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Os Reinos Perdidos (9): Cidades perdidas e encontradas

A descoberta da história do Gênese, em sua versão original mesopotâmica, representada no Santo dos Santos em um templo Inca levanta uma série de indagações. A primeira, e mais óbvia, é: como os incas souberam dessa história, não só na forma como ficou mundialmente conhecida (a criação do primeiro casal, o Dilúvio), como em seus detalhes, seguindo o Épico da Criação e incluindo o conhecimento completo do Sistema Solar e da órbita do planeta NIBIRU?

Uma resposta possível é que eles tenham herdado esses conhecimentos de épocas imemoriais. Ou, então, tenham ouvido a história de outros povos que encontraram nessas terras….

Edição e imagens:  Thoth3126@protonmail.ch

Livro, OS REINOS PERDIDOS (The Lost Realms), da série de livros Crônicas da Terra, capítulo IX, “Cidades Perdidas e Encontradas”, de Zecharia Sitchin

Capítulos anteriores em:

… Na ausência de registros escritos, como os que foram encon­trados no Oriente Médio, a chance de uma resposta depende de outra pergunta: quem eram os incas, na verdade?

A Relación de Salcamayhua é um bom exemplo da tentativa dos incas de perpetuarem a propaganda do estado: a atribuição do reverenciado nome de Manco Capac ao primeiro monarca inca — inca Rocca — foi um subterfúgio para fazer o povo que haviam subjugado acreditar que o primeiro inca fosse o “Filho do Sol”, recém-saído do sagrado lago Titicaca. Na verdade, a dinastia inca começara 3.500 anos depois daquele início sagrado. E a língua falada pelos incas era o quechua, a mesma do povo do centro-norte dos Andes, enquanto o povo dos altiplanos do Ti­ticaca falava a língua aimará. Essas e outras considerações con­duziram alguns estudiosos a especular que os incas chegaram, na verdade, do leste, estabelecendo-se no vale de Cuzco, que bordeia a grande planície amazônica.

Isso, em si, não determina uma origem oriental, ou ligação com os incas. Enquanto a atenção ficou concentrada na repre­sentação da parede sobre o Grande Altar, ninguém se perguntou porque, entre tantos povos, com tantas imagens de deuses, co­locadas em templos e santuários, não havia nenhuma no grande templo inca, ou em qualquer outro santuário inca.

Os cronistas afirmaram que um “ídolo” aparecera em algumas celebrações, mas era a imagem de Manco Capac, não de um deus. Relatam, ainda, que num determinado dia santo um sa­cerdote ia até uma grande montanha, sobre a qual estava o ídolo de um deus, e ali sacrificava uma lhama. Porém, tanto a mon­tanha, como o ídolo mencionado, pertenciam à era pré-incaica: esta citação poderia estar se referindo ao templo de Pachacamac na costa (sobre o qual já falamos).

É interessante observar como os dois costumes estão alinhados com os mandamentos bíblicos da época do Êxodo. A proibição de fazer e adorar ídolos foi incluída nos Dez Mandamentos. E na véspera do Dia da Expiação, um sacerdote hebreu deveria sacrificar um “bode expiatório” no deserto. Ninguém jamais observou que os quipos utilizados pêlos incas para lembrar eventos — tiras de cores diferentes que tinham de ser feitas de lã, com nós em di­ferentes posições — eram na aparência e no propósito parecidos aos tzitzit, “franjas na dobra de uma faixa azul”, que os hebreus eram obrigados a usar nas suas vestes, como forma de lembrar os mandamentos do Senhor. Existe outro aspecto, aproximando o oriente médio e a cordilheira dos Andes, os dois povos: as linhas de sucessão, pela qual o herdeiro legal era o filho de uma meio-irmã, um costume sumério, mais tarde seguido pelos patriarcas hebreus. E, finalmente, havia a prática da circuncisão na família real inca.

Arqueólogos peruanos encontraram achados intrigantes nas províncias amazônicas do Peru, incluindo os restos de cidades construídas com pedras, especialmente nos vales dos rios Utcubamba e Maranon. São, sem dúvida, “cidades perdidas” nas zonas tropicais. Mas, em alguns casos, trata-se de locais conhecidos. Um deles foi relatado no jornal Gran Patajen, em 1985. O local mencionado fora visitado pelo arqueólogo peruano F. Kauffmann Doig e pelo americano Gene Savoy, vinte anos antes. O relato do jornal referia-se a vestígios de “pirâmides” no lado bra­sileiro da fronteira, a cidades perdidas como AKAKOR, a narrativas de nativos sobre ruínas contendo tesouros incalculáveis.

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As muralhas ciclópicas de Sacsayhuaman e ao fundo a atual cidade de Cuzco.

Um documento que se encontra nos arquivos nacionais do Rio de Janeiro é reconhecidamente um relato do século 18 sobre uma cidade perdida nas selvas amazônicas, avistada por europeus, em 1591. O documento chega a trazer a cópia de uma inscrição encontrada lá. Foi o motivo principal para a expedição do coronel inglês Percy Fawcett, cujo misterioso desaparecimento na selva amazônica ainda é objeto de artigos e especulações nas revistas científicas não especializadas.

Tudo isso sem falar nas ruínas encontradas na bacia amazônica ao longo de uma trilha que atravessa o continente sul-americano desde a Guiana e Venezuela em direção ao Equador/Peru. Os relatos de Humboldt sobre suas viagens através do continente mencionam uma lenda nativa sobre o desembarque de pessoas do outro lado da terra, na Venezuela, que teriam seguido por terra. É importante lembrar que o principal rio do vale de Cuzco, o Urubamba, é um afluente do rio Amazonas. Grupos brasileiros oficiais têm visitado muitos locais (sem entretanto, levar adiante as es­cavações).

Num local próximo à foz do rio Amazonas foram encon­tradas urnas de cerâmica decoradas com padrões que lembram os desenhos dos potes de Ur (o local sumério de nascimento de Abraão). Uma ilhota chamada Pacoval parece ter sido criada ar­tificialmente, servindo de base para um número de montes (que não foram escavados). Segundo L. Netto, Investigações sobre a Ar­queologia Brasileira, urnas e vasos com decoração “de superior qualidade” foram encontrados no interior do Amazonas. Acre­ditamos que existia uma rota igualmente importante, ligando os Andes com o oceano Atlântico, mais ao sul.

