Introdução: Este livro teve como base a tradução acadêmica de Michael A. Knibb do Manuscritos etíopes, (The Ethiopic Book of Enoch, Oxford University Press), que acredito ser a melhor tradução disponível atualmente. Eu ouvi pela primeira vez sobre o Livro de Enoch alguns anos atrás, quando eu estava pesquisando sobre as profecias do “Fim dos Dias”. Quando eu finalmente consegui ter uma cópia em minhas mãos, descobri que era um livro extraordinário e incomum. A primeira vez que o li fiquei cético e um tanto perplexo; eu me perguntei quem teria escrito um livro tão estranho como este.
O Livro (Etíope) de Enoch, Anjos Caídos, Nephilim e os Vigilantes
Fonte: The Ethiopic Book of Enoch – Oxford University Press
12) O LIVRO DAS PARÁBOLAS
37.1 A Segunda visão que ele teve, a visão da sabedoria, que Enoch, o filho de Jared, o filho de Malael, o filho de Cainan, o filho de Enosh, o filho de Seth, o filho de Adão, viu.
37.2 E este é o começo das palavras de sabedoria, as quais eu levantei minha voz para falar e dizer. “Para aqueles que andam no chão seco: – Escutai, vós homens do tempo antigo, e vede, vós que viestes após, as palavras do Santo, as quais eu falarei, diante do Senhor dos Espíritos.”
37.3 “Fora melhor que tivesse falado essas coisas antes, mas não recusaremos daqueles que virão depois no começo da sabedoria.”
37.4 Até agora, não tinha sido dada, pelo Senhor dos Espíritos, tal sabedoria como a que eu recebi. De acordo com meu discernimento, de acordo com a vontade do Senhor dos Espíritos, por quem o quinhão da vida eterna me foi dado.
37.5 E as três parábolas me foram dadas e eu levantei minha voz, e as disse para aqueles que habitam no chão seco: –
Notas: (12) O LIVRO DAS PARÁBOLAS (páginas 59-90)
Esta parte do livro de Enoch é introduzida por uma citação do “Santo”, em 37.3; este é o chefe das Sentinelas, e o que ele diz é quase uma desculpa. O LIVRO DAS PARÁBOLAS de Enoch são, na verdade, três ensaios, que esboçam o futuro caminho do esclarecimento espiritual, como explicado a ele pelo “Santo”. O conteúdo das duas segundas parábolas é similar, o tema principal é a chegada de um futuro Messias, que trará orientação no tempo certo. Isto eventualmente fala de uma era de esclarecimento, quando as almas dos justos poderão viver em paz.
A Primeira Parábola.
38.1 Quando a congregação dos justos aparecer e os pecadores forem julgados pelos seus pecados e forem retirados da face da terra seca.
38.2 E quando o Justo aparecer, diante justos escolhidos, cujas obras são pesadas pelo Senhor dos Espíritos. E quando a luz aparecer aos justos e aos escolhidos que andam no chão seco, aonde será a habitação dos pecadores? E aonde será o lugar de descanso daqueles que negaram o Senhor dos Espíritos? Teria sido melhor para eles se não tivessem nascido.
38.3 Quando os segredos dos justos for revelado, os pecadores serão julgados, e os ímpios retirados da presença dos justos e escolhidos.
38.4 E desde então, aqueles que possuem a terra não serão poderosos e exaltados. Nem serão capazes de fitar a face dos Santos, pois a luz do Senhor dos Espíritos terá surgido na face dos Santos, justos, e escolhidos.
38.5 E os poderosos reis serão naquela hora destruídos e entregues nas mãos dos justos e Santos.
38.6 E desde então nenhum será capaz de buscar o Senhor dos Espíritos pois suas vidas estarão para terminar.
39.1 E sucederá naqueles dias que os filhos escolhidos e santos descerão dos altos Céus e suas descendências se tornarão uma com os filhos dos homens.
39.2 E naqueles dias Enoch recebeu os livros de indignação e ira e os livros de tumulto e confusão. E não haverá misericórdia para eles, diz o Senhor dos Espíritos.
39.3 E naqueles dias nuvens e um vento de tempestade levou-me para fora da terra, e colocou-me nos confins dos Céus.
39.4 E ali tive outra visão, a Habitação dos Justos, e os Lugares de Repouso dos Santos.
39.5 Ali meus olhos viram suas moradas com os Anjos, e seus lugares de descanso com os Santos, e eles estavam intercedendo e suplicando e orando pelos filhos dos homens, e justiça flui diante deles como água, e misericórdia como orvalho sobre a terra. Assim é dentre eles para todo o sempre.
