A Ucrânia alega que a Rússia está se preparando para uma ofensiva em larga escala no país, mas uma fonte de segurança russa negou quaisquer planos desse tipo, enquanto os EUA monitoram de perto a situação…Trump disse à imprensa no início da semana: “Veremos o que acontece. Estou acompanhando de perto”, quando questionado sobre relatos de que a Rússia estaria se preparando para uma ofensiva em larga escala na região de Sumy, na Ucrânia.
Fonte: De autoria de Andrew Korybko via Substack – RTP-Portugal
Isso segue-se a reportagem do Wall Street Journal (WSJ) alegando que a Rússia reuniu cerca de 50.000 soldados em preparação para isso. Uma fonte de segurança russa negou tais planos em comentários à TASS , no entanto, e, em vez disso, descreveu as alegações mencionadas como parte de uma campanha de desinformação do GUR para disseminar o medo sobre a Rússia.
Eles também levantaram a hipótese de que o GUR quer desacreditar o Ministério da Defesa em geral e o Comandante-em-Chefe Alexander Syrsky em particular, ao mesmo tempo em que afirmam que a Ucrânia também possui algumas fortificações na fronteira, ao contrário do que o WSJ escreveu.
Seja qual for a verdade, o que se sabe com certeza é que a ocupação da região de Sumy pela Rússia se enquadra na “zona-tampão” que Putin mencionou criar no final de maio, cuja estratégia foi analisada aqui na época.
O contexto mais amplo diz respeito à constatação de que “as negociações russo-ucranianas estão em um impasse que somente os EUA ou a força bruta podem resolver“. E sobre este segundo caso, Kiev está em chamas após bombardeio de mísseis e drones durante a madrugada desta sexta feira (04).

Na ausência de quaisquer esforços sérios por parte de Trump para coagir Zelensky a fazer as concessões que Putin exige para a paz, a Rússia pode continuar recorrendo à força bruta e seus mísseis para garantir seus interesses de segurança, especialmente dada a janela de oportunidade que, segundo informações, acaba de se abrir. Isso está conectado à recente reportagem do Politico sobre o Pentágono suspendendo o fornecimento de algumas armas e munições prometidas à Ucrânia.
Segundo suas fontes, isso inclui “mísseis para os sistemas de defesa aérea Patriot, projéteis de artilharia de precisão, mísseis Hellfire e outros mísseis que a Ucrânia lança de seus caças F-16 e drones”. A decisão teria sido tomada no início de junho, pouco antes de Israel lançar seu ataque surpresa contra o Irã, no 61º dia do prazo de 60 dias de Trump para concordar com um novo acordo nuclear. Consequentemente, o momento sugere que essa ajuda prometida à Ucrânia durante a era Biden pode ter sido redirecionada para Israel.
A Rússia está ABALANDO Kiev esta noite. Pelo menos 10 explosões em um minuto (vídeo).
🇷🇺 Russia is ROCKING Kiev tonight. At least 10 explosions in one minute (video). pic.twitter.com/Moq4C36pwR
— DD Geopolitics (@DD_Geopolitics) July 4, 2025
Isso faz sentido, visto que Trump sabia dos planos de Bibi com antecedência e provavelmente teria ordenado ao Pentágono que se preparasse para a possibilidade de um conflito de larga escala eclodir posteriormente. Os estoques americanos já estavam se esgotando antes mesmo da guerra de 12 dias que se seguiu, na qual os EUA participaram diretamente com o bombardeio de três instalações nucleares iranianas, então era inevitável, em retrospectiva, que a priorização das necessidades de segurança de Israel pelos EUA ocorresse às custas da Ucrânia.
Tudo isso prepara o cenário para uma ofensiva em larga escala que a Ucrânia alega que a Rússia está preparando, mas que a Rússia nega, e os EUA estão monitorando de perto, só por precaução. Por um lado, a Rússia poderia tentar tirar vantagem da redução da ajuda militar dos EUA à Ucrânia para expandir sua zona de proteção para dentro da região ucraniana de Sumy.

Por outro lado, pode não ser tão fácil quanto o WSJ afirmou, e Trump pode reagir exageradamente a quaisquer ganhos importantes da Rússia, “intensificando a tensão para desescalar o conflito”, correndo o risco de arruinar o frágil processo de paz .
Na sua opinião, a visão de que a Rússia está ganhando terreno justamente no momento em que os EUA reduziram a ajuda militar crucial à Ucrânia pode dar falsa credibilidade às teorias da conspiração sobre conluio entre ele e Putin, enquanto seu legado seria manchado se os EUA “perdessem a Ucrânia” como resultado.
Essas percepções aumentam a chance de que ele reaja exageradamente a esse cenário. Portanto, Putin poderia não aprovar tais planos militares de invasão para evitar comprometer as negociações com Trump, se é que ele sequer tinha esses planos desde o início.