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Ainda assim, é incerto que os próprios incas utilizassem essas rotas. Uma das versões antigas atribuía o início de sua civilização a um desembarque na costa peruana. Sua linguagem quechua guarda semelhanças com termos orientais, tanto no significado das palavras quanto no dialeto. E, claramente, pertencem à raça ameríndia, o quarto ramo da humanidade que, como nos aven­turamos a sugerir, teria derivado da linha de Caim (a raça vermelhas dos povos das Américas). (Um guia em Cuzco, ouvindo falar de nossos conhecimentos bíblicos, per­guntou se In-ca pode ter derivado de Ca-in, revertendo as sílabas, ou repetindo várias vezes a palavra. Nos fez pensar a respeito!)

As evidências, acreditamos, indicam que as lendas e crenças do Oriente Médio — que incluem o conhecimento da história de Nibiru e dos nefelim que vieram à Terra (o panteão dos doze “deuses”) — foram trazidas do outro lado dos mares pelos predecessores dos incas. Isso teria ocorrido na época do Antigo Império. Os portadores dessas histórias também eram Estranhos Do Outro Lado dos Mares, mas não necessariamente os mesmos que trouxeram as lendas, crenças e civilização do Oriente Médio para a América Central.

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Além de todos os fatos e evidências que já fornecemos, vamos retornar a Izapa, um local próximo à costa do Pacífico, na divisa entre México e Guatemala, onde os olmecas e os maias mediram forças. Reconhecido há pouco tempo como o maior sitio arqueológico ao longo da costa do Pacífico, ao norte da América Central, apresenta 2.500 anos de ocupação, desde 1500 a.C. (uma data confirmada por radiocarbono) até 1000 d.C. Apresenta as costu­meiras pirâmides e campos de jogo. Porém, acima de tudo, sur­preende por seus monumentos de pedra esculpida. O estilo, imaginação, conteúdo mítico e a perfeição artística dessas esculturas chegou a ser chamado de “estilo Izapan”, reconhecido, agora, como a fonte do estilo que se espalhou para outros locais, ao longo do costa do Pacífico, seja do México, como da Guatemala. Trata-se de arte pertencente ao início e ao meio do período pré-clássico Olmeca, adotado pelos maias quando o local mudou de dono.

Os arqueólogos da Fundação de Arqueologia do Novo Mundo, da  Brigham Young University, que devotaram décadas aos trabalhos de escavação e estudo do local, não têm dúvidas de que sua orientação visava os solstícios na época de sua fundação. Também outros monumentos dali foram construídos “em alinha­mento deliberado com os movimentos planetários”. (V. G. Norman, Izapa Sculpture – “A Escultura Izapa”.) Temas religiosos, cosmológicos, mitológicos se entrelaçam com acontecimentos his­tóricos, tudo expresso na escultura de pedra.

Já vimos (fig. 51b) uma das muitas e variadas representações de divindades aladas. De particular interesse aqui é uma grande pedra esculpida, cuja face mede cerca de 2,8 metros quadrados, designada pelos ar­queólogos como Estela Izapa 5, encontrada em conjunto com um grande altar de pedra. A cena complexa (fig. 87) foi reconhecida por vários estudiosos como um “fantástico mito visual”, relativo à “gênese da humanidade” numa Árvore da Vida, que cresce ao lado de um rio. A narrativa mítica-histórica é contada por um velho barbado sentado embaixo, à esquerda, e recontada por um homem com aparência de maia, à direita (do observador). 

A cena está repleta de vegetação, pássaros, peixes, assim como de figuras humanas. Um fato curioso é que as duas figuras cen­trais representam homens com rosto e patas de elefanteum animal completamente desconhecido nas Américas. O da esquer­da é mostrado em associação com um homem olmeca de capacete, o que reforça nossa ideia de que os olmecas, representados nas colossais cabeças de pedra na América Central, eram africanos. O detalhe inferior da esquerda, quando ampliado (fig. 88a), revela claramente detalhes que consideramos pistas importantes. 

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O homem barbado conta sua história sobre um altar que ostenta o símbolo do cortador de cordão umbilical. Esse era o símbolo (fig. 88b) pelo qual Ninti (a deusa suméria que ajudou Enki a criar o Homem) era identificada em selos cilíndricos e em monu­mentos.

Quando a Terra foi dividida entre os deuses(*), ela (Ninti) recebeu o domínio da península do Sinai, a fonte egípcia da famosa tur­quesa verde-azulada. Eles chamavam Ninti por Hathor e a represen­tavam com chifres de vaca, como nessa cena da criação do homem (fig. 88c). Tais “coincidências” reforçam a conclusão de que a estela de Izapa ilustra nada mais do que as histórias do Velho Mundo sobre a Criação e o Jardim do Éden. 

{*n.t. – “E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra, e o nome do seu irmão foi Joctã”Gênesis 10:25}

E finalmente temos as representações de pirâmides com lados uniformes, como as de Gize, no Egito, esculpidas ao fundo do painel, ao lado de um rio. Na verdade, ao examinar e reexaminar o painel com milênios de idade, é preciso concordar que uma imagem vale mais do que dez mil palavras.

As lendas e evidências arqueológicas indicam que os olmecas e os homens brancos barbados não se detiveram às margens do oceano, mas con­tinuaram para o sul, descendo para a América Central e para o norte da América do Sul. Podem ter avançado, pois deixaram traços de sua presença em locais no interior. Com toda a pro­babilidade, devem ter prosseguido para o sul, usando barcos, a forma mais fácil de deslocamento.

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As lendas na região equatorial da América do Sul e ao norte dos Andes lembram não apenas a chegada por mar dos próprios ancestrais (tais como Naymlap), como, duas delas, falam em “gigantes”. A primeira narra fatos dos tempos remotos; a outra, do tempo dos mo­chicas. Cieza de León descreve essa última: “Lá chegaram à costa, em barcos feitos de junco, tão grandes quanto navios, homens de tal tamanho (Anunnakis) que, do joelho para baixo, sua altura era tão grande quanto a altura completa de um homem comum”.

Eles possuíam ferramentas de metal e cavavam poços na rocha viva, mas atacavam as provisões dos nativos para obter alimento. E violavam as mulheres nativas, pois não havia mulheres entre os gigantes vindos do mar. Os mochicas representaram em cerâmica esses gigantes que os haviam escravizado, pintando seus rostos de negro, enquanto os próprios mochicas eram pintados de branco. Também foram encontradas nas ruínas mochicas re­tratos em argila de homens mais velhos, com barbas brancas. 

Nosso palpite é que esses visitantes eram os olmecas e seus companheiros barbados do Oriente Médio, fugindo dos levantes na América Central, por volta de 400 a.C. Deixaram atrás de si um rastro de veneração atemorizada ao passar da América Cen­tral para as terras equatoriais da América do Sul. Expedições arqueológicas nas áreas equatoriais da costa do Pacífico encon­traram monólitos enigmáticos, que derivam desse período de medo.

