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O Código Cósmico – Capítulo 1 – Pedras das Estrelas

Foi necessária uma guerra – cruel e sangrenta – para trazer à luz, há poucas décadas, um dos mais  enigmáticos sítios arqueológicos no Oriente Médio. Se não o mais enigmático, certamente o mais intrigante e, sem dúvida, enraizado em um passado muito distante. É uma estrutura que não possui paralelo entre as ruínas das grandes civilizações que floresceram no Oriente Médio no milênio passado – pelo menos o que foi descoberto e revelado até agora. 

Livro O CÓDIGO CÓSMICO – A fantástica História dos Extraterrestres que Revelaram os Segredos Cósmicos à Humanidade (Zecharia Sitchin)

Capítulo 1 – PEDRAS DAS ESTRELAS

As estruturas paralelas mais parecidas situam-se a milhares de quilômetros, além do mar e em outro continente; o que vem à mente é Stonehenge, na distante Inglaterra.

Lá, numa planície varrida pelo vento, a cerca de 130 km de Londres, círculos de imponentes megálitos  formam o tesouro pré-histórico mais importante da Inglaterra. Enormes pedras erguidas em semicírculo estão ligadas na parte superior por lintéis feitos de outras pedras, contido num semicírculo de pedras menores, cercado por sua vez de dois círculos de outros megálitos.

Stonehenge, na Inglaterra

As multidões que visitam o local descobrem que alguns dos megálitos ainda estão em pé, enquanto outros caíram ou de alguma forma foram retirados do local. Mas os estudiosos e pesquisadores conseguiram descobrir as configurações dos círculos-dentro-de-círculos e observaram os orifícios onde dois outros círculos – de pedras ou de estacas de madeira – existiram numa fase inicial de Stonehenge.

Os semicírculos em forma de ferradura e um grande megálito caído, apelidado de Pedra da Matança, indicam, fora de qualquer dúvida, que a estrutura estava orientada segundo um eixo nordeste-sudoeste. Eles apontam para uma linha de orientação que passa entre duas pedras eretas através de uma longa avenida de pedras, diretamente para a chamada Pedra do Calcanhar.

Todos os estudos concluíram que os alinhamentos tinham propósitos astronômicos; foram primeiro orientados, em cerca de 2900 a.C. (um século a mais ou a menos), para o nascer do sol no dia do solstício de verão; foram reorientados, em cerca de 2000 a.C. e depois em 1550 a.C. na direção do pôr-do-sol no solstício de verão daquela época.

Episódios de guerra recente no Oriente Médio foi a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando o Exército israelense, cercado e encurralado, derrotou os exércitos do Egito, da Jordânia e da Síria e capturou a península do Sinai, a margem ocidental do rio Jordão e as colinas de Golã. Nos anos que se seguiram, arqueólogos israelenses conduziram extensa pesquisa e escavações em toda a área, trazendo à luz acampamentos do período Neolítico, desde os tempos bíblicos até os períodos grego, romano e bizantino.

Apesar de tudo isso, em nenhum lugar a surpresa foi maior do que na área escassamente habitada, o platô quase vazio chamado de colinas de Golã. Descobriu-se que fora uma área densamente habitada e cultivada no início das habitações humanas; eram restos de acampamentos do sétimo milênio que precede a Era Cristã.

Virtualmente no meio do nada, numa planície varrida pelo vento (que fora utilizada pelo Exército
israelense para prática de tiro), pilhas de pedras arranjadas em círculos concêntricos apareceram – quando vistas do alto – como uma espécie de Stonehenge do Oriente Médio. A estrutura única [cujo nome árabe é Rujm el-Hiri (em árabe monte de pedra dos linces – os israelenses chamaram o lugar de Gilgal Refaim-Roda dos Gigantes)] consiste em vários círculos concêntricos de pedras, três deles circulares e dois formando semicírculos ou “ferraduras”. O círculo exterior mede quase meio quilômetro de circunferência, e os outros diminuem à medida que se aproximam do centro da estrutura.

