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Já é tarde demais para conter influência global da China, diz artista dissidente Ai Weiwei

O conhecido artista e dissidente chinês Ai Weiwei diz que a influência global da China se tornou tão grande que não pode mais ser parada: 

“O Ocidente deveria ter se importado com a China décadas atrás”, disse ele. Agora é um pouco tarde porque o Ocidente construiu seu sólido sistema a partir da China e interrompê-lo o prejudicaria profundamente. É por isso que a China é tão arrogante atualmente.” Ai Weiwei nunca fez rodeios ao falar sobre o país dele, que descreve como “um Estado policial”.

Edição e imagensThoth3126@protonmail.ch

É tarde demais para conter influência global da China, diz dissidente e artista Ai Weiwei

Fonte:  BBC Londres

Por John Simpson, editor de Assuntos Internacionais da BBC – Londres

O artista chinês projetou o famoso estádio dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, popularmente conhecido como “O ninho do pássaro”, mas mais tarde enfrentou sérios problemas quando criticou o governo [o comunismo] da China.

Em 2015, o ativista deixou a China e se estabeleceu primeiro em Berlim e, desde o ano passado em Cambridge, na Inglaterra. Ai acredita que a China está atualmente usando seu imenso poder econômico para impor sua influência política. E podemos certamente dizer que a China se tornou “muito mais assertiva” nos últimos anos.

Influência crescente

Até cerca de uma década atrás, a China apresentava uma imagem modesta para o mundo. O slogan oficial do governo era “esconder a força e aguardar o momento”.

Os ministros chineses insistiram que o país ainda era uma nação em desenvolvimento que tinha muito a aprender com o Ocidente. Então Xi Jinping assumiu o poder. Ele se tornou secretário-geral do Partido Comunista em 2012 e presidente do país no ano seguinte. A velha modéstia se desvaneceu e um novo slogan emergiu: “Esforce-se para ter êxito”.

Destaques da entrevista com Ai Weiwei

— Sobre a situação atual na China: “A geração jovem entende o desafio atual (…) Mas eles não podem controlar a situação porque a China é basicamente uma potência militar.”

— Sobre o governo e seu controle sobre os cidadãos: “Qualquer coisa que for colocada na internet, mesmo uma única frase, a polícia vai aparecer na sua porta. Eles usam esse tipo de tática para intimidar os próprios cidadãos. Para ensiná-los que, se você tiver uma opinião diferente, não só você vai ter problemas, mas também seus filhos “.

— Sobre os perigos de criticar o governo comunista chinês: “Eu posso sacrificar tudo… Não importa, pessoas morrem, mas preciso aproveitar este momento para alçar minha voz por melhores condições — ou minha visão de melhores condições — para a sociedade chinesa” .

— Sobre o comunismo na China: “O comunismo na China não vai desaparecer por si só, mas pode desaparecer a qualquer momento, simplesmente porque não tem os princípios ou a ideologia que respeitem e protegem os direitos humanos ou a dignidade humana (….) Uma pequena chama pode causar um grande incêndio e isso pode acontecer a qualquer momento”.

“Em certo sentido, a China ainda é uma nação em desenvolvimento, com cerca de 250 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Mas, ao mesmo tempo, já é a segunda maior economia do mundo e está a caminho de superar os Estados Unidos daqui a cerca de uma década, [algo que esta sendo muito dificultado pelo governo de Trump].

“A influência da China no mundo é cada vez mais evidente, em um momento em que a liderança dos Estados Unidos tem caído drasticamente. Tenho visto por mim mesmo sinais da crescente força e influência da China em todo o mundo, da Groenlândia ao Caribe, do Peru à Argentina; da África do Sul ao Zimbábue, do Paquistão à Mongólia”.

O presidente do comitê de Relações Exteriores do Parlamento britânico, Tom Tugendhat, acusou recentemente a China de pressionar Barbados para deixar de ter a Rainha Elizabeth 2º como sua chefe de Estado. Atualmente, a China tem uma presença significativa em praticamente todos os cantos do planeta. E qualquer país que desafie seus interesses sofrerá as consequências.

Xi Jinping, presidente da China
Xi Jinping tornou-se secretário geral do Partido Comunista em 2012 e presidente do país no ano seguinte.  CRÉDITO,GETTY IMAGES

Quando o líder tibetano Dalai Lama visitou Downing Street, a sede do governo britânico, as relações entre o Reino Unido e a China congelaram.

E recentemente, quando o presidente do Parlamento da República Tcheca visitou Taiwan, um alto diplomata chinês avisou que “o governo e o povo chinês não ficarão de braços cruzados diante da provocação aberta do presidente do parlamento tcheco e das forças anti-China por trás dele. Ambos pagarão um preço muito alto”.

