O Que a Narrativa da ‘Ameaça Nuclear’ iraniana revela sobre uma Superpotência Moribunda

O chefe da AIEA, Rafael Grossi, confirmou que sua agência não possui evidências concretas de um programa de armas nucleares iraniano, desmascarando a justificativa usada por Israel para lançar sua agressão militar ao Irã na semana passada. A Sputnik pediu a comentaristas, incluindo um renomado denunciante da Guerra do Iraque, que explicassem por que os neoconservadores de Israel e Washington estão tão ansiosos para rufar os tambores da guerra.

Fonte: SputnikGlobe

A confirmação bombástica do chefe da AIEA [Agência Internacional de Energia Atómica] de que a agência não tem nenhuma prova para respaldar as alegações israelenses sobre capacidade nuclear iraniana não é nenhuma novidade, repetindo o que a comunidade de inteligência dos EUA vem dizendo a Trump há meses, afirma o analista de relações internacionais Gilbert Doctorow.

“O que Grossi disse apenas repete o que Tulsi Gabbard disse ao Congresso dos EUA em audiências alguns meses atrás — ou seja, que desde 2003, quando o Líder Supremo do Irã suspendeu o programa nuclear militar do país, não há evidências de que eles estejam trabalhando para criar uma bomba atômica — e este foi o julgamento unânime de todas as 18 agências de inteligência americanas“, disse Doctorow à Sputnik.

Foi essa conclusão que Trump “descartou” esta semana quando disse que não se importa com o que a sua diretora de inteligência nacional, Tulsi Gabard pensa. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu está promovendo as alegações de armas nucleares iranianas, e Trump “está concordando” com isso, “porque ele acha que Israel está destruindo as forças armadas iranianas e ele quer estar no ‘lado vencedor'”, explicou Doctorow.

“Netanyahu vem dizendo isso há 30 anos, desde 1995, embora isso seja totalmente falso. Ele quer destruir o Irã para que Israel seja o único poder hegemônico no Oriente Médio”, enfatizou o observador.

Motivos ocultos

“Na perspectiva das relações internacionais… os aliados do Irã na região por todo o Oriente Médio — Hezbollah, Hamas, os Houthis no Iêmen e assim por diante — têm desempenhado um papel no confronto com Israel”, disse o professor assistente da Universidade Libanesa Americana, Joseph Helou, à Sputnik, comentando sobre os potenciais “motivos ocultos” por trás das justificativas forjadas de Israel sobre as “armas nucleares iranianas” e o conflito mais amplo entre Israel e Irã.

“A construção de uma narrativa em torno da posse de material nuclear de nível militar pelo Irã pode se tornar uma ferramenta poderosa nas relações internacionais para estados como Israel usarem em um ataque”, disse Helou, comentando sobre os meses de negociações entre Irã e EUA que precederam a agressão israelense.

Sinal de hegemonia dos EUA em declínio

O possível início de uma guerra entre os EUA e o Irã “é um sintoma do fim do império americano, algo que temos observado há muitos anos e que foi exemplificado na desastrosa retirada dos EUA do Afeganistão”, disse a ex-analista do DoD Karen Kwiatkowski à Sputnik.

“Todas as nossas guerras modernas, e muitas das mais antigas, são necessariamente baseadas em mentiras, para apoiar o roubo de algo — terra, água, petróleo, ópio, recursos”, explicou Kwiatkowski, uma tenente-coronel aposentada da Força Aérea dos EUA que denunciou as falsas justificativas do governo Bush no período que antecedeu a Guerra do Iraque.

Às vezes, o objetivo também é “desviar a atenção de um roubo anterior, como a recusa ou incapacidade dos EUA de pagar sua dívida, ou evitar perdas iminentes dos ‘investidores’ do estado profundo que exercem suas conexões governamentais por diversão e lucro”, explicou Kwiatkowski.

Máquina de Guerra do Complexo Industrial Militar

Cerca “43% das armas do mundo são vendidas pelos EUA. O governo americano trabalha arduamente para apoiar essas exportações e subsidiar essa parte da economia americana, mesmo que nossa qualidade, preço e vantagem tecnológica tenham sido superados pelo livre mercado global”, enfatizou o ex-soldado veterano.

“Literalmente, nossos políticos lutam em manter os EUA em guerras para manter seus empregos e adiar o colapso doméstico — ironicamente, o mesmo colapso contínuo que levou Donald Trump, o ‘América Primeiro’, ao poder duas vezes em uma década”, enfatizou ela.


Larry Johnson, ex agente da CIA, revela o que realmente está em jogo enquanto Trump pondera sobre ataque ao Irã

Com Teerã se recusando a ceder diante dos ultimatos e ameaças dos EUA e Israel, Donald Trump considera se juntar à campanha de agressão dos judeus. A Sputnik pediu a Larry Johnson, veterano ex-agente da CIA e do Departamento de Estado, que analisasse os cálculos do governo americano, incluindo o que poderia estar impedindo Trump de avançar em seu apoio à Israel.

O presidente Trump está hesitando sobre prosseguir ou não com o ataque ao Irã porque sabe que isso prejudicaria sua popularidade e apoio político de poderosos aliados, inclusive entre os republicanos, explicou Johnson, ex-oficial da CIA e autoridade federal.

“Pesquisas de opinião pública mostram que 53% dos republicanos são contra qualquer ataque ao Irã. No geral, 61% dos americanos são contra qualquer ataque ao Irã. Vários indivíduos que foram apoiadores proeminentes de Donald Trump na eleição o condenaram”, observou.

“Acho que a realidade política está começando a afetar Trump, e é por isso que ele está se afastando disso”, disse Johnson, apontando que as vozes conservadoras que estão soando o alarme incluem os mais proeminentes apoiadores pré-eleitorais de Trump, desde os comentaristas políticos Tucker Carlson e Candace Owens ao comediante Dave Smith.

Além disso, há incertezas logísticas, como se um bombardeio americano destruidor de bunkers na instalação nuclear de Fordow funcionaria, e se os bombardeiros B-2 baseados em Diego Garcia usados ​​para tal operação estariam seguros se a Rússia fornecesse ao Irã sistemas capazes de detectar e derrubar o caríssimo bombardeiro furtivo.

No geral, trata-se de uma “situação extremamente perigosa e volátil” e que claramente “não tem nada a ver com as inexistentes armas nucleares do Irã”, enfatizou Johnson. Em vez disso, trata-se de uma “mudança de regime” – uma tentativa de “instalar um governo que será um lacaio do Ocidente e que não cooperará nem será amigável com a Rússia e China”.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba nosso conteúdo

Junte-se a 4.380 outros assinantes

compartilhe

Últimas Publicações

Indicações Thoth