Numa escala de 1:43.200, a Grande Pirâmide serve de modelo, e projeção cartográfica, do (hoje) hemisfério Norte da Terra. O que exclui por completo a possibilidade de que isso possa ser uma coincidência é o fato de que a escala usada está ligada numericamente à taxa de precessão dos equinócios – um dos mecanismos planetários mais característicos da terra. É claro, por conseguinte, que temos aqui a manifestação de uma decisão deliberada de planejamento: tomada com a intenção de ser reconhecida como tal por qualquer cultura que tivesse adquirido: a) conhecimento preciso das dimensões da terra e b) conhecimento preciso da taxa do movimento precessional. Graças ao trabalho de Robert Bauval, podemos ter agora certeza de que outra decisão deliberada de planejamento foi implementada na Grande Pirâmide (a qual – como se torna cada vez mais claro – deve ser entendida como um projeto destinado a preencher muitas diferentes funções). Neste caso, o plano realmente ambicioso incluiu também as Segunda e Terceira Pirâmides, numa decisão que mostra as impressões digitais dos mesmos antigos arquitetos e construtores que conceberam a Grande Pirâmide como modelo da Terra reduzido a uma dada escala.
Livro “AS DIGITAIS dos DEUSES”, uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização
- Capítulo 1: Brasil e o mapa de Piri Reis
Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES”, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.
CAPÍTULO 49 – O Poder da Coisa
O sinal característico desses seres parece ter sido a precessão – talvez porque gostassem de sua regularidade e previsibilidade matemática – e a usaram para elaborar um plano que poderia ser corretamente compreendido apenas por culturas cientificamente avançadas. Nossa cultura (atual) é uma dessas e Robert Bauval foi o primeiro a decifrar os parâmetros básicos do plano – descoberta esta pela qual recebeu consagração pública e, no devido tempo, receberá o reconhecimento científico que merece. Belga de nacionalidade, nascido e criado em Alexandria, no Egito, é um homem alto, magro, rosto escanhoado, na casa dos 40 anos. Seu aspecto mais notável é uma mandíbula teimosa, que lhe caracteriza a personalidade obstinada, curiosa. Fala com um sotaque híbrido francês-egípcio-inglês e é decididamente oriental em suas maneiras. Possui uma mente de primeira classe e está sempre acumulando e analisando incessantemente novos dados relevantes para seus interesses, descobrindo novas maneiras de focalizar velhos problemas. Nesse processo, “inteiramente por acaso”, conseguiu transformar-se em uma espécie de mago de conhecimentos esotéricos.
O Mistério de Órion
As origens das descobertas de Bauval retroagem à década de 1960, quando o egiptólogo e arquiteto Dr. Alexander Badawy e a astrônoma americana Virginia Trimble demonstraram que a chaminé sul da Câmara do Rei, na Grande Pirâmide, apontara como um cano de arma para o cinturão de Órion (princípio masculino) durante a Era das Pirâmides – cerca de 2600 a 2400 a.C. Bauval resolveu submeter a teste a chaminé sul da Câmara da Rainha, que Badawy e Trimble não haviam investigado, e provou que ela apontara para a estrela Sírius (princípio feminino) durante a mesma era.
A evidência que provava essa conclusão foi fornecida pelo engenheiro alemão Rudolf Gantenbrink, como resultado de medições realizadas por seu robô, Upuaut, em março de 1993. Este robô fez a notável descoberta de uma porta tipo guilhotina que bloqueava a chaminé a uma distância de cerca de 60m da Câmara da Rainha. Equipado com um clinômetro de alta tecnologia, a pequena máquina forneceu a primeira leitura inteiramente exata do ângulo de inclinação da chaminé: 39° 30′. Ou, como explica Bauval:
Fiz os cálculos, que provaram que a chaminé estivera apontada para o meridiano do trânsito de Sírius por volta do ano 2400 a.C. Não podia haver absolutamente qualquer dúvida a esse respeito. Calculei também o alinhamento do cinturão de Órion, elaborado por Badawy e Trimble, com os novos dados que Gantenbrink me forneceu sobre a inclinação da chaminé sul da Câmara do Rei. Ele mediu um ângulo de exatamente 45°, ao passo que Badawy e Trimble haviam trabalhado com a medição ligeiramente menos precisa de Flinders Petrie, de 44° 30′. Os novos dados permitiram que eu refinasse a data fornecida por Badawy e Trimble para o alinhamento. O que descobri foi que a chaminé apontava diretamente para (a estrela) Alnitak, a mais baixa das três estrelas do cinturão da Constelação de Órion, que cruzou o meridiano à latitude de 45° por volta do ano 2475 a.C.