As paredes dos três círculos principais elevam-se a dois metros ou mais, e a largura excede três metros. São feitas de pedras brutas, variando desde um tamanho pequeno até megálitos de proporções enormes, que pesam 5 toneladas e até mais. Em vários pontos as paredes circulares estão ligadas umas às outras por paredes radiais, mais estreitas porém com aproximadamente a mesma altura das pilhas circulares. No centro exato da complexa estrutura, ergue-se uma pilha grande e bem definida de rochas, medindo cerca de 20 m de largura.

Mesmo deixando de lado sua forma única, essa é, de longe, uma das maiores estruturas de uma só
pedra na Ásia, tão grande que pode ser vista do espaço por uma nave orbitando a Terra.  Engenheiros que estudaram o sítio arqueológico estimaram que, mesmo em suas condições atuais, contém mais de 3.540 m³ de pedras, pesando juntas cerca de 45 mil toneladas. Calcularam que teriam sido necessários  cem trabalhadores durante pelo menos seis anos para construir aquele monumento – cortar as pedras de basalto, transportá-as até o local, arrumá-las segundo um plano arquitetural preconcebido, e erguer as paredes (sem dúvida, mais altas do que as ruínas agora visíveis) para formar a estrutura complexa.

O que nos leva a indagar: por quem foi construída a estrutura, quando e com que propósito? A pergunta mais fácil de responder é a última, pois a própria estrutura parece indicar seu propósito – pelo menos seu propósito original. O círculo mais externo mostra claramente que havia duas
interrupções ou aberturas, uma localizada a nordeste e outra a sudeste – localizações que indicam uma orientação de acordo com os solstícios de verão e de inverno.

Os israelenses chamaram o lugar Gilgal Refaim (Roda dos Gigantes), conectando o local a Og, o rei de Basã e o lendário reino dos gigantes (Refaim). A citação relevante esta em Deuteronômio 3:13: O resto de Gileade e todo Basã, o reino de Og … é chamado de terra de Rephaim [sic]. O nome árabe Rujm el-Hiri aparentemente se refere ao Monte de Pedra dos Linces – uma frase que, como outras coisas no site, suscita um debate sem fim.

Trabalhando para retirar rochas caídas e fora do desenho original, os arqueólogos israelenses expuseram  na abertura a nordeste uma estrutura enorme e quadrada, com duas “asas” que protegem e escondem aberturas menores nas duas paredes concêntricas, atrás; assim, a construção servia como portão monumental, projetando (e guardando) uma entrada para o coração do complexo de pedra. Foi nas paredes dessa entrada que encontraram os maiores blocos de basalto, chegando a pesar 5,5 toneladas cada. O intervalo a sudoeste no círculo maior também serve de acesso ao interior da estrutura, porém lá os blocos não apresentam dimensões monumentais, mas pilhas de rochas caídas começam no interior e vão para fora, sugerindo o contorno de uma avenida de pedras estendendo-se para sudoeste – uma avenida que teria determinado uma linha de mira astronômica.

Essas indicações confirmam que, assim como Stonehenge na Inglaterra, a estrutura foi construída para servir de observatório astronômico (a princípio para determinar os solstícios), e a idéia é reforçada pela existência de observatórios em outros lugares – estruturas similares àquela em Golã, já que apresentam não apenas os círculos, mas as paredes radiais que os ligavam. O que impressiona é que estruturas semelhantes encontram-se do outro lado do planeta, nas Américas.

Uma delas são as ruínas de Chichén Itzá, na península do Yucatán, no México, apelidada de Caracol por causa do formato das escadas no interior da torre de observação. Outra é o observatório circular sobre o promontório de Sacsayhuaman, no Peru, que domina a vista da capital inca, Cuzco; lá, assim como em Chichén Itzá (México), provavelmente existia uma torre de observação; os alicerces revelam os contornos e alinhamentos astronômicos da estrutura e mostram claramente os círculos concêntricos e radiais que os uniam.