A expedição George C. Heye encontrou no Equador ca­beças gigantes de pedras com características humanas, porém com caninos enormes, como se fossem jaguares ferozes. Outra expedição encontrou em San Agostin, um local próximo à fron­teira colombiana, estátuas de pedra representando gigantes, al­gumas vezes exibindo armas ou ferramentas; as feições do rosto são as dos olmecas africanos (fig. 90 a, b). 

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Esses invasores podem ter originado as lendas nativas de que os homens foram criados ali, depois do Dilúvio, por um deus-serpente, que exigia um tributo anual em ouro. Uma das cerimônias que os espanhóis recordam era uma dança ritual execu­tada por doze homens vestidos de vermelho, realizada às mar­gens de um lago ligado à lenda do Eldorado.

Os nativos das terras equatoriais adoravam um panteão de doze deuses, um número significativo, e uma pista vital. Era liderado pela tríade do Deus da Criação, Deus do Mal e Deusa Mãe. Incluía a divindade da Lua, do Sol, da Chuva e do Trovão. Outro detalhe significativo é que a Deusa Lua se encontrava em posição superior à do Deus Sol. Os nomes das divindades mu­davam de local para local, mantendo, entretanto, a afinidade ce­leste. Entre os nomes estranhos, dois se destacam. O líder do panteão era chamado, em dialeto chibcha, Abira — há semelhança com o epíteto divino Abir, que significa Forte, Poderoso — e a Deusa Lua era chamada de Si ou Sian, muito parecido com o nome mesopotâmico da divindade, Sin.

O panteão divino dos nativos sul-americanos traz à lembrança o do Oriente Médio e do mediterrâneo oriental — dos gregos, egípcios, hititas, cananitas, fenícios, assírios, babilônios — vol­tando ao ponto onde tudo se iniciou: aos sumérios do sudoeste da Mesopotâmia, fonte de todos os deuses e mitologias desses povos antigos.

O panteão sumério era liderado por um “Círculo Olímpico” de doze, pois cada um dos deuses supremos relacionava-se a um dos doze planetas do Sistema Solar. Na verdade, os nomes dos planetas e dos deuses eram um só (exceto pelos epítetos empregados para referirem-se à divindade). Liderando o panteão, estava o líder de Nibiru, ANU, cujo nome era sinônimo de “Céu”, pois residia em Nibiru, sua esposa, também membro dos doze, era chamada de ANTU.

Também nesse grupo encontravam-se os dois filhos mais importantes de ANU: E.A. (ou Enki, “Cuja Casa é Água”), primogênito de ANU, mas não filho de Antu; e EN.LIL (“Senhor do Comando”), que era herdeiro pois sua mãe era Antu, meia-irmã de Anu. E.A. também era chamado de EN.KI (“Senhor da Terra”), pois liderara a primeira missão dos anunnaki de Nibiru à Terra, estabelecendo na Terra as primeiras colônias no E.DIN (“Casa dos Justos”) — o paraíso da Bíblia.

Sua missão era obter ouro e para esse propósito a Terra era uma ótima fonte. O metal precioso não seria usado como orna­mento, ou por vaidade, mas como forma de salvar a atmosfera de Nibiru, colocando ouro em pó em suspensão na estratosfera do planeta. Como está gravado em textos sumérios (que men­cionamos no livro O 12º. Planeta e nas Crônicas Terrestres), En.Lil foi en­viado à Terra para assumir o comando, quando os métodos ini­ciais de extração, utilizados por En.Ki não produziram os resul­tados esperados. Esse fato deflagrou inimizade e disputas entre os dois meio-irmãos e seus descendentes, o que levou à Guerra dos Deu­ses na Terra.

Ela terminou com um tratado de paz elaborado pela sua irmã Ninti (mais tarde chamada Ninharsag). A Terra desabitada foi dividida entre os clãs em guerra. Os três filhos de En.Lil ( Ninurta, Sin, Adad), junto com os gêmeos de Sin (Shamash, o Sol, e Ishtar, Vênus) receberam as terras de Sem e Jafé, as terras dos semitas e dos indo-europeus. Sin (a Lua) ficou com as pla­nícies baixas da Mesopotâmia. Ninurta, (“Guerreiro de En.Lil” – Marte) recebeu as terras altas de Elam e da Assíria. Adad (“O Trovejador” – Mercúrio) ficou com a Ásia Menor, a terra dos hititas, e com o Líbano. Ishtar ficou com o vale do rio Indo (hoje o Paquistão). Shamash ficou com o controle do espaçoporto, na Península do Sinai.

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Essa divisão das terras, que provocou contendas e lutas entre os Anunnaki, deu a En.Ki e seus filhos as terras de Ham (com população mulata/negra) na África: a civilização do vale do Nilo e as minas de ouro do sul e do oeste da África — um local cobiçado. Grande cientista e metalúrgico, o nome egípcio de En.Ki era Ptah (“O que Trouxe Desenvolvimento” — um título que se traduziu para Hefaistos entre os gregos e Vulcano entre os romanos).

Ele compartilhava o governo e controle do continente africano com seus dois filhos, o primogênito MAR.DUK (“Filho do Monte Brilhante”) e NIN.GISH.ZI.DA (“Se­nhor da Árvore da Vida”). O primeiro, os egípcios chamaram de Ra e o segundo de Thoth (Hermes para os gregos), o deus da sabedoria secreta, incluindo os conhecimentos de astronomia, matemática e arquitetura de pirâmides.

Foi o conhecimento implantado por esse panteão e as neces­sidades dos deuses vindos para a Terra que levaram os olmecas africanos e os barbados do Oriente Médio para o outro lado do mundo, sob a liderança de Thoth (NIN.GISH.ZI.DA sumério). 

Tendo chegado à América Central, na costa do golfo — como ocorreu com os espanhóis, ajudados pelas mesmas correntes, milênios mais tarde — eles atravessaram o istmo centro-americano na costa do golfo — mais uma vez da mesma forma que os espanhóis — e velejaram pela costa do Pacífico, tomando a direção sul (América do Sul) em busca do ouro ali depositado, como fariam também os espanhóis mais tarde. 

Antes dos incas, dos chimus e dos mochicas, uma cultura cha­mada de Chavin floresceu nas montanhas, ao norte do Peru, entre a costa e a bacia amazônica. Um de seus primeiros exploradores, Júlio C. Tello (Chavin e outros trabalhos) chamou-a de “matriz da civilização andina”. Mais uma vez nos remete de volta a 1500 a.C. A exemplo dos olmecas no México, na mesma época, essa civilização apareceu de repente, sem sinais de progresso gradativo.