Até esse ponto, as conclusões de Bauval se encaixavam bem nos limites cronológicos estabelecidos por egiptólogos ortodoxos, que normalmente datavam a construção da Grande Pirâmide por volta do ano 2520 a.C. No mínimo, os alinhamentos que os arqueoastrônomos haviam descoberto sugeriam que as chaminés tinham sido construídas um pouco mais tarde, e não mais cedo, do que o conhecimento convencional admitia. Como já sabe o leitor, contudo, Bauval fez também outra descoberta, de natureza muito mais inquietante. Mais uma vez, ela dizia respeito às estrelas do cinturão da constelação de Órion:
Elas estão inclinadas numa diagonal na direção sudoeste, em comparação com o eixo da Via Láctea, enquanto que as pirâmides estão inclinadas ao longo de uma diagonal, também na direção sudoeste, mas em comparação com o eixo do Nilo. Se olharmos atentamente em uma noite escura, veremos que a menor das estrelas, a que fica na parte mais alta, que os árabes chamam de Mintaka, fica ligeiramente deslocada para leste da principal diagonal formada pelas outras duas. Esse padrão é reproduzido no chão, onde vemos que a Pirâmide de Menkaure está deslocada em exatamente o mesmo volume a leste da principal diagonal formada pela Pirâmide de Khafre (que representa a estrela do meio, Alnilam), e a Grande Pirâmide, que representa Alnitak. É realmente muito claro que todos esses monumentos foram projetados de acordo com um plano de sítio arqueológico unificado, que tomou como modelo, com precisão extraordinária, essas três estrelas… O que eles fizeram em Gizé foi construir, no solo, o cinturão de Órion.
Mas havia ainda mais. Usando um programa sofisticado de computador, capaz de plotar mudanças induzidas pela precessão nas declinações de todas as três estrelas visíveis no céu em qualquer parte do mundo, em qualquer época, Bauval descobriu que a correlação Pirâmides/cinturão de Órion era geral e óbvia em todas as épocas, mas específica e exata em apenas uma:
No ano 10450 a.C. – e apenas nessa data -, descobrimos que a disposição das pirâmides no solo constituía um reflexo perfeito da disposição das estrelas no céu. Quero dizer, havia uma identidade perfeita – impecável – que não podia ser um acaso, porque todo arranjo descreve corretamente eventos celestiais muito estranhos que ocorreram apenas naquele tempo. Em primeiro lugar, e puramente por acaso, a Via Láctea, como era visível em Gizé no ano 10450 a.C., reproduzia exatamente o curso meridional do Vale do Nilo; em segundo, a oeste da Via Láctea, as três estrelas do cinturão de Órion estavam na altitude mais baixa do ciclo precessional, com Alnitak, a estrela representada pela Grande Pirâmide, cruzando o meridiano a 11º 8′.
O leitor já sabe como a precessâo axial da terra faz com que o nascer do sol no equinócio vernal migre ao longo da faixa do zodíaco durante um ciclo de cerca de 26.000 anos. O mesmo fenômeno afeta também a declinação de todas as estrelas visíveis, produzindo, no caso da constelação de Órion, mudanças muito lentas, mas importantes em altitude. Dessa maneira, de seu ponto mais alto no trânsito do meridiano (58º 11′ acima do horizonte Sul, como visto a partir de Gizé), Alnitak precisa de 13.000 anos para descer ao ponto baixo, registrado pela última vez no ano 10450 a.C., isto é, imortalizado em pedra no platô de Gizé – isto é, 11º 8′.
Passando-se mais 13.000 anos, o cinturão de estrelas sobe lentamente, até que Alnitak volta a 58º 11′. Em seguida, durante os próximos 13.000 anos, as estrelas cairão mais uma vez para 11º 8′. Esse ciclo é eterno: 13.000 anos para cima, 13.000 anos para baixo, 13.000 para cima, 13.000 para baixo, para sempre. A configuração precisa de 10.450 anos a.C. é o que vemos no platô de Gizé como se um mestre-arquiteto tivesse chegado aqui naquela época e resolvido traçar no chão um mapa imenso, utilizando uma mistura de aspectos naturais e artificiais. Ele usou o curso meridional do Vale do Nilo para mostrar (o Braço local {de Órion} da) a Via Láctea, tal como lhe parecia na ocasião.
