Histórias da Terra, do Sistema Solar e a Explosão de Maldek – Nisor de Moor, (2)

“Quando os meus serviços são requisitados, eu entro na Barreira de Frequência do planeta Terra e testo os seus efeitos. Eu tenho o prazer de ver e confirmar que a Terra esta se curando bem. Isto me proporciona a esperança de que em algum lugar do futuro o meu planeta natal (a lua Titã de Saturno, chamada pelos seus nativos de Omuray) também venha se restaurar e possa suportar vida de novo. Acreditem-me quando eu digo, existem muitos mais de minha espécie (de Omuray/Titã)  que tem invejado a sua ignorância a respeito destes fatos”.    EU SOU Sycorant de Omuray (Titã), o maior dos planetoides (lua) do Radiar que nós chamamos pelo nome de Saturno.

Nisor de Moor – Parte 2, Histórias de Maldek, da Terra e do Sistema Solar – Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através de Olhos Alienígenas”, escrito por Wesley H. Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO, páginas 195 a 235.

Depois de treinarmos para usar a telepatia e aprender tudo que pudemos sobre segunda fase, idealizamos planos baseados em dados fornecidos por pessoal de primeiras fases fictícias referentes a várias culturas humanas imaginárias. Desempenhamos vários cenários nos quais fizemos o máximo para responder a emergências repentinas. Depois de nosso período de treinamento, que durou cerca de dois anos terrestres, dissemos adeus a Fan, que estava visivelmente orgulhosa de nós quando estávamos a bordo de uma pequena espaçonave que partia para o planeta Nodia. As palavras finais de Fan foram: “Não tentem a segunda fase das crianças nodianas.”

Fizemos uma breve estada em Nodia. Aventurando-nos para fora de nossa área de convivência no complexo Domphey que era confuso. Todos pareciam estar vivendo à beira e sob a tensão de alguma urgência extrema. A paz de Vass foi muito proveitosa. Havia muitas áreas no planeta controladas por outras casas de comércio nas quais não tínhamos permissão de entrar. Gente de outros mundos ultrapassavam em número os nodianos em cerca de 150 para 1. O nodiano médio não gostava do fato de suas vidas pessoais serem, constantemente, perturbadas pela presença de tantos seres estranhos, com modos de vida e costumes que, em alguns casos, eram chocantes. O nodiano nativo tinha pouco de bom a dizer sobre as casas de comércio ou qualquer pessoa que trabalhava para elas. Mas isso foi naquela época. Hoje eu preferiria Nodia a qualquer outro mundo que conheço.

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Umas das primeiras fotos feitas da planície de Cydonia, em Marte, pela sonda Viking em 1976 e que mostra o complexo de construções (City) e pirâmides, a Face e pirâmide de cinco lados, chamada de D&M.

Depois de uma viagem ao planetóide de Vitron, que orbitava o radiar Ampt que, por sua vez, girava ao redor do sol/estrela Sost, embarcamos numa espaçonave rumo ao sistema solar/estelar com quatro radiares gigantes e quatro planetas interiores atualmente chamados Vênus, Terra, Marte e Maldek. O nosso destino exato era a única lua do planeta Wayda (VÊNUS). Estávamos atendendo a um convite feito pelos seus habitantes e transmitido por rádio recebido cerca de 11 anos terrestres antes. Não esperávamos problemas por parte dos habitantes da lua waydiana, mas para evitar intimidar a cultura, aterrissamos numa pequena nave, vestindo-nos com roupas nativas confeccionadas conforme modelos fornecidos pela equipe de primeira fase. Um dos integrantes de nossa equipe de dez pessoas sabia falar e escrever o idioma deles. Dois outros estavam familiarizados com o idioma dos que habitavam o próprio planeta.

