Não é segredo que a Rússia está se envolvendo cada vez mais no programa nuclear do Irã, sendo ambos membros do BRICS, e, curiosamente, em um momento em que Moscou se ofereceu para mediar entre Washington e Teerã na questão do enriquecimento de urânio e um novo acordo de monitoramento nuclear.
Fonte: Zero Hedge
Na segunda-feira, em uma manchete surpreendente dado o escopo enorme e ambicioso, fontes estatais iranianas disseram que a Rússia construirá oito usinas nucleares no Irã , duas das quais já estão em construção .
“A Rússia está contratada para construir oito usinas nucleares no Irã, incluindo quatro na cidade de Bushehr, no sul do país”, anunciou Ebrahim Rezaei, porta-voz do comitê de segurança nacional e política externa do país, na segunda-feira.
Isso marca um salto monumental no relacionamento Irã-Rússia, depois que os dois países aprofundaram a cooperação militar em relação à guerra na Ucrânia (onde as forças russas dependeram fortemente dos drones iranianos Shahed), já que há apenas alguns anos Moscou não estava nem mesmo pronta para vender combustível nuclear ao Irã.
Mas OITO usinas? Alguns críticos denunciaram isso como um absurdo de relações públicas e um desserviço ao povo iraniano, visto que, segundo algumas estimativas, a Rússia já recebeu mais de um bilhão de dólares do Irã para reconstruir apenas uma usina nuclear de Bushehr, sem praticamente nenhum progresso.
Por exemplo, sobre problemas anteriores e graves atrasos no cronograma, uma fonte da indústria descreveu :
O Irã possui um reator nuclear em operação, uma unidade VVER de 1.000 MW, projetada pela Rússia, na cidade portuária de Bushehr, no sul do país, na costa do Golfo Pérsico. Mais duas unidades VVER-1000 estão em construção no local. As obras da Unidade 2 começaram em 2019, com a operação comercial prevista para 2029, após relatos anteriores indicarem que a unidade poderia entrar em operação no ano passado. A mídia iraniana noticiou que a instalação de equipamentos de segurança na Unidade 2 começou no início de fevereiro, juntamente com as obras de escavação das casas de bombas de resfriamento de água de ambas as unidades.
A mídia estatal russa também parece estar confirmando o anúncio e o acordo extremamente ambicioso:
De acordo com um contexto mais amplo sobre a cooperação energética iraniana e russa da Associação de Controle de Armas :
A conclusão de um acordo no qual a Rússia fornecerá ao Irã combustível nuclear para um reator nuclear de água leve de 1.000 megawatts marca o mais recente passo em uma controvérsia de uma década. O diretor da Agência Federal Russa de Energia Atômica, Alexander Rumyantsev, anunciou em 27 de fevereiro que Teerã e Moscou finalmente assinaram um acordo para fornecer combustível para o reator perto da cidade iraniana de Bushehr, no sul, por um período de 10 anos. Embora os Estados Unidos tenham se oposto ao projeto do reator por muito tempo, o governo Bush não criticou publicamente o acordo.
Em 1995, a Rússia concordou em concluir o projeto do reator, que é amplamente divulgado como valendo cerca de US$ 800 milhões. O contratante alemão original abandonou o projeto após a revolução iraniana de 1979. Um acordo final foi adiado várias vezes enquanto os dois lados negociavam uma cláusula que exige que o Irã devolva o combustível usado do reator para a Rússia. O acordo foi projetado para reduzir o risco de o Irã separar o plutônio do combustível usado. O plutônio separado pode ser usado como material físsil em armas nucleares. (Veja ACT, outubro de 2003.) O Irã não tem nenhuma instalação conhecida para reprocessamento de combustível nuclear usado para obter plutônio, embora Teerã tenha conduzido experimentos relacionados.
A Rússia e o Irã fortaleceram nos últimos anos sua cooperação bilateral em torno da energia, com o presidente Putin afirmando que os dois países alcançaram uma “parceria estratégica abrangente” que define “objetivos ambiciosos e delineia diretrizes para aprofundar a cooperação bilateral em longo prazo”.
“O Irã está expandindo sua usina nuclear de Bushehr com a construção da segunda e terceira unidades da instalação. O reator foi projetado de acordo com os padrões da Agência Internacional de Energia Atômica”.
Tudo isso, é claro, acontece em meio a sanções severas lideradas pelos EUA para atender os interesses de Israel, que visam as economias e sociedades russa e iraniana. Ambas têm contado com os países membros dos BRICS e os países não alinhados para atender às suas crescentes necessidades militares e industriais.
