido este livro. E chama de história o relato que faz de sua experiência. Que é história?. . . Ao leitor a decisão.

medo é a emoção predominante das massas que ainda estão presas no turbilhão da negatividade da estrutura de crença da (in)consciência de massa. Medo do futuromedo da escassez, do governo, das empresas, de outras crenças religiosas, das raças e culturas diferentes, e até mesmo medo da ira divina. Há aversão e medo daqueles que olham, pensam e agem de modo diferente (os que OUVEM e SEGUEM a sua voz interior), e acima de tudo, existe MEDO de MUDAR e da própria MUDANÇA.  Arcanjo Miguel


Livro: “Um Habitante de Dois Planetas”, de Philos, o Tibetano, Livro Primeiro, Capítulo XXIV – DEVACHAN

Fontehttps://www.sacred-texts.com

CAPITULO XXIV – DEVACHAN – Parte A

Obediente ao comando, adormeci. Quando acordei ainda me encontrava na prisão de pedra, mas todo o sofrimento, todas as torturas da fome e da sede que eu havia suportado tinham desaparecido. Nada me parecia estranho, nem mesmo quando me levantei e vi atrás de mim, como uma concha vazia, meu pobre envoltório de barro, que tanto tinha penado nas garras da inanição. Tudo parecia natural como nos sonhos mais vívidos. Pensei em Anzimee e me perguntei se ela também se sentia feliz como eu naquele momento. Desejei que assim fosse. Depois lembrei as palavras Daquele que Se chamara Filho do Homem e imaginei que espécie de homem seria.

Em sua maior parte, suas palavras não tinham sido compreendidas por mim, mas depreendi delas que eu estava morto e que Anzimee não me veria mais, a não ser depois do que vagamente parecia uma eternidade; mas então ela não seria Anzimee nem eu me chamaria Zailm. Contudo, não senti tristeza por essa longa separação. E naquele tempo esse Filho do Homem teria retornado ao mundo e deixado uma obra a ser realizada por Seus irmãos, filhos do PAI, que assim fazendo O estariam seguindo e se tornariam como Ele, até serem libertos do tempo e da terra e possuírem todas as coisas, a vida e a morte.

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Compreendendo apenas de forma vaga estas coisas, eu não as assimilara perfeitamente, pois minha mente natural não era capaz de apreender seu significado espiritual. Isso, então, era o Navazzimin e eu estava morto no entendimento dos homens. Era muito diferente dos conceitos que me tinham sido ensinados pelos sacerdotes de Incal, porque aparentemente não diferia muito da vida terrena, pelo que eu estava vivenciando. Talvez o fosse se eu passasse  pela Luz do Maxin. Fazê-lo não seria suicídio, já que eu estava morto. Não, seria uma purgação da carnalidade que possivelmente tinha me impedido de encontrar o real Navazzimin, aquele que me tinha sido ensinado. Anzimee e os outros entes queridos viriam até ali um dia para nos revermos e reconhecermos? Oh! Seria assim! Teria de ser assim!

Mergulhado nessas reflexões, andei até a porta, esquecido de que as trancas tinham impedido minha saída anteriormente. Só quando se abriu ao meu toque foi que lembrei que ela tinha desafiado todos os meus esforços. Saí agilmente e andei pelo túnel até chegar ao ar livre e encontrar minha sela e – sim – meu cavalo, aquele fiel animal! Ele estava comendo capim, tendo evidentemente ficado por perto da água obtida pelo gerador. Deveria eu abandoná-lo? Não se houvesse um meio de evitar isso! Eu estava livre, enfim! Olhei em volta, para a paisagem árida sob o céu aberto, com seus monumentos de argila gasta pela erosão, cobertos de plumas de paina. Como faziam meneios graciosos ao vento, parecendo  dizer: “Livre, livre!”

Fui até onde estava o cavalo, esquecendo que, estando morto, não precisaria daquele meio de transporte. Mas ele pareceu não me ver nem perceber minha presença. Eu estava acostumado a vencer dificuldades, mas não sabia como agir naquela circunstância. Sentei e fiquei observando o belo animal. Quanto mais eu olhava mais perplexo ficava. Finalmente fiquei de pé e, com certa exasperação, comecei a falar com ele. Nada! Claro que não! Quanto mais eu falava, mais contente o cavalo parecia ficar, como se sentisse que eu estava perto e isso o alegrasse. Finalmente me afastei, decidindo deixá-lo naquele lugar, já que não conseguia comunicar-me com ele. Isso causou um efeito imediato no animal!