A população da lua waydiana era de menos de 100 mil pessoas. Tiravam seu sustento do cultivo de hortaliças. Seu transporte era feito por carros movidos a energia elétrica e tinham telefones. Essa tecnologia não existia no planeta orbitado por essa lua. Wayda fora escolhido como um mundo para o estabelecimento de uma base de operações econômicas de Domphey. Sabia-se que o solo rico do planeta produzia grãos excedentes em abundância. Fomos calorosamente recebidos pelos waydianos e nos oferecemos para levar alguns deles conosco quando aterrissássemos ali. Os que iriam conosco foram selecionados por sorteio. Usamos o mesmo tipo de aproximação quando aterrissamos em Wayda, nos arredores da capital mundial de Ansomore. Não desembarcamos logo, e sim esperamos até sermos descobertos.

Certa tarde, um waydiano corajoso veio até nosso veículo e bateu na escotilha. Olhamos uns para os outros achando graça, e nosso líder nodiano Morris disse: “Bem, acho que já é hora de conhecermos os waydianos.” Os primeiros a sair da nave foram dois homens que trouxéramos da lua waydiana, que eram exatamente iguais aos nativos do mundo maior, mas não falavam o idioma do pastor waydiano que batera na escotilha. Sabendo disso, ensináramos nossos aliados a dizer: “Olá, não tenham medo. Esperem, temos alguém que sabe falar sua língua.” Nosso intérprete falou com o pastor de dentro da nave e preparou o waydiano para o fato de que no começo poderíamos lhe parecer estranhos. Quando saímos do veículo, o pastor waydiano não demonstrou sinal de medo ou apreensão. De fato, tratou-nos como se nos conhecesse a vida toda. Ofereceu-se para ajudar-nos no que pudesse. Disse-nos que não poderia deixar seus animais e sugeriu que tomássemos uma trilha próxima que levava à sua casa.

Disse-nos para dizer às suas três mulheres que ele nos mandara e que uma delas deveria nos acompanhar à cidade de Ansomore. Despedimo-nos e ele prometeu-nos tomar conta de nossa espaçonave. Quando o deixamos, estava olhando seu reflexo na fuselagem prateada polida do veículo. As mulheres do pastor não ficaram mais abaladas emocionalmente com nossa presença do que seu marido. Ficamos esperando enquanto uma de suas mulheres, chamada Gretrama, trocava de roupa e se penteava. Nesse tempo, as outras senhoras da casa nos ofereceram comida e bebida. As crianças da família nos ofereceram brinquedos e vários tipos de animais de criação. Nosso chefe de cerimonial nos recomendou aceitar pelo menos um presente das crianças. Escolhemos uma ave semelhante à galinha terrestre. Acho que as crianças ficaram felizes por escolhermos a galinha, em vez de um de seus brinquedos. Levei a inquieta ave por vários quilômetros até deixá-la escapar nas ruas de Ansomore.

Vários dos waydianos pelos quais passamos na rua perguntaram a Gretrama quem éramos nós. Ela respondia com a afirmação: “São visitantes de outro mundo.” Os que haviam perguntado em geral exclamavam: “É mesmo?” ou “Bem que desconfiei.” O som dos sussurros dos waydianos contando a outros waydianos quem éramos nos acompanhava enquanto andávamos rumo ao centro da cidade. Se um de nós se virasse para olhar a multidão, paravam de falar, ficavam em silêncio e começavam a pentear os cabelos ou os cabelos de alguém que estivesse por pelo. Três vezes minha ave me foi devolvida. Depois da terceira vez, ficamos com a ave como mascote. Morris chamou o galo de Bralph, nome de um de seus parentes.

Em épocas muito mais antigas, a cidade de Ansomore era uma fortaleza circundada por um muro, mas há muito crescera além de seus limites originais. Fomos recebidos no portão que levava à cidade interna por um homem dirigindo uma carroça de quatro rodas puxada por quatro animais semelhantes a cavalos terrestres, só que essas criaturas tinham quatro orelhas longas e pendentes. Fomos convidados a subir na carroça, o que fizemos. O silencioso condutor nos deixou num edifício grande. Fomos recebidos formalmente por dois nobres anciãos waydianos. Fomos escoltados a um grande auditório que gradualmente se encheu de waydianos de ambos os sexos. Sentamo-nos em um de dois palcos pequenos, ao lado de um palco maior e mais alto. No palco maior sentaram-se dois waydianos e uma mulher muito jovem.