Construiu as três pirâmides para representar as três estrelas do cinturão da constelação de Órion, exatamente como elas pareciam nessa época. E colocou-as exatamente na mesma relação com o Vale do Nilo que as três guardavam então com a Via Láctea. Foi uma maneira muito inteligente, muito ambiciosa, muito exata de marcar uma época – congelar uma determinada data em uma obra de arquitetura, se quiserem…
Os Primeiros Tempos
Eu achei complicadas e misteriosas as implicações da correlação de Órion. Por outro, as chaminés sul da Grande Pirâmide “ligavam precessionalmente” o monumento a Alnitak e a Sírius no período 2475-2400 a.C., datas estas que coincidiam perfeitamente com a época em que egiptólogos diziam que ela fora construída. Por outro lado, a disposição de todas as três pirâmides em relação ao Vale do Nilo indicava eloqüentemente a data muito mais antiga de 10.450 anos a.C. Este número coincidia com os achados geológicos controversos de John West e Robert Schoch em Gizé, que sugeriam a presença de uma civilização muito avançada no Egito no undécimo milênio a.C. Além do mais, a disposição das pirâmides no terreno não fora feita por qualquer processo aleatório ou acidental, parecendo ter sido deliberadamente escolhida, porque marcava um fato precessional importante: o ponto mais baixo, o início, dos Primeiros Tempos no ciclo “para cima” de 13.000 anos de Órion.
Eu sabia que Bauval acreditava que esse evento astronômico esteve ligado simbolicamente aos míticos Primeiros Tempos, de Osíris – os tempos dos deuses, quando a civilização supostamente chegou ao vale do Nilo – e que seu raciocínio para chegar a essa conclusão baseava-se na mitologia do Egito antigo, que liga diretamente Osíris à constelação de Órion (e Ísis com a de Sírius). Teriam os arquétipos históricos de Osíris e Ísis chegado aqui nos Primeiros Tempos, há 12.500 anos? Minha pesquisa sobre as mitologias da Era Glacial me haviam convencido de que certas idéias e lembranças podiam perdurar na psique humana durante muitos milênios, transmitidas de uma geração a outra pela tradição oral. Eu, portanto, não conseguia ver razões prima facie porque a mitologia de Osíris, com suas características estranhas e anômalas, não devia ter tido origem em data tão remota quanto 10450 a.C.
Não obstante, foi a civilização do Egito dinástico que elevou Osíris ao status de poderoso deus da ressurreição. Essa civilização era uma daquelas que teve poucas precursoras conhecidas e nenhuma delas, ao que se sabia, de modo algum na época remota do undécimo milênio a.C. Se a mitologia de Osíris havia sido transmitida ao longo de 8.000 anos, portanto, que cultura fora responsável por isso? E teria sido essa cultura também responsável por ambos os alinhamentos astronômicos que se provou que as pirâmides representam: 10450 a.C. e 2450 a.C.? Estas eram algumas das perguntas que eu pensava fazer a Robert Bauval, à sombra das pirâmides. Santha e eu combinamos encontrá-lo, ao amanhecer, no Templo Mortuário de Khafre, de modo que pudéssemos os três observar o sol nascer sobre a Esfinge.
A Plataforma
Situado ao lado da face leste da Segunda Pirâmide, o Templo Mortuário, que se encontra na maior parte em ruínas, era um lugar fantasmagórico, cinzento e frio a essa hora. E como John West sugerira durante nossa conversa em Lúxor, pouca dúvida podia haver de que o templo enquadrava-se no mesmo estilo de arquitetura severo, imponente, destituído de decoração que o mais conhecido Templo do Vale. Ali, de qualquer modo, estavam os blocos enormes de rocha, alguns pesando 200 toneladas ou mais cada um. E ali estava também a mesma atmosfera intangível de grande antiguidade e de uma inteligência que despertava, como se alguma epifania estivesse para acontecer. Até mesmo em seu estado atual, dilapidada, em escombros, essa estrutura anônima, que os egiptólogos chamam de Templo Mortuário, era ainda um local de poder, que parecia extrair sua energia de uma época muito distante no passado.
Ergui a vista para a enorme massa da face leste da Segunda Pirâmide, imediatamente atrás de nós, à luz pérola-acinzentada do amanhecer. Mais uma vez, como observara John West, havia muita coisa a sugerir que ela pudesse ter sido construída em dois estágios diferentes. As carreiras mais baixas, até uma altura de talvez 12m, consistem principalmente de megálitos ciclópicos de pedra calcária, tais como os encontrados nos templos. Acima dessa altura, contudo, o restante do gigantesco núcleo da pirâmide é formado de blocos muito menores, pesando cerca de duas a três toneladas cada (tal como a maioria dos blocos da Grande Pirâmide).
Teria havido um tempo em que uma plataforma megalítica de seis hectares e 40m de altura existira ali na “colina de Gizé”, a oeste da Esfinge, cercada apenas por estruturas quadradas e retangulares anônimas, tais como os Templos do Vale e Mortuário? Em outras palavras, era possível que as carreiras mais baixas da Segunda Pirâmide pudessem ter sido assentadas primeiro, antes das outras pirâmides – talvez muito tempo antes, em uma era muito anterior?
O culto
Essas dúvidas persistiam em minha mente quando chegou Robert Bauval. Após uma troca de algumas frases banais geladas sobre o tempo – um vento frio do deserto soprava pelo platô -, perguntei:
– Como é que você explica esse furo de oito mil anos em suas correlações?
