Bolsa de Grãos do BRICS: a chance dos Maiores Produtores controlarem a Economia do Setor

O grupo BRICS possui quatro das cinco nações que mais plantam e PRODUZEM grãos no mundo. Ainda assim, os países são obrigados a cooperar com um sistema financeiro gerenciado [um verdadeiro cassino controlado por judeus khazares], especialmente pela Bolsa de Chicago. Ela existe desde meados do século XIX, dificultando a mudança de uma estrutura tão enraizada no sistema financeiro agrícola do mundo. Mas, para começar, é preciso dar o primeiro passo e, para isso, os países do BRICS produzem quase a metade de toda a produção global de grãos.

Fonte: Sputnik

Os grãos fazem parte essencial da alimentação contemporânea. O Arroz, café, feijão, milho, trigo e soja podem ser usados para preparar inúmeras receitas, garantindo assim a segurança alimentar global.

Quatro países do BRICS estão entre os cinco maiores produtores de grãos no mundo: Brasil, China, Índia e Rússia. Entretanto, o grande controlador econômico do mundo das commodities é a Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos.

Pensando em uma forma de dar ao Sul Global o poder de negociar os alimentos que produz sem intermédio do Ocidente hegemônico, a Presidência da Rússia do BRICS sugeriu, na Cúpula de Kazan, no ano passado, a criação de uma bolsa de grãos dos países membros do grupo.

Especialistas declararam ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, que a ideia poderia valorizar mais ainda as moedas locais dos países do BRICS, além de dar poder econômico aos reais e maiores produtores de alimentos do mundo. Sem a pressão do “Cassino judeu khazar” da Bolsa de Chicago e o uso do dólar nas transações, essas nações conseguiriam adequar preços e contratos às suas realidades.

O historiador, formado pela Universidade de Brasília (UnB), membro do Núcleo de Estudos Avançados de Política Internacional (NEAPI) e do BRICS+, Rodrigo Ruperto explica que quem determina o que será plantado na América Latina é a Bolsa de Chicago, que “basicamente domina toda a trade de agronegócio do mundo”. Para ele, como o setor é financiado atualmente, pouco reflete a realidade dos produtores.

“É muito importante que no mundo se criem instituições alternativas de financiamento. É isso que o BRICS faz, por exemplo, com o Novo Banco de Desenvolvimento [NBD], com o arranjo de correntes de reserva. Isso tudo vai permitir que o Sul Global se financie para além das lógicas do Norte Global.”

Segundo o historiador, a criação da bolsa de grãos do BRICS certamente gerará mais ira aos Estados Unidos, uma vez que as commodities são negociadas em dólar. Ruperto ressalta que esse movimento faria a moeda norte-americana voltar para o país, o que pode gerar crise inflacionária a Washington.

“Não há dúvida que a desdolarização do comércio de grãos terá um enorme impacto estrutural no sistema financeiro internacional. Agricultura, de fato, é um dos principais pilares do sistema de comércio mundial. Quando os países do BRICS começam a negociar grãos entre si, em moedas locais, estão atacando uma engrenagem central da hegemonia do dólar, a intermediação compulsória das ações globais.”

sociólogo, administrador público, diretor de pesquisa do iBRICS+ e professor da Escola do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) Douglas Meira Ferreira afirma que a bolsa de grãos do BRICS também é uma oportunidade para driblar sanções ocidentais, como as sofridas pela Rússia desde 2022.

“Os países do Sul Global têm interesse em fazer comércio livremente entre si. Não é porque os EUA, a Europa, têm um contencioso com a Rússia que o Brasil é obrigado também a adotar as medidas colocadas em relação às sanções.”

Assim como Ruperto, Ferreira acredita que o Norte Global G-7 pode interpretar essa iniciativa do BRICS como uma afronta. Entretanto, ele reforça que o jogo econômico do Ocidente é um perigo para todo o mundo, e não só para os alvos diretos de tarifas e embargos comerciais.

“As sanções tendem a prejudicar todo mundo. No caso das commodities, o preço é praticamente global. A produção e o consumo é global. A gente está falando de matérias-primas de alimentos, de matérias-primas de transformações industriais, que vão ser necessárias para a população consumir de forma geral.”

É preciso dar o primeiro passo

A Bolsa de Chicago existe desde meados do século XIX, dificultando a mudança de uma estrutura tão enraizada no sistema financeiro agrícola do mundo. Mas, para começar, é preciso dar o primeiro passo e, para isso, os países do BRICS somam quase a metade de toda a produção global de grãos.

Ferreira pontua que o setor é repleto de atores importantes, como empresas, produtores de insumos, intermediadores e sistemas de regulação que dificultam mudanças no curto prazo. Todavia, a força de capacidade de produção alimentos de nações como Brasil, China, Índia e Rússia pode “influenciar os rumos do comércio desse setor”, trazendo benefícios para o bolso dos cidadãos do Sul Global.

“Se nós tivermos uma bolsa de grãos que pode operar de forma um pouco mais ampla, captando toda a produção global, isso tende a estabilizar o preço, inclusive para os mercados internos. […] Essas iniciativas constroem maior soberania para os países do Sul em termos de trocas e de fluxos financeiros.”

A nível Brasil, Ruperto vê uma ótima oportunidade para os empresários do agronegócio brasileiro. Ao operar em real, o especialista projeta que, em um espaço de 15 anos, o setor pode crescer de maneira expressiva.

“O agronegócio brasileiro tem um déficit grandíssimo no que tange a produção local de maquinário e fertilizante, que é quase todo comprado no estrangeiro e pago em dólar. À medida que o Brasil entra em uma instituição, cuja premissa é criar mercados com moedas locais, isso vai permitir que o Brasil financie o seu agronegócio não mais em dólar, mas pelo real. Uma vantagem competitiva sem igual.”

Para Ferreira, é importante relembrar a inflação que o Brasil sofreu ao longo de 2022 com as sanções contra a Rússia criadas pelo Ocidente após o início da operação especial russa na Ucrânia. O especialista acredita ser vital criar alternativas ao sistema atual pensando no bolso daqueles que mais precisam.

“Se nós tivermos outros mecanismos que conseguem operar o fluxo de mercadoria do Sul Global para o Sul Global, isso tende a contribuir para a estabilidade dos preços. A gente sabe que, quando os preços têm picos de instabilidade, como em 2022, no período do governo [Jair] Bolsonaro, quem é mais penalizado são os mais pobres, a população que não dispõe dos recursos para trabalhar com flutuação [especulação] de preços.”


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