Tais semelhanças foram motivos suficientes para que os cientistas israelenses chamassem o Dr. Anthony Aveni dos Estados Unidos, uma autoridade internacionalmente renomada em astronomia antiga, sobretudo em civilizações pré-colombianas das Américas. A tarefa dele não era apenas confirmar as orientações astronômicas do local em Golã, mas principalmente ajudar a determinar a idade da construção – assim, além de compreender a utilidade, também saberiam quando.

A orientação das estruturas – se alinhadas aos solstícios – pode revelar a época da construção, um fato aceito na arqueoastronomia desde a publicação de The Dawn of Astronomy (“O Alvorecer da  Astronomia”) por sir Joseph Norman Lockyer, em 1894. O movimento aparente do Sol entre norte e sul e de retorno, à medida que as estações vão e voltam, é causado pelo fato de que o eixo da Terra (ao redor do qual a Terra gira para causar o ciclo que produz o efeito dia/noite) está inclinado para o plano (“eclíptico”) no qual a Terra orbita ao redor do Sol.

As ruínas de Chichén Itzá, na península do Yucatán, no México

Nessa dança celestial – embora seja a Terra quem se move, e não o Sol – aos observadores da Terra parece que o Sol, movendo-se para a frente e para trás, atinge um ponto distante, hesita, pára e depois, como se mudasse de idéia, retorna; atravessa o equador, vai até o outro extremo, hesita, pára lá, depois volta. As duas passagens anuais pelo equador (em março e setembro) são chamadas de equinócios; as duas paradas uma ao norte, em junho, e uma ao sul, em dezembro, são chamadas de solstícios (“paradas do Sol”), os solstícios de verão e de inverno para os observadores do hemisfério norte da Terra, como as pessoas em Golã e Stonehenge.

Ao estudar templos antigos, Lockyer dividiu-os em dois tipos. Alguns, como o Templo de Salomão, em Jerusalém, e o templo consagrado a Zeus, em Baalbek, no Líbano, foram construídos segundo um eixo leste-oeste que os orientava para o nascer do sol no dia dos equinócios. Outros, como os templos faraônicos no Egito, estavam alinhados num eixo sudoeste-nordeste, o que significava que eram orientados para os solstícios.

Ele ficou surpreso, entretanto, ao descobrir que enquanto nos primeiros a orientação jamais mudava (por isso ele os chamava de Templos Eternos), os últimos – tal como os grandes templos egípcios em Karnak (situado em Luxor) – mostravam que os sucessivos faraós precisavam enxergar os raios do Sol atingindo o santo dos santos (Sanctun Sanctorun) no dia do solstício, portanto mudavam a direção das avenidas e corredores para um ponto ligeiramente diferente do anterior. Tais correções de alinhamentos também foram feitas em Stonehenge.

Fotografia do complexo do templo de Karnak, em Luxor, Egito, em 1914 – Biblioteca da Universidade Cornell

O que causava aquelas mudanças direcionais? A resposta de Lockyer foi: mudanças na inclinação do eixo (Norte/Sul) da Terra, resultado de sua oscilação. Hoje em dia a inclinação do eixo da Terra (“obliqüidade”) em relação a seu caminho orbital (“eclíptico”) é de 23,5 graus, e é essa inclinação que determina quanto ao norte ou ao sul o Sol parece mover-se regularmente. Se esse ângulo de inclinação permanecesse inalterado para sempre, os pontos de solstício continuariam os mesmos. Porém os astrônomos concluíram que a inclinação da Terra (causada por sua oscilação) varia ao longo dos séculos e milênios, aumentando e diminuindo repetidamente.