– Furo?
– Isso mesmo, chaminés que parecem alinhadas com o ano 2450 a.C. e um plano do sítio arqueológico que mapeia as posições de estrelas no ano 10450 a.C.
– Na verdade, há duas explicações, ambas fazendo algum tipo de sentido – respondeu Bauval -, e acho que a solução tem que ser uma ou outra… Ou as pirâmides foram projetadas como um tipo de “relógio estelar” para assinalar duas épocas especiais, 1450 e 10450 a.C., caso em que não podemos dizer realmente quando elas foram construídas. Ou foram construídas a mais…
– Pare no primeiro ponto – interrompi. – O que é que você quer dizer com “relógio estelar”? E que não podemos saber quando elas foram construídas?
– Bem, vamos supor, por um momento, que os construtores da pirâmide conheciam a precessão dos equinócios. Vamos supor que fossem capazes de calcular retroativa e antecipadamente a declinação de grupos estelares particulares, exatamente como podemos fazer hoje com computadores… Supondo que pudessem fazer isso, pouco importa em que época tenham vivido, eles teriam sido capazes de construir um modelo de como seriam os céus sobre Gizé nos anos 10450 e 2450 a.C., exatamente como poderíamos fazer hoje. Em outras palavras, se construíram as pirâmides no ano 10450 a.C., não teriam dificuldade em calcular os ângulos corretos de inclinação das chaminés sul, de tal modo que elas ficariam apontadas para Alnitak e Sírius por volta do ano 2450 a.C. De idêntica maneira, se tivessem vivido no ano 2450 a.C., nenhuma dificuldade haveria em calcular o plano correto do sítio para refletir a posição do cinturão de Órion no ano 10450 a.C. Concorda?
– Concordo.
– Muito bem. Essa é uma das explicações. A segunda, porém, que é a que prefiro… e que penso que a prova geológica também confirma… é que toda a necrópole de Gizé foi projetada e construída em um período imensamente longo de tempo. Acho mais do que possível que o local tenha sido originariamente planejado e plotado por volta do ano 10450 a.C., de modo que a geometria refletisse os céus como eram na época, mas que o trabalho foi completado, e alinhadas as chaminés da Grande Pirâmide, mais ou menos no ano 2450 a.C.
– De modo que você pode estar dizendo que o plano do local das pirâmides pode retroagir a 10450 a.C.?
– Acho que foi isso o que aconteceu. E acho que o centro geométrico do plano localizava-se mais ou menos onde estamos agora, em frente à Segunda Pirâmide… Apontei para os grandes blocos das carreiras inferiores da imensa estrutura.
– Até parece que ela foi construída em dois estágios, por duas culturas inteiramente diferentes… Robert Bauval deu de ombros.
– Vamos especular… Talvez não tenham sido duas culturas. Talvez tenha sido uma única cultura, ou culto… o culto de Osíris, talvez. Talvez fosse um culto de longuíssima duração, antiqüíssimo, dedicado a Osíris, que teria estado aqui no ano 10450 a.C. e também no ano 2450 a.C. Aconteceu, talvez, que a maneira como esse culto fazia as coisas mudou com o tempo. Talvez usassem blocos imensos no ano 10450 a.C. e blocos menores em 2450 a.C… Acho que há muita coisa aqui que dá sustentação a essa idéia, muita coisa que diz “um culto muito antigo”, um bocado de provas que simplesmente nunca foram examinadas…
– Por exemplo?
– Bem, obviamente, os alinhamentos astronômicos do local. Fui dos primeiros a começar a estudar esse assunto a sério. E a geologia: o trabalho que John West e Robert Schoch fizeram na Esfinge. Temos aqui duas ciências… ambas práticas, empíricas, buscadoras de provas… que nunca foram aplicadas antes a esses problemas. Mas agora que passamos a usá-las, estamos começando a obter uma leitura inteiramente nova da antiguidade da necrópole. E penso honestamente que apenas arranhamos a superfície e que, no futuro, muito mais coisas emergirão da geologia e da astronomia. Além disso, ninguém realizou ainda um estudo realmente detalhado dos Textos da Pirâmide, de outra perspectiva que não a denominada “antropológica”, o que significa uma idéia preconcebida de que os sacerdotes de Heliópolis formavam um bando de feiticeiros semi-civilizados, que queriam viver para sempre… Na verdade, eles, de fato, queriam viver para sempre, mas certamente não eram feiticeiros… Eram altamente civilizados, homens com alta iniciação e, à sua própria maneira, cientistas, pelo que podemos julgar à vista de seus trabalhos. Por isso mesmo, sugiro que é como documentos científicos ou, pelo menos, quase científicos, que os Textos da Pirâmide devem ser lidos, e não como uma algaravia sem sentido. Já estou convencido de que eles estão de acordo com a parte da astronomia que trata da precessão. Mas pode haver também outras ciências em jogo: matemática, geometria – em especial a geometria… Simbolismo… Precisamos, na verdade, de um enfoque multidisciplinar para compreender os Textos da Pirâmide… e compreender as próprias pirâmides, incluindo astrônomos, matemáticos, geólogos, engenheiros, arquitetos, até mesmo filósofos para compreender o simbolismo enfim, todos que possam trazer uma visão nova e novas perícias para o estudo desses importantes problemas devem ser encorajados a colaborar.