A jovem chamou o nome da pessoa que estava no palco em frente e nos fez apenas uma pergunta. Ficamos horas respondendo perguntas — muitas vezes a pergunta era a mesma feita anteriormente. Afinal, o Grande Conselho de Wayda nos deu as boas-vindas a seu mundo e jurou nos ajudar no que pudesse. Pediram-nos que não iniciássemos quaisquer atividades não autorizadas em seu planeta até que todo o povo do mundo fosse avisado de nossa chegada e do que desejávamos fazer enquanto lá residíssemos. O período de aviso durou cerca de três meses terrestres. Passamos o tempo nos familiarizando com os costumes dos waydianos e respondendo a seu interesse infantil em vários de nossos aparelhos eletrônicos. Passamos algum tempo transportando os integrantes do Grande Conselho de lá para cá à lua do planeta, que chamavam de Oote. Também encomendamos telepaticamente vários presentes da Casa de Domphey para os waydianos. Treze dias depois de fazermos nosso pedido, a nave-mãe de Domphey, Lamuma (“a grande mãe”), entrou em órbita ao redor do planeta Wayda (Vênus).

Eu nunca vira uma espaçonave daquele tamanho. Tinha cerca de 460 metros de diâmetro e cerca de 120 metros de altura. Descobri depois que se tratava de uma espaçonave pequena em comparação com os milhares de outras que eram operadas pelas casas de comércio nodianas. Nós, da equipe de segunda fase, tivemos permissão de ir a bordo da Lamuma e lá ficamos até obtermos permissão para viajar por Wayda e visitar os habitantes das muitas cidades e povoados do mundo. Reuniram-se a nós alguns integrantes da equipe de terceira fase, historiadores e psicólogos que estudavam a reação da cultura à nossa presença e o impacto de nossa tecnologia nas vidas individuais de trabalhadores de várias profissões e seguidores de diversas religiões.

Durante o tempo em que permanecemos a bordo da Lamuma, espaçonaves triangulares de quando em quando se aproximavam da nave-mãe. Ficamos afinal sabendo que se tratava de naves gracianas baseadas nos planetas Maldek e Marte. Depois de terem sua curiosidade satisfeita, os gracianos foram cuidar de sua vida. Fui afastado de meus deveres de visitar cidades e povoados waydianos e enviado com o nodiano Cyper-Dale ao planeta Marte para observar as atividades de construção gracianas que, segundo se sabia, estavam em andamento na época. Também haviam chegado boatos a Nodia dando conta de que os gracianos e os maldequianos iriam construir algo de tamanho considerável no planeta chamado Sarus (Terra). Sarus não era de interesse real para Domphey porque a Casa de Cre’ator fora a primeira a enviar emissários a Sarus e Maldek.

Marte era outra história. Nenhuma das casas de comércio nodianas tinha qualquer motivo para sujeitar sua gente às atitudes hostis dos vários senhores da guerra marcianos. Uma das principais razões de minha viagem a Marte era descobrir o que os maldequianos e gracianos faziam para obter a cooperação dos senhores da guerra. Antes de partir de Wayda para Marte lembrei de Sharmarie, o guarda-costas da Senhora Cre’ator, naquele ensolarado dia na piscina de Senhor Domphey em Vass. Pensei, se todos os marcianos forem como Sharmarie, que motivo havia para se preocupar’?

VISITA À MARTE:

Na época, não fazia idéia de que Sharmarie fora tirado de seu mundo natal muitos anos antes de as espaçonaves de gracianos, maldequianos e de outras culturas de outros mundos passarem a visitar o planeta de maneira desenfreada — totalmente contra os desejos de seus habitantes nativos.  Sharmarie era uma pessoa rara. Era mais nodiano do que marciano em seus costumes. Sei agora que, durante sua primeira vida, ele nunca retornou a Marte e pereceu na Terra. Cyper-Dale, outras seis pessoas e eu fomos deixados numa planície relvada no planeta Marte. Estávamos a cerca de cinco quilômetros do canteiro de obras graciano/maldequiano. O local das obras era e é atualmente chamado GRANISS pelos marcianos; vocês o conhecem agora por CYDONIA. Ficamos em silêncio por algum tempo, à medida que a nave que nos trouxera desaparecia acima de uma camada espessa de nuvens.

