O Sol vem apresentando um aumento de atividade inesperado e anômalo nos últimos 16 anos, revertendo uma tendência de declínio que surpreendeu cientistas e pode trazer impactos tanto no espaço quanto na Terra. A conclusão faz parte de uma pesquisa conduzida por especialistas da NASA e publicada no periódico Astrophysical Journal Letters.
Fonte: Globo-New York – ESA
Estudo mostra reversão inesperada na ‘Atividade Solar’ e alerta para impactos em satélites, sistemas de navegação GPS, Internet, astronautas e sistemas tecnológicos na Terra
Segundo a agência, os dados mostram que, após atingir em 2008 o ponto mais fraco já registrado, o Sol entrou em um processo de intensificação gradual. O movimento contrariou expectativas de que a estrela permaneceria em um “mínimo solar profundo”, fase de inatividade prolongada [média 11 anos] prevista por especialistas.
— Todos os sinais apontavam para uma fase prolongada de baixa atividade. Então foi uma surpresa ver essa tendência se inverter. O Sol está lentamente despertando — afirmou Jamie Jasinski, físico de plasma espacial da Nasa e autor principal do estudo, de acordo com o jornal americano CBS News.
O que o aumento da atividade solar pode provocar?
O aumento da atividade solar pode provocar mais tempestades, erupções solares e CMEs-Ejeções de Massa Coronal. Esses fenômenos, classificados como parte do chamado clima espacial, têm potencial para afetar naves espaciais, expor astronautas a riscos e causar distúrbios em sistemas terrestres, como redes elétricas, localização por GPS, internet e comunicações por rádio.
Entre as evidências analisadas estão explosões de plasma solar e medições mais intensas do campo magnético no sistema solar. A NASA destaca que a Terra vive atualmente o Ciclo Solar 25, iniciado em 2020, após um ciclo considerado o mais fraco em um século. O próximo, o Ciclo Solar 26, deve começar entre 2029 e 2032.
Quais missões a Nasa vai lançar para monitorar o Sol?
Para ampliar o monitoramento, a agência anunciou o lançamento de novas missões, entre elas a Interstellar Mapping and Acceleration Probe (IMAP) e o Carruthers Geocorona Observatory, além da missão SWFO-L1 da NOAA, prevista para ser colocada em órbita já na próxima semana a bordo de um foguete Falcon 9.
O alerta ocorre em meio a registros recentes de forte instabilidade solar. Em maio de 2024, a NASA detectou a tempestade geomagnética mais intensa em mais de duas décadas, responsável por levar a aurora boreal a latitudes incomuns, chegando até o sul do México. Especialistas alertam que eventos desse tipo podem prejudicar a internet e comprometer TODOS os sistemas de comunicação globais.
O Observatório Solar e Heliosférico foi lançado em 2 de dezembro de 1995. Uma missão conjunta entre a NASA e a Agência Espacial Europeia, a fase operacional original do SOHO estava programada para dois anos – e agora, por meio de repetidas extensões, está comemorando um quarto de século em órbita. Com o passar dos anos, seu conjunto de instrumentos inovadores tornou-se uma fonte de inúmeras descobertas científicas, uma inspiração para missões subsequentes e uma saída para cientistas cidadãos.
A SOHO também sobreviveu à quase catástrofe duas vezes e se tornou a espaçonave de observação do Sol mais antiga. O que esta missão poderosa testemunhou em seus 25 anos mudou a maneira como a humanidade vê o sol.
Objetivo: Observar em tempo real a atividade do Sol, os estudos do SOHO vão desde o interior do Sol, sua superfície visível e atmosfera tempestuosa, até onde o vento solar sopra em regiões distantes do nosso Sistema Solar.
Missão: O Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) está localizado a 1,5 milhão de quilômetros de distância da Terra. Lá, ele observa constantemente o Sol, retornando fotos e dados espetaculares das tempestades que assolam sua superfície. Os estudos do SOHO vão desde o interior quente do Sol, passando pela sua superfície visível e atmosfera tempestuosa, até regiões distantes onde o vento do Sol luta com uma brisa de átomos vindos de entre as estrelas. A missão SOHO é um projeto conjunto ESA/NASA.
O que é especial?
Todos os dias, o SOHO envia imagens espetaculares com as quais cientistas pesquisadores aprendem sobre a natureza e o comportamento do Sol. Especialistas ao redor do mundo usam imagens e dados do SOHO para ajudá-los a prever eventos de “clima espacial” que afetam nosso planeta.
O SOHO se move ao redor do Sol no lado solar voltado para a Terra, onde desfruta de uma visão ininterrupta do Sol e de sua atividade, orbitando lentamente ao redor do Ponto L1 de Lagrange. Este é um ponto no espaço onde os campos gravitacionais do Sol e da Terra se cancelam e mantêm o SOHO em uma órbita alinhada com os dois corpos.
A sonda SOHO transporta 12 intrumentos principais, cada um capaz de realizar observações independentes do Sol. São eles:
- Global Oscillations at Low Frequencies (GOLF)
- Variability of Solar Irradiance (VIRGO)
- Michelson Doppler Imager (MDI)
- Solar UV Measurement of Emitted radiation (SUMER)
- Coronial Diagnostic Spectrometer (CDS)
- Extreme UV Imaging Telescope (EIT)
- UV Coronagraph and Spectrometer (UVCS)
- Large Angle Spectrometer Coronagraph (LASCO)
- Solar Wind Anisotropies (SWAN)
- Charge, Element, Isotope Analysis (CELIAS)
- Suprathermal & Energetic Particle Analyser (COSTEP)
- Energetic Particle Analyser (ERNE)
As descobertas incluem correntes complexas de gás fluindo abaixo da superfície solar visível, explosões solares, emissão de CME-Ejeções de Massa Coronal e mudanças rápidas no padrão dos campos magnéticos. Na atmosfera do Sol, o SOHO também vê explosões, ondas de choque notáveis e tornados.