– Por que é que você acha que os problemas são tão importantes?
– Porque eles terão uma influência colossal sobre nossa compreensão do passado de nossa própria espécie. O planejamento e escolha do local, que parecem ter sido feitos aqui no ano 10450 a.C. só poderiam ter sido trabalho de uma civilização altamente desenvolvida, provavelmente tecnológica…
– Ao passo que ninguém supõe que uma civilização desse porte tenha existido em qualquer parte da terra nessa época…
– Exato. Isso foi na Idade da Pedra. Supostamente, a sociedade humana estava em um estado muito primitivo, nossos ancestrais cobriam-se com peles de animais, viviam em cavernas, seguiam o estilo de vida de caçadores, e assim por diante. Por isso mesmo, é altamente perturbador descobrir que parece ter vivido em Gizé, no ano 10450 a.C., um povo que compreendia muito bem a obscura ciência da precessão, que tinha capacidade técnica para descobrir que estavam olhando para o ponto mais baixo do ciclo de precessão de Órion – e, dessa maneira, o início da jornada ascendente de 13.000 anos da constelação – e que se dispõe a criar um memorial permanente a esse momento, aqui neste platô. Ao colocar no chão o cinturão de Órion, da maneira como o fizeram, eles sabiam que estavam congelando um momento muito específico no tempo.
Ocorreu-me um pensamento maldoso:
– De que maneira podemos ter tanta certeza de que o momento que estavam congelando era o ano 10450 a.C.? Afinal de contas o cinturão de Órion assume essa mesma configuração no céu do sul, a oeste da Via Láctea, a onze e tantos graus acima do horizonte, a cada 26.000 anos. Se assim, por que eles não estavam imortalizando o ano 36450 a.C. ou mesmo o ciclo de precessão que começou 26.000 anos antes dessa data?
Robert estava evidentemente preparado para a pergunta.
– Alguns registros antigos sugerem realmente que a civilização egípcia tem raízes que retroagem a quase 40.000 anos – respondeu ele, pensativo -, como o estranho relato em Heródoto sobre o sol nascendo onde antes se punha e se pondo onde antes nascia…
– O que é também uma metáfora sobre a precessão… – Isso mesmo. Mais uma vez, a precessão. É muito estranha a maneira como ela continua sempre a aflorar… De qualquer modo, você tem razão, eles poderiam estar marcando o início do ciclo precessional anterior…
– E você pensa que estavam?
– Não. Acho que 10450 a.C. é a data mais provável. Está mais de acordo com o que sabemos sobre a evolução do homo sapiens. E embora deixe ainda um bocado de anos para explicar, antes do aparecimento do Egito dinástico por volta do ano 3000 a.C., não é um período tão longo assim…
– Tão longo para o quê?
– É a resposta para sua pergunta sobre o furo de oito mil anos entre o alinhamento do sítio arqueológico e o alinhamento das chaminés. Oito mil anos são um bocado de tempo, mas não tão longo para um culto dedicado, altamente motivado, ter preservado, alimentado e transmitido fielmente os grandes conhecimentos de um povo que inventou este lugar no ano 10450 a.C.
A Máquina
Até que ponto era avançado o conhecimento desses inventores pré-históricos?
– Eles conheciam suas épocas – respondeu Bauval – e o relógio que usaram foi o relógio natural das estrelas (o relógio cósmico). A linguagem de trabalho que usavam era a astronomia precessional e esses monumentos expressam essa linguagem de uma maneira clara, inequívoca, científica, astronômica. Eles foram também topógrafos altamente competentes… quero dizer, o povo que originariamente preparou o local e providenciou as orientações para as pirâmides porque trabalharam de acordo com uma geometria (sagrada) exata e porque sabiam como alinhar perfeitamente plataformas base, ou o que quer que construíssem, com os pontos cardeais.