Quanto mais eu me afastava mais nervoso ele ficava, até que levantou a cabeça e relinchou com força. Uma, duas, três vezes, e então veio galopando loucamente atrás de mim! Quando chegou perto se acalmou e quando voltei a caminhar rapidamente ele me seguiu. Ele podia sentir minha presença embora não pudesse me ver ou me ouvir. Minha mente estava totalmente ocupada em levar o fiel animal de volta ao acampamento. Não sentindo cansaço, nem fome, nem sede, nem qualquer sensação da pesada vida física, adentrei o acampamento com o cavalo me seguindo todo contente!

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Quando chegamos lá, vi que o vailx estava pousado, mas só havia ali dois homens; os outros tinham saído à minha procura, visto que eu não regressara, por obra de Mainin. Esses dois homens, assim como o cavalo, não podiam me ver nem sentir minha proximidade. Todos os meus esforços foram em vão e, embora eu ficasse ali dois dias, até que a busca terminasse e os homens tivessem voltado ao vailx para pedir novas ordens a Caiphul, em Atlântida, continuava sem poder comunicar os fatos.

Um dos homens ainda estava fora e, quando  voltou, falei com ele. Embora não pudesse me ver, minha presença o afetou profundamente. Falei muitas e muitas vezes, até que finalmente ele se sentou todo trêmulo ao lado de minha mesa no salão do vailx. Havia papel e pena ali e eu disse ao homem: “pegue a pena”. Para minha não total surpresa ele a pegou e pareceu cair em sono profundo enquanto escrevia o seguinte: “pegue a pena”.

Uma ideia me ocorreu e pronunciei palavras sem nexo que ele escreveu no papel exatamente como eu as tinha enunciado. Isso me animou a ditar o que se segue: “sou eu, Zailm, quem diz estas coisas: estou morto. Volta para casa, para Caiphul”. Sobre meu corpo e o local onde se encontrava eu nada falei, concluindo que o mesmo estava adequadamente enterrado. Mas o que ditei foi escrito; não que o médium ouvisse o que eu dizia mas porque naqueles momentos eu estava controlando a inteligência de seu corpo e da sua mente. Os outros viram a mensagem e a esconderam e, quando o homem saiu do transe, perguntaram o que ele tinha escrito. Ele negou que tivesse escrito alguma coisa. Isso pareceu satisfazê-los, já que o homem obviamente estava sendo honesto em sua negativa.

Eles decidiram trazer o equipamento e os animais para o vailx e prepararam-se para partir. Isso me deixou satisfeito e não pensei mais neles, pois meu único desejo era voltar para casa. Refleti que tinha deixado o empecilho da carne na casa da caverna, de modo que deveria poder ir para onde quisesse, como fizera Mainin. Resolvi tentar e disse para mim mesmo: “quero ir para casa, para o Agacoe onde está o Rai, que poderá me ver e ser informado a respeito de todos os detalhes deste assunto”.

Com esse pensamento, tudo mudou e me encontrei no palácio de Agacoe. Entretanto, nem Gwauxln nem Anzimee, que também se encontrava lá, pareciam notar minha presença. Acontecia o mesmo que com o homem do vailx. Que coisa era essa chamada morte, essa barreira? Seria ela realmente o umbral separando duas condições, tornando impossível a comunicação entre elas, sendo inútil tentar se comunicar do lado onde eu estava como o seria do outro? Eu tinha pensado que Gwauxln seria capaz de atravessar essa barreira. Mas infelizmente eu me via tão impossibilitado de ser reconhecido por ele como o estivera com os outros.

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Esboço de como seriam as espaçonaves chamadas de VAILX em Atlântida.

Eu sabia que ele podia ver as pessoas que se separavam de seus invólucros exteriores para poderem se transportar, como Mainin tinha feito, e que depois os retomavam à vontade; por que então Gwauxln não me via? Talvez a morte significasse algo mais do que deixar o corpo para trás. Por muito tempo permaneci naquele lugar, pensando nessa coisa chamada morte. Depois, estando eu ao lado de Gwauxln, já tendo desistido de tentar fazê-lo tomar conhecimento de minha presença, uma forma humana entrou no recinto. Forma? Parecia tão real quanto qualquer um dos cortesãos que estavam sentados junto ao arco do portal de entrada.