Múltiplos confrontos

No entanto, Hu Xijin, porta-voz e influente editor-chefe do jornal oficial chinês Global Times [um porta voz do governo comunista e ateu da China], rebate qualquer sugestão de que Pequim esteja fazendo bullying ou intimidações a nível internacional.

“Eu lhe faço a seguinte pergunta: quando a China pressionou um país a fazer algo contra sua vontade? São os Estados Unidos que continuam impondo sanções, especialmente econômicas, contra muitas nações. Qual país a China sancionou?”, perguntou Hu.

Hu Xijin, editor do jornal Global Times na China
Hu Xijin, editor do jornal Global Times na China, rejeita as acusações de que Pequim usa táticas de bullying ou intimidação contra outros países. CRÉDITO,GETTY IMAGES

“Já impusemos sanções contra um país inteiro? Apenas expressamos nosso descontentamento em relação a assuntos específicos, e somente quando os interesses do nosso país são desafiados.”

Mas a China atualmente protagoniza confrontos ferozes contra muitos países: Taiwan, Austrália, Japão, Canadá, Índia (com quem travou combates fronteiriças com mortos de ambos os lados), o Reino Unido e, claro, os Estados Unidos. A linguagem usada pelo Global Times às vezes pode soar como a pior retórica da era Mao Tsé Tung.

O próprio Hu escreveu recentemente um editorial descrevendo a Austrália como “a goma de mascar presa sob as botas da China”. Quando perguntei a ele sobre esse comentário, ele respondeu que o atual governo australiano havia repetidamente atacado a China. “Sinto como se fosse um chiclete preso na sola do meu sapato, do qual não consigo me livrar. Não é uma sensação agradável. Usei essa imagem como uma expressão e tenho o direito de expressar minha opinião”, disse Hu.

Sobre Hong Kong

Hu é próximo do presidente Xi e podemos imaginar que ele não faria tais afirmações se não tivesse o apoio dos líderes chineses. Quando perguntei a opinião dele sobre a situação em Hong Kong, ele não poupou palavras.

Jovens manifestantes detidos sentados no chão cercados por policiais em Hong Kong
Protestos contra a crescente influência comunista de Pequim em Hong Kong se intensificaram desde 2014.  CRÉDITO,GETTY IMAGES

“O governo chinês não se opõe à democracia e às liberdades em Hong Kong, incluindo o direito de seus habitantes de protestar nas ruas pacificamente”, disse ele. “Mas o ponto é que eles devem ser pacíficos. Somos a favor de um uso ainda maior da força policial de Hong Kong contra protestos violentos.”

“Se os manifestantes violentos colocam em perigo a vida da polícia, jogando bombas ou coquetéis molotov, acredito que a polícia deve ser livre para usar suas armas e abrir fogo.”

Se a polícia realmente começasse a atirar abertamente contra os manifestantes em Hong Kong, haveria uma forte condenação internacional. A maioria dos observadores estrangeiros aponta que o comportamento agressivo da China na verdade esconde um nervosismo latente e em crescimento.

Ai Weiwei
Ai Weiwei afirma que a China está atualmente usando seu imenso poder econômico para impor sua influência política à diversos países. CRÉDITO,GETTY IMAGES

O Partido Comunista não é eleito, então não tem como medir se ele tem apoio genuíno da população na China. Você não pode ter certeza de que ele sobreviverá a uma crise grande e grave, como um grande colapso econômico, por exemplo.

O presidente Xi e os membros da formação comunista dele estão plenamente conscientes [e com medo] da forma como o antigo império soviético desapareceu súbita e rapidamente entre 1989 e 1991 por falta de apoio dos cidadãos russos. Hu não acredita que uma nova Guerra Fria tenha sido desencadeada. A disputa da China, garante ele, é basicamente com os Estados Unidos.

O editor afirmou que os ataques de Donald Trump à China estão amplamente ligados à campanha dele para ganhar as eleições presidenciais de 3 de novembro. Sem dúvida, depois das eleições, é provável que o ambiente entre os dois países tenda a melhorar, independentemente de quem seja o vencedor.

A China é muito grande e está muito envolvida na vida de todos para que os Estados Unidos e seus aliados mantenham um estado permanente de hostilidade contra Pequim [a recíproca também é verdadeira]. Mas isso apenas reforça o aviso de Ai Weiwei: é tarde demais para o Ocidente se proteger contra a influência da China.


“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.  Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá FOMES, PESTES e TERREMOTOS, em vários lugares. Mas todas estas coisas são [APENAS] o princípio de dores. – Mateus 24:6-8

“E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da BESTA; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis[666]“.  –  Apocalipse 13:16-18


Mais informações, leitura adicional:

Permite reproduzir desde que mantida a formatação original e a conversão como fontes.

phi-cosmoswww.thoth3126.com.br

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