A oscilação (bamboleio) do eixo norte/sul da Terra causa a Precessão dos Equinócios

No momento, assim como nos vários milênios que nos precederam, a oscilação do eixo está em sua fase  de  diminuição. Era cerca de 24 graus por volta de 4000 a.C., diminuiu para 23,8 por volta de 1000 a.C. e continuou a diminuir até o patamar atual de 23,5 graus. A grande inovação de sir Norman Lockyer foi aplicar essa mudança da obliqüidade da Terra às várias fases de construção do Grande Templo em Karnak, assim como às fases de Stonehenge (como indicado pelas mudanças da Pedra do Calcanhar).

Os mesmos princípios têm sido usados desde então para determinar a idade de estruturas astronomicamente orientadas na América do Sul – no início do século XX, por Arthur Posnansky, a respeito das ruínas de Tiahuanaco, às margens do lago Titicaca, e por Rolf Müller, para o torreão semicircular em Machu Picchu e o afamado Templo do Sol, em Cuzco. As pesquisas meticulosas mostraram que, para determinar exatamente o ângulo do eixo de inclinação da Terra – o que indica, quando se leva em conta a posição geográfica e a idade da estrutura, é essencial determinar precisamente onde é o norte.

Com isso, adquiriu significância especial o fato de que os pesquisadores descobriram que, nos dias claros, o monte Hermon fica precisamente ao norte em relação ao centro da estrutura. O Dr. Aveni e seus colegas israelenses, Yonathan Mizrachi e Mattanyah Zohar, puderam determinar que o local fora orientado de forma a permitir que um observador em pé no centro e seguindo uma linha de mira através do meio do portão nordeste assistisse ao nascer do sol numa madrugada de junho, em cerca de 3000 a.C.!

Os cientistas concluíram também que, por volta de 2000 a.C. o Sol teria parecido a um observador  similar fora do centro, mas provavelmente ainda no interior do portão. Quinhentos anos depois, a
estrutura perde seu valor como observatório astronômico de precisão. Foi nessa época, conforme foi confirmado pela datação de carbono dos pequenos artefatos encontrados ali, que a pilha de pedras centrais foi ampliada para formar um cairn (palavra celta que significa “pico”; túmulo celta, na Gália e na Grã-Bretanha) – um monte de pedras sob o qual uma cavidade foi escavada, provavelmente para servir de câmara funerária. As datas dessas fases, sem estranheza, são virtualmente idênticas às datas atribuídas às três fases de Stonehenge.

A cavidade protegida pelo monte de pedras, a presumida câmara mortuária, permaneceu como a parte mais intocada do antigo sítio arqueológico. Foi localizada com a ajuda de sofisticados instrumentos sísmicos e de um radar que penetra o solo. Uma vez indica da uma grande cavidade, os trabalhadores (liderados pelo Dr. Yonathan Mizrachi) cavaram uma trincheira que os levou a uma câmara circular, com cerca de 2 m de diâmetro, 1,5 m de altura e 1,20 m de largura. Conduzia a uma câmara maior, com cerca de 3,30 x 1,20 m de largura. As paredes dessa última câmara foram construídas com seis camadas de pedras de basalto, erguendo-se em forma de corbelha (curvando-se para dentro à medida que as paredes se erguiam). O teto da câmara era formado por dois blocos enormes de basalto, cada um pesando cerca de 5 toneladas.

Não havia caixão ou corpo, nem quaisquer restos animais ou humanos no interior da câmara nem na antecâmara. Porém os arqueólogos encontraram, como resultado de peneiragem no solo, alguns brincos de ouro, várias contas de cornalina, uma pedra semi-preciosa, pederneiras, pontas de pedra feitas de bronze e cacos de cerâmica. Com isso, concluíram que realmente se tratava de uma câmara mortuária, porém uma que fora saqueada, provavelmente na Antiguidade. O fato de algumas das pedras usadas para pavimentar o assoalho da câmara estarem fora do lugar reforça a impressão de que o local fora arrombado por ladrões de sepulturas.

