Felicidade na ‘Era da Ilusão’ (b)

Existem conversas às quais devemos retornar repetidamente, não porque sejam confortáveis, mas porque iluminam algo essencial sobre a condição humana. A felicidade é uma dessas conversas. E, no entanto, em todas as nossas discussões modernas sobre bem-estar, ambição, sucesso, identidade e progresso, muitas vezes negligenciamos o alicerce que uniu as gerações anteriores — as estruturas silenciosas da moralidade, da ética, da comunidade e da responsabilidade que trouxeram a humanidade até aqui.

Fonte: Global Research – Pelo Dr. Gary Null (Primeira parte, LINK)

Limpando o Campo Interior

Se você já cuidou de um jardim — ou mesmo observou alguém cuidando de um — sabe que o crescimento não começa com o plantio. Começa com a limpeza. Você não adiciona novas sementes até remover o que está sufocando o solo. Você não rega até que as ervas daninhas desapareçam. Você não nutre a nova vida até que abra espaço para ela.

Sua vida interior funciona da mesma maneira.

A maioria das pessoas tenta se “consertar” adicionando coisas: novos hábitos, novas metas, novas afirmações, novos projetos, novos relacionamentos. Mas adicionar mais coisas a uma vida que já está sobrecarregada só cria mais confusão. Mais complexidade. Mais estresse. [MAIS ILUSÃO]

Antes de poder cultivar, é preciso limpar.

Antes de poder se erguer, você precisa se libertar.

É por isso que o trabalho mais transformador que já vi nas pessoas não vem do que elas começam a fazer, mas sim do que elas param de fazer. Metade da cura é subtração.

  • Pare de alimentar os pensamentos que te enfraquecem.
  • Pare de se apegar a identidades que te diminuem.
  • Pare de manter relacionamentos que te fazem mal.
  • Pare de consumir mídias que te entorpecem.
  • Pare de acreditar em histórias sobre você que nunca foram verdadeiras.

Ensino uma prática simples, mas poderosa, conhecida como Técnica de Libertação Emocional (EFT). Você coloca três dedos suavemente sobre a sobrancelha e começa a dar leves toques — não de forma agressiva, não mecanicamente, mas com “presença“. Enquanto dá os toques, você diz:  “Não quero mais esse pensamento”.

Durante sessenta segundos, repita a frase: “Não quero mais esses pensamentos negativos. Não quero mais esse medo. Não quero mais essa velha história.”

Em seguida, mova o dedo para a lateral do olho, dando leves toques: “Estou liberando os efeitos desse trauma.”

Em seguida, abaixo do olho: “Estou me desapegando de tudo que me perturbava. Estou apagando esse programa.”

As pessoas costumam ficar impressionadas com a rapidez com que isso funciona. Elas esperam que a cura seja complicada, dramática ou mística. Mas a mente é notavelmente obediente quando você lhe dá um comando direto e compassivo. O trauma reside em caminhos codificados, mas esses caminhos podem ser suavizados, redirecionados ou dissolvidos por meio da intenção e da repetição gentil.

  • Você não precisa saber qual foi a ferida original.
  • Você não precisa reviver todas as lembranças dolorosas.
  • Você não precisa ficar analisando seu sofrimento indefinidamente.
  • Você simplesmente precisa  se desapegar  da carga emocional que mantém a ferida aberta.

Imagine transferir essa prática para todas as áreas da sua vida:

  • Quando surge o ressentimento: “Não quero mais esse ressentimento.”
  • Quando a inveja aparece: “Não quero mais essa inveja.”
  • Quando a culpa ressurge: “Não quero mais essa culpa.”
  • Quando o medo te paralisa: “Eu não quero mais esse medo.”

Cada vez que você diz isso, você instrui sua consciência a soltar o que não lhe pertence mais.

Essa é a essência da clareza interior: não adicionar novas crenças, mas remover as falsas; não forçar a alegria, mas eliminar os obstáculos que a impedem.

E à medida que o campo interior se dissipa, algo notável acontece:  a felicidade começa a crescer por si só.

Não porque você a tenha cultivado diretamente, mas porque removeu o que impedia sua expressão natural.

Você não cria a felicidade. Você a descobre  .

Felicidade versus prazer

É preciso fazer uma distinção crucial aqui:  prazer não é felicidade.  Aliás, confundir os dois pode ser a maior causa de infelicidade na vida moderna.

O prazer é imediato. A felicidade é duradoura.

Prazer é estímulo. Felicidade é contentamento.

