Vulcão Tera prestes a Explodir? Estado de emergência declarado em Santorini após Enxames de terremotos abalar ilha

Autoridades gregas declararam estado de emergência em Santorini após dias de enxames de terremotos “intensos” sacudindo a ilha. O terremoto mais forte, registrando magnitude 5,2º na escala Richter, ocorreu na quarta-feira. Foram também ordenadas precauções em várias ilhas vizinhas do Mar Egeu – todos destinos populares de férias de verão – depois de terem sido registrados mais de 200 sismos submarinos na zona nos últimos três dias.

Fontes: Zero Hedge

Santorini declarou estado de emergência devido à atividade sísmica (mais de 7.700 terremotos registrados desde o dia 26 de janeiro). Vasilis Karastathis, diretor do Instituto Geodinâmico, disse ao meio de comunicação local ERT News que “a sismicidade continua no mesmo ritmo dos dias anteriores, intensa”.

“Estas medidas são de precaução e as autoridades manter-se-ão vigilantes”, declarou o Ministro da Proteção Civil, Vasilis Kikilias, no final do domingo, após uma reunião de emergência do Governo em Atenas. “Pedimos aos cidadãos que sigam rigorosamente as recomendações de segurança para minimizar os riscos”. Aqui está tudo o que voce precisa de saber se está em Santorini .

Escolas fechadas em Santorini após enxames de terremotos

Embora os especialistas gregos afirmem que os tremores, muitos com magnitudes superiores a 4,5º na escala Richter, não estão ligados ao vulcão de Santorini, reconhecem que o padrão de atividade sísmica é motivo de preocupação.

A frequência dos tremores, que continuaram desde a noite de domingo, preocupou os residentes. “Nunca senti nada assim e com tal frequência – um sismo a cada 10 ou 20 minutos”, disse o residente Michalis Gerontakis, que é também o diretor da Orquestra Filarmónica de Santorini. “Toda a população está ansiosa, mesmo que alguns de nós o escondam para não causar pânico, mas toda a gente está preocupada”.

Os funcionários do governo reuniram-se com cientistas durante o fim de semana e na segunda-feira para avaliar a situação, enquanto as escolas também foram ordenadas a fechar nas ilhas vizinhas de Amorgos, Anafi e Ios.

Até agora, mais de 12.000 pessoas deixaram a ilha devido a preocupações de que terremotos maiores poderiam ser um precursor do próximo “grande”, potencialmente desencadeando um tsunami. Cerca de 7.700 tremores foram relatados em menos de uma semana. 

“Na quinta-feira à noite, caminhões foram vistos desembarcando de balsas carregadas com geradores. Em mais um sinal de que serviços de emergência estão sendo realocados para a ilha, foi anunciado que assistentes sociais e psicólogos seriam enviados para Santorini”, observou o The Guardian. 

Ilha de Santorini, local onde fica o vulcão Thera, que ao explodir em torno de 1650 aC. “ejetou” a parte central da ilha, hoje ocupada por água.

Autoridades do governo e sismólogos que se reuniram nesta quarta-feira para avaliar a situação apontaram para um alto risco de deslizamentos de terra, inclusive perto do principal porto da ilha, Athinios, que atende cerca de 1,5 milhão de passageiros por ano.

Autoridades locais restringiram o acesso a algumas áreas de alto risco, enquanto socorristas, embarcações e um helicóptero estavam em alerta em caso de emergência. “Todo o mecanismo estatal foi ativado… para que estejamos prontos para qualquer possibilidade, com a esperança de que as coisas melhorem e o fenômeno diminua de intensidade”, disse o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, nesta quarta-feira.


O super Vulcão Tera de Santorini

Há cerca de 3.600 anos, um vulcão destruiu Tera, a ilha do mar Egeu atualmente conhecida como Santorini. A cidade de Akrotiri, na extremidade meridional da ilha, ficou sepultada sob um metro de cinzas e pedra-pomes. Foi uma das maiores erupções vulcânicas de todos os tempos.

Há escavações arqueológicas aqui há vários anos. Agora, pela primeira vez, os investigadores criaram uma representação virtual do quotidiano naquela civilização florescente. Para alguns, Tera até foi a mítica Atlântida. Seus habitantes sabiam que enfrentavam um poder invisível, inimaginável, impossível de conter, que emanava das profundezas do mar e dominava as alturas. 

Liberto por uma força misteriosa, um inquietante vento vindo do Norte fustigava a ilha. Os habitantes de Tera sentiam frequentemente que o solo tremia sob os seus pés, como se um monstro subterrâneo quisesse anunciar a sua chegada.

