“Os egiptólogos”, diz John West, “são as últimas pessoas no mundo a estudar qualquer anomalia.” Claro, são numerosas as anomalias no Egito. A anomalia a que West se referia nessas palavras era a das pirâmides da Quarta Dinastia: anomalia por causa do que acontecera durante as Terceira, Quinta e Sexta Dinastias. A Pirâmide Escalonada de Zóser, em Saqqara (Terceira Dinastia), é uma estrutura imponente, mas foi construída com blocos relativamente pequenos, fáceis de manusear, que cinco ou seis homens trabalhando juntos poderiam carregar, e suas câmaras internas são estruturalmente defeituosas. As pirâmides das Quinta e Sexta Dinastias (embora adornadas na parte interna com os belos Textos da Pirâmide) tiveram uma construção medíocre e desmoronaram de forma tão completa que, hoje, quase todas pouco mais são do que montes de entulho.
Livro “AS DIGITAIS dos DEUSES”, uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização
- Capítulo 1: Brasil e o mapa de Piri Reis
Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES”, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.
CAPÍTULO 48 – Medidas da Terra
Siga as instruções abaixo com o máximo cuidado: Risque verticalmente duas linhas retas paralelas, de cima abaixo de uma folha de papel, de mais ou menos 18cm de comprimento e um pouco menos de 7,5cm de distância uma da outra. Trace uma terceira linha, também vertical e também paralela de igual tamanho, exatamente no centro das duas. Escreva a letra “S” – significando “Sul” – na extremidade superior do diagrama (a extremidade mais distante de você), e a letra “N”, significando “Norte”, na extremidade inferior. Acrescente as letras “L”, significando “Leste”, e “O”, significando “Oeste” em suas posições apropriadas em cada lado do diagrama, o Leste à esquerda e o Oeste à direita. O que você está vendo são os contornos de um mapa geométrico do Egito, usando uma perspectiva muito diferente da nossa (onde o “Norte” é sempre igual a “No alto”).
Este mapa, onde o “No Alto” é o “Sul”, parece ter sido preparado em um tempo imensamente remoto por cartógrafos que dispunham de conhecimentos científicos sobre a forma e tamanho de nosso planeta. A fim de completar o mapa, você deve marcar agora um ponto na linha central das três paralelas, mais ou menos a 2,5cm, ao sul (o “alto”), a partir da extremidade norte do diagrama. Em seguida, trace mais duas linhas diagonais descendo desse ponto, respectivamente para o nordeste e o noroeste, até que elas alcancem as extremidades norte das duas paralelas externas. Finalmente, ligue diretamente essas linhas paralelas a linhas horizontais, correndo de leste para oeste, nas extremidades norte e sul do diagrama. A forma obtida é um retângulo ao sul (orientado no sentido norte-sul). Esse retângulo mede 17,8cm de comprimento por pouco menos de 7,5cm de largura e tem um triângulo demarcado em sua extremidade norte (inferior). O triângulo representa o delta do Nilo e, o ponto no ápice do triângulo, o ápice do delta um ponto no solo a 30° 06′ norte e 31 ° 14′ leste, muito próximo da localização da Grande Pirâmide.
Marco Geodésico
O que mais que ela possa ser, matemáticos e geógrafos sabem há muito tempo que a Grande Pirâmide de Gizé serve como um marco geodésico (geodésia é o ramo da ciência que trata de determinar a posição de pontos geográficos e a forma e tamanho da terra). A compreensão desse fato surgiu em fins do século XVIII, quando os exércitos da França revolucionária, comandados por Napoleão Bonaparte, invadiram o Egito. Bonaparte, que sentia um profundo interesse pelos enigmas das pirâmides, trouxe consigo grande número de pesquisadores, 175 no total, incluindo vários “sábios” reunidos em várias universidades, que tinham fama de ter adquirido “profundo conhecimento de antiguidades egípcias” e, no que foi mais útil, um grupo de matemáticos, cartógrafos e topógrafos.