As descobertas foram datadas até o período conhecido como o final da Idade do Bronze, que se estendeu de cerca de 1500 a 1200 a.C. Essa foi a época do êxodo dos judeus do Egito sob a liderança de Moisés, e da conquista da Terra Prometida sob a liderança de Josué. Das doze tribos, as tribos de Rubem e Gad e metade da tribo de Manassés assentaram-se em locais da Transjordânia, desde o rio Amon ao sul até o sopé das colinas do monte Hermon ao norte. Tais domínios incluíam a serra montanhosa de Galaad, a leste do rio Jordão, e o platô onde hoje se localiza Golã. Era, portanto, inevitável que os pesquisadores israelenses se voltassem para a Bíblia a fim de responder à questão: quem eram?

Segundo os livros de Números e de Josué, a parte norte das montanhas Galaad era governada por um rei chamado Og, de sua capital, Basã. A captura dos domínios de Og é descrita no livro Deuteronômio (capítulo 3). A narrativa afirma: “Og e todos os seus homens saíram para dar batalha aos filhos de Israel”. Ao vencerem a batalha, os israelitas capturaram sessenta cidades, “fortificadas com muros altíssimos, e portas e trancas, afora inumeráveis povoações que não tinham muros”. A construção de muros altos e  portões – aspectos do enigmático local em Golã – estava dentro das capacidades dos reinados na época do rei Og.

Complexo de ruínas em Tiahuanaco, Puma Punku, na América do Sul

Og, segundo a Bíblia, era um homem grande e forte: “Sua cama de ferro mede 9 cúbitos de  comprimento e 4 cúbitos de largura” (o equivalente a cerca de 4,5 m x 2 m). O tamanho gigante, afirma a Bíblia, era devido a ele ser descendente dos refa’im, uma raça gigante de semi-deuses que haviam vivido naquela terra. (Outros gigantes descendentes dos Refa’im, inclusive Golias, são mencionados na Bíblia como ao lado dos filisteus, na época de Davi.)

Combinando as referências sobre os Refa’ im e a narrativa bíblica a respeito da estrutura circular de pedra erigida por Josué após a passagem do rio Jordão, batizada de Gilgal- O Monte Circular de Pedras – alguns em Israel apelidaram o sítio em Golã de Gilgal Refa’im – O Monte Circular de Pedras dos Refa’im.

Ainda que os versos bíblicos não confirmem tal nome, nem apontem o túmulo do rei Og, as afirmativas bíblicas de que a área já fora domínio dos refa’ im e que Og seria descendente deles eram bastante intrigantes, pois descobrimos que os refa’ im e sua descendência foram mencionados nos mitos e histórias épicas dos cananeus. Os textos, que claramente ambientam eventos e ações divinas e semidivinas na área que estamos estudando, foram escritos em tabletes de argila descobertos na década de 30 num sítio arqueológico na costa norte da Síria, cujo antigo nome era Ugarit.

Os textos descrevem um grupo de divindades cujo pai era El (“Deus, o Magnificente”) e cujos negócios centralizavam-se no filho de El, Baal (O “Senhor”[Lúcifer]) e sua irmã, Anat (“Aquela que responde”). O foco da atenção de Baal era a fortaleza na montanha, o lugar sagrado chamado de Zaphon (significando tanto “um lugar ao norte” quanto “o lugar dos segredos”), arena de Baal e de sua irmã, que hoje em dia é o norte de Israel, as colinas de Golã. Pelos céus do local andava com eles a irmã, Shepesh (o significado incerto do nome sugere associação com o Sol), a respeito da qual o texto afirma claramente que “ela governa os refa’im, os divinos” e reina sobre semi-deuses e mortais.

Vários dos textos descobertos lidam com esse envolvimento por parte do trio. Um, intitulado por  acadêmicos A História de Aqhat, pertencente a Daniel (“Aquele a quem Deus Julga”), que, embora fosse um descendente dos Refa’ im, não podia ter filhos. Envelhecendo e agastado com o fato de não poder ter um herdeiro, Daniel apela a Baal e Anat, que intercedem junto a El. Concedendo o pedido do homem Refa’im, El instila nele um “rápido fogo de vida”, que permite que ele tenha relações com sua esposa e a engravide, concebendo um filho, a quem os deuses chamaram de Aqhat.