Coreia do Norte vai reforçar russos com o envio de mais 30 mil soldados norte coreanos para a Rússia
A Coreia do Norte vai triplicar o número das tropas que lutam por Moscou na linha da frente da Ucrânia, enviando mais 25 mil a 30 mil soldados para ajudar a Rússia, segundo uma avaliação dos serviços secretos ucranianos. O contingente poderá chegar à Rússia nos próximos dias, juntando-se às 11 mil enviadas em novembro, que ajudaram a repelir a incursão da Ucrânia na região russa de Kursk.
De acordo com as autoridades ocidentais, cerca de quatro mil desses 11 mil soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos durante o destacamento, mas a cooperação de Pyongyang com Moscou tem vindo a desenvolver-se desde então.
A CNN, que teve acesso a uma avaliação dos serviços secretos ucranianos, avança que o Ministério russo da Defesa é capaz de fornecer “o equipamento, armas e munições necessários” com o objetivo de “uma maior integração nas unidades de combate russas”.
O documento acrescenta que “existe uma grande possibilidade” de as tropas norte-coreanas entrarem em combate em partes da Ucrânia ocupada pela Rússia “para reforçar o contingente russo, incluindo durante as operações ofensivas de grande escala”.
A avaliação da agência de inteligência de defesa da Ucrânia também diz que há sinais de que os aviões militares russos estão sendo reequipados para transportar pessoal, refletindo o vasto empreendimento de deslocar dezenas de milhares de tropas estrangeiras através da Sibéria russa, que partilha uma fronteira com a Coreia do Norte no seu extremo sudoeste.
Os possíveis preparativos para o novo destacamento, incluindo a chegada de um navio ligado ao destacamento do ano passado a um porto russo e de aviões de carga ao aeroporto norte-coreano de Sunan, foram detetados em imagens de satélite obtidas pela CNN. A Coreia do Norte enviou inicialmente 11 mil soldados para a Rússia no outono de 2024 em grande segredo, tendo o presidente russo Vladimir Putin apenas confirmado o destacamento no final de abril.
Em outubro de 2024, soldados norte-coreanos foram fotografados recebendo equipamento para as linhas da frente na base militar de Sergeevka, na região russa de Primorskyi Krai. Um mês depois, um navio russo da classe Ropuca atracou no porto de Dunai, perto de Nakhodka, 95 quilômetros a sudoeste, podendo transportar até 400 soldados, segundo os analistas.
O mesmo tipo de navio Ropucha de transporte de tropas atracou novamente a 18 de maio no mesmo porto de Dunai, segundo imagens de satélite fornecidas à CNN pelo Open Source Centre, uma organização sem fins lucrativos com sede no Reino Unido especializada em informações de fonte aberta relacionadas com a defesa e a segurança.
Os padrões de voo também sugerem que o deslocamento de mais algumas tropas poderá estar em curso. O Centro de Fontes Abertas forneceu à CNN imagens de satélite do aeroporto de Sunan, na Coreia do Norte, a 4 de junho, em que aviões de carga, possivelmente IL-76, estavam rolando na pista – o mesmo tipo de avião utilizado nos transportes do ano passado.

Embora as imagens não mostrem para que é que o navio e os aviões estão sendo utilizados, os movimentos podem sugerir um padrão consistente com o que os analistas observaram no ano passado.
“As imagens de satélite mostram um navio de transporte de pessoal russo a chegar a Dunai em maio, e atividade no aeroporto de Sunan em maio e junho”, afirmou Joe Byrne, analista do Open Source Centre, à CNN.
Para Joe Byrne, “isto parece indicar que as rotas anteriormente utilizadas para transportar as tropas da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) estão ativas e poderão ser utilizadas em qualquer futura transferência de pessoal em grande escala”.
Jenny Town, diretora do programa coreano do Centro Stimson, frisou que a avaliação ucraniana de até 30 mil soava “elevada, mas eles podem certamente chegar a esse número. Não serão soldados de elite. Kim Jong-un disse estar disposto a tudo, por isso depende do que a Rússia pedir”.
Para Jenny Town, entre dez mil e 20 mil soldados “parece mais realista”. No entanto, acrescenta que a Coreia do Norte poderia enviar as tropas lentamente, por fases. “Há rumores de que os generais russos já estiveram na Coreia do Norte para treinar as tropas norte coreanas”.
O ministro ucraniano da Defesa, Rustem Umerov, disse na quinta-feira que Kiev suspeitava que poderiam ser enviadas mais tropas norte-coreanas, mas acrescentou que o líder do país, Kim Jong-un, arriscava colocar o seu próprio governo em perigo ao expor tantas tropas de elite às elevadas taxas de baixas da linha da frente.
“A utilização pela Rússia de tropas de elite norte-coreanas demonstra não só uma crescente dependência de regimes totalitários, mas também sérios problemas com a sua reserva de mobilização”, afirmou Umerov. Segundo o governante ucraniano, “Kiev juntamente com os seus parceiros, está monitorando estas ameaças e responderá em conformidade”.