Um dos trabalhos que os sábios receberam ordens de fazer, depois de completada a conquista, foi levantar mapas detalhados do Egito. Ao se lançarem ao trabalho, descobriram que a Grande Pirâmide está perfeitamente alinhada ( as suas quatro faces) com o norte verdadeiro ATUAL – e, claro, com o sul, leste e oeste, também, como vimos na Parte VI. Isso significa que a misteriosa estrutura era um excelente ponto de referência e triangulação, tomando eles a decisão de usar o meridiano que passava por seu ápice como linha-base para todas as demais medições e orientações. A equipe, em seguida, começou a produzir os primeiros mapas exatos do Egito desenhados na era moderna. Terminado o trabalho, notaram intrigados que o meridiano da Grande Pirâmide cortava em duas metades iguais a região do delta do Nilo. Descobriram também que, se diagonais correndo do ápice da pirâmide para seus cantos nordeste e noroeste fossem prolongadas (formando linhas no mapa que correriam nos sentidos nordeste e noroeste até chegar ao Mediterrâneo), o triângulo assim formado conteria perfeitamente toda a área do delta.
Mas voltemos ao nosso mapa, que inclui também um triângulo que representa o delta. Seus três outros principais componentes são os três meridianos paralelos. O meridiano leste está na longitude de 32° 38′ leste – a antiga fronteira oficial do antigo Egito desde o início dos tempos dinásticos. O meridiano oeste está na longitude de 29º 50′ oeste – a fronteira oeste oficial do antigo Egito. O meridiano central está na longitude de 31º 14′ leste, exatamente a meio caminho entre os dois outros (a 1º 24′ de cada um). O que vemos nesse momento é a representação de uma faixa na superfície do planeta terra que tem exatamente 2º 48′ de largura. Qual a extensão dessa faixa?
As antigas fronteiras “oficiais” norte e sul do Egito (que não tinham mais relação com padrões de colonização do que as fronteiras oriental e ocidental) são marcadas pelas linhas horizontais nas partes superior e inferior do mapa e localizadas respectivamente a 31 ° 6′ norte e 24° 6′ norte. A fronteira norte, situada em 31º 6′ norte, liga as duas extremidades externas do estuário do Nilo. A fronteira sul, em 24° 6′ norte, assinala a latitude exata da ilha de Elefantina, em Assuã (Seyne), onde existiu um importante observatório astronômico e solar durante toda a história egípcia conhecida. Parece que essa terra arcaica, sagrada desde o início dos tempos – criação e habitação dos deuses – foi originariamente concebida como um constructo geométrico a exatamente sete graus terrestres de comprimento.
De acordo com esse constructo, parece que a Grande Pirâmide foi localizada, com todo cuidado, como marco geodésico para o ápice do delta. Este último, que indicamos em nosso mapa, localiza-se a 30º 6′ norte, 31° 14′ leste – um ponto na metade do comprimento do rio Nilo, situado na borda norte da moderna Cairo. Entrementes, a pirâmide está na latitude de 30º N (corrigida para levar em conta a refração atmosférica) e na longitude de 31º 9′ leste, ou um erro de apenas alguns minutos do arco terrestre nas direções sul e oeste. Esse “erro”, contudo, não parece ter sido resultado de relaxamento ou imprecisão por parte dos construtores da pirâmide.
Ao contrário, um exame atento da topografia da área sugere que a explicação desse fato deve ser buscada na necessidade de encontrar um local apropriado para todas as observações astronômicas, que tinham de ser feitas para a localização exata do sítio arqueológico, com uma estrutura geológica suficientemente estável sobre a qual assentar, para sempre, um monumento de seis milhões de toneladas, de quase 150m de altura, com uma base de mais de cinco hectares. O platô de Gizé atende a essas especificações em todos os sentidos: perto do ápice do delta, elevado acima do vale do Nilo e possuidor de excelentes fundações de sólido leito rochoso de pedra calcária.