Outra lenda, A Lenda do Rei Keret (Keret, “A Capital, a Metrópole”, é aplicada para designar tanto o rei quanto a cidade), diz respeito à imortalidade de Keret, decorrente de sua ascendência divina. Ele cai doente, e os filhos ficam a pensar em voz alta: “Como é possível que um filho de El, o Misericordioso, morra? É possível que os divinos morram?”. E antevendo a incrível morte de um semideus, os filhos não apenas divisaram o pico de Zaphon, mas também o Circuito do Grande Período, lamentando Keret:

Por ti, pai,
Irá chorar Zaphon, o monte de Baal.
O circuito sagrado, o circuito poderoso,
O circuito do grande período,
[por ti] irá lamentar.

Aqui está, então, uma referência a dois lugares altamente venerados que iriam lamentar a morte do
semideus: o monte Zaphon, o monte de Baal, e uma renomada estrutura circular – o “circuito sagrado, o circuito poderoso, o circuito do grande período”. Se o monte Zaphon, a “Montanha do Norte”, era o monte Hermon, que fica precisamente ao norte do sítio de Golã, seria este o enigmático Circuito Sagrado?

Baalbek, no atual Líbano

Aceitando os pedidos de misericórdia, no último minuto El enviou a deusa Shataqat, uma “mulher que remove a doença”, para salvar Keret. “Ela voa sobre centenas de cidades, ela voa sobre uma infinidade de vilas” em sua missão de salvamento; chega à casa de Keret exatamente a tempo de revivê-lo. Porém, sendo apenas semideus, Keret termina morrendo. Teria sido afinal, enterrado no interior do “circuito sagrado, no circuito poderoso, no circuito do grande período”. Embora os textos cananeus não forneçam uma pista cronológica, torna-se evidente que relatam eventos da Idade do Bronze – uma idade que poderia muito bem adaptar-se à datação dos artefatos descobertos numa tumba, no sítio de Golã.

Se algum daqueles governantes legendários terminou sepultado no sítio de Golã, pode ser que nunca saibamos com certeza; sobretudo depois que os arqueólogos que estudaram o local sugeriram a possibilidade de enterros intrusos, envolvendo remoção dos despojos anteriores em cerca de metade dos casos. Contudo estão certos de que (baseados em aspectos estruturais e várias técnicas de datação) a construção do henge – paredes concêntricas do que poderíamos chamar Pedras das Estrelas, por causa da função astronômica – precedeu em 1.000 a 1.500 anos a adição do cairn e de suas câmaras funerárias.

Como em Stonehenge e em outros locais megalíticos, assim também em relação ao sítio de Golã  permanece o enigma sobre quem os construiu, agora intensificado pela determinação da idade e do sofisticado sistema astronômico embutido na orientação das pedras. A menos que fossem os próprios seres divinos”, quem seria capaz de uma façanha dessas – cerca de 3.000 anos antes de Cristo, no caso do sítio em Golã?



Em 3000 a.C. só havia uma civilização na Ásia ocidental sofisticada e desenvolvida o suficiente,
possuidora de extraordinários conhecimentos astronômicos, capaz de planejar, orientar
astronomicamente e construir o tipo de estruturas gigantescas aqui consideradas: a civilização dos sumérios. Floresceu no local onde hoje em dia seria o sul do Iraque. “Repentinamente, inesperadamente, vinda do nada”, segundo todos os cientistas. No espaço de alguns séculos – um instante breve em termos de evolução humana – demos todos os primeiros passos naquilo que julgamos essencial para a civilização, da roda ao fogo, dos tijolos aos prédios altos, da escrita e da poesia à música.

