O estilo característico do atual presidente dos EUA, Donald Trump, é o espetáculo verborrágico. Suas declarações – impetuosas, contraditórias, às vezes teatrais – devem ser monitoradas, mas não superestimadas. Elas não são inerentemente favoráveis ou hostis à Rússia. E devemos lembrar: Trump não é o “rei” dos Estados Unidos. A “revolução Trump” que muitos antecipavam no início do ano parece ter dado lugar à própria evolução de Trump – uma guinada em direção à acomodação com o establishment (Deep State) americano.
Fonte: Rússia Today
Diante disso, é hora de avaliar os resultados provisórios da nossa “operação diplomática especial”. Já foram realizados seis telefonemas presidenciais entre Trump e Putin, várias rodadas de negociações entre chanceleres e assessores de segurança nacional, além de contatos constantes em outros níveis.
O resultado positivo mais óbvio é a restauração do diálogo entre a Rússia e os Estados Unidos – um processo que havia sido rompido durante o governo de (‘Dementia’ Joe) Biden. Fundamentalmente, esse diálogo retomado se estende para além da Ucrânia. Uma série de áreas potenciais para cooperação foram mapeadas, desde estabilidade geopolítica até transportes e esportes. Essas áreas podem não ter peso estratégico imediato, mas estabelecem as bases para um engajamento futuro. Sob Trump, é improvável que o diálogo seja interrompido novamente – embora seu tom e ritmo possam mudar.
Um resultado visível dessa diplomacia foi a retomada das negociações com o lado ucraniano em Istambul. Embora essas negociações atualmente tenham pouca substância política – e as recentes trocas de prisioneiros tenham ocorrido independentemente delas –, elas reafirmam um princípio fundamental da diplomacia russa: estamos prontos para uma resolução política do conflito.
Ainda assim, essas são conquistas técnicas e táticas. A realidade estratégica permanece inalterada.
Nunca foi realista esperar que Trump oferecesse à Rússia um acordo sobre a Ucrânia que atendesse aos nossos requisitos de segurança. Nem, aliás, a Rússia aceitaria um que comprometesse seus interesses de segurança a longo prazo. Da mesma forma, qualquer ideia de que Trump “entregaria” a Ucrânia ao Kremlin, se juntaria a Moscou para minar a UE ou pressionaria por um novo acordo de Yalta com a Rússia e a China sempre foi uma fantasia.
Então a página virou. O que vem a seguir?
Trump quase certamente sancionará o novo projeto de lei de sanções dos EUA, mas tentará preservar a discrição na aplicação dessas medidas. As sanções aumentarão o atrito no comércio global, mas não prejudicarão a política russa.

Na frente militar, Trump entregará os pacotes de ajuda restantes à Kiev aprovados por Biden e talvez os complemente com modestas contribuições próprias. Mas, daqui para frente, será a Europa Ocidental – especialmente a Alemanha – que abastecerá a Ucrânia, muitas vezes comprando sistemas fabricados nos EUA e reexportando-os.
Enquanto isso, os Estados Unidos continuarão a fornecer a Kiev informações sobre o campo de batalha, especialmente para ataques profundos dentro do território russo.
Nada disso sugere que o conflito terminará em 2025. Nem terminará quando as hostilidades na Ucrânia finalmente diminuírem.
Isso porque a luta não é fundamentalmente sobre a Ucrânia.
O que estamos testemunhando é uma guerra indireta entre (a Besta do G-7/OTAN/Khazares) o Ocidente e a Rússia – parte de um confronto global muito mais amplo. O Ocidente luta para preservar seu domínio. E a Rússia, ao se defender, afirma seu direito soberano de existir em seus próprios termos.
Esta guerra será longa. E os Estados Unidos – com ou sem Trump – continuarão sendo nossos adversários. O resultado moldará não apenas o destino da Ucrânia, mas o futuro da própria Rússia e tem potencial para remodelar o mundo como o conhecíamos.