Nenhum deles pareceu perceber o recém-chegado; a não ser o Rai e eu, ninguém mais o viu. Os cortesãos continuaram a conversar sobre a morte súbita do Incaliz Mainin e sobre a extinção de seu corpo na Luz Maxin na noite anterior. Fiquei estarrecido com a estranha semelhança que o recém-chegado tinha comigo, mas fiquei imensuravelmente surpreso quando o Rai exclamou: “Que! Zailm morto? Morto!” Um serviçal, ouvindo essa exclamação, embora só visse o soberano, acorreu pressurosamente e perguntou o que este desejava. Ao aproximar-se, atravessou a forma que Gwauxln chamara pelo meu nome! Nem aquela silhueta humana nem o serviçal pareceram notar a excepcional ocorrência, mas a Forma, sorrindo, disse em resposta: “Sim, Zo Rai, eu sou Zailm, mas não estou morto, estou apenas livre das restrições terrenas.”

Confuso, quase estupefato diante dos acontecimentos, joguei-me num divã próximo. Gwauxln podia ver o que parecia ser eu; era efetivamente uma imagem minha quanto às feições e lembranças de acontecimentos. Na verdade, era (apenas) a contraparte psíquica (duplo etérico) de minha vida e do meu Eu, mas a mim ele não podia ver. Mistério, oh mistério! Quantos mais a morte havia de me revelar? Eu havia deixado na prisão de Umaur uma imagem material de mim mesmo; seria possível que existisse também uma contraparte intermediária do meu corpo material e do meu Eu, que ainda retinha certas formas grosseiras da vida que eu perdera, as quais a tornavam visível enquanto eu permanecia invisível?

Sendo Gwauxln um Filho da Solitude, por que era incapaz de perceber meu astral e eu? Na realidade ele não era incapaz, mas não me foi permitido saber disso naquele momento. A razão que depois se tornou clara para mim, mas que então eu desconhecia, era em resumo a seguinte: uma pessoa ao morrer é decomposta em elementos psíquicos que, para não me estender demais, são de três naturezas – terrestre (matéria física), psíquica (astral) e espiritual. Desses três elementos, o mais elevado é o Eu Sou, a alma espiritual. Os outros são os anteriormente mencionados (com quem Gwauxln falou) e que foram deixados na prisão. Mas a alma busca um nível exaltado; o “invólucro” psíquico (corpo astral) permanece nas condições terrenas até que o corpo, finalmente seja dissolvido, se transforme no “pó que volta ao pó”.

O estado exaltado ou da alma é um estado de isolamento. Como está escrito nos registros bíblicos (II Samuel, xii, 28) um médium pode chegar até ele, mas  alma, após um curto espaço de tempo, não pode retornar à terra nem conhecer qualquer coisa terrena a não ser aqueles estados mentais-espirituais extremamente tensos dos indivíduos que buscam as coisas de Deus. E essas coisas não são terrenas. Esta é a verdadeira atuação mediúnica. O médium genuíno se eleva à “altura” (nível de consciência) necessária, mas a alma não pode mais descer à terra que abandonou ao morrer o corpo físico, não pode negar a lei do progresso, a não ser durante um período muito limitado e breve após a transição chamada morte, quando então não se trata de uma retrogressão.

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Palácio Agacoe

Um médium é como um barômetro aneróide, que pode indicar o grau da pressão do ar acima do nível do mar, ou a ascensão do espírito. Mas ele precisa estar presente (elevar a sua consciência) até esse nível, pois o nível não pode descer até ele. Assim é que aquele que morre é um viajante que se dirige para o ponto sem retorno. Não há regresso para os mortos, a não ser pelo renascimento físico e reencarnação. Deixo ao leitor apreender que isto não é transmigração de almas, pois esta postula o renascimento em formas animais inferiores como punição dos pecados.

Isso não pode acontecer. A retrogressão é impossível e essa noção é uma falsa e corrompida concepção, fundada na mal entendida verdade da reencarnação, cujos renascimentos em encarnações sucessivas são invariavelmente progressivos, visando sempre a EVOLUÇÃO.