– Você acha que eles sabiam também que estavam marcando o local da Grande Pirâmide na latitude trinta graus Norte? Bauval soltou uma risada e disse:
– Tenho certeza de que sabiam. Acho que conheciam tudo sobre a forma da Terra. Conheciam sua astronomia. Tinham uma boa compreensão do sistema solar e de mecânica celeste. Eram também incrivelmente exatos e precisos em tudo que faziam. De modo que, levado tudo em conta, não acredito que alguma coisa tenha acontecido aqui por acaso pelo menos não entre os anos 10450 e 2450 a.C. Tenho a impressão que tudo foi planejado, e intencional e cuidadosamente executado… Na verdade, tenho a impressão de que eles estavam cumprindo um objetivo à longo prazo… algum tipo de finalidade, se quiser, e que a levaram à fruição no terceiro milênio a.C…
– Sob a forma de pirâmides inteiramente construídas, que, em seguida, ancoraram precessionalmente a Alnitak e a Sírius ao completar a obra?
– Sim. E também, acho, sob a forma dos Textos da Pirâmide. Meu palpite é que os Textos da Pirâmide fazem parte do enigma.
– O software para o hardware das Pirâmides?
– É bem possível. Por que não? De qualquer modo, é certo que existe uma conexão. Acho que o que isso significa é que, se queremos decodificar corretamente as pirâmides, vamos ter que usar os textos…
– Qual é o seu palpite? – perguntei.
– Na sua opinião, qual pode ter sido realmente a finalidade dos construtores das pirâmides?
– Eles não fizeram isso porque queriam uma tumba eterna – respondeu com firmeza Bauval. – Em minha opinião, eles não tinham dúvida nenhuma de que viveriam eternamente. Eles fizeram isso… quem quer que o tenha feito… transmitiram o poder de suas idéias através de algo que, para todos os fins e finalidades, é eterno. Conseguiram criar uma força que é em si mesma funcional, contanto que a compreendamos, e que essa força são as perguntas que ela desafia você a fazer. Meu palpite é que eles conheciam com perfeição a mente humana. Conheciam o jogo do ritual… Certo? Estou falando sério. Eles sabiam o que estavam fazendo. Sabiam que podiam iniciar pessoas, ainda no futuro distante, em sua maneira de pensar, mesmo que não pudessem estar presentes nesse momento. Sabiam que poderiam fazer isso criando uma máquina eterna, cuja função seria gerar perguntas. Acho que devo ter dado uma impressão de perplexidade.
– As pirâmides são uma máquina! – exclamou Bauval. – Na verdade, o todo da necrópole de Gizé. E olhe só para nós. O que estamos fazendo? Estamos fazendo perguntas. Estamos aqui, tremendo de frio, em uma hora atroz, observando o sol nascer, e estamos fazendo perguntas, um montão de perguntas, exatamente como fomos programados para fazer. Estamos nas mãos de verdadeiros magos, magos que sabiam que, com símbolos… os símbolos certos, com as perguntas certas… eles poderiam levá-lo a iniciar-se por si mesmo. Contanto, isto é, que você seja uma pessoa que faça perguntas. E se é, então, no minuto em que começa a fazer perguntas sobre a pirâmide, começa também a tropeçar numa série de respostas, que o levam a outras perguntas, e então a mais respostas, até que, finalmente, você se inicia a si mesmo…
– Plantar a semente…
– Isso mesmo. Eles estavam plantando a semente. Acredite em mim, eles foram magos e conheciam o poder das idéias… Sabiam como fazer as idéias crescerem e desenvolver-se na mente das pessoas. E se você começa com essas idéias e segue o processo de raciocínio como eu fiz, você chega a coisas como Órion e ao ano 10450 a.C. Em suma, trata-se de um processo que se desenvolve por si mesmo. Quando ele penetra, quando se fixa no subconsciente, ocorre uma conversão voluntária. Uma vez penetre, você não pode nem mesmo resistir…
– Você está falando como se este culto de Gizé, o que quer que tenha sido, girando em torno da precessão dos equinócios, da geometria (sagrada), das pirâmides e dos Textos da Pirâmide, ainda existisse.
– Em certo sentido, ainda existe – respondeu Robert.
– Mesmo que o “motorista” não esteja mais no volante, a necrópole de Gizé é ainda uma máquina que foi projetada para provocar perguntas.
Interrompeu-se e apontou para o ápice da Grande Pirâmide, que Santha e eu havíamos escalado, nas horas mortas da noite, nove meses antes.
– Olhe para aquele poder – continuou. – Cinco mil anos depois, ele ainda o captura. Envolve-o, queira você ou não… Força-o a iniciar um processo de raciocínio, de reflexão… força-o a aprender. No momento em que faz uma pergunta sobre esse poder, você pergunta também sobre engenharia, pergunta sobre geometria, pergunta sobre astronomia. De modo que ele o obriga a aprender alguma coisa sobre engenharia, geometria e astronomia e, gradualmente, você começa a compreender como esse poder é sofisticado, como devem ter sido incrivelmente inteligentes, competentes e cultos seus construtores, que o obrigam a fazer perguntas sobre a humanidade, sobre a história humana e, no fim, também sobre você mesmo (a PRINCIPAL pergunta a ser feita). Você quer descobrir. Este é o poder da coisa.