O prazer depende da ação. A felicidade depende do ser.

O prazer exige mais. A felicidade prospera com menos.

Desde a infância, você foi ensinado a buscar o prazer — porque o prazer alimenta a economia. O prazer vende produtos, tendências e estilos de vida. O prazer te mantém rolando a tela em busca de mais uma dose de dopamina, mais um vídeo engraçado, mais uma indignação justificada, mais uma validação, mais uma distração digital para te impedir de refletir sobre a sua vida.

Mas a felicidade? A felicidade ameaça todo o sistema [de controle].

  • Uma pessoa satisfeita não precisa de entretenimento.
  • Uma pessoa pacífica não precisa de distrações.
  • Uma pessoa realizada não precisa consumir sem parar.
  • Uma pessoa autoconsciente não se deixa enganar por ilusões.

E assim vivemos em um mundo que comercializa o prazer incessantemente, enquanto oferece quase nenhuma orientação sobre a felicidade. Um mundo de sucessos rápidos, emoções baratas e gratificação instantânea. Um mundo onde cada momento vazio é considerado um problema a ser resolvido, em vez de um espaço para respirar.

O prazer não é algo ruim. É natural e muitas vezes belo. Mas nunca teve a intenção de substituir a felicidade.

O perigo surge quando o prazer se torna sua bússola — sua maneira de escapar da solidão, aliviar a ansiedade, preencher o vazio interior, evitar dores não resolvidas ou provar seu valor. Quando o prazer se torna remédio em vez de complemento, você acaba espiritualmente desnutrido.

Deixe-me compartilhar algo: algumas das pessoas mais felizes que conheci na vida eram as mais pobres segundo os padrões ocidentais. No deserto do Kalahari, entre os bosquímanos, a felicidade não dependia do acúmulo de bens materiais. Ela vinha da comunidade, da cooperação, do riso, do senso de pertencimento, de um propósito compartilhado. Essas eram pessoas que compreendiam o dom da simplicidade.

E algumas das pessoas mais infelizes que conheci eram multimilionários que moravam em coberturas com vista para o Central Park. Eles tinham tudo, menos a si mesmos.

A felicidade não é um prêmio por conquistas. É o resultado do alinhamento interior.

Você se sente feliz quando sua vida está em sintonia com seus valores.

Você se sente feliz quando para de guerrear consigo mesmo.

Você se sente feliz quando para de precisar de mais para se sentir suficiente.

O prazer se dissipa. A felicidade se aprofunda.

Se você quer saber se um sentimento é prazer ou felicidade, pergunte a si mesmo:  “Esse sentimento permanecerá mesmo que nada mais mude?”

Se a resposta for sim, você está tocando a felicidade. Se a resposta for não, você está tocando o prazer.

O prazer é uma luz momentânea. A felicidade é o nascer do sol.

A Armadilha da Boa Menina/Bom Menino e a Recuperação da Autenticidade

Um número surpreendente de pessoas infelizes começou a vida como “boas crianças”. Aprenderam desde cedo a ser educadas, agradáveis ​​e obedientes — moldadas mais pelo desejo de evitar desagradar os outros do que pela expressão de seu verdadeiro eu.

“Eu sou uma boa menina”, dizem eles. “Eu sou um bom menino.”

O que eles realmente querem dizer é: “Abandonarei minha autenticidade, se necessário, contanto que você me aprove.”

Isso não é bondade. Isso é  autoaniquilação  disfarçada de virtude.

Desde a infância, muitos de nós aprendemos que o amor é condicional — que precisa ser conquistado por meio de comportamento, desempenho ou conformidade. Assim, crescemos acreditando que, se reprimirmos nossos impulsos, silenciarmos nossas necessidades e atendermos às expectativas dos outros, seremos recompensados ​​com a aceitação.

Mas eis a verdade:  quando você domina a ilusão de ser bom, perde a realidade de ser íntegro.

Você se torna o que a situação exige, moldando-se na versão de si mesmo que causará o mínimo de transtorno possível.

Você sorri quando está exausto.

Você concorda quando discorda.

Você apoia aquilo em que não acredita.

Você engole verdades que imploram para serem ditas.

Você diz sim quando cada fibra do seu ser diz não.

E você se pergunta por que se sente vazio.

Você se pergunta por que os relacionamentos parecem tão desgastantes.

Você se pergunta por que suas conquistas não lhe trazem alegria.

Uma vida construída sobre a busca pela satisfação não pode produzir felicidade.