Trabalhando em Graus
Estávamos viajando de Lúxor (antiga TEBAS, capital do “Alto Egito”, quando os pólos norte e sul estavam invertidos) para Gizé na parte traseira do Peugeot 504 de Mohamed Walilli – uma viagem de apenas quatro graus de longitude, isto é, do paralelo de 25° 42′ norte para o 30° paralelo. Entre Asiut e EI Minya, um corredor de conflitos em meses recentes entre extremistas islâmicos e forças de segurança egípcias; recebemos uma escolta armada de soldados, um dos quais usava trajes civis e que se sentou no assento do passageiro, ao lado de Mohamed, acariciando uma pistola automática. Os demais, mais ou menos uma dúzia, armados com fuzis de assalto AK47, distribuíam-se igualmente entre duas picapes, que nos espremiam pela frente e por trás. “Gente perigosa mora por aqui”, confidenciou Mohamed pelo canto da boca, quando fomos detidos em um ponto de inspeção em Asiut e recebemos ordem de esperar pela escolta.
Embora obviamente irritado por ser obrigado a acompanhar a alta velocidade dos veículos de escolta, Mohamed parecia apreciar muito a situação de fazer parte de um comboio impressionante, com luzes relampejando e sirenes uivando, costurando o caminho por entre o tráfego mais lento na principal estrada de rodagem entre o alto e o baixo Egito. Durante algum tempo, olhei pela janela do carro para o espetáculo imutável do Nilo, para suas margens verdes férteis e para o nevoeiro vermelho do deserto, a alguns quilômetros de distância, nas direções leste e oeste. Este era o Egito, o verdadeiro Egito orgânico de ontem e hoje, que coincidia (mas se espalhava por uma distância muito maior) com o estranho Egito “oficial” do mapa descrito acima, uma ficção retangular medindo exatamente sete graus terrestres de comprimento. No século XIX, o renomado egiptólogo Ludwig Borchardt expressou o que ainda é a sabedoria convencional de seus colegas, quando observou:
“Temos de excluir “absolutamente” a possibilidade de que os antigos possam ter feito medições em graus.”
Era um julgamento que parece cada vez mais insustentável. Quem quer que possam ter sido, é óbvio que os planejadores e arquitetos originais do complexo piramidal de Gizé pertenceram a uma civilização que sabia que a Terra era uma esfera, conheciam-lhe as dimensões quase tão bem quanto nós mesmos e a haviam dividido em 360 graus, exatamente como fazemos hoje. A prova desse fato reside na criação de um “país” oficial simbólico, de exatamente sete graus terrestres de comprimento, e na localização e orientação admiravelmente geodésica com os pontos cardeais da Grande Pirâmide. Igualmente convincente é o fato, já abordado no Capítulo 23, de que o perímetro da base da pirâmide mantém uma relação de 2 vezes o número PI com a altura e que todo o monumento foi aparentemente concebido para servir como projeção cartográfica – em uma escala de 1:43.200 – do hemisfério Norte de nosso planeta:
A Grande Pirâmide é uma projeção sobre quatro superfícies triangulares. O ápice representa o pólo e, o perímetro, o equador. Esta é a razão por que o perímetro tem uma relação de 2pi com a altura.
A Razão Pirâmide/Terra
Já demonstramos o emprego do número PI na pirâmide, e não precisamos voltar a esse assunto. Além do mais, a existência da relação de pi, embora interpretada como acidental por estudiosos ortodoxos, não é contestada por eles. Mas deveríamos também aceitar, com toda seriedade, que o monumento pode ser também uma representação do
hemisfério (hoje o) Norte da terra, projetada sobre superfícies planas, em uma escala de 1:43.200? Vamos relembrar esses números. De acordo com as melhores estimativas modernas, baseadas em observações de satélite, a circunferência equatorial da terra é de 39.844km, com um raio polar de 6.319km”.
O perímetro da base da Grande Pirâmide é de 1.203,73m e sua altura de 921,24m. A redução à escala, conforme se verifica, não é absolutamente exata, mas está muito próxima. Além do mais, quando nos lembramos da dilatação do equador da terra (uma vez que o nosso planeta é um esferóide oblato, e não uma esfera perfeita), os resultados obtidos pelos construtores da pirâmide ficam ainda mais próximos de 1:43.200. Mais perto até que ponto?