A Segunda Assinatura
Sentados no platô de Gizé naquela manhã fria de dezembro de 1993, Santha, Robert e eu observamos o sol de inverno, nesse momento muito próximo do solstício, erguendo-se sobre o ombro direito da Esfinge, quase tão ao sul do leste como viajaria em sua jornada anual antes de voltar novamente ao norte. A Esfinge é um marco equinocial, com o olhar dirigido exatamente para o ponto em que o sol nasce no equinócio vernal. Faria isso, também, parte do “plano-mestre” de Gizé? Lembrei a mim mesmo que, em qualquer época, e em qualquer período da história ou da pré-história, o olhar da Esfinge, voltado diretamente para (hoje o) leste, estaria sempre fixado no nascimento equinocial do sol tanto no equinócio vernal quando no outonal. Como o leitor certamente se lembrará pelo que leu na Parte V, contudo, o equinócio vernal era o que o homem antigo considerava como o marco da era astronômica. Ou, nas palavras de Santillana e Von Dechend:
A constelação que subia no leste, pouco antes de o sol aparecer, marcava o “lugar” onde o sol dormia. (…) A constelação era conhecida como a “transportadora” do sol e o equinócio vernal era reconhecido como o ponto firme do ‘sistema’, que determina o primeiro grau do ciclo anual do sol. (…)
Por que um marco equinocial foi construído com a forma de um gigantesco leão com cabeça humana (provavelmente de uma “mulher”) ? Em nosso próprio tempo, o ano 2000 d.C., uma forma mais conveniente de tal marco – se alguém quisesse construí-lo – seria a representação de um peixe. Isso porque o sol, no equinócio vernal, nasceu contra o fundo estelar de Peixes, como tem feito por aproximadamente os últimos 2.000 anos. A era astronômica de Peixes começou por volta do tempo de Cristo (iniciou em 148 a.C. finalizando em 2012 d.C.) . Os leitores terão que julgar por si mesmos se é uma coincidência que o principal símbolo usado para Cristo pelos cristãos mais antigos não era a cruz, mas um peixe.
Na era precedente, que em termos gerais abrange o primeiro e segundo milênios a.C., cabia à constelação de Áries – o carneiro – a honra de transportar o sol no equinócio vernal. Mais uma vez, os leitores têm que julgar se é uma coincidência que a iconografia religiosa daquela época fosse predominantemente orientada para o carneiro. Seria uma coincidência, por exemplo, que Yahweh, o Deus de Israel do Velho Testamento, tenha fornecido um carneiro como substituto de Isaac, o filho que Abraão ofereceu em sacrifício? (Estudiosos da Bíblia e arqueólogos supõem que Abraão e Isaac viveram em princípios do segundo milênio a.C.) Seria igualmente coincidência que carneiros, em um ou outro contexto, sejam mencionados em quase todos os livros do Velho Testamento (composto inteiramente durante a Era astronômica de Áries, entre 2308 a.C. a 148 a.C), mas em nenhum livro do Novo Testamento? E seria um acaso que o advento da Era de Áries, pouco depois do início do terceiro milênio a.C., fosse acompanhado, no Egito antigo, por um recrudescimento da adoração do deus Amon, cujo símbolo era um carneiro com chifres encurvados?
O trabalho de construção do principal santuário de Amon – o Templo de Karnak, em Tebas (atual Lúxor), no alto Egito – começou por volta do ano 2000 a.C. e, como se lembrarão aqueles que o visitaram, seus principais ícones são carneiros, longas filas dos quais guardam suas entradas. A predecessora imediata da Era de Áries foi a Era de Taurus – o Touro -, que cobriu o período entre os anos 4468 e 2308 a.C {a era astronômica em que SURGE a nossa atual civilização (por volta de 3100 a.C., na Índia – Vale do rio Indus, na Suméria, no vale dos rios Tigre e Eufrates e no vale do rio Nilo, no Egito) mesmo momento em que emerge a civilização Maia na hoje América Central}.
E foi durante essa época precessional, quando o sol no equinócio vernal nascia na constelação de Touro, que floresceu o culto do Touro na Creta minóica. Durante essa época, igualmente, a civilização do Egito dinástico explodiu na cena histórica, inteiramente formada, “aparentemente” sem antecedentes. Os leitores têm de julgar se foi uma coincidência que os egípcios, no próprio início de seu período dinástico, já estivessem venerando os touros Ápis e Mnevis – sendo o primeiro considerado uma teofania do deus Osíris e, o último, o animal sagrado de Heliópolis, uma teofania do deus Rá.