A autenticidade, por outro lado, não tem a ver com rebeldia ou egoísmo. Tem a ver com alinhamento. É a disposição de dizer:

“Esta é a minha essência.”

“É nisto que acredito.”

“Isto é o que posso oferecer, e isto é o que não posso.”

“Este caminho é meu, mesmo que ninguém mais o compreenda.”

A autenticidade exige força. A bondade exige obediência.

E a ironia é esta: você se torna um ser humano melhor — e não pior — quando vive com autenticidade. Você se torna mais gentil porque não guarda mais ressentimento. Você se torna mais generoso porque não está mais esgotado. Você se torna mais presente porque não está mais representando.

Imagine quantas escolhas em sua vida teriam sido diferentes se seu eu autêntico tivesse sido empoderado em vez de silenciado:

  • Quantos relacionamentos tóxicos você teria evitado?
  • Quantos fardos você teria recusado?
  • Quantas dinâmicas tóxicas você teria encerrado mais cedo?
  • Quanta alegria você teria protegido?
  • Quanta criatividade você teria demonstrado?
  • Quantos sonhos você teria realizado?

O condicionamento do “bom menino/boa menina” está profundamente enraizado, e libertar-se dele pode parecer uma traição — especialmente para aqueles que se beneficiaram da sua submissão. Mas a verdadeira traição é abandonar a si mesmo para ser aceitável.

Para ser franco: você não pode ser feliz enquanto trai a si mesmo.

Para recuperar a felicidade, você precisa recuperar a autenticidade.

Para recuperar a autenticidade, você precisa recuperar seus limites.

Para recuperar seus limites, você precisa recuperar sua voz.

E quando você recupera sua voz, algo milagroso acontece: você volta a se reconhecer.

Equilíbrio, Propósito e o Ritmo de uma Vida Significativa

Caminhe comigo, por um instante, pelo ritmo de uma vida que encontrou seu centro. Feche os olhos e imagine um dia vivido em equilíbrio — onde suas responsabilidades, seus relacionamentos, suas necessidades e seu espírito se movem em harmonia. Não há correria frenética, nem oscilações emocionais bruscas, nem pânico silencioso escondido sob um sorriso. Em vez disso, há uma firmeza interior, uma presença sólida, um suave murmúrio de contentamento que o acompanha da manhã à noite.

Agora imagine o oposto. Muitas pessoas não precisam imaginar — essa é a sua realidade diária. Uma vida tão voltada para a obrigação que o eu se torna uma reflexão tardia. Responsabilidades demais e descanso de menos. Pressão externa demais e reflexão interna de menos. Preocupação demais e alegria de menos.

Conheci pessoas que vivem num estado constante de sobrecarga de compromissos, como se a vida fosse uma corrida para a qual nunca treinaram. Dizem sim a tudo — exigências do trabalho, crises familiares, expectativas sociais — até que suas artérias emocionais fiquem entupidas de tarefas. Elas percorrem a vida num ritmo alucinante e, quando finalmente conseguem se entregar a um raro momento de silêncio, o que as invade não é paz, mas uma fadiga sufocante.

Essas pessoas frequentemente confundem exaustão com propósito. Elas acreditam que, se estão constantemente fazendo algo, então devem estar vivendo bem. Mas o excesso de compromissos não é sinal de uma vida plena — é sinal de uma vida esgotada.

Existe também a condição oposta, mais silenciosa, mas não menos dolorosa: a falta de comprometimento. Uma vida à deriva, sem âncora ou propósito. Aqui, os dias se confundem. Uma hora se mistura à outra sem qualquer sensação de realização ou direção. Essas pessoas vagam sem rumo, muitas vezes percorrendo paisagens digitais como se seus celulares pudessem lhes dizer quem são. Elas carecem não apenas de estrutura externa, mas também de motivação interna. Sua bússola emocional gira sem apontar para o norte.

Ambos os estados criam desequilíbrio — e o desequilíbrio sempre leva à infelicidade.

O corpo reflete esse desequilíbrio com dores de cabeça, problemas intestinais, insônia e disfunção imunológica. A mente o reflete com ansiedade, irritabilidade, apatia e depressão. O espírito o reflete com vazio, inquietação e a sensação persistente de que algo essencial está faltando na vida.

O que falta é alinhamento.

Uma vida em harmonia não é uma vida que evita dificuldades. É uma vida onde suas atividades externas não contradizem sua verdade interior. Onde aquilo a que você se dedica nutre você, em vez de lhe esgotar.