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Acima: A Planície de CYDONIA em MARTE e as construções (GRANISS) feitas pelos gracianos. à esquerda, na primeira foto batida pela nave Viking, da NASA em 1976, vemos à esquerda e mais abaixo o complexo de construções chamado de cidadela (City) e quase ao centro e mais à direita a FACE gigante. Embaixo à esquerda é possível de se ver a pirâmide de cinco lados chamada de D & M, à direita o Tholus.

Abaixo um diagrama da região de Cydonia:

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Cobrimos nossas provisões de quase uma tonelada e montamos vários abrigos portáteis. Também montamos dois botes que usaríamos para percorrer o canal próximo para ir e vir de Graniss. Passamos uma noite fria e tempestuosa. De manhã, carregamos nossos botes movidos à eletricidade para as margens do canal e os lançamos à água. Comemos comida pronta embalada enquanto prosseguíamos rumo ao sudoeste. Depois de alguns minutos de viagem, ouvimos várias mulheres marcianas gritando para nós e fazendo sinais para que fôssemos à praia. Respondemos acenando-lhes de volta e continuamos nosso caminho.

Eu acabara de mencionar a Cyper-Dale que tinha curiosidade de saber por que os marcianos não utilizavam esses ótimos canais para viajar de um lugar para o outro. Naquele exato momento, ouvi um som sibilante e dois sons surdos. Os sons surdos foram produzidos quando a flecha de um marciano atravessou o músculo de meu antebraço e uma segunda flecha quase atravessou o ombro esquerdo de Cyper-Dale. Na margem esquerda do canal havia cinco arqueiros marcianos, prestes a atirar suas flechas novamente em nossa direção. Gritamos para eles e aqueles de nós que conseguiram ergueram os braços em sinal de rendição. Abaixaram seus arcos e fizeram sinais para que fôssemos à praia.

Agarraram cada um de nós e nos jogaram violentamente no chão. Um guerreiro foi até Cyper-Dale, àquela altura inconsciente, e rapidamente tirou a flecha de seu corpo. O marciano então passou a lavar o sangue da flecha no canal. Outro guerreiro olhou por um momento a flecha em meu braço e a seguir em meus olhos. Quebrou a cabeça da flecha da haste e puxou a flecha para fora de meu braço. Confesso que quase desmaiei de dor. Os marcianos nos chutaram algumas vezes e gritaram conosco por algum tempo. Estavam realmente furiosos. O som de um camelo blaterando alertou-me para o fato de que havia nove animais seguros por mais três guerreiros marcianos. Depois de terem as mãos amarradas para trás com correias de couro, os integrantes de nosso grupo que conseguiam andar foram agrupados por dois de nossos captores montados em camelos.

Os dois que haviam sido feridos foram colocados em nossos botes e puxados. Os botes a princípio deslizaram facilmente na relva, mas quando chegamos ao final da relva e passamos a atravessar um trecho de areia e pedras, o material de fabricação dos botes não resistiu à abrasão. Logo os fundos dos botes estavam em frangalhos. Agarrávamo-nos às vigas metálicas restantes dos botes sempre que os marcianos inventavam de galopar. Acharam engraçado nos ver aos pulos atrás.

Cerca de duas horas depois de nossa captura, entramos novamente em grama e acabamos às margens de outro canal. Então vimos algo inesperado. Atravessando o canal havia uma ponte metálica, uma estrada pavimentada que saía dela ao nosso lado levava a uma plataforma grande de pedra. Nela havia uma espaçonave prateada de formato triangular.  Em sua fuselagem havia a imagem de uma serpente emplumada, que descobrimos depois ser o emblema dos gracianos. Ao lado da plataforma havia várias casas construídas com blocos de arenito. De longe vimos três pessoas sentadas ao redor de uma mesa em frente a uma das casas. Os marcianos chegaram a pleno galope.