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Abrangendo uma vasta área, cujas dimensões se expandem constantemente, à medida que novas descobertas vêm à luz, a cultura chavin parece ter sido centralizada num local chamado Chavin de Huantar, perto da vila de Chavin (deriva daí o nome da cultura). Está situada a 3000 metros de altura, na Cordilheira Blanca, a noroeste dos Andes. Lá, num vale montanhoso, onde os tributários do rio Maranon formam um triângulo, uma área de 28.000 metros quadrados foi terraplenada para a construção de estruturas complexas, cuidadosa e precisamente projetadas, de acordo com um plano que levava em consideração a topologia local (fig. 91 a).

Os edifícios e casas formam retângulos e qua­drados precisos e estão alinhadas de acordo com os pontos car­deais, num eixo leste-oeste. As três construções principais er­guem-se sobre terraços que as elevavam e alinhavam com a mu­ralha oeste, que corria por mais de 150 metros. Essa muralha cercava o local por três lados, deixando aberta a parte oriental com acesso para um rio, que corre para o leste, sendo tudo ele­vado em cerca de 13 metros. A maior construção ficava no lado sudoeste, medindo cerca de 73 x 76 metros, com pelo menos três níveis (veja a planta, fig. 91 b). Foi construída com blocos de pedra trabalhada, bem cortados, mas sem acabamento, dispostos de forma regular e nivelados.

Como indicam alguns rochedos, a parte exterior das paredes era coberta com um acabamento liso, semelhante ao már­more; algumas ainda conservam as decorações gravadas. De um terraço no lado leste, uma escadaria monumental levava a um portão imponente, que se abria para o edifício principal. O portão era flanqueado por duas colunas cilíndricas — um aspecto arquitetônico raro na América do Sul — que, juntamente com ou­tros blocos verticais, suportava um lintel de quase 10 metros, feito de um único bloco, na posição horizontal.

Mais à frente, uma escadaria dupla levava ao topo da construção. Essa escadaria era construída de pedras perfeitamente cortadas e polidas, que lembram as pirâmides egípcias. Duas escadas levavam ao topo da construção, onde os arqueólogos encontraram ruínas de duas torres; o restante da plataforma não apresentava construções. 

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O terraço oriental, fazendo parte da plataforma do edifício, ligava-se a uma praça rebaixada, cujo acesso era feito pelos de­graus cerimoniais. Ela era cercada em três lados por praças ou plataformas retangulares. Uma grande rocha, situada logo após o canto sudoeste da praça rebaixada, perfeitamente alinhada com as escadarias do edifício principal e seu terraço, possuía sete orifícios e um nicho retangular.

A precisão externa não é nada diante da complexidade do interior. A parte interna das três estruturas apresentava corre­dores e passagens, interligadas a galerias, aposentos e escadarias, ou simplesmente conduzindo a uma parede sem saída. Ela re­cebeu o nome de labirinto. Algumas galerias foram decoradas com blocos trabalhados, aqui e ali delicadamente decorados. To­das as passagens possuem teto, formado de blocos selecionados e engenhosamente colocados, de forma a evitar sua queda ao longo dos milênios. Existem, ainda, nichos e relevos, aparente­mente sem finalidade, e poços verticais, que os arqueólogos acham que serviam para ventilação. 

Para que foi construída Chavin de Huantar? O único propósito plausível parece ser a de um centro religioso, uma espécie de “Meca” antiga. Essa ideia foi reforçada por três relíquias fasci­nantes e enigmáticas encontradas no local. Uma impressiona pela complexidade de imagens, tendo sido descoberta por Tello, no edifício principal, sendo por isso chamada de Obelisco de Tello (fig. 92 a,b mostra a frente e o verso).

Está gravada com uma aglomeração de corpos e rostos humanos, mas dotados de garras felinas, presas, asas. Existem animais, pássaros, árvores; deuses emitindo raios parecidos com foguetes e grande variedade de desenhos geométricos. Seria esse totem um símbolo de adoração, ou obra de algum artista antigo para reunir todos os mitos e lendas numa só coluna? Ninguém ainda ofereceu uma resposta para isso. 

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Restos de Chavin de huantar

A segunda relíquia é uma escultura em pedra, chamada de Monólito Raimondi, batizada com o nome do arqueó­logo que a descobriu numa propriedade próxima. Acredita-se que originalmente tenha ficado no topo da pedra, no canto sudoeste da praça rebaixada, alinhada com a monumental es­cadaria. Atualmente é exibido em Lima. Trata-se de um bloco de granito com mais de 2 metros de altura, esculpido por um artista antigo com a imagem de uma divindade segurando uma arma — um raio, segundo alguns — em cada mão.

Enquanto os corpos e os membros da divindade são essencialmente an­tropomórficos, o rosto não é. As feições têm intrigado os es­tudiosos porque não representa ou estiliza uma criatura local (tal como o jaguar), mas parece expressar a concepção do artista do que os peritos cautelosamente chamam de “um animal mi­tológico”, talvez algo do qual o criador ouviu falar, mas nunca viu. Na nossa opinião, o rosto da divindade lembra o de um touro — um aramai inexistente na América do Sul, mas sobe­jamente representado na iconografia e nas histórias do antigo Oriente Médio.

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Escultura em pedra, em bloco único e maciço, chamada de estela (Monólito) Raimondi

Significativamente (ainda em nossa opinião), era o “animal consagrado” a Adad, e a cadeia de montanhas que representavam o seu domínio, na Ásia Menor, até hoje é chamada de montanhas Taurus. A terceira relíquia, uma enigmática coluna, foi encontrada em Chavin de Huantar, e é chamada El Lanzón, por sua forma sin­gular em ponta de lança. Foi descoberta na construção do meio e lá ficou porque sua altura (3,6 metros) excede a altura de 3 metros da galeria onde se encontra.

O alto do monólito, portanto, penetra pelo teto, através de uma abertura de secção qua­drada. A imagem desse monólito gerou muita especulação. Aos nossos olhos, mais uma vez, parece representar o rosto antropo­mórfico de um touro. Quem quer que tenha erguido esse monu­mento — obviamente antes da construção do edifício, erguido cla­ramente para acomodar a estátua — adoraria o Deus Touro? 

O elevado nível artístico das colunas — e as complexas es­truturas, que impressionaram os estudiosos e os fizeram consi­derar Chavin a “cultura matriz” do centro-norte do Peru — levou à conclusão de ter sido o local um centro religioso. Mas achados recentes em Chavin de Huantar parecem indicar que o propósito não era religioso, como se supunha, mas utilitário.

As últimas escavações revelaram uma rede de túneis subterrâneos na rocha bruta — passando por todo o local, tanto sob as construções, como sob as áreas não construídas — servindo para ligar vários compartimentos subterrâneos, dispostos em forma de corrente. 