Se tomarmos a circunferência equatorial da terra, 39.844km, e a reduzirmos (dividirmos) por 43.200, obteremos o resultado de 0,5764 de milha. Há 5.280 pés (30,5cm por pé) por milha. O passo seguinte, portanto, consiste em multiplicar 0,5764 por 5.280, que produz o número de 3.043,39 pés. A circunferência equatorial da terra, reduzida em escala de 43.200 vezes, é, portanto, de 3.043,39 pés. Em comparação, como vimos, o perímetro da Grande Pirâmide é de 3.023,16 pés (92,24m). Isso representa um erro de apenas 6m – ou cerca de três quartos de 1%. Dada a precisão extraordinária dos construtores da pirâmide, contudo (que normalmente trabalhavam com margens de tolerância ainda menores), é menos provável que o erro tenha resultado de falhas de construção do gigantesco monumento do que de subestimação da verdadeira circunferência do planeta por apenas 262km, provavelmente causada por não ter sido levada em conta a dilatação equatorial (que talvez NÃO fosse igual a atual).
Vejamos o raio polar da terra, de 3.949,921 milhas (6.319km). Se o reduzimos a uma escala de 43.200, obtemos 0,0914 de milha, ou 481,59 pés (146,90m). O raio polar da terra reduzido à escala de 1:43.200, portanto, é de 481,59 pés, ou 146,90cm. Em comparação, a altura da Grande Pirâmide é de 481,3949 pés – apenas um pé a menos (30,48cm) do número ideal, ou seja, um erro que nem chega a um quinto de 1%. Tão perto que não faz diferença, portanto, o perímetro da base da Grande Pirâmide é, na verdade, de 1:43.200 da circunferência equatorial da terra. E, mais uma vez, tão próximo que não faz diferença, a altura acima da base é, na verdade, de 1:43.200 do raio polar da terra.
Em outras palavras, durante todos os séculos de trevas pelos quais passou a civilização ocidental, quando o conhecimento das dimensões de nosso planeta se perdeu para nós, tudo que precisávamos fazer era medir a altura e o perímetro da base da Grande Pirâmide e multiplicá-los por 43.200! Qual a probabilidade de tudo isso ser um “acaso”? A resposta, baseada no bom senso, é “nada provável, absolutamente”, uma vez ser óbvio para qualquer pessoa sensata que aquilo para o que estamos olhando só poderia ser resultado de uma decisão de planejamento deliberada e cuidadosamente calculada. O bom senso, porém, jamais foi uma faculdade levada em alta conta por “egiptólogos, especialistas eruditos e acadêmicos” e é, por conseguinte, necessário perguntar se há alguma coisa mais nos dados que possa confirmar que a razão de 1:43.200 constitui uma manifestação intencional de inteligência e conhecimento, e não de algum feliz acaso.
A relação em si parece fornecer a confirmação, pelo motivo muito simples de que 43.200 não é um número aleatório (como, digamos, 45.000 ou 47.000, 50.500 ou 38.800). Ao contrário, é um de uma série de números, e múltiplos desses números, que se relacionam com o fenômeno da precessão dos equinócios e que se enraizaram em mitos arcaicos encontrados em todo o mundo. Como o leitor pode confirmar voltando à Parte V, os números básicos da razão Pirâmide/ Terra afIoram repetidamente nesses mitos, às vezes claramente como 43.200, ou às vezes como 432, 4.320, 432.000, 4.320.000, e assim por diante. O que parece é que temos aqui duas proposições notáveis, costas contra costas, como se destinadas a se reforçarem mutuamente. É na verdade mais do que notável que a Grande Pirâmide seja capaz de servir como um modelo em escala exata do hemisfério Norte do planeta Terra.
Mas é ainda mais notável que a escala implícita inclua números que se relacionam exatamente com um dos principais mecanismos planetários terrestres. Isto é, a precessão fixa e aparentemente eterna da rotação de seu eixo em torno do plano da eclíptica, fenômeno este que faz com que o ponto vernal emigre em torno da faixa do zodíaco a uma taxa de um grau a cada 72 anos e 30 graus (uma constelação zodiacal completa) a cada 2.160 anos. A precessão através de duas constelações do zodíaco, ou 60 graus ao longo da eclíptica, leva 4.320 anos. A repetição constante desses números ligados à precessão em mitos antigos poderia, talvez, ser coincidência. Considerado isoladamente, o aparecimento do número 43.200 na razão pirâmide/Terra poderia ser também uma coincidência (embora sejam astronômicas as probabilidades contra esse fato). Mas quando encontramos números ligados à precessão em meios de expressão muito diferentes – mitos antigos e monumentos antigos -, realmente é forçar a credulidade supor que coincidência é tudo que está em jogo.