As três pessoas eram gracianos, dois homens e uma mulher. Deram pouca atenção a nós no início, pois estavam ocupados consertando um aparelho. Um dos homens levantou os olhos do trabalho e saudou nossos captores no idioma marciano. Depois de desmontar, os marcianos se postaram entre nós e os gracianos. Nós os ouvíamos conversando, mas não conseguíamos entender o que diziam. A graciana veio até nós e estudou-me brevemente. Falou telepaticamente comigo: “Pensam que você faz parte de nosso grupo de construção. Estão bravos porque é proibido nadar ou atravessar de bote um canal .“ Perguntou-me: “Quem são vocês e o que fazem aqui?”

Respondi suas perguntas. Olhou meu braço machucado, então olhou para Cyper-Dale, ainda inconsciente e transpirando bastante. Chamou os gracianos em seu idioma nativo e eles lhe responderam com um aceno, seguido pelo sinal universal de “Dá para esperar um pouco?” Depois de receberem várias caixas grandes de charutos gracianos e de suas fotos segurando suas gigantescas espadas largas sobre nossas cabeças serem tiradas (para mostrar a seu senhor da guerra que tinham realizado seu trabalho), os marcianos foram embora a galope, ainda puxando nossos botes atrás de si.

Os dois gracianos nos trouxeram padiolas portáteis e puseram Cyper-Dale em uma delas. Os demais de nosso grupo, percebendo que agora estávamos livres, vieram ter comigo para ver o que poderiam fazer e receber instruções. Um dos homens gracianos me disse telepaticamente: “Enquanto estiver aqui e sob nossos cuidados, apenas eu dou instruções e ordens. Aceite isso, ou o devolvo aos marcianos.” Concordei que ele era o chefe. Naquela época, para mim não fazia diferença se ele quisesse ser o supremo soberano do mundo. A graciana limpou nossos ferimentos e os tratou com ondas sonoras. Ela e um dos homens serviram-nos tigelas de guisado de carneiro marciano quente (ainda sinto o gosto da pimenta malagueta). A noite caiu e deram-nos um dispositivo que irradiava calor Um abrigo, do tipo que se apóia em muros, foi erguido para nós. Depois que anoitecia a área era iluminada por luzes instaladas sob e nas bordas da espaçonave graciana. Quando anoiteceu, duas espaçonaves aterrissaram e várias pessoas saíram delas e entraram nas casas.

Ao amanhecer Cyper-Dale estava desperto e conseguia falar. Abri a porta do abrigo e vi mais de 20 gracianos de frente para o sol já alto, entoando uma oração em uníssono. Depois um graciano que não conhecêramos antes veio a nosso abrigo. Falou telepaticamente comigo e com Cyper-Dale. Perguntou-nos se estávamos em condições de ir com ele ao local de construção. Cyper-Dale não se sentia muito bem, mas aceitei a oferta do graciano. Ele nos disse para não contar a nenhum marciano sobre a capacidade telepatica que partilhávamos, pois pensariam que a capacidade era desnatural e provavelmente cortariam fora nossas cabeças para procurar o que quer que tornava possível essa aptidão. Aconselhou-nos a aprender o idioma falado graciano e marciano o quanto antes.

Saímos de carro aéreo para o local de obras, deixando Cyper-Dale e o restante de meu grupo para trás. O vôo durou cerca de dez minutos apenas. Do alto notei que a estrada pavimentada que saía da ponte não levava ao local, e sim se prolongava por quilômetros atravessando os campos planos, subindo a seguir numa cadeia de montanhas distante, onde se perdia de vista. O graciano, chamado Soakee-Loom, disse-me que a estrada fora construída por seu povo a pedido do senhor da guerra marciano local, Trohawker. A estrada terminava nas montanhas numa pequena casa de arenito, onde nascera o senhor da guerra. A cidade marciana de Graniss/CIDONYA era antiga como a civilização marciana. Era a única cidade que não se situava no ponto de confluência dos canais. Ninguém saberia dizer com certeza quem fundara a cidade, nem quando. Graniss/Cydonia era território neutro, então os senhores da guerra ocasionalmente lá se reuniam para discutir assuntos, fazer acordos e trocar prisioneiros.