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As aberturas dos túneis deixaram perplexos seus descobrido­res, pois pareciam ligar os dois rios que flanqueavam o local, um acima (devido ao terreno montanhoso) e o outro no vale, abaixo. Alguns exploradores sugeriram que tais estruturas foram construídas com o propósito de controlar enchentes, para cana­lizar a água das montanhas depois de chuvas fortes, ou do derretimento da neve, fazendo-as correr sob as construções, ao invés de passar entre elas. Por que os construtores fariam sua obra num local tão vulnerável? 

Acreditamos que a fizeram como uma escolha intencional. Eles engenhosamente utilizaram os dois níveis de água para criar um fluxo poderoso contínuo e controlado, necessário para o processo que es­tavam levando a cabo em Chavin de Huantar. Pois ali, como em muitos outros lugares, tais dispositivos aquáticos eram utilizados para a prospecção de ouro.

Encontramos mais desses engenhosos aquedutos nos Andes. Já os havíamos visto, em formas mais rudimentares, nos locais olmecas, no México. Lá, faziam parte de estruturas em aterros complexos. Nos Andes, estavam junto a obras-primas em pedra, algumas vezes em grandes locais, como Chavin de Huantar, em outras como restos isolados de pedras cortadas ou esculpidas, como este conjunto encontrado por Squier na área de Chavin. Ele parece ter sido concebido para alguma peça de maquinário moderno, há muito perdido.

De fato, o trabalho em pedra — não os edifícios e sim o dos artefatos intactos — parece responder à pergunta sobre quem esteve em Chavin de Huantar. A habilidade artística e o estilo de escultura são surpreendentemente semelhantes aos dos olmecas, no México. Os objetos incluem um receptáculo em forma de cabeça de jaguar, um touro-felino, um condor-águia, uma pia em formato de tarta­ruga; grande número de vasos e objetos decorados com glifos criados de presas entrelaçadas — um motivo encontrado na decoração de paredes, além de objetos (fig. 97 a).

Havia, entretanto, blocos de pedra cobertos com motivos egípcios — serpentes, pirâmides, o olho sagrado de RÁ (fig. 97 b). Embora essa variedade não seja suficiente, existem fragmentos de blocos de pedra esculpidos que apresentam motivos mesopotâmicos, como as divindades com Discos Alados (fig. 97 c), ou imagens (gravadas em osso) de deuses usando chapéu cónico, caracterítico dos deuses da Mesopotâmia (fig. 97 d). 

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As divindades usando chapéus cônicos possuíam feições que lembram os traços “africanos”, e tendo sido esculpidas em osso podem ser consideradas a mais antiga manifestação artística en­contrada no local. Seria possível que africanos-negroides — do Egito e da Núbia — pudessem estar na América do Sul nesses tempos antigos? Sim, por mais surpreendente que isso possa parecer.

De fato, os representados ali, e em outros locais (especialmente numa localidade chamada Sechin), eram africanos negros, que deixaram suas marcas. Em todos esses locais, dezenas de pedras esculpidas trazem representações desse povo. Na maior parte das vezes, aparecem utilizando alguma ferramenta. Em muitas delas, o “engenheiro” é representado em associação a um símbolo usado como referência a trabalhos hídricos. 

Em locais costeiros no caminho de Chavin, arqueólogos en­contraram cabeças esculpidas, não em pedra, mas em argila, repre­sentando visitantes semitas. Um deles se assemelhava tanto a uma escultura assíria, que seu descobridor, H. Ubbelohde-Doering (On the Royal Highway of the incas – “Na Estrada Real dos incas”), o apelidou de “Rei da Assíria”. Mas não é certo que esses visitantes conseguiram chegar aos lugares altos — pelo menos não com vida. Cabeças esculpidas com traços semitas foram encontradas em Chavin de Huantar, porém com expressões grotescas ou mutilações, exibidas como troféus nas muralhas que circundavam a cidade. 

A idade de Chavin sugere que a primeira onda de emigrantes do Velho Mundo — tanto olmecas, como semitas — chegou por volta de 1500 a.C. De fato, foi no reinado do décimo-segundo monarca do Antigo Império que, como afirma Montesinos, “che­garam notícias a Cuzco de um desembarque na costa de alguns homens de grande estatura … Gigantes que estão se estabele­cendo em toda a costa” e que possuíam ferramentas e implementos feitos de metal. Depois de algum tempo, eles avançaram para as monta­nhas.

O monarca enviou mensageiros para investigar e para tra­zer noticias sobre o avanço dos gigantes, com medo que eles se apro­ximassem da capital. Mas do jeito que as coisas aconteceram, os gigantes provocaram a ira do Grande Deus e ele os destruiu. Tais eventos ocorreram cerca de um século antes da parada do sol, entre 1400 e 1500 a.C., ou seja, na época em que foi construída a rede de estruturas hídricas em Chavin de Huantar.

É preciso destacar que esse não foi o mesmo incidente relatado por Garcilaso, sobre gigantes que assolaram a terra e estupraram as mulheres — uma ocorrência da época dos moches, por volta de 400 a.C. Como já vimos, foi nessa época que os dois grupos de olmecas e de semitas estavam fugindo da América Central. O destino deles, porém, não foi diferente ao norte dos Andes. Além das cabeças grotescas de semitas encontradas em Chavin de Huantar, representações de corpos negroides mutilados foram encontradas em toda a área, especialmente, em Sechin.

Assim, depois de 1000 anos ao norte dos Andes, e quase 2000 anos na América Central, a presença semita-africana teve um final trágico. Embora muitos africanos possam ter se refugiado mais ao sul, como atestam os achados em Tiahuanaco, o ramo africano-semita nos Andes e na América Central parece não ter passado além da área dominada pela cultura chavin. As histórias de gigantes atingidos pela mão divina pode conter mais do que o cerne do fato real. É possível que nos Andes tenham se encontrado dois reinos de dois deuses, com uma fronteira invisível entre as jurisdições e os seres humanos subordinados a cada uma delas.

Afirmamos isso porque pela mesma área outros homens brancos haviam passado. Foram representados em bustos de pedra (fig. 100), nobremente vestidos, usando turbantes, ou tiras na cabeça com símbolos de autoridade, e decorados com o que os estudiosos chamam de “animais mitológicos”. Esses bustos foram encontrados num local chamado Aija, perto de Chavin. As ex­pressões faciais, especialmente os narizes retos, os identifica como indo-europeus. Sua origem poderia ter sido a Ásia Menor e Elam, a sudeste e, a seu tempo, o Vale do rio Indo, mais a leste, no hoje Paquistão. 

