Lançada em 2023, a iniciativa é liderada por Sam Altman, CEO da OpenAI, e alegadamente busca distinguir humanos de inteligências artificiais. Na última segunda-feira, 13, um vídeo viralizou no TikTok e em outras redes sociais: uma jovem mostrou como foi “vender meu olho” ao visitar um local em São Paulo com uma fila de pessoas com o mesmo objetivo, seguindo o passo a passo para realizar a operação e ganhar uma quantia em dinheiro. Por trás do vídeo está o World, projeto liderado por Alex Blania e Samuel Altman, o CEO da OpenAI.
Fonte: Exame
O World, inicialmente chamado de Worldcoin, foi lançado em 2023 e se espalhou ao redor do mundo. Hoje, o projeto conta com uma criptomoeda e uma rede blockchain próprias. Ele chegou a ter operações no Brasil em 2023 por poucos meses como um teste, mas voltou oficialmente no final de 2024.
O projeto tem ganhado espaço em diversos países, com destaque para a Argentina e, mais recentemente, o Brasil, atraindo pessoas interessadas na recompensa pelo registro de íris. Porém, ele também tem sido alvo de críticas e preocupações das autoridades.
O que é o World?
O World é um projeto da empresa TFH-Tools for Humanity que busca ajudar a diferenciar humanos de robôs e inteligências artificias. A ideia é que cada usuário tenha uma World ID, espécie de “passaporte” que serve como uma “prova de humanidade”, atestando que o dono desse registro é realmente um ser humano.
Em entrevista exclusiva à EXAME, Alex Blania explicou que a ideia surgiu em meio à explosão de bots e conteúdos sintéticos na internet e, principalmente, nas redes sociais, com uma dificuldade crescente em diferenciar contas de humanos e aquelas operadas por IAs. Ele acredita que o problema tende a piorar, exigindo algum tipo de solução.
O objetivo do World, portanto, é auxiliar governos, empresas e os próprios usuários nessa tarefa, se tornando uma “credencial da humanidade“.
Para isso, porém, é preciso que a rede do projeto conte com o maior número possível de usuários com a “prova de humanidade”. Afinal de contas, sem esse alcance, o serviço de diferenciação de humanos e IA seria pouco útil. É aí, então, que entra a relação entre o registro de íris e a recompensa em criptomoeda.
Venda de íris?
A prova de humanidade do World é dada a partir do Orb, uma máquina que conta com uma espécie de câmera fotográfica. O Orb é o responsável por fazer o registro da íris dos usuários. Depois que o registro é feito, os usuários ganham o World ID e a garantia da empresa de que são humanos.
A princípio, porém, não haveria um incentivo claro para realizar esse tipo de registro. E é aí que entra a recompensa em dinheiro. Na verdade, os usuários recebem uma quantia determinada em worldcoins, a criptomoeda nativa do projeto. No momento, 1 unidade de worldcoin equivale a US$ 2, com uma capitalização de mercado de US$ 1,7 bilhão e figurando entre as 75 criptos mais valiosas do mundo.
A lógica por trás do projeto reflete a chamada Web3, a próxima geração da internet. A ideia é que os usuários recebam recompensas como forma de incentivo não apenas para a participação em projetos, mas também para cederem seus dados. O argumento é que na geração atual da internet, a Web2, os usuários já fariam tudo isso voluntariamente sem receber nenhuma recompensa monetária.
Nesse sentido, a Tools for Humanity afirma que o processo de registro de íris não seria uma “venda”, mas sim uma operação com posterior recompensa como forma de atrair e engajar usuários. O valor é dividido em duas partes: uma metade é dada logo após o registro e a outra é distribuída de forma fracionada, ao longo de 12 meses. O montante pode ser sacado pelo aplicativo do projeto.
Críticas e preocupações
Desde o seu lançamento, o World tem enfrentado diversas críticas e problemas judiciais ao redor do mundo. Na Espanha, por exemplo, ele foi proibido por uma falta de informações sobre como os dados são tratados e utilizados, obtenção de dados de menores de idade e a impossibilidade dos usuários retirarem o consentimento para dados.
Portugal também anunciou a proibição das operações da empresa no país, justificando a decisão para “salvaguardar o direito fundamental à proteção de dados pessoais, em especial dos menores”. Já na Coreia do Sul, o projeto foi multado em US$ 830 mil por acusações de ter violado as leis de privacidade de dados no país. A Argentina também aplicou uma multa.
A principal preocupação de especialistas gira em torno dos dados de íris que o World pode estar recebendo. A íris é considerada um dado biométrico extremamente sensível, já que ele nunca pode ser alterado. Em casos de vazamento, o prejuízo para o usuário poderia ser grande. No exterior, autoridades também apontaram falhas e ausências nos termos de uso e de concessão de dados da empresa.
Desde então, o World tem se defendido das acusações. O argumento do projeto é que as autoridades não entendem exatamente o seu funcionamento e suas salvaguardas. Segundo o World, o registro de íris é imediatamente deletado após o escaneamento e substituído por um código, que então é usado para gerar a World ID.
A empresa alega, portanto, que não haveria o armazenamento desse dado biométrico sensível ou seu uso para outras finalidades. No Brasil, o World se comprometeu a trabalhar com autoridades para prestar esclarecimentos e afirmou que já está em contato com reguladores. As preocupações, porém, não parecem ser suficientes para afastar o público, a imensa massa de zumbis.
Na última sexta-feira, 10, o World chegou à marca de 10 milhões de usuários ao redor do mundo com a “prova de humanidade”. O projeto tem ganhado espaço principalmente em economias emergentes ou em crise, caso da Argentina. No Brasil, o World já ultrapassou 100 mil usuários com registro de íris em menos de 2 meses de operação.
Governo investiga ações no Brasil
A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, disse ter instaurado processo de fiscalização. O objetivo é “investigar o tratamento de dados biométricos de usuários no contexto do projeto World ID”. A ANPD afirmou, ainda, que pediu esclarecimentos à Tools for Humanity sobre oito pontos, entre eles, o contexto em que ocorrem as atividades e a transparência do tratamento de dados pessoais.
A Tools for Humanity encaminhou os documentos e as informações requeridas. Atualmente, o processo encontra-se em fase de análise da documentação apresentada.
ANPD, em nota
A ANPD lembrou que dados biométricos, como a íris, são informações sensíveis. Por isso, recomenda-se cautela ao compartilhar as informações. A World diz não armazenar as imagens das íris das pessoas —segundo a empresa, o World ID é gerado e as imagens são apagadas. A Fundação World afirma estar “em total conformidade com todas as leis e regulamentos aplicáveis que regem o processamento de dados pessoais nos mercados onde a World opera”.
“16 E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, 17 Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. 18 Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”. Apocalipse 13: 16-18
2 respostas
Mais um projeto de ID digital global, afinal o passaporte da vacina falhou. E o Brasil é uma casa da mãe Joana mesmo, aceita tudo, não existe fiscalização. O país é mantido tão pobre, e as pessoas se vendem fácil como cobaias.
Começam dando compensação as pessoas, depois vem a pandemia 2.0, ou alguma False Flag, aí vão usar isso como desculpa dizendo que é pra melhorar a segurança e obrigar todos a fazer. Isso lembra o filme de 2002, Minority Report, onde previam crimes e prendiam as pessoas sem julgamento e para identificar as pessoas escaneavam a íris mesmo de longe.