Além do mais, da mesma maneira que o mito teutônico das muralhas do Valhalla leva-nos ao número 43.200, convidando-nos a calcular os guerreiros que “vão à guerra contra o Lobo” (quinhentos e pouco multiplicados por 800, conforme vimos no Capítulo 33), de idêntica maneira a Grande Pirâmide leva-nos ao número 43.200 ao demonstrar, através da relação do número PI, que poderia ser um modelo em escala de parte da terra e, em seguida, convida-nos a calcular essa escala.
Pares das Mesmas Impressões Digitais?
Em EL Minya, os veículos da escolta nos deixaram, embora o soldado à paisana continuasse no assento do passageiro ao lado do motorista até o Cairo. Paramos para um almoço tardio de pão e falafel em uma aldeia barulhenta e em seguida continuamos a viagem para o norte. Durante todo esse tempo, meus pensamentos continuaram focalizados na Grande Pirâmide. Obviamente, não era por acaso que uma estrutura tão grande e intrigante ocupasse uma localização geográfica e geodésica da mais alta importância, em uma parte do mundo que parecia, estranhamente, ter sido concebida e “geometrizada” como um constructo simbólico, retangular, com um comprimento exato de sete graus terrestres.
Mas era a outra função da pirâmide, como projeção cartográfica tridimensional do hemisfério Norte, que mais me interessava, porque sugeria uma “identidade” com os mapas antigos mais avançados do mundo, descritos na Parte I. Esses mapas, que usavam trigonometria esférica e uma grande variedade de projeções sofisticadas, proporcionavam, segundo o professor Charles Hapgood, prova tangível, documental, de que uma civilização avançada, com extenso conhecimento do globo terrestre, deveria forçosamente ter florescido durante a última Era Glacial. Nesse momento, aí estava a Grande Pirâmide, provando que tinha uma função cartográfica vis-à-vis o hemisfério Norte e incluindo também uma projeção sofisticada. Ou, como explicou um especialista:
Todas as quatro faces planas da pirâmide foram projetadas para representar uma quarta parte curva (25%) do hemisfério Norte, ou quadrante esférico de 90 graus. Para projetar corretamente um quadrante esférico sobre um triângulo plano, o arco, ou base, do quadrante tem que ser do mesmo comprimento que a base do triângulo, e ambos precisam ter a mesma altura. Isso acontece apenas com um corte transversal ou bissecção meridiana da Grande Pirâmide, cujo ângulo de inclinação dá a relação de PI entre altura e base…
Seria possível que as cópias e compilações remanescentes de antigos mapas como o mapa do almirante turco Piri Reis, de 1513, por exemplo – pudessem, em alguns casos, retroagir a documentários básicos produzidos pela mesma cultura perdida e desconhecida que incluiu seu conhecimento sobre o globo terrestre nas dimensões da Grande Pirâmide (e, na verdade, nas dimensões cuidadosamente geometrizadas do próprio antigo Egito)? Eu dificilmente poderia esquecer que Charles Hapgood e sua equipe haviam passado meses tentando fixar onde fora centralizada a projeção inicial do mapa de Piri Reis. A resposta que finalmente obtiveram foi o Egito e, especificamente, Seyne (Assuã) no alto Egito – onde, conforme vimos acima, houve um importante observatório astronômico, situado na latitude de 24° 6′ norte, a fronteira sul oficial.
Dispensa dizer que observações astronômicas precisas teriam sido essenciais para cálculos da circunferência da terra e das posições de latitude. Mas, por quanto tempo antes do período histórico os antigos egípcios e seus ancestrais estiveram realizando essas observações? E haviam realmente aprendido essas perícias, como declararam francamente em suas tradições, com os “deuses” que, no passado, conviveram com eles?