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Graniss era a capital do senhor da guerra de todos os senhores da guerra, chamado o zone-rex. Um zone-rex marciano conquistava sua posição depois de ser reconhecido como divinamente escolhido. Ou seja, ele possuía as características físicas únicas descritas em documentos antiqüíssimos. Para ser verdadeiramente um zone-rex, cada um dos numerosos senhores da guerra tinha de lhe jurar aliança. O atual zone-rex, um homem por volta dos 20 anos de idade chamado Rancer-Carr, não obtivera a aliança de todos os bar-rexes (senhores da guerra). Ele, portanto, pouco podia fazer com relação ao acordo feito com os gracianos e seus sócios, os maldequianos.

Eu, claro, ainda imaginava qual seria o acordo. Graniss/Cydoniaera repleta de pastores e soldados marcianos que ali perambulavam, cada um acompanhado de até sete mulheres e um exército de filhos. Esses visitantes tinham permissão de entrar em Graniss apenas mediante uma autorização especial, estando limitados a uma permanência de três dias. Nos limites da cidade havia cerca de 80 gigantescos obeliscos sólidos de arenito nos quais estavam inscritas a história e as façanhas dos últimos 80 zone-rex.

Minha primeira visão de Graniss foi cômica. Entre as multidões de marcianos havia inúmeras pequenas pessoas negras dos planetóides Relt. A princípio, pensei que os marcianos estivessem realizando uma dança estranha, mas logo percebi que para passar por um reltiano, os marcianos às vezes balançavam uma das pernas sobre a pequena pessoa ou estendiam ambas as pernas e remexiam sobre a cabeça da pessoa menor As crianças marcianas que tentavam copiar as atitudes de seus pais às vezes chutavam um reltiano na cabeça ou nas costas.

Testemunhei muitas escaramuças entre jovens reltianos e marcianos. Os pais das crianças continuavam com seus afazeres ou paravam para ver como a briga acabaria. Na maioria das vezes os reltianos levavam a pior e fugiam. O vencedor então dava um grito de guerra que teria azedado leite fresco e feito os obeliscos dos zone-rexes balançar em suas fundações. Nos limites da cidade havia um complexo murado no qual morava o zone-rex. [Essa área murada em CYDONIA foi fotografada pelo veículo espacial Viking da NASA, em 1976, sendo atualmente denominada Cidadela de CYDONIA. W.B.]

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A “FACE” em Marte, em Cydonia e o ”trabalho” da NASA de “borrar” a imagem ao longo dos anos, desde a sua descoberta em 1976 pela sonda Viking.

O sítio de obras estava poeirento porque os gracianos e os reltianos estavam nivelando a área antes de iniciar a construção propriamente dita. Para nivelar a planície de Cydonia estavam usando os mesmos métodos usados no planalto de Gizé na Terra, no Egito. [Esses métodos foram descritos por Ruke de Parn na Parte 5]  Soakee Loom deu-me uma máscara de proteção contra poeira.

Sentia dificuldades em respirar o ar rico em nitrogênio de Marte (naquela época, o nitrogênio de Marte tinha um valor químico diferente do encontrado hoje na Terra). Eu, como vocês atualmente na Terra, nasci respirando oxigênio. Pelo final do dia estava coberto de pó. Juntamente com o sangue seco de meus ferimentos manchando minhas roupas, eu devia estar medonho de se contemplar!

Passei aquela noite numa casa de arenito recém-construída de um cômodo ao pé de um dos muros da Cidadela. Pouco antes de dormir, ouvi um barulho no telhado. Pensei que estivesse chovendo e que pudesse lavar um pouco da poeira na chuva. Fiquei decepcionado ao descobrir que o som que pensei ser chuva era, na verdade, alguns marcianos que do muro da Cidadela estavam urinando no telhado de minha casa. De manhã minha moradia estava coberta com todo tipo de lixo e dejetos humanos. Soakee-Loom mandou demolir a casa. Mudei-me para uma pequena caverna que tinha figuras e escritas marcianas nas paredes.