Mas voltemos ao Rai e sua determinação de não me ver. Gwauxln sabia que eu ainda não atingira o estado apropriado e temia interromper meu progresso. Por isso não permitiu que meu “invólucro” o influenciasse, tanto quanto pude concluir. Entretanto, tendo percebido o fato de minha morte pelo contato de sua natureza super sensitiva, ele buscou ir além e, embora suas ações negassem que me via, colocara em operação certas forças que propiciariam minha preparação para que ele viesse até mim e me contatasse. Isso não ocorreria enquanto minha vida mundana não se desfizesse, enquanto eu não partisse para o “país desconhecido” do Navazzimin.

Quando isso ocorreu, ele veio e o encontro foi marcado pela alegria singela, pela graça natural; um encontro entre duas almas iguais perante Deus, não em condição de sabedoria adquirida, pois nisso Gwauxln estava imensamente acima de mim, mas iguais na fraternidade do espírito que hoje desejo que reine na terra. Isso há de ocorrer ainda, pois o Portador da Cruz disse: “Todos vós sois Filhos do mesmo Pai!”. Eis que esta é a verdade!

Quando Gwauxln veio ao meu encontro, a esfera terrena de forma alguma foi trazida com ele. Trazer condições terrenas com ele teria me enviado de volta à terra, o que seria uma clara injustiça para comigo. Nenhum ego (alma) espiritual tem permissão, segundo as próprias leis do ser, de voltar à terra. O Eu de um iniciado pode projetar-se ao devachan (céu), mas o habitante do devachan não pode voltar à terra, a não ser por um novo nascimento na mesma em um novo corpo. Por que a alma deixa a terra após a morte? Porque no devachan ela assimila os frutos da vida terrena ativa.

Eis a explicação da Palavra escrita de Deus: “Faze com presteza tudo quanto pode fazer a tua mão, porque na sepultura para onde te precipitas, não haverá nem obra, nem razão, nem sabedoria, nem ciência”. (Ecl. ix, 10). É verdade que na sepultura nada mais pode ser feito. Nas páginas seguintes muitas coisas parecerão indicar meus “feitos” entre a sepultura e o berço, mas observa que a terra como um todo tinha se tornado perfeitamente obliterada para mim. A alma não pode retornar exceto para reencarnar-se pelo renascimento. Chamá-la de volta é causar perturbações nesse processo e a reassociação com o invólucro (corpo) astral que a alma deixou para trás na morte do corpo. Essa reassociação revive o astral e então ocorre ação e reação entre este e a alma, para grande prejuízo desta
último.

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A reencarnação é um ciclo no qual a alma evolui ao ocupar corpos materiais em vidas sucessivas em busca de sua evolução.

Tudo que “vivenciei” foram exclusivamente os frutos do que eu tinha feito; eu não podia fazer nada de novo, nem pensar novos pensamentos, nem experimentar coisa alguma que não fosse, em si mesma, a expressão de algo cometido antes que eu passasse pela morte. Nessa reorganização ou novo arranjo e cristalização da minha vida terrena pregressa, o tempo não teve qualquer expressão. A realidade disso foi apenas a realidade de um sonho vivido; o tempo não interfere naquilo que já está feito. Estava ao alcance do poder do Rai reconhecer-me, mas ele se recusou a fazê-lo, para que eu não sofresse qualquer dano.

Também está ao alcance do poder de todas as naturezas mediúnicas poderosas que (geralmente) pertencem à seita chamada “Espírita” fazer o mesmo. Esses médiuns podem chamar de volta os mortos, mas a que terrível preço para o ego dos falecidos e com que pesada reação sobre o médium! Afirmo que nenhum processo da Natureza, ordenado pelo Pai Celestial, pode ser levianamente interrompido; cada ato dessa espécie é acompanhado por uma penalidade proporcional ao entendimento de quem o perpetra – essa penalidade nunca é leve e freqüentemente tem um peso aterrador.

Caso eu tivesse ficado ali para ver, teria presenciado Gwauxln, Filho da Solitude, partir em sua própria forma astral, após deixar o corpo físico em sua câmara secreta a fim de que nenhum dano acontecesse ao mesmo enquanto ele estivesse ausente. E teria visto o Zailm-invólucro partir com ele para Incalithlon e o Rai fazê-lo passar para a Luz Incriada e ser destruído. Entretanto, dentre todos os homens da terra, só os olhos treinados dos Filhos da Solitude poderiam ter visto o que aconteceu. O “invólucro” nunca mais emergiria do Maxin. E por que era assim? Por que destruí-lo?