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É possível que o povo dessas terras distantes tenha atravessado o Pacífico e tenha vindo até os Andes em tempos pré-históricos? A ligação que existe é confirmada por representações, ilustrando os feitos de um antigo herói do Oriente Médio, cujas histórias foram contadas e recontadas. Era Gilgamesh, líder de Uruk (a Erech bíblica) que reinou cerca de 2900 a.C.

As histórias narram que ele saiu em busca do herói sumério do Dilúvio (Ziusudra), a quem os deuses garantiram (segundo a lenda mesopotâmica) a imortalidade. Suas aventuras são narradas no Épico de Gilgamesh, que foi traduzido do sumério para outras línguas do Oriente Médio, na Antigui­dade. Um de seus feitos heróicos, a luta com dois leões, derro­tados com suas próprias mãos, era a representação épica prefe­rida dos artistas antigos, como essa de um antigo monumento hitita.

gilgamesh (1)

Surpreendentemente, a mesma representação aparece em tá­buas de pedra em Aija e num local próximo, Callejon de Huaylus, ao norte dos Andes. 

Esses indo-europeus não deixaram traços na América Central. Presumimos que tenham vindo pelo Pacífico até a América do Sul. Se as lendas puderem comprovar, eles fariam parte das ondas de migrações, dos “gigantes” africanos e dos bar­bados do Mediterrâneo, sendo, portanto, os primeiros colonos mencionados na história de Naymlap.

O local de desembarque teria sido a península de Santa Elena (agora no Equador) que, com a ilha de La Plata, se projeta sobre o Pacífico. Escavações arqueológicas confirmaram o estabelecimento de habitações ali, começando com a chamada Fase Valdivian por volta de 2500 a.C. Entre as descobertas do renomado arqueólogo equa­toriano Emílio Estrada (Ultimas Civilizaciones Pre-Historicas – “As últimas Civilizações Pré-Históricas”) havia estatuetas de pedra com feições de nariz reto, assim como, um símbolo em cerâmica que ostenta o hieróglifo hitita para “deuses”. 

É importante observar que as estruturas megalíticas dos An­des, assim como as que vimos em Cuzco, Sacsayhuaman e Machu Pichu, localizam-se todas ao sul das linhas divinas de demarcação entre os dois reinos de deuses. O estilo dos construtores mega­líticos — seriam indo-europeus guiados por seus deuses? — que se inicia ao sul de Chavin deixou sua marca para o sul, no vale do rio Urubamba, e além dele, em todas as partes onde o ouro era coletado e separado.

Pedras trabalhadas como se fos­sem maleáveis, na forma de canais, compartimentos, nichos, pla­taformas parecendo escadas, mas levando ao nada (nos dias de hoje); túneis con­duzindo às encostas das montanhas; fissuras na rocha alargadas na forma de corredores com paredes niveladas ou dispostas em ângulos agudos. Por todos os lados, mesmo nos locais onde os habitantes podiam obter água facilmente no rio abaixo, foram construídas elaboradas tubulações e criados canais no alto para dirigir a água de uma nascente, de um rio, ou das chuvas, numa determinada direção.

A oeste-sudoeste de Cuzco, a caminho da cidade de Abancay, encontram-se as ruínas de Sayhuiti-Rumihuasi. Como outros sí­tios arqueológicos, situa-se perto da junção de um riacho menor com um rio. Existem restos de uma parede de retenção, rema­nescente de estruturas maiores um dia ali construídas, cujo nome, segundo Luis A. Pardo, num estudo dedicado ao local (Los Gran­des Monolitos de Sayhuiti – “Os Grandes Monólitos de Sayhuiti”) significa, em língua nativa, “Pirâmide Truncada”.

A localidade é conhecida por seus vários monólitos. O mais famoso, conhecido como Grande Monólito, é uma rocha enorme, lembrando, à distância, um imenso ovo brilhante repousando sobre a colina. Mede cerca de 4,2, x 3 x 2,6 metros. Enquanto a parte do fundo foi cuidadosamente esculpida para parecer ovói­de, a parte superior foi escavada para representar um modelo, em escala, de uma área desconhecida. Podemos distinguir mi­niaturas de paredes, plataformas, escadarias, canais, túneis, rios, diversas estruturas, algumas representando edifícios com nichos e degraus entre eles, imagens de vários animais nativos do Peru, figuras humanas de guerreiros, ou deuses.

Alguns enxergam nesse modelo um artefato religioso, hon­rando as divindades que eles adoravam. Outros acreditam que representa uma parte do Peru, englobando três distritos que se estendem ao sul do lago Titicaca (que eles identificam como um lago curvo gravado na pedra) e o antiquíssimo local de Tiahuanaco. Seria este um mapa gravado em pedra, ou talvez um mo­delo, em escala, elaborado pelo grande artífice que fez o pla­nejamento das estruturas a serem construídas?

A resposta pode ser encontrada nas canaletas cavadas na pe­dra, de 2,5 a 5 centímetros de largura, que circundam esse mo­delo. Todas se originam num “prato” localizado na parte mais alta e descem em curvas, ou em ziguezague, até a parte mais baixa do modelo, atingindo ali orifícios arredondados de drena­gem. Alguns acreditam que tais orifícios serviam para que os sacerdotes derramassem poções (sucos de coca) como oferenda aos deuses representados na pedra. Mas se os próprios deuses fossem os arquitetos, qual seria seu propósito?

Os sulcos reveladores também aparecem numa enorme rocha, cortada e esculpida com precisão geométrica, cuja su­perfície e os lados formam degraus, plataformas e nichos em cascata. Um dos lados foi cortado para formar pequenos “pratos” no nível superior; estão ligados a um receptáculo maior do qual desce um canal profundo, separando-se em duas partes no meio do caminho. Qualquer que tenha sido o líquido que por ali es­corria, ele caía no interior da rocha oca, dotada de um acesso na parte traseira. 

Outras ruínas do local, provavelmente restos de estruturas maiores, intrigam pela complexidade e precisão geométrica dos sulcos e orifícios que ostentam. Elas poderiam servir como es­tampas e matrizes de instrumentos ultramodernos.

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Ruinas em Sacsayhuaman

Um dos locais mais conhecidos, a leste de Sacsayhuaman, é chamado de Kenko — um nome que em língua nativa significa “Canais Curvos”. A principal atração turística do local é um monólito sobre uma base, que pode ter representado um leão, ou outro animal grande, apoiado nas patas traseiras. Ele fica de frente para uma parede feita com belas cantarias, que encerram o monólito num círculo. Diante do monólito há uma enorme rocha, onde as paredes terminam como uma espécie de alicate.