Surgiram os códigos de leis (Ur-NammuHamurabi) e os tribunais, juízes e contratos, templos e sacerdotes, reis e administradores, médicos e enfermeiras, além de um surpreendente conhecimento na área de matemática, ciências exatas e astronomia. O calendário, ainda em uso como o calendário hebraico, foi inaugurado numa cidade chamada Nipur, em 3.760 a.C. – envolvendo todos os sofisticados conhecimentos necessários para as estruturas que estamos discutindo.

Trata-se de uma civilização que precedeu a egípcia em 800 anos e em cerca de 1.000 a do vale do Indo. Os babilônios, assírios, hititas, elamitas, cananeus e fenícios vieram depois, alguns muito depois. Todos traziam a marca dos sumérios e utilizavam suas descobertas, assim como as civilizações que a seu tempo se iniciaram na Grécia e nas ilhas do Mediterrâneo. Teriam os sumérios chegado até as colinas de Golã? Sem dúvida, pois seus reis e mercadores se deslocaram para o oeste, na direção do Mediterrâneo (que chamavam de mar Superior), e navegaram as águas    do mar Inferior (o golfo Pérsico) até terras distantes. Quando Ur era a capital, seus mercadores  eram conhecidos em todas as partes do antigo Oriente Médio. Um dos mais afamados reis sumérios, Gilgamesh – um famoso rei de Uruk (a Erech bíblica) -, passou lá com certeza. A época foi por volta de 2000 a.C. logo após a construção inicial do local em Golã.

O pai de Gilgamesh era o sumo sacerdote da cidade; sua mãe era a deusa Ninsun. Pretendendo ser um rei poderoso, para engrandecer sua cidade, Gilgamesh começou seu reino desafiando a autoridade da então cidade principal da Suméria, Kish. Um tablete de argila narra o episódio e cita o rei de Kish, Agga, descrevendo-o por duas vezes como “corpulento”. Kish, naquela época, era a capital de um amplo domínio, que pode ter se estendido além do rio Eufrates. Ficamos conjecturando se o corpulento rei Agga poderia ser um antepassado do gigante rei Og, citado pela Bíblia, já que a prática dos reis usarem os mesmos nomes dos antecessores era comum no Oriente Médio.

Orgulhoso, ambicioso e impetuoso em sua juventude, Gilgamesh não aceitou bem o início da velhice. Para manter sua reputação, ele começou a usufruir as noivas jovens da cidade, reclamando o direito real de fazer sexo com a noiva antes do marido. Quando o povo da cidade já não podia agüentar, pediu ajuda aos deuses, que responderam criando um duplo para Gilgamesh, que fez com que o rei cessasse suas conquistas. Subjugado, Gilgamesh ficou acabrunhado e pensativo.

Testemunhou a morte de pessoas de sua idade e mesmo mais jovens; afinal, ele era parte divino – não apenas um semideus, mas dois terços divino, já que era sua mãe a deusa, e não o pai! Deveria ele, Gilgamesh, então morrer como um mortal, ou teria direito à vida eterna dos deuses?  Apresentou o caso à mãe. “Sim”, ela lhe disse, “você tem razão. Mas para conseguir o tempo divino de vida, você precisa subir aos céus, até a morada dos deuses. E os lugares de onde tal ascensão é possível estão sob o comando de Utu, seu padrinho [mais tarde conhecido como Shamash]”.

Utu/Shamash tentou dissuadir Gilgamesh: “Por que, Gilgamesh, você quer ir até o céu? Só os deuses podem viver para sempre. Os humanos têm seus dias contados. Volte para junto de sua família e de seus amigos na cidade e aprecie o resto de seus dias”, disse o deus a ele. A história de Gilgamesh e sua busca pela imortalidade são narradas na Epopéia de Gilgamesh, um longo
texto escrito em tabletes de argila e descoberto por arqueólogos, tanto no original sumério quanto em várias traduções.