Já o chefe militar ucraniano, o russo Oleksandr Syrskyi, afirmou que a Rússia estava reunindo cerca de 110 mil soldados perto da cidade de Pokrovsk, na linha da frente, em preparação para uma possível ofensiva contra o centro populacional estratégico.
Sergei Shoigu, um dos principais conselheiros de Putin, que já foi ministro da Defesa, visitou Pyongyang em 17 de junho – uma viagem feita sob as ordens de Putin e a sua segunda visita em 15 dias, informou a agência noticiosa estatal russa TASS. Durante a visita, Shoigu anunciou o envio de mil sapadores norte-coreanos e cinco mil trabalhadores da construção militar para a Rússia, para desminar e “restaurar as infraestruturas destruídas pelos ocupantes” na região de Kursk, segundo a TASS.
O Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul (NIS) informou os legisladores em Seul que a Coreia do Norte começou a selecionar pessoal para ser enviado para o estrangeiro, o que poderá ocorrer já em julho ou agosto, de acordo com as observações do legislador Lee Seong-kweun.
Lee Seong-kweun sublinhou o anúncio público feito pela Rússia do envio de mais seis mil trabalhadores norte-coreanos da limpeza de minas e da construção militar. Não é claro se o NIS partilha a avaliação dos serviços secretos ucranianos, segundo a qual o destacamento poderá atingir os 30 mil trabalhadores.
Os meios de comunicação social russos também deram a entender uma intensificação da cooperação. Um vídeo de uma apresentadora de televisão e política russa, Marina Kim, publicado no Telegram dois dias depois de o Kremlin ter admitido o papel da Coreia do Norte na guerra, em finais de abril, mostra os preparativos intensivos e o alojamento em abrigos de longa duração de uma unidade norte-coreana.

A CNN e o Centro para a Resiliência da Informação, sediado no Reino Unido, localizaram geograficamente as instalações num campo nos arredores de Postoyalye Dvory, uma povoação situada dez quilômetros a leste da cidade de Kursk.
O vídeo de seis minutos mostra um instrutor militar russo a declarar que os norte-coreanos com idades entre os 23 e os 27 anos chegam “fisicamente bem preparados”. E acrescentou: “Como combatentes, não são piores do que os nossos. O inimigo foge primeiro”. Um formador russo discute com o líder norte-coreano uma folha de tradução de termos militares básicos de russo para coreano. Não é claro se norte-coreanos são recém-chegados ou os remanescentes dos iniciais 11 mil enviados no ano passado.
O repórter também visita uma rede de trincheiras onde os norte-coreanos vivem com artigos básicos de conforto, com cartazes escritos à mão que declaram, em coreano, “vingança pelos nossos camaradas mortos” por cima dos beliches. Outros dois vídeos publicados pela TASS sugerem uma maior integração dos soldados norte-coreanos nas forças armadas russas do que a registrada anteriormente.
A primeira exposição das tropas norte-coreanas à linha da frente em Kursk foi como uma unidade distinta e separada, devido à barreira linguística com as tropas de Moscou, de acordo com avaliações de oficiais ucranianos.
Outro vídeo da TASS mostra as tropas norte-coreanas e russas a limparem edifícios em conjunto, num treino de combate corpo a corpo, e outro mostra os norte-coreanos a receberem treino com caçadeiras, utilizadas para combater a ameaça dos drones ucranianos. As tropas adicionais representam um desenvolvimento significativo no conflito e um sinal de que o líder da Coreia do Norte está duplicando o seu apoio a Moscou.
Kim Jong Un foi visto nos meios de comunicação estatais norte-coreanos a inspecionar as forças especiais norte-coreanas a 14 de maio, o que levou alguns analistas a suspeitar que a visita estava relacionada com um futuro destacamento.
A revelação do que parece vir a ser um importante destacamento norte-coreano faz parte de uma investigação da CNN, com a duração de um mês, sobre o papel cada vez mais importante da Coreia do Norte no apoio à guerra de Moscou.
Os serviços secretos ucranianos forneceram também o registro mais completo de sempre dos 82 ataques dos mísseis balísticos norte-coreanos KN-23 e KN-24, revelando que um deles foi responsável, em janeiro de 2024, pela morte de 11 civis em Pokrovsk, e que foram intensamente utilizados em fevereiro deste ano.
A CNN obteve também de um funcionário da direção dos serviços secretos de defesa da Ucrânia manuais de treino da artilharia norte-coreana, traduzidos para russo, um sinal tanto da ubiquidade das armas como da crescente interoperabilidade entre as forças armadas de Moscovo e Pyongyang.
Os manuais surgiram na mesma altura em que um número crescente de vídeos de artilharia norte-coreana na linha da frente tem sido visto em linha e em que um relatório de 11 Estados-membros da ONU afirmou, no mês passado, que Pyongyang tinha enviado pelo menos 100 mísseis balísticos e nove milhões de projéteis de artilharia para a Rússia em 2024.
O relatório também fazia eco das declarações dos militares sul-coreanos em março, segundo as quais mais três mil soldados norte-coreanos tinham sido enviados para a Rússia no início deste ano.