39.6 E naqueles dias meus olhos viram o Lugar dos Escolhidos de Justiça e Fé, e haverá justiça em seus dias, e os justos e escolhidos serão incontáveis, diante dEle para todo o sempre.
39.7 E vi sua habitação, sob as Asas do Senhor dos Espíritos, e todos os justos e escolhidos brilhavam diante dEle, como a luz do fogo. E suas bocas estavam cheias de bênçãos, e seus lábios glorificavam o nome do Senhor dos Espíritos. E justiça não falhará diante dEle, e verdade não falhará diante dEle.
39.8 Ali eu quis morar, e meu espírito ansiava por aquela habitação, lá meu destino tinha sido anteriormente determinado, pois assim tinha sido decidido a meu respeito, diante do Senhor dos Espíritos.
39.9 E naqueles dias eu louvei e glorifiquei o nome do Senhor dos Espíritos, com bênçãos e louvores, pois Ele tinha me destinado para bênção e louvor, de acordo com o Senhor dos Espíritos.
39.10 E por um longo tempo meus olhos fitaram aquele lugar, e eu O bendisse e O louvei, dizendo: “Bendito seja Ele, e possa Ele ser bendito desde o começo e para todo o sempre!”
39.11 E em Sua presença não há fim. Ele conhece desde antes da criação o que o mundo seria, mesmo para todas as gerações que estão por vir.
39.12 Aqueles que não dormem O bendizem, e estão diante da Sua Glória, e bendizem, louvam, e glorificam, dizendo: “Santo, Santo, Santo, é o Senhor dos Espíritos: Ele enche a terra com espíritos.”
39.13 E ali meus olhos viram todos aqueles que não dormem, estão diante dEle, e bendizendo e dizendo: “Bendito sejas Tu, e bendito seja o nome do Senhor, para todo o sempre!”
39.14 E meu semblante mudou até que não pude mais olhar.
40.1 E depois disso vi mil milhares e dez mil vezes dez mil! Uma multidão sem número, incontável, que estava diante da Glória do Senhor dos Espíritos.
40.2 Olhei, e dos quatro lados do Senhor dos Espíritos, vi quatro presenças, diferentes daquelas que estavam em pé, e eu fiquei sabendo seus nomes, pois o Anjo que foi comigo me fez saber seus nomes, e mostrou-me todas as coisas secretas.
40.3 E eu escutei as vozes daquelas quatro presenças enquanto cantavam louvores diante do Senhor da Glória.
40.4 A primeira voz bendizia o Senhor dos Espíritos para todo o sempre.
40.5 E a segunda voz eu ouvi bendizendo o Escolhido e os escolhidos que confiam no Senhor dos Espíritos.
40.6 E a terceira voz eu escutei interceder e orar por aqueles que habitam no chão seco e fazem súplicas em nome do Senhor dos Espíritos.
40.7 E eu escutei a quarta voz afastando os Satãs e proibindo-os de vir diante do Senhor dos Espíritos para acusar aqueles que habitam na terra alta.
40.8 E depois disso eu perguntei ao Anjo de Paz, que foi comigo, e me mostrou tudo o que é secreto: “Quem são estas quatro presenças, que eu vi, e cujas palavras eu escutei e escrevi?”
40.9 E ele me disse: “Esta primeira é o Santo Miguel, o misericordioso e longânimo. E a segunda, que está encarregada de todas as enfermidades, e encarregada de todos os ferimentos dos filhos dos homens, é Rafael. E a terceira, que está encarregada de todas as autoridades, é o Santo Gabriel. E a quarta, que está encarregada do arrependimento e esperança daqueles que herdarão a vida eterna, é Fanuel.”
40.10 E estes são os quatro Anjos do Senhor Altíssimo, e as quatro vozes que eu escutei naqueles dias.
41.1 E depois disto, vi todos os segredos dos Céus, e como o Reino é dividido, e como as ações dos homens são pesadas na Balança.
41.2 E ali eu vi as Habitações dos Escolhidos, e os Lugares de Descanso dos Santos, e meus olhos viram lá todos os pecadores que negam o nome do Senhor dos Espíritos sendo retirados de lá. E os arrastaram para fora, e não puderam permanecer, por causa da punição que veio do Senhor dos Espíritos.