Navegantes na Barca de Milhões de Anos
Os antigos egípcios acreditavam que coube ao deus Thoth ensinar os princípios da astronomia a seus ancestrais:
“Ele que calcula no céu, o contador de estrelas, o enumerador e medidor da Terra e de tudo que nela existe,.”
Normalmente descrito como um homem que usava uma máscara de íbis, Thoth era membro importante do grupo de elite das divindades dos Primeiros Tempos que dominaram a vida religiosa do antigo Egito desde o início até o fim dessa civilização. Eles eram os grandes deuses, os Neterus. Embora os antigos acreditassem, em um sentido, que eram auto-criados, também reconheciam francamente e compreendiam que eles mantinham uma conexão especial de algum tipo com “outra terra” – um país fabuloso e distante, denominado nos textos antigos de Ta-Neteru, a “terra dos deuses”. Pensavam ainda que o Ta-Neteru teve uma localização precisa na terra, em algum lugar muito ao sul do antigo Egito – a mares e oceanos de distância mais longe ainda que o país das especiarias, Punt (que provavelmente se situava na costa somali da África Oriental). Para confundir ainda mais a situação, eles se referiam também a Punt como a “Terra Divina”, ou “Terra de Deus”, e fonte dos incensos e da mirra de que os deuses tanto gostavam.
Havia ainda outro paraíso mítico ligado aos Neterus – “lar dos santos”, para onde os melhores seres humanos eram às vezes levados – e que acreditavam que se “situava muito longe, além de uma grande extensão de água”. Conforme observou Wallis Budge em seu importante estudo, Osiris and the Egyptian Resurrection, “os egípcios acreditavam que essa terra só podia ser alcançada de barco, ou com ajuda pessoal dos deuses, que para lá transportavam seus favoritos…” Os que tinham sorte suficiente para merecer ingresso descobriam que se encontravam em um jardim mágico, feito de “ilhas, ligadas umas às outras por canais cheios de água corrente, que faziam com elas fossem sempre verdes e férteis”. Nas ilhas desse jardim, “o trigo crescia até uma altura de cinco côvados, as espigas tinham dois côvados e, os talos, três, e a cevada crescia até uma altura de sete côvados, tendo as espigas três côvados de comprimento e, os talos, quatro”.
Teria sido de uma terra como essa, com irrigação soberba e cultivada cientificamente, que o introdutor da agricultura, Osíris, cujo título era “Presidente da Terra do Sul”, viajou para o Egito, no alvorecer dos Primeiros Tempos? E teria sido de uma terra como essa, acessível apenas por barco, que Thoth, o de máscara de íbis, viajou também, cruzando mares e oceanos para conceder as dádivas, de valor inestimável, da astronomia e da medição da Terra aos habitantes antigos do pré-histórico Vale do Nilo? Qualquer que fosse a verdade por trás da tradição, os antigos egípcios lembravam-se de Thoth e o reverenciavam como o inventor da Matemática, da Astronomia, da Medicina, das Artes e da engenharia.
“Acreditavam”, de acordo com Wallis Budge, “que era a sua vontade e poder que mantinham em equilíbrio as forças do céu e da terra. E era a sua grande perícia em matemática celeste que fazia uso apropriado das leis sobre as quais repousava a fundação e a manutenção do universo”. Atribuía-se ainda a Thoth o crédito por ter ensinado aos ancestrais dos egípcios as ciências da geometria e da topografia, medicina e botânica. E também que havia sido o inventor “dos números, das letras do alfabeto, e das artes da leitura e escrita”. Ele era o “Grande Senhor da Magia”, que podia mover objetos com o poder do SOM da sua voz (o PODER DA VONTADE), “o autor de todos os trabalhos, em todos os ramos dos conhecimentos, tanto humanos quanto divinos”.
Aos ensinamentos de Thoth – que eles guardavam zelosamente em seus templos e diziam que foram transmitidos de uma geração a outra sob a forma de 42 livros de instrução – eles atribuíam sua sabedoria mundialmente respeitada e o