Costumo dizer às pessoas:  “A felicidade é simplesmente o estado em que nada essencial é negligenciado.”

Não a sua saúde.

Não os seus relacionamentos.

Não é esse o seu objetivo.

Não você é autêntico.

Quando uma dessas áreas é abandonada, a felicidade se torna impossível. Você pode experimentar prazer, distração, realização — mas não uma paz duradoura.

Então, como restaurar o equilíbrio? Ouvindo. Prestando atenção aos sinais sutis do mundo interior.

Se você sente que sua vida está sobrecarregada, precisa começar a se desapegar.

Se você sente que sua vida está vazia, precisa começar a se fazer presente.

Se sua vida parece monótona, você precisa começar a se arriscar a buscar a alegria.

Se sua vida parece caótica, você precisa criar uma estrutura que atenda às suas necessidades.

Movimento é cura. Uma simples caminhada de dez minutos por dia pode começar a restaurar a vitalidade que o caos drenou. Nutrição é cura — o cérebro não consegue manter a saúde mental apenas com alimentos processados ​​e açúcar. Quietude é cura — momentos de silêncio reequilibram o sistema nervoso. Conexão é cura — ninguém se cura isolado.

E o propósito? O propósito é o grande estabilizador.

Sem propósito, a vida perde sua forma. Torna-se um longo corredor de dias indistinguíveis. Mas quando você tem um propósito — mesmo que pequeno — sua vida ganha direção, significado e coerência.

Ter um propósito não precisa ser grandioso. Não se limita a carreiras ou conquistas. Propósito é a intenção que guia suas escolhas. É o sentido da sua vida. E admitir que sua vida tem um propósito é o início da maturidade espiritual.

O propósito pode ser encontrado em criar filhos bondosos, cuidar de pais idosos, criar beleza através da arte, ajudar uma pessoa a se sentir vista todos os dias, plantar um jardim que alimente sua vizinhança, orientar uma alma mais jovem que está lutando para encontrar seu caminho.

Propósito não é apenas o que você faz. Propósito é quem você se torna enquanto faz isso.

E uma vida vivida com propósito começa a se equilibrar naturalmente, porque o propósito cria um ritmo que nada mais consegue.

O valor da conexão e o poder silencioso do serviço

Se existe uma verdade que emerge repetidamente em diferentes culturas, religiões e épocas, é esta:  não fomos feitos para viver sozinhos.  Os seres humanos são animais sociais no sentido biológico e espiritual mais profundo. Precisamos uns dos outros — não por fraqueza, mas por natureza.

Mas observe o nosso mundo moderno. Numa época em que podemos nos comunicar instantaneamente entre continentes, as pessoas relatam os níveis mais altos de solidão já registrados. Vivemos conectados, mas não em intimidade; rodeados, mas isolados; inundados de comunicação, mas famintos por conexão.

A solidão não é apenas uma dor emocional; é uma crise de saúde. Pesquisas recentes mostram que a solidão crônica é mais perigosa que a obesidade e tão prejudicial quanto fumar quinze cigarros por dia. Ela enfraquece o sistema imunológico, acelera o envelhecimento e aumenta o risco de morte mais do que quase qualquer outro fator relacionado ao estilo de vida.

Por quê? Porque a solidão contradiz o que significa ser humano.

Prosperamos em comunidade. Desfrutamos quando nos sentimos apoiados, valorizados e vistos. A felicidade se multiplica quando compartilhada.

É por isso que as pessoas com quem você passa seu tempo são tão importantes. A energia delas se torna a sua energia. Os padrões emocionais delas se infiltram na sua consciência. A visão de mundo delas molda sutilmente a sua.

Passe a vida rodeado de pessoas raivosas e você absorverá a amargura delas. Passe a vida rodeado de pessoas alegres e seu coração se abrirá gradualmente.

Nos tornamos semelhantes ao ambiente emocional que habitamos.

No entanto, a maioria das pessoas nunca para para se perguntar se o ambiente em que vivem contribui para o seu bem-estar. Permanecem em relacionamentos por hábito, toleram amizades desgastantes ou participam de círculos sociais que reforçam o tédio, a inveja, o cinismo ou a insegurança.

A vida é curta. Você não tem espaço emocional ilimitado. Escolha com cuidado quem você permite entrar no jardim interior da sua alma.

E embora a conexão seja vital, seu gêmeo também o é:  o serviço.

Servir aos outros é um dos grandes paradoxos da felicidade: no momento em que você se desapega de si mesmo, seu sofrimento começa a diminuir. Não porque desapareça, mas porque deixa de ser o centro da sua atenção.