41.3 E ali meus olhos viram os segredos dos clarões dos raios e dos trovões. E os segredos dos ventos, como são distribuídos para soprar sobre a terra, e os segredos das nuvens, e do orvalho, e ali eu vi de onde vêm, naquele lugar. E como, dali, a poeira da terra é saturada.
41.4 E ali eu vi depósitos fechados dos quais os ventos são distribuídos, e o depósito do granizo, o depósito da névoa, e o depósito das nuvens; e sua nuvem paira sobre a terra, desde o início do mundo.
41.5 E eu vi as Câmaras do Sol e da Lua, de onde saem, e para onde voltam. E seus gloriosos regressos, e como um é mais honrado que o outro. E suas órbitas magníficas, e como não abandonam suas órbitas, nem avançando nem recuando de suas órbitas. E como mantém seu compromisso um com o outro,
observando seu juramento.
41.6 E o Sol sai em primeiro lugar, e completa sua jornada segundo o comando do Senhor dos Espíritos – e Seu Nome se mantenha para todo o sempre.
41.7 E depois disso está o caminho oculto e o visível da Lua, e ela segue a órbita de seu caminho, naquele lugar, de dia e de noite. Um fica oposto ao outro, diante do Senhor dos Espíritos, e dão graças, e cantam louvores, e não descansam, pois seu gratificar é como descanso para eles.
41.8 Pois o Sol brilhante faz muitas revoluções, para uma bênção e para uma maldição. E a trajetória da jornada da Lua é luz para o justo mas escuridão para os pecadores. Em Nome do Senhor, que criou a divisão entre luz e trevas, e dividiu os espíritos dos homens, e estabeleceu os espíritos dos justos, em
nome de Sua Justiça.
41.9 Pois nenhum Anjo impede e nenhum poder é capaz de impedir, pois o juiz os vê todos e julga-os todos Ele mesmo.
42.1 A Sabedoria não achou lugar aonde pudesse habitar, então sua habitação (lhe) foi (designada) nos céus.
42.2 A sabedoria saiu, para habitar entre os filhos dos homens, mas não achou habitação, a sabedoria retornou ao seu lugar, e tomou assento entre os Anjos.
42.3 E a iniquidade saiu de sua câmaras; aqueles a quem não procurava achou, e habitou entre eles, como chuva no deserto, e orvalho em terra ressecada.
43.1 E novamente vi clarões de relâmpagos e as estrelas dos Céus, e vi como Ele chama todas por seus nomes e elas O obedecem.
43.2 E eu vi a Balança da Justiça, como são pesadas de acordo com sua luz, a extensão de suas áreas e o dia de sua aparição. E como suas revoluções produzem relâmpagos, e vi suas revoluções, de acordo com o número de Anjos, e como mantém seu compromisso uma com a outra.
43.3 E eu perguntei ao Anjo, que foi comigo e me mostrou o que era secreto: “O que são estas?”
43.4 E ele me disse: “Sua semelhança, o Senhor dos Espíritos mostrou a ti; estes são os nomes dos justos que habitam no châo seco e crêem no nome do Senhor dos Espíritos para todo o sempre.”
44.1 E outras coisas eu vi a respeito dos relâmpagos, como algumas das estrelas surgem e se tornam relâmpagos e não podem perder sua forma.
Notas: A Primeira Parábola. (Páginas 61-67)
A primeira parte desta parábola é possivelmente uma descrição de um lugar sagrado colocado fora da realidade humana, e/ou no futuro; Enoch parece considerá-lo também uma descrição da “casa das Sentinelas“, desde que em 39.8, ele revela que está tendo permissão para morar lá, com eles.
‘Aqueles que não dormem’ (veja 39.12 e 71.7) são mencionados com freqüência. Estes são os Serafins, Querubins e Ofanins, os anjos não-humanos, que não necessitam dormir. Enoch nunca os descreve, por isso é difícil saber o que ele tinha em mente. A maior parte desta parábola é uma descrição de como quatro das Sentinelas mostraram todas as coisas a Enoch.
“A sabedoria (Sophia) clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras: “Até quando vocês, inexperientes, irão contentar-se com a sua inexperiência? Vocês, zombadores, até quando terão prazer na zombaria? E vocês, tolos [ignorantes], até quando desprezarão o conhecimento? Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber as minhas palavras [o conhecimento]”. – Provérbios 1:20-23