Por que teria um marco equinocial sido construído na forma de um leão? Khafre, o faraó da Quarta Dinastia que os egiptólogos acreditam tenha mandado esculpir o monumento no leito rochoso, por volta do ano 2500 a.C., foi um monarca da Era de Touro. Durante quase 1.800 anos antes de seu reinado, e mais de 300 anos depois, o sol nasceu no equinócio vernal, sem o menor desvio, na constelação de Touro. Segue-se que se um monarca em tal época tivesse resolvido criar um marco equinocial em Gizé, ele teria todas as razões para mandar esculpi-lo com a forma de um touro, e nenhuma para fazer isso na forma de um leão. Na verdade, e é óbvio, só houve uma única época em que o simbolismo celeste de um marco equinocial leonino teria sido apropriado. A época, claro, foi a Era do Leão, de 10.948 a 8.788 anos a.C.
Por que, então, deveria um marco equinocial ter sido construído com a forma de um leão? Por que foi construído durante a Era do Leão, quando o sol no equinócio vernal nascia contra o fundo estelar da constelação do Leão, marcando, dessa maneira, as coordenadas de uma época precessional que não experimentaria o “Grande Retorno” antes de mais 26.000 anos? Por volta do ano 10450 a.C., as três estrelas do cinturão de Órion atingiram o ponto mais baixo em seu ciclo precessional: a oeste da Via Láctea, 11º 8′ acima do horizonte sul no trânsito do meridiano. No terreno a oeste do Nilo, esse evento foi congelado em arquitetura sob a forma das três pirâmides de Gizé. A disposição delas no local formava a assinatura de uma época inconfundível de tempo precessional. Mais ou menos no ano 10450 a.C., o sol, no equinócio vernal, nasceu na constelação do Leão. No chão, em Gizé, esse fato foi congelado em arquitetura sob a forma da Esfinge, um marco equinocial gigantesco, leonino (SOLAR), que, tal como a segunda assinatura em um documento oficial, poderia ser considerado como uma confirmação de autenticidade.
O undécimo milênio a.C., em outras palavras, logo depois de ter quebrado o “Moinho do Céu”, mudando o nascer do sol no equinócio de primavera, do período (Era) astronômico de Virgem (13108 a.C. a 10948 a.C) para a constelação do Leão, foi a única época em que a Esfinge, voltada diretamente para leste, teria manifestado exatamente o alinhamento simbólico correto, exatamente no dia certo – observando o sol vernal nascer no céu do amanhecer contra o pano de fundo de sua própria contrapartida celeste…
Forçando a Questão
– Não pode ser uma coincidência que um alinhamento tão perfeito do terrestre e do celeste ocorra por volta do ano 10.450 a.C. – disse Robert.
– Na verdade, não acredito que coincidência esteja ainda em questão. Para mim, a verdadeira pergunta é: por quê? Por que foi feito isso? Por que eles tiveram tanto trabalho para formular essa enorme declaração sobre o undécimo milênio a.C.?
– Obviamente, porque era uma ocasião importante para eles – sugeriu Santha. – A declaração devia ter sido muito, muitíssimo importante. Ninguém faz nada assim, ninguém cria uma série de imensos e gigantescos marcos precessionais do equinócio em rocha bruta como esses, esculpe uma Esfinge, constrói três pirâmides que pesam 15 milhões de toneladas, a menos que tenha uma razão imensamente importante. De modo que a pergunta é:
Que razão foi essa?
Eles forçaram a pergunta formulando essa declaração forte, imperativa, no ano 10450 a.C., durante a Era Astronômica de Leão, mais ou menos. Realmente, eles forçaram a pergunta. Queriam chamar nossa atenção para o ano 10450 a.C. e cabe a nós descobrir a razão. Ficamos calados durante algum tempo, enquanto o sol subia no céu a sudeste da Grande (Leoa) Esfinge.
Se voce REALMENTE tem interesse em saber QUEM construiu as Pirâmides (e a ESFINGE), no EGITO e no MÉXICO, QUANDO, para QUAL FINALIDADE, e as CONSEQUÊNCIAS, por favor leia TODO O MATERIAL sobre o planeta MALDEK.
A Matrix (o SISTEMA de CONTROLE): “A Matrix é um sistema de controle, NEO. Esse sistema é o nosso inimigo. Mas quando você está dentro dele, olha em volta, e o que você vê? Empresários, professores, advogados, políticos, carpinteiros, sacerdotes, homens e mulheres… As mesmas mentes das pessoas que estamos tentando despertar.
Mas até que nós consigamos despertá-los, essas pessoas ainda serão parte desse sistema de controle e isso as transformam em nossos inimigos. Você precisa entender, a maioria dessas pessoas não está preparada para ser desconectada da Matrix de Controle. E muitos deles estão tão habituados, tão profunda e desesperadamente dependentes do sistema, que eles vão lutar contra você para proteger o próprio sistema de controle que aprisiona suas mentes …”
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