Na parte posterior, a rocha foi cortada, esculpida e disposta em vários níveis, ligados por plataformas alternadas. Canais em zi­guezague foram cortados na inclinação feita pelo homem, assim como o interior da rocha, oco e cheio de túneis e câmaras em labirinto. Uma fresta na rocha leva a uma abertura em forma de caverna, esvaziada com precisão geométrica para formar estru­turas, lembrando tronos e altares.

Existem mais locais como esse perto de Cuzco-Sacsayhuaman, ao longo do Vale Sagrado dos Incas e atingindo o sudoeste, onde um lago ostenta o nome de Lago de Ouro. Um local chamado Torontoy inclui entre seus megálitos, de corte preciso, um que possui 32 ângulos. A 80 quilômetros de Cuzco, perto de Torontoy, uma cascata artificial foi feita para fluir entre duas paredes por 54 “degraus”, todos cortados na rocha natural. O local é chamado sugestivamente de Cori-Huairachina (“Onde o Ouro é Purifica­do”).

Cuzco significa “O Umbigo”, e realmente, Sacsayhuaman parece ser o maior e mais colossal desses sítios arqueológicos. Um aspecto dessa centralidade pode ser evidenciado por um local cha­mado Pampa da Anta, a cerca de 15 quilômetros a oeste de Sacsayhuaman. Lá, a rocha pura foi esculpida numa série de degraus que formam um grande crescente (o nome da rocha é Quillarumi “Pedra da Lua”). Como não há nada para se ver, a não ser o céu para o leste, Rolf Müller (Sonne, Mond una Steiner über dem Reich der Inka – “No Império dos incas”) concluiu que se tratava de algum tipo de observatório, situado de forma a refletir dados astronómicos ao promontório, em Sacsayhuaman.

Porém, o que seria a própria Sacsayhuaman, uma vez que a ideia de ter sido construída como fortaleza pelos incas está de­sacreditada? O insólito labirinto de canais e outros cortes apa­rentemente sem propósito na rocha natural, começam a fazer sentido como resultado de novas escavações arqueológicas, ini­ciadas muitos anos atrás. Embora ainda estejam longe de des­cobrir mais do que uma pequena parte das estruturas de pedra no planalto que se estende atrás da pedra lisa do Rodadero, eles revelaram dois aspectos importantes do local.

Um é o fato de que paredes, canaletas, receptáculos, estruturas parecidas foram criadas em rocha sólida, e com a ajuda de cantarias perfeitas, muitas do tipo poligonal da Era Megalítica, para formar uma série de canais, uns sobre os outros, de forma a permitir que a chuva, ou água de nascentes, pudesse correr de forma regular de nível a nível.

Outro foi a descoberta de uma grande área circular limitada por cantarias megalíticas, situada abaixo do solo, num nível que permite a distribuição da água, a partir do reservatório circular. Crianças ao brincarem no local descobriram que o canal que sai dessa câmara-comporta leva à Chingana, ou ao “Labirinto”, es­culpido no interior da rocha atrás e abaixo dessa área circular.

Mesmo antes da descoberta de todo o complexo construído nesse promontório estava claro que algum mineral, ou composto químico, correra pelo Rodadero, conferindo à pedra uma certa descoloração proveniente desse uso. Qualquer que tenha sido o mineral — seria ouro? — ele foi derramado no grande reser­vatório circular. Do outro lado, a água era forçada pelo fluxo. Tudo lembra uma instalação de extração de ouro em larga escala. A água finalmente fluía, através da câmara-comporta, para fora do sistema, através do labirinto. Nos tanques de pedra, o que permanecia era ouro.

O que, então, suportariam, ou apoiariam as paredes megalí­ticas em ziguezague, na borda do promontório? Ainda não há resposta para essa questão, exceto se presumirmos que se tratava de algum tipo de plataforma para veículos (os carros celestiais dos Anunnaki), talvez aéreos, uti­lizados para trazer o minério e levar as pepitas.

Outro local, que pode ter servido a uma função semelhante de transporte, localizado a quase 100 quilômetros a noroeste de Sacsayhuaman, chama-se Ollantaytambo. As ruínas arqueológi­cas localizam-se no alto de uma montanha íngreme. Dominam a vista de uma abertura entre as montanhas, que se elevam onde os rios Urubamba, Vilcanota e Patcancha se encontram. A vila que empresta o nome para as ruínas está situada na base da montanha. Ollantaytambo quer dizer “Refúgio de Ollantay” e de­riva da época em que um herói inca preparou uma resistência contra os espanhóis.

Centenas de degraus de pedra, de construção tosca, interligam uma série de terraços de arquitetura inca que levam às ruínas no topo. Lá, sobre o que se presumia ser uma fortaleza, existem restos de paredes feitas com pedras brutas. Ao lado do trabalho da Era Megalítica, parecem toscas e primitivas.

As estruturas megalíticas iniciam-se com o muro de retenção, elaborado com belas pedras poligonais, como as que se encon­tram nas ruínas já descritas. Passando através de um portal cortado numa única rocha, alcança-se a plataforma, apoiada por um segundo muro de retenção, igual ao primeiro, mas construído com pedras poligonais maiores. Em um dos lados, a extensão da parede forma um recinto com doze aberturas trapezoidais — duas servindo como portais e dez como falsas janelas.

Talvez por isso Luis Pardo (Ollantaytambo, Una Ciudad Megalítica – “Ollantaytambo, Uma Cidade Megalítica) chamou essa estrutura de “templo central”. Do outro lado da parede existe um portão ma­ciço, perfeitamente detalhado, que em sua época (não atualmente) deve ter servido de acesso às estruturas principais. 

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Ollantaytambo

É lá que se encontra o maior mistério de Ollantaytambu: uma fileira de seis monólitos colossais no terraço superior. Tais blocos variavam entre 3,3 e mais de 4 metros de altura, em média, com 1 a 2 metros de largura e de 1 a 3 metros de profundidade. Ficam juntos, sem argamassa ou qualquer material de união, com a ajuda de longas pedras trabalhadas, inseridas entre os blocos colossais. Nos locais onde a largura dos blocos não se iguala à largura do maior, grandes blocos poligonais cobrem o espaço, ajustando-se perfeitamente, criando uma largura unifor­me, como em Cuzco e Sacsayhuaman.

Na frente, entretanto, os megálitos formam uma única parede, orientada precisamente para sudoeste, cuja superfície foi cuidadosamente trabalhada para produzir uma leve curvatura. Pelo menos dois dos monólitos ostentam os restos erodidos de decorações em relevo; no quarto (contando da esquerda) o desenho é claramente o símbolo da Escadaria. Todos os arqueólogos concordam que esse símbolo, originário de Tiahuanaco, no lago Titicaca, significava a ascensão da Terra ao Céu, ou a descida do Céu à Terra. 