Quando você dedica seu tempo, sua presença e sua compaixão a outras pessoas que estão passando por dificuldades — pessoas sem dinheiro, sem abrigo, sem companhia, sem saúde — você enxerga a vida com uma nova clareza. Você redescobre a gratidão. Você se sente útil. Você se sente conectado a algo maior do que suas próprias preocupações.

Existem milhões de pessoas só no nosso país que gostariam de uma conversa amigável, uma refeição compartilhada e alguém que as ouça. Os idosos que passam dias sozinhos sem ouvir seus nomes serem pronunciados. Os sem-teto que foram reduzidos a sombras à margem da sociedade. Crianças que nunca tiveram um adulto que se ajoelhasse, olhasse em seus olhos e lhes dissesse que elas importam. Pais sobrecarregados. Estranhos em silencioso desespero.

Servir não é ter pena. Servir é reconhecer. É dizer: “Você também faz parte desta família humana.”

Quando você se dedica ao serviço, algo extraordinário acontece: a barreira entre “sua vida” e “o mundo” se dissolve.

E à medida que essa barreira se dissolve, o amor cresce naturalmente — porque o amor é a condição natural de uma alma conectada.

Se você quer uma fórmula simples para a felicidade, aqui está:  Conecte-se profundamente. Sirva generosamente. Ame naturalmente.

Essas não são meras instruções morais — são verdades neurobiológicas. Elas ativam partes do cérebro associadas à alegria, resiliência e bem-estar. Fortalecem o sistema imunológico. Regulam os hormônios do estresse. Restauram o equilíbrio hormonal. Acalmam a inflamação.

Mas, mais do que isso, elas te orientam para uma vida que vale a pena ser vivida.

Uma vida de braços abertos.

Uma vida com mãos acolhedoras.

Uma vida que se inclina para a bondade.

O Retorno Final: Você Sempre Foi Feliz

Percorremos um longo caminho nesta jornada — das ilusões da sociedade às fraturas da cultura, das pressões da identidade às distorções da tecnologia moderna, das feridas da infância às exigências da vida adulta, do campo interior caótico ao despertar de uma identidade autêntica.

Mas agora chegamos ao centro silencioso de tudo:  a felicidade nunca esteve ausente. Você simplesmente aprendeu a procurar em todos os lugares, menos onde ela reside.

Você foi ensinado a olhar para fora — para posses, elogios, conquistas, beleza, juventude, validação, identidade política, pertencimento ideológico. Você foi ensinado que a alegria é algo que se conquista, algo que se ganha, algo que se recebe quando se atendem às condições externas.

Você aprendeu que a felicidade é uma meta, um destino, um resultado.

Mas a felicidade não é nada disso. A felicidade é o seu estado natural, quando a ilusão deixa de ocupar a sua mente.

Remova as histórias que nunca lhe pertenceram.

Liberte-se das expectativas que te esgotam.

Liberte-se dos rótulos que te diminuem.

Perdoe o passado que te prende.

Abandone as identidades que te dividem.

Abandone a persona que representa sua vida em vez de vivê-la.

E o que restará?

Uma clareza tão suave que parece luz.

Uma presença tão pura que dá a sensação de estar voltando para casa.

Uma paz tão constante que parece verdade.

A felicidade não é uma experiência transcendental. É um estado de equilíbrio. É o zumbido silencioso sob o ruído, o conhecimento intuitivo sob a confusão, o calor sob a armadura. É o que surge quando você para de alimentar o lobo sombrio do medo, do ressentimento, da inveja e da autosabotagem.

E eis a verdade mais libertadora:  a felicidade não precisa de permissão.  Nem da sociedade. Nem do seu passado. Nem da sua cultura. Nem dos seus fracassos. Nem mesmo das suas feridas.

Basta que você esteja disposto a retornar a si mesmo.

Se você começar a viver com autenticidade, com propósito, com gratidão, com consciência, algo sutil e belo acontecerá. Certa manhã, sem alarde ou drama, você acordará e sentirá uma sensação desconhecida — suave, mas inconfundível.

Você se sentirá  bem.

Você se sentirá  em equilíbrio. 

Você se sentirá  presente.

Você se sentirá  vivo.

Você se sentirá bem  consigo mesmo.

E nesse momento você perceberá que nada externo mudou — e, no entanto, tudo mudou.

Porque você mudou. Você voltou para o único lugar onde a felicidade sempre residiu:  dentro de você.

