Em uma entrevista abrangente sobre o futuro da humanidade e os riscos existenciais globais, o bilionário investidor em tecnologia Peter Thiel alertou não apenas sobre ameaças conhecidas como guerra nuclear, mudanças climáticas e inteligência artificial, mas também sobre o que ele vê como um perigo mais insidioso: a ascensão de um Estado totalitário mundial.
Fontes: The New York Times
Em entrevista a Ross Douthat, do The New York Times, Thiel argumentou que a resposta política padrão às crises globais — governança centralizada e supranacional — poderia mergulhar a humanidade no autoritarismo de um governo global.
Thiel, cofundador do PayPal e da Palantir, compartilhou suas preocupações usando exemplos de histórias de ficção científica distópicas. “Há o risco de guerra nuclear, desastre ambiental, armas biológicas e certos tipos de riscos com a IA”, explicou Thiel a Douthat, sugerindo que a busca por governança global como solução para essas ameaças poderia culminar em uma “singularidade ruim” — um Estado mundial único que sufocará a liberdade sob o pretexto de segurança.
Thiel criticou o que ele descreveu como um apelo reflexivo ao controle centralizado em tempos de perigo.
“A solução política padrão que as pessoas têm para todos esses riscos existenciais é a governança mundial”, observou Thiel, apontando propostas para uma ONU fortalecida para controlar os arsenais nucleares ou uma governança global da computação para regular o desenvolvimento da IA, incluindo medidas para “registrar cada tecla pressionada” para evitar programação perigosa. Tais soluções, alertou o investidor, correm o risco de criar um estado de vigilância que sacrifica a liberdade individual em prol da segurança.
Baseando-se em analogias históricas e filosóficas, Thiel fez referência a um filme da Federação de Cientistas Americanos da década de 1940, “Um Mundo ou Nenhum”, que argumentava que somente a governança global poderia impedir a aniquilação nuclear.
Thiel justapôs isso a uma estrutura teológica cristã: “Anticristo e/ou Armagedom? “. Em ambos, o bilionário disse que vê uma escolha binária entre controle centralizado e colapso catastrófico. No entanto, Thiel questionou a plausibilidade de uma figura carismática do “Anticristo” tomar o poder por meio de retórica hipnótica, como retratada na literatura apocalíptica. Em vez disso, ele ofereceu uma abordagem moderna: o caminho para o controle global reside na incessante disseminação do medo sobre os riscos existenciais.
“A maneira como o Anticristo dominaria o mundo seria falando sobre o Armagedom sem parar”, explicou Thiel. O bilionário contrastou isso com visões anteriores de progresso científico, como as da ciência baconiana dos séculos XVII e XVIII, onde a ameaça era um gênio maligno empunhando a tecnologia.
Atualmente, argumentou Thiel, a maior ressonância política reside em interromper completamente o avanço científico. “Em nosso mundo, é muito mais provável que seja Greta Thunberg do que o Dr. Fantástico”, brincou, invocando a ativista climática sueca radical como símbolo do sentimento antiprogresso.
Especificamente sobre IA, Thiel adotou um tom equilibrado, moderando previsões utópicas e apocalípticas.
“Uma pergunta que podemos formular é: Quão grande eu acho que a IA é?”, ele se perguntou. “Minha resposta estúpida é: É mais do que um hambúrguer de nada, e é menos do que a transformação total da nossa sociedade.”
Thiel comparou o impacto potencial da IA ao da internet no final da década de 1990, sugerindo que ela poderia criar “algumas grandes empresas” e adicionar “alguns pontos percentuais” ao PIB, talvez impulsionando o crescimento em 1% ao ano por uma década ou mais. No entanto, o bilionário expressou ceticismo de que a IA por si só pudesse acabar com a estagnação econômica, considerando-a uma força significativa, mas não revolucionária.
Embora Thiel tenha expressado opiniões diferenciadas sobre inteligência artificial, sua empresa de capital de risco, a Founders Fund, está investindo agressivamente na tecnologia de IA. Recentemente, liderou um investimento de US$ 600 milhões na Crusoe, uma provedora de infraestrutura de IA verticalmente integrada.
“O maior risco da IA é não irmos longe o suficiente. Crusoé está aqui para nos libertar da ilha da ambição limitada”, disse Thiel na época.
Nota de Thoth: O que não é dito aqui é que a própria IA [a futura “Besta”] é fundamental para a implementação de um governo totalitário global, inclusive estando de acordo com as escrituras…