Vários dias depois a poeira baixou e foi aspirada. Naquele dia o zone-rex Rancer-Carr saiu de seu santuário com dois guarda-costas gigantescos. Andaram pela área montados em camelos. Os marcianos caíam ao chão diante dele e os senhores da guerra desembainhavam suas espadas e as cravavam no chão. Os que permaneciam de pé enquanto ele passava eram os que não reconheciam sua autoridade divina, e os que se ajoelhavam com as mãos no punho de suas armas o aceitavam como seu comandante supremo.

Quando o zone-rex veio até nós, refreou sua montaria, e depois de forçar o animal a ajoelhar, desceu e andou rapidamente em nossa direção. Tinha uma expressão séria no rosto, mas falava com suavidade. Soakee-Loom traduziu-me suas palavras, que em essência foram: “O que vocês, seus f.d.p., estão aprontando hoje? Quem é este homem? Nunca vi ninguém parecido com ele. É nodiano!?’ Soakee-Loom saudou o principal senhor da guerra cruzando os braços em frente ao peito. Respondeu a última pergunta de Rancer-Carr dizendo que eu não era nodiano, e sim fora contratado por uma casa de comércio nodiana. Ao ouvir isso, o zone-rex perguntou: “Vonner, Domphey, Cre’ator?”. Repliquei: “Domphey.” Ele então fez sinal para que eu o seguisse até seu camelo. Voltei com ele no camelo para a Cidadela.

O interior do lugar era mobiliado com simplicidade. A mobília e os pisos eram cobertos por peles de carneiro e cobertores de cores vivas. Capachos coloridos de lã cobriam os pisos. As paredes eram cobertas por murais e espadas quebradas e enferrujadas. Um velho marciano chamado Mogent, com parcos conhecimentos do idioma nodiano, reuniu-se a nós. Bateu em seu próprio peito várias vezes e disse: “Palavras de Vonner. Palavras de Vonner.” Naquela noite o zone-rex, Mogent e eu jantamos feijão, carneiro, queijo e pão duro. Meus anfitriões tomaram mais de um galão cada um de uma cerveja nativa que chamavam de drat. Não suportei o cheiro dela.

Por intermédio de Mogent, descobri que o zone-rex queria que eu entrasse em contato telepático com o nodiano Rayatis Cre’ator em seu nome, solicitando que enviasse um representante para conversações. Quando sugeri que ele talvez desejasse falar com um emissário de Domphey, replicou: “Não, acho que só Cre’ator tem cabeça para lidar com os maldequianos.” Quando lhe perguntei: “Quem são esses maldequianos? Nunca vi nenhum,” tanto o zone-rex como seu tradutor assobiaram como uma cobra. Mais tarde várias jovens marcianas se reuniram a nós. O zone-rex deixou Mogent e a mim com as damas e partiu com sua única mulher Saara. Era uma mulher quieta de cabelos negros e de grande beleza. Carregava nos braços seu único filho, chamado Sharmack. Posteriormente, tiveram uma menina que chamaram de Catransa.

Mogent me disse que eu poderia escolher qualquer uma das marcianas. Disse a ele que era companheiro de Ivatcala para toda a vida. A princípio pareceu confuso, depois disse: “Escolha uma destas mulheres e finja que é sua mulher. Os Elohim não vão ligar, e é só isso que importa.” Contei a Mogent de nosso encontro com 62-93, que dissera a Ivatcala que algum dia ela conseguiria se comunicar com os elohins. Mogent pensou de novo por um instante e disse com tristeza: “É melhor você ir embora, pois os grandes espíritos poderiam contar à sua companheira se você fizer o contrário. Magos para remover nossos feitos da memória do elohim são muito caros.” Não fazia a mínima idéia sobre o que ele estava falando. Soakee-loom avisou-me para me manter longe do zone-rex marciano, pois se dizia que alguns dos senhores da guerra planejavam assassiná-lo. Ele disse: “Previno-o que fique longe. Você já sabe como é ter uma flecha marciana em seu corpo.”