Umbrais e saliências nas laterais do monólito e cortes seme­lhantes a degraus no topo do sexto bloco sugerem que a cons­trução não foi terminada. De fato, blocos de várias formas e ta­manhos foram encontrados na cercanias; alguns foram cortados em arestas perfeitas, com ângulos e sulcos definidos. Um deles contém uma pista significativa: um grande corte em forma de T feito na base. Os estudiosos, tendo encontrado tais cortes em pedras gigantes de Tiahuanaco, concordam que esse tipo de sulco era feito para manter unidos dois blocos de pedra com um grampo de metal, como precaução contra terremotos.

É preciso perguntar como os estudiosos continuam atribuindo essas ruínas aos incas, que não trabalhavam nenhum metal a não ser o ouro, macio demais para manter juntos blocos colossais sacudidos por um terremoto. Igualmente iingenua é a explicação de que monarcas incas teriam construído aquele lugar colossal como casa de banhos (assim como as pirâmides no Egito são túmulos…), uma vez que banhar-se era um dos prazeres preferidos dos incas. Com dois rios correndo ao sopé das montanhas, por que elevar blocos gigantescos — alguns chegando a pesar 250 toneladas — para construir uma banheira no alto de uma colina? E tudo isso sem ferramentas de metal? 

Mais séria é a explicação para as fileiras de seis monólitos. Fariam parte de uma parede de retenção, planejada, talvez, para servir de apoio a uma grande plataforma no topo da montanha. Se fosse assim, o tamanho e o peso dos blocos trazem à mente os colossais blocos usados para construir a singular plataforma de Baalbek, nas montanhas do Líbano. Em A Escada para o Céu descrevemos e examinamos com vagar aquelas plataformas megalíticas e concluímos que seriam o “local de aterrissagem”: o primeiro destino de Gilgamesh — um local de aterrissagem para os “barcos aéreos” dos nefilim (e Anunnakis).

As semelhanças que encontramos entre Ollantaytambu e Baalbek incluem a origem dos megálitos. Os blocos gigantescos de Baalbek foram arrastados por muitos quilômetros num vale, depois ergui­dos, transportados e colocados em seus lugares para encaixar per­feitamente com as outras pedras da plataforma. Em Ollantaytambu também os blocos gigantes foram colhidos na base da montanha, do outro lado do vale. Os pesados megálitos de granito vermelho, depois de terem sido escavados, cortados e trabalhados foram trans­portados pela encosta da montanha, através de dois riachos, até o topo, onde se erigiu a plataforma. Ali foram cuidadosamente co­locados em seus lugares e finalmente unidos.

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Quem construiu Ollantaytambu? Garcilaso de La Vega escre­veu que procedia “da época mais antiga, muito antes dos incas”. Blas Valera afirmou: “de uma era que antecedeu a época dos incas […] a era do panteão dos deuses pré-incaicos”. Está na hora dos es­tudiosos modernos concordarem com isso. 

É também chegado o momento de compreender que esses deu­ses representam as mesmas divindades a quem a construção de Baalbek foi atribuída pelas lendas do Oriente Médio. Seria Ollantaytambu uma fortaleza, como Sacsayhuaman pode ter sido, ou um local de aterrissagem para barcos celeste (espaçonaves), como foi Baalbek?

Em nossos livros anteriores demonstramos que, ao determinar o local do espaçoporto e os “locais de aterrissagem”, os nefilim primeiro estabeleceram um corredor de aterrissagem em aciden­tes geográficos notáveis (tal como o monte Ararat). O percurso de voo nesse corredor inclinou-se precisamente 45 graus para o equador. Depois do Dilúvio, quando o espaçoporto era na pe­nínsula do Sinai e o local de aterrissagem para espaçonaves locais era em Baalbek, o traçado segue o mesmo padrão.

O Torreón de Machu Pichu possui, além das duas janelas de observação na região semicircular, outra janela enigmática, dotada de uma abertura em forma de escada invertida e um corte pontiagudo no topo. Nossos estudos demonstraram que uma linha da Rocha Sagrada através da fresta para o Intihuatana forma um ângulo preciso de 45 graus com os pontos cardeais, estabelecendo assim a orientação principal de Machu Pichu.

Essa orientação de 45 graus determina não apenas o projeto de Machu Pichu, mas também a orientação de outros locais an­tigos. Se desenharmos num mapa da região uma linha entre as legendárias paradas de Viracocha, desde a ilha do Sol, no lago Titicaca, a linha passa por Cuzco e continua para Ollantaytambu — num ângulo preciso de 45 graus com o Equador! 

Estudos de Maria Schulten de D’Ebneth, apresentados em seu livro La Ruta de Wirakocha (“A Rota de Vira cocha”), mostram que o alinhamento de 45 graus onde se localiza Machu Pichu encai­xa-se num padrão em grade ao longo dos lados de um quadrado orientado a 45 graus (de forma que os cantos, e não os lados, apontem na direção dos pontos cardeais). Ela confessa que foi inspirada para realizar seu estudo em um desenho antigo da Relación de Salcamayhua: sobre a história das três janelas, ele desenhou um esboço (fig. 108a) para ilustrar sua narrativa, dando um nome a cada uma: Tampu-Tocco, Maras-Tocco e Sutic-Tocco. 

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Maria Schulten percebeu que eram nomes de lugares. Quando aplicou seu quadrado deformado ao mapa da região de Cuzco-Urubamba, com o canto noroeste em Machu Pichu (aliás, Tam-pu-Tocco), descobriu que todos os outros locais caíam na posição correta. Desenhou linhas mostrando que uma reta com inclinação de 45 graus, originando-se em Tiahuanaco, combinada com qua­drados e círculos de medidas definidas, envolvia todos os locais-chave antigos entre Tiahuanaco, Cuzco e Quito no Equador, in­cluindo a importante Ollantaytambu (fig. 108b).

Ela descobriu outro fato importante. Os sub-ângulos que cal­culou entre a linha central de 45 graus e locais situados a grande distância, tais como o templo de Pachacamac, indicaram que o eixo da Terra (“obliqüidade”) na época em que o plano foi feito era próximo a 24 graus e 8 minutos. A pesquisadora concluiu que o trabalho foi planejado 5.125 anos antes que suas medidas fossem realizadas, em 1953, em outras palavras, remontavam ao ano de 3.172 a.C.

Essa é uma determinação que confirma nossa próxima con­clusão de que as estruturas megalíticas pertenceram à Era de Touro, entre 4000 e 2000 a.C. Combinando os estudos modernos com as datas fornecidas pelos cronistas, confirma-se o que as lendas vêm afirmando. Tudo começou no lago Titicaca, na América do Sul, entre a Bolívia e o Peru.

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