Vulcão Thera, Ilha de Santorini no Mar Egeu

Porém, os habitantes daquele pequeno recanto do mar Egeu ignoravam o poder de destruição das forças desconhecidas. Aproximadamente no ano 1600 a.C., a atividade sísmica desencadeou um terremoto que destruiu várias casas da ilha. Os habitantes do porto de Akrotiri conseguiram sair para a rua a tempo. Durante dias, foram obrigados a acampar ao ar livre, enquanto retiravam escombros e resgatavam as pedras ainda inteiras para erguer novas habitações.

O sismo, porém, foi apenas o prelúdio do que viria a acontecer semanas depois: o vulcão entrou em erupção plena, arrancando o topo da ilha numa gigantesca explosão . Situada no chamado arco Helénico, Santorini encontra-se numa zona de intensa atividade sísmica. Entre 150 e 170 quilómetros abaixo da ilha, a placa tectônica africana mergulha sob a euro-asiática. O magma acumula-se na crosta terrestre como consequência deste processo de subducção. Naquela ocasião, a acumulação foi de tal forma elevada que a pressão abriu as portas do inferno.

Naquele dia apocalíptico, de pouco serviu aos habitantes do Mediterrâneo todo o conhecimento acumulado ao longo da história sobre as forças primitivas que dominavam o seu mundo.

Tudo começou com um rugido surdo e uma escura nuvem cinzenta, quase negra, elevando-se das profundezas da caldeira, aberta há cerca de vinte mil anos por outra erupção vulcânica na região ocidental daquilo que era então uma ilha circular. Uma chuva de cinzas e pedra-pomes começou a cair sobre Akrotiri. Quem pôde agarrou apressadamente alguns objetos pessoais antes de fugir.

Foi então que se ouviu um estrondo ensurdecedor. Uma coluna de cinzas e rochas vulcânicas, provavelmente com mais de trinta quilómetros de altura, subiu até ao céu. Fluxos piroclásticos incandescentes varreram a ilha e a câmara magmática esvaziou-se num abrir e fechar de olhos. Como resultado, o teto do vulcão desabou e formou-se uma caldeira que poderá ter 400 metros de profundidade.

O mar que banhava a ilha começou a borbulhar como uma cafeteira à beira de transbordar. A enorme quantidade de material vulcânico ejetado formou depósitos de até 60 metros de espessura, tal como hoje se observa nas falésias de Santorini, que são as paredes da antiga caldeira. Tudo ficou sepultado: pessoas, casas e praticamente todos os seres vivos das imediações.

É possível que alguns ilhéus tentassem dirigir-se ao porto e fugir de barco. No entanto, na opinião do arqueólogo grego Christos Doumas, que há cerca de meio século investiga o sítio arqueológico, esse cenário é bastante inverosímil. “Não houve seguramente sobreviventes. É provável que o caminho até ao porto seja um rosário de cadáveres enterrados sob a cinza vulcânica.”

Poderia o vulcão Tera estar prester a explodir novamente?

Foi uma das maiores catástrofes vulcânicas de que se há conhecimento, aquilo que hoje denominamos como erupção supervulcânica, muito mais violenta do que a erupção do Vesúvio no ano 79 da nossa era, que destruiu Pompéia e Herculano instantaneamente e semelhante à do Krakatoa indonésio em 1883. Os investigadores tentam calcular o que teria acontecido no Mediterrâneo em seguida ao evento cataclísmico.

Estima-se que o estrondo se fez ouvir em locais tão distantes como a Escandinávia. Num raio de 400 quilômetros em redor, a escuridão reinou durante dias inteiros. Tera partiu-se em três partes e emergiram as ilhas menores da Terásia e Aspronisi. A flora e a fauna foram aniquiladas, escreveu o geólogo Walter L. Friedrich, da Universidade de Åarhus. Só sobreviveram ao cataclismo algumas espécies de caracol e de serpente e alguns lagartos e insetos que ocupavam a cota máxima do local, o monte Profitis Ilias, a 565 metros de altitude. Os rios e as fontes ficaram envenenados. O solo permaneceu estéril durante muitas gerações.

Akrotiri, uma das mais antigas cidades da Europa, quase 17 séculos anterior a Pompeia e com uma civilização desenvolvida, desapareceu sob o manto de cinza e pedra-pomes.

O vento de oeste arrastou a nuvem de cinzas até à Ásia Menor, onde caiu e cobriu a terra com uma camada de dez centímetros de espessura. As ondas com mais de dez metros do consequente maremoto fustigaram todas as outras ilhas do Egeu. Durante meses, a cinza vulcânica e a pedra-pomes flutuaram no mar, empurradas pela corrente para sudeste. A navegação e o comércio marítimo ficaram paralisados. Passaram-se séculos até Tera (Santorini) voltar a ser habitável novamente.


Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba nosso conteúdo

Junte-se a 4.280 outros assinantes

compartilhe

Últimas Publicações

Indicações Thoth