Índia e Rússia, dois gigantes do BRICS+ planejam aumentar seu comércio anual para US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos — um aumento de 50% — apesar da birra, uivos e oposição dos EUA à crescente cooperação entre Nova Déli e Moscou, anunciou o Ministro das Relações Exteriores da Índia na quinta-feira.
Fonte: The Cradle
Durante o primeiro dia de uma visita de três dias a Moscou, na quarta-feira dia 20, o Ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, enfatizou a necessidade de a Índia e a Rússia ampliarem seus laços comerciais, promoverem novas joint ventures entre suas empresas e realizarem reuniões mais frequentes para resolver questões como sistemas de pagamento [desdolarização].
A Rússia ocupa o quarto lugar entre os maiores parceiros comerciais da Índia , enquanto a Índia ocupa o segundo lugar entre os seus maiores parceiros .
“Estamos todos perfeitamente cientes de que estamos nos reunindo em meio a uma situação geopolítica complexa. Nossos líderes permanecem estreita e regularmente engajados”, disse ele em discurso no Fórum Empresarial Índia-Rússia, na capital russa.
Jaishankar acrescentou que a crescente incerteza global coloca a ênfase novamente em “parceiros confiáveis e estáveis”.
A incerteza econômica surgiu das ações imperialistas e hegemônicas recentes tomadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para punir a Índia por suas compras contínuas de petróleo russo.

As compras de petróleo bruto russo por Nova Déli dispararam após o início da guerra com a Ucrânia em 2022. Depois que suas exportações de petróleo para a Europa entraram em colapso após a guerra, a Rússia recorreu à Índia, oferecendo grandes descontos.
Em resposta, Trump impôs uma tarifa de 25% sobre produtos indianos, dizendo que as compras de petróleo da Rússia ajudam a financiar a “máquina de guerra” do presidente russo Vladimir Putin. Trump ameaçou aumentar ainda mais as tarifas sobre a Índia, para 50%, uma taxa alta o suficiente para garantir que as exportações indianas para os EUA não sejam competitivas.
Em resposta, a Índia disse que tem o direito de comprar petróleo da fonte mais barata, de onde quiser chamando as tarifas de “irracionais “ .
Após as ameaças de Trump, as refinarias estatais da Índia começaram na semana passada a comprar grandes volumes de petróleo bruto não russo. A Indian Oil Corp. e a Bharat Petroleum Corp. compraram petróleo de diversos fornecedores alternativos nas últimas semanas, incluindo fornecedores nos EUA, Brasil e países do Golfo, para entrega em outubro.
Espera-se que refinarias privadas indianas continuem comprando petróleo russo conforme os contratos de longo prazo assinados anteriormente. E no início deste mês, a Índia suspendeu os planos de compra de armas e aeronaves militares dos EUA em resposta às tarifas do presidente Trump sobre as exportações de Nova Déli.
“A Índia estava planejando enviar o Ministro da Defesa, Rajnath Singh, a Washington nas próximas semanas para um anúncio sobre algumas das compras, mas a viagem foi cancelada”, disseram duas fontes falando à Reuters.
“Antes da guerra na Ucrânia, menos de 1% do petróleo da Índia vinha da Rússia. Agora, esse percentual é de 42%. O sistema está permitindo que a Índia lucre comprando petróleo russo barato, revendendo-o e embolsando US$ 16 bilhões em lucros excedentes. Essa arbitragem oportunista é inaceitável.“
Before the war in Ukraine, less than 1% of India’s oil came from Russia. Now it is 42%.
— Treasury Secretary Scott Bessent (@SecScottBessent) August 19, 2025
The system is allowing India to profiteer by buying cheap Russian oil, reselling it, and pocketing $16B in excess profits.
This opportunistic arbitrage is unacceptable. pic.twitter.com/zp4FuKs9vJ
Em fevereiro deste ano, Trump e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi anunciaram planos para a aquisição e produção conjunta de veículos de combate Stryker, fabricados pela General Dynamics Land Systems, e mísseis antitanque Javelin, fabricados pela Raytheon e Lockheed Martin, três grandes conglomerados do Complexo Industrial Militar dos EUA.
As fontes disseram à Reuters que o ministro da defesa da Índia também planejava anunciar a compra de seis aeronaves de reconhecimento Boeing P-8I e sistemas de suporte para a Marinha Indiana durante a viagem a Washington, que agora foi cancelada.