À medida que a história se desenrola, ficamos sabendo que Gilgamesh não foi dissuadido, e que um objeto que caiu dos céus foi tomado por ele como um sinal dos céus de que não deveria desistir. Concordando em ajudar, Ninsun revelou a ele que existia um lugar nas montanhas de Cedro – o Campo de Pouso – de onde Gilgamesh poderia subir até a habitação divina. Seria uma jornada cheia de perigos, avisou ela. Mas que alternativa tinha? Indagou ele. “Se eu falhar em minha busca, pelo menos as gerações futuras saberão que tentei.”

Dando a bênção para a jornada de seu filho, Ninsun insistiu que um “homem artificial”, Enkidu, fosse à frente de Gilgamesh para protegê-lo ao longo do caminho. A escolha foi oportuna, pois o local de destino era o mesmo de onde viera Enkidu, as colinas nas quais convivera com os animais selvagens. Ele explicou a Gilgamesh quão perigosa poderia ser a empreitada; mesmo assim, Gilgamesh insistiu em partir.

Para atingir as montanhas de Cedro, onde atualmente se encontra o Líbano, partindo da Suméria
(localizada no atual Iraque), Gilgamesh teve de atravessar a região de Golã. E realmente encontramos a afirmação, no preâmbulo do épico, onde são louvadas as qualidades do rei, uma das referências é: “aquele que abriu os passos das montanhas”. Foi um feito digno de nota, já que na Suméria não existem montanhas. Durante o caminho, Gilgamesh parou várias vezes para procurar oráculos divinos do deus Sol. Quando atingiram a terra das colinas e dos bosques (que não eram daquela forma na Suméria), Gilgamesh teve uma série de sonhos premonitórios. Numa parada crucial, de onde já avistavam as montanhas de Cedro, Gilgamesh procurou induzir um presságio no sonho, em que estava sentado num círculo feito para ele por Enkidu. Teria sido este último, possuidor de força sobre-humana, quem arranjou as pedras para que Gilgamesh formasse suas Pedras das Estrelas?

Uma estela retratando Gilgamesh

Só podemos adivinhar. Porém evidências físicas atestando a familiaridade daqueles que moraram perto de Golã com Gilgamesh e sua história foram recentemente encontradas nas colinas. Um dos mais recentes episódios das aventuras do rei foi o incidente que ele teve ao encontrar dois leões,  lutar com eles e matá-los, usando apenas as suas mãos. O feito heroico era um assunto favorito entre os artistas do Oriente Médio. Ainda assim, foi uma coisa totalmente inesperada encontrar, num local próximo aos círculos concêntricos, uma lasca de pedra mostrando tal cena (O artefato está exposto no novo e interessante Museu Arqueológico de Golã, em Qatzrin).

Apesar de as referências do texto e a descoberta da pedra com a imagem não constituírem evidências conclusivas de que Gilgamesh atingiu o local em sua viagem para as montanhas de Cedro, no Líbano, existe uma pista ainda mais intrigante a ser considerada. Depois que o local foi  identificado do alto, arqueólogos israelenses descobriram que estava marcado nos mapas do Exército sírio capturado com o nome de Rugum el-Hiri – um nome intrigante, pois significa em árabe “A pilha de pedras do lince”.

Sugerimos que a explicação para o intrigante nome pode estar na Epopéia de Gilgamesh, refletindo uma lembrança do Rei Que Lutou Contra os Leões. E, como veremos, é apenas o começo de associações entrelaçadas.

Continua …


“O indivíduo é deficiente mentalmente [os zumbis], por ficar cara a cara, com uma conspiração tão monstruosa, que nem acredita que ela exista. A mente americana [humana] simplesmente não se deu conta do mal que foi introduzido em seu meio. . . Ela rejeita até mesmo a suposição de que as [algumas] criaturas humanas possam adotar uma filosofia, que deve, em última instância, destruir tudo o que é bom, belo, verdadeiro e decente”.  – Diretor do FBI J. Edgar Hoover, em 1956.


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