Para que ele não andasse mais pela terra e não pudesse impressionar sensitivos como o homem do vailx que eu havia impressionado em Umaur e a quem meu “invólucro” poderia continuar impressionando. Isso poderia ter causado muitos problemas, pois aquele meu corpo (psíquico) astral continuava a repetir fielmente minhas palavras finais antes que eu me separasse dele, as que eu dissera a Gwauxln em Agacoe: “não estou morto”. Naquela oportunidade era como todos os outros invólucros, cuja natureza composta dupla só se manteria íntegra pelo limitado período em que pudesse tirar o magnetismo para se sustentar de minha correspondência terrena recentemente encerrada.

Em alguns casos, esse sustento é suficiente para o corpo astral durar várias eras, em outros para séculos, anos, dias ou minutos, conforme as simpatias do morto se voltassem para a terra ou para o espírito. O astral é apenas força vivificada, portando a imagem da alma, o EU SOU, em todos os respeitos. As próprias profecias feitas por “espíritos retornados”, profecias que se realizam depois de anos, talvez sejam apenas a pré-visão do ego impressa no momento da partida. Por um momento, ele divisa vastas profundezas do tempo futuro. Esse relance fica impresso no invólucro-astral. Isso é força psíquica.

Se os fenômenos postos em movimento pelo homem são do tipo intensamente vital criado por homens como Moisés, Buda, Zoroastro, então enquanto um crente de qualquer dessas religiões continuar aderindo a elas, os invólucros desses profetas continuarão a ter essa existência derivada, mas só durante esse tempo e não mais. A força psíquica (energia) é o seu instrumento de controle. Essa mesma força mantém as estrelas e os átomos em suas respectivas órbitas. Ela é vital e dual, sendo positiva e negativa. Separar a força do “elemento fogo” dos antigos (antigos para ti, não para mim), era gerar o foco de um Fogo Incriado como o Maxin e, em eras posteriores, o poder da Arca da Aliança em Israel, semelhante ao Maxin, letal à vida. 

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O Maxin, o “fogo eterno” que ardia dentro do principal templo da capital de Atlântida, Caiphul.

Esses pontos focais são portais para os quais todo o conjunto de forças menores da natureza é absorvido por contato. Esses focos também são a habitação exclusiva do tão procurado “solvente universal” dos alquimistas escusado dizer que, como alguns desses alquimistas foram Filhos da Solitude, obviamente tiveram o maravilhoso “solvente” ao seu serviço. Igualmente aparente deve ser o motivo por que esse segredo permaneceu cuidadosamente oculto. Esses focos são os próprios aurículos do coração do Universo, de modo que qualquer espécie de força formada ali encontra seu Ômega.

Conseqüentemente, quando Gwauxln fez meu astral passar pelo Maxin, devolveu à indivisa soma da força cósmica uma quantidade já sem uso para o mundo formado. Numa escala mínima, a medula oblongata do cérebro humano é um desses focos, um ponto-maxin, onde o positivo e o negativo se encontram. Se assim não fosse, a vida seria impossível; basta destruir esse maxin do corpo, com uma simples picada de agulha e a vitalidade cessa instantaneamente. Mas basta, por ora. Gwauxln veio a mim, já que eu não podia ir até ele. Os não-iniciados muitas vezes surgem em sonho para seus amigos, mas não conhecem o meio de fazê-lo voluntariamente.

Como um grande ponto deste meu trabalho é explicar esses mistérios, dedicarei um pouco mais de espaço para tornar claro e livre de qualquer engano como é que os que vivem na terra adquirem o poder de ir até seus amigos além da Fronteira, e por que estes jamais retornam à terra. O barômetro, num dia calmo, registra ao nível do mar um grau definido de pressão atmosférica e, a uma milha acima desse nível, numa encosta de montanha, por exemplo, o mercúrio em seu tubo “cai” para um grau menor, embora definido. Em ambos os casos isso se deve à pressão do ar.