Tentei várias vezes enviar uma mensagem telepática à Casa de Domphey para que transmitissem a solicitação do zone-rex de uma visita de um representante de Cre’ator. Nunca consegui fazer contato. Sei agora que isso se deveu ao ar e à comida marciana. Os senhores da guerra realmente tentaram seu golpe, mas foi a última coisa que fizeram naquela vida. As fortalezas dos falecidos senhores da guerra foram divididas entre os bar-rexes que apoiavam Rancer-Carr e ele foi proclamado soberano supremo de todo o planeta. Ele permanece nesse cargo atualmente.

Cyper-Dale visitou o local de obras graciano várias vezes em companhia de Tricklelemla, que fora enfermeira graciana. Ele e a dama graciana haviam se apaixonado e ela já estava grávida. Os gracianos e reltianos haviam começado a esculpir a Face Gigante em CYDONIA empregando instrumentos de medição e delineamento de tipo laser. A escultura era na verdade realizada utilizando-se ondas sonoras específicas para pulverizar a rocha e produzir as feições individual que mais tarde compuseram toda a forma.

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A FACE esculpida na Planície de CYDONIA.

Descobri que os maldequianos  haviam secretamente prometido a cada senhor da guerra que se opusera a Rancer-Carr uma espaçonave armada com a qual ele poderia assumir sozinho o controle total do planeta. O que me causava estranheza naquela época era que cada senhor da guerra secretamente sabia seu próprio motivo para concordarem permitir aos gracianos e maldequianos construirem suas estruturas perto de Graniss/Cydonia, mas por que nenhum deles desconfiava de os outros senhores da guerra terem concordado com tanta facilidade? Sei agora que cada um recebeu uma história falsa exclusiva engendrada pelos maldequianos. Lamento nunca ter chegado a ouvir qualquer uma dessas histórias.

Treze meses terrestres depois de eu chegar em Marte, uma pequena espaçonave negra marcada com o símbolo da casa de comércio de Cre’ator aterrissou próximo à casa e quartel-general da Cidadela do zone-rex marciano. Compreendi imediatamente que ele encontrara outro telepata para enviar sua solicitação a Rayatis Cre’ator. A nave de Cre’ator permaneceu lá por vários dias. Fiquei de olho nela e acabei por localizar dois nodianos andando ao redor dela numa excursão de inspeção pré-vôo. Pareciam estar preocupados com a condição operacional da nave. Contei-lhes quem eu era e sobre os demais integrantes de meu grupo. Pedi-lhes que nos levassem com eles quando saíssem do planeta. Disseram-nos que o fariam, mas que ficaríamos muito apertados numa nave tão pequena. Fiquei tão grato que teria me disposto a ir do lado de fora do veículo. Então me ocorreu perguntar a um dos nodianos para onde estávamos indo. Apontou para a grande esfera que pendia no céu marciano, replicando: “Vamos para lá. Para Sarus (Terra).”

Depois eles nos transportaram ao local a que fôramos levados vários meses atrás por nossos captores marcianos. Lá, pegaram os outros integrantes de meu grupo. Cyper-Dale decidiu ficar lá com sua companheira graciana Tricklelemla. Ele foi duplamente afortunado, por ter encontrado uma companheira tão adorável e por ter escapado aos acontecimentos terríveis que se deram depois na Terra. Na última metade da viagem de Marte para a Terra, a cabina da pequena nave se encheu de fumaça e sua atmosfera rad começou a ficar tóxica. Conseguimos aterrissar na Terra pouco antes de a nave derreter. O operador-chefe nodiano da nave e eu fomos os únicos sobreviventes.

Como eu naturalmente respirava oxigênio, a atmosfera rica e carregada de oxigênio da Terra salvou minha vida. Sivmer-Binen, o operador da nave, tossiu e vomitou vários dias, mas finalmente sobreviveu à provação. Não parava de dizer: “Disse a eles que aquela coisa era um lixo inútil imprestável!” [uma tradução bem branda, W.B.]. Não havia cadáveres para cuidar— haviam sido carbonizados quando o tubo que continha plasma explodiu (sistema de propulsão da espaçonave com tecnologia antigravidade), espalhando o material (Plasma de Mercúrio líquido) quentíssimo na cabina do veículo.

Continua …


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