Volitan: ‘Barco Voador’ 100% brasileiro que promete revolucionar o transporte fluvial na Amazônia

Apresentado em sua versão protótipo, o Volitan esteve presente no São Paulo Boat Show 2025. Sabe aquela velha brincadeira inspirada no Super-Homem — “é um pássaro? É um avião?” — repetida em tom de espanto sempre que algo incomum cruza os céus? Pois quem passa pelo estande da Aeroriver no São Paulo Boat Show não resiste em parodiá-la com “É um barco? É um avião?”. A resposta é simples e surpreendente: o Volitan é os dois ao mesmo tempo. Um barco voador, criado para transformar a mobilidade humana na maior bacia hidrográfica do planeta.

Fonte: Nautica.com

A ideia nasceu da amizade e inquietação de três jovens amazonenses, Felipe Bortolete, Túlio Silva e Lucas Guimarães, que decidiram enfrentar um dos maiores desafios da região: a dificuldade de deslocamento nos rios da Amazônia. Naturais do Amazonas e formados em engenharia em São José dos Campos (SP), centro brasileiro da inovação aeronáutica, eles decidiram unir conhecimentos para dar vida ao projeto mais que ousado.

Assim, no fim de 2020, nasceu a Aeroriver, startup dedicada a criar veículos de efeito solo voltados para transporte de pessoas e cargas na Amazônia.

Como funciona o Volitan

Apresentado no salão náutico paulista em sua versão protótipo (com 3 metros de envergadura e 3 metros de comprimento, apenas 1/6 do tamanho final), o Volitan chama atenção pela proposta inovadora.

Foto: RP / Revista Náutica

A proposta é que seu voo aconteça a uma altitude entre 2 e 5 metros sobre a água, explorando o efeito solo — fenômeno aerodinâmico que cria um bolsão de ar entre a superfície e as asas, garantindo sustentação e redução de até 40% no consumo de combustível.

Em caso de necessidade, o veículo pode atingir 150 metros de altura, mas sua operação típica será sempre rente aos rios, aproveitando a própria geografia da Amazônia. Quando finalizado, o Volitan terá 18 metros de comprimento e 10 de envergadura; casco próprio para pousos e decolagens na água; e capacidade para 10 passageiros ou 1 tonelada de carga.

  • Velocidade de cruzeiro: 150 km/h (três vezes maior que as lanchas rápidas da região, que chegam a 60 km/h);
  • Autonomia: 550 km — o suficiente para ligar Manaus a Parintins (430 km), a cidade onde acontece o Festival do Boi, em apenas 3 horas, contra quase um dia inteiro de viagem por barco tradicional;
  • Motor: automotivo, adaptado para uso fluvial, justamente para facilitar o abastecimento em qualquer comunidade ribeirinha.

O Volitan promete beneficiar diversos setores: transporte de passageiros e cargas em regiões isoladas; turismo em áreas remotas da floresta; saúde, com rapidez no deslocamento de equipes médicas e pacientes; segurança e patrulha fluvial; monitoramento ambiental de áreas de preservação. Tudo isso sem necessidade de infraestrutura adicional.

Para quem sai de Manaus rumo ao interior, só existem os rios como opção. Hoje, cerca de 10 mil passageiros por semana utilizam o Porto da capital do Amazonas, seja em barcaças ou em lanchas rápidas. Com o nosso barco voador, esse trajeto pode ser feito com muito mais velocidade e eficiência, acredita Bortolete.

Foto: Alexandre Battibugli / Revista Náutica

A previsão é que, em março de 2026, o Volitan entre na água em sua versão intermediária de 10 metros, com dois lugares. Logo depois, virá a versão definitiva, de 18 metros e capacidade para 10 passageiros.

A Aeroriver, no entanto, não pretende operar os barcos voadores, mas sim fabricá-los e vendê-los para companhias de transporte e turismo. E o interesse já começou: durante o São Paulo Boat Show, diversos empresários assinaram cartas de intenção de compra.

Apesar da proposta inovadora, o Volitan não pode voar em qualquer lugar. Para operar, precisa de rios ou lagos com pelo menos 300 metros de largura — uma condição que praticamente só a Amazônia oferece em abundância.

No estande da Aeroriver no São Paulo Boat Show 2025 o protótipo do Volitan dividiu espaço com um simulador de direção do barco voador, onde os visitantes puderam visualizar como seria pilotá-lo.


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