Ora, se alguém deseja conhecer a pressão existente a uma milha de altitude sobe até ela ou traz a altitude para perto de si? Em tempo tempestuoso, o barômetro também “cai”, o ar é menos denso, pois ocorrem mudanças meteorológicas que efetivamente fazem descer as grandes altitudes do ar, isto é, as condições que prevalecem ali, até o nível inferior. Assim é criada a tempestade, forçada pelas condições superiores. Assim é que, pelo exercício de uma força superior, um médium numa “sessão espírita” pode trazer de volta, ou para baixo, uma alma que já passou pela transição; mas isso dará lugar a uma tempestade psíquica, um tipo de ocorrência excessivamente onerosa. A Feiticeira de Endor criou uma tempestade assim quando forçou Samuel a descer novamente à terra.

Atentai, ó médiuns! Amigo, se és um “barômetro espiritual” humano, poderás elevar-te até os teus amigos, mas nunca, se estimas a paz de tua alma e a deles, tentarás fazê-los descer até os teus “círculos”. Os que só buscam a parte excitante desta história farão bem em omitir a leitura da maior parte do Livro I, deixando-o para os leitores que buscam a razão e a instrução desta narrativa de minha vida e o modo pelo qual descrevo cenas que se passaram há mais de treze mil anos. Por causa do crime de Mainin, o Incaliz, eu tinha sido forçado a buscar meu plano psíquico e porque eu era Eu, e sou Eu, esse plano é de relativo isolamento.

Isso quer dizer que era habitado pelos filhos de minha fantasia, por minhas experiências, esperanças, anelos, aspirações e meus conceitos sobre pessoas, lugares e coisas. Não há duas pessoas que vejam um mesmo mundo da mesma maneira. Para Anzimee, com o conhecimento que tinha, o mundo não poderia parecer igual ao de Lolix, que o via de um outro ponto de vista, em certos aspectos inferior, e para nenhuma das duas o mundo seria como o via o sábio ministro Menax; e para todos os três a visão da vida seria diferente da que tinha Gwauxln. Assim também o devachan, o céu de uma pessoa, está infundido por seus conceitos de vida, enquanto o de seus vizinhos está povoado por outras propriedades mentais peculiares.

Quanto ao estado e o conhecimento da pessoa falecida, após a sepultura, suas aspirações e crenças da vida formam a condição da colheita, onde ninguém age, mas onde as recompensas das ações na vida precedente são pagas; é a terra de Lethe, onde não há dor, tristeza, doença ou agonia, pois essas condições começaram na terra e forçosamente devem ser terminadas na terra. Assim decreta o carma. O céu (Devachan) é passivo, não ativo, e os resultados do conhecimento são assimilados pela alma, isto é, as coisas são de tal forma que o novo nascimento é como a página seguinte de um livro contábil – que contém todas as antigas vidas e o acréscimo da mais recente delas.

Espero não ter sido prolixo. Não o fui se consegui transmitir uma clara compreensão de qual é realmente a relação entre o céu e a terra, que é como a relação entre o tempo de descanso noturno e a atividade do dia. Que ninguém presuma que o devachan de alguém que tenha cometido erros ligados à terra e que deva encarnar novamente devido aos mesmos seja como aquela grande Vida com que são coroados os que foram fiéis até a morte da serpente em seu coração, os desejos animais. As palavras podem até descrever o mero devachan, mas são impotentes para descrever essa Vida. O finito jamais  consegue abranger o Infinito. Portanto, deixa que o Infinito penetre em teu coração.

Enquanto eu ponderava essas coisas na presença de Gwauxln, Anzimee e os outros, que não podiam me ver ou preferiam não me ver, minhas forças terrenas me abandonavam. O poder que um momento antes me permitia ver pessoas, lugares e coisas do mundo parecia estar escapando rapidamente e, ao mesmo tempo, sons e visões gloriosas o substituíam, parecidos com o sonhar acordado da vida que eu acabara de deixar, com a diferença de que estes sonhos eram reais aos meus sentidos, tangíveis e mutuamente reativos. Pois muito bem, se aqueles que ficaram na primeira praia da morte não podiam me ver nem perceber minha presença, e eu também não podia vê-los ou sentir sua presença, por que não deslizar de boa vontade para o gozo feliz da paz de novas vistas e coisas que vinham substituir as antigas? Sim, eu deveria aceitar a nova realidade. Adeus, vida antiga; do homem chamado Zailm que eu fui, saudações à nova! 

Continua…


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