Este é o retorno. Este é o despertar. Esta é a verdade por trás de cada ensinamento espiritual, cada tradição filosófica, cada sussurro de sabedoria ao longo dos tempos:

Quando as ilusões se dissipam, a felicidade aparece — porque a felicidade é o que resta quando você finalmente é livre para ser quem você é.

E essa, meu amigo, é a jornada para a qual você nasceu.

Passos Práticos: Retornando à Felicidade

Sente-se consigo mesmo em silêncio (A prática da reconexão)

Pelo menos uma vez por dia, sente-se em algum lugar tranquilo — sem telefone, sem música, sem conversa — por três minutos. Apenas três.

Coloque a mão sobre o coração e simplesmente  observe  a si mesmo. Observe sua respiração, sua postura, a sensação de estar vivo.

É assim que o eu autêntico começa a se expressar novamente: de forma silenciosa, gentil e paciente.

A felicidade nasce nesse silêncio muito antes de se manifestar em sua vida.

Faça a pergunta essencial da manhã

Ao acordar todas as manhãs, antes que o mundo faça suas exigências, pergunte-se:  “Que parte de mim precisa de atenção hoje?”

Em alguns dias, a resposta será descansar.

Em alguns dias, será uma questão de coragem.

Alguns dias serão de perdão, ou clareza, ou tranquilidade.

Ao honrar a resposta, você começa a viver em harmonia — e a harmonia é a base da felicidade.

Faça uma coisa honesta todos os dias.

Escolha um momento por dia para viver honestamente, sem se filtrar, se ajustar ou se diminuir.

Pode ser dizer não quando você normalmente diz sim.

Pode ser que esteja revelando uma verdade que você tem evitado.

Pode ser o caso de estabelecer um limite de forma suave, porém firme.

A autenticidade nasce da repetição, assim como um músculo se desenvolve com o uso.

O Inventário de Restauração

No fim das contas, faça a si mesmo duas perguntas simples:

  • O que me deu energia hoje?
  • O que me deixou sem energia hoje?

Escreva uma de cada. As respostas revelarão exatamente onde sua vida está em desequilíbrio — e onde sua felicidade está esperando para retornar.

Realize um ato de serviço silencioso a cada semana.

Não precisa ser nada dramático.

Ligue para alguém que esteja se sentindo sozinho.

Compre uma refeição para uma pessoa necessitada.

Ajude um vizinho.

Ofereça seu tempo a alguém que esteja sobrecarregado.

O serviço dissolve as barreiras que cercam o eu. Onde a barreira se dissolve, a felicidade flui.

Criar um ponto de conexão

Procure alguém que lhe inspire e motive — não por obrigação, mas por interesse mútuo.

Envie uma mensagem. Compartilhe um momento. Tenha uma conversa de verdade.

Os seres humanos são mais felizes quando se sentem integrados à vida dos outros. A conexão é alimento emocional.

Verificação do Clima Interior

Ao longo do dia, pare e pergunte-se:  “Este sentimento é meu — ou é algo que absorvi?”

Absorvemos o estresse, o ressentimento e as ansiedades dos outros sem perceber.

Ao fazer o autoconhecimento, você deixa de carregar consigo atmosferas emocionais que não lhe pertencem.

Libertá-los abre espaço para a calma.

Escolha um pequeno ato de beleza.

Crie algo pequeno e bonito todos os dias — um bilhete, uma refeição, um desenho, um gesto, uma palavra gentil, um momento de gratidão.

A beleza não é decoração; é remédio. Ela revigora o espírito, abre o coração e acalma a mente. Um pequeno gesto de beleza é um voto pela sua própria felicidade.

Agradeça por uma “bênção invisível”

Todas as noites, pense em uma coisa que lhe deu apoio hoje e que você geralmente considera garantida: sua respiração, sua mobilidade, seus sentidos, suas amizades, a capacidade do seu corpo de se curar, a gentileza de um estranho, a luz do sol em seu rosto.

A gratidão te reconecta com a verdade da abundância. A felicidade cresce onde a gratidão é cultivada.

Sussurre o lembrete final

Antes de dormir, coloque a mão sobre o coração e diga suavemente:  “Estou voltando a mim mesmo(a)”.

Diga devagar. Diga como se fosse uma promessa. Diga até que seu espírito acredite em você.

Essa frase, repetida noite após noite, desfaz ilusões e fortalece a verdade: que a felicidade que você busca esteve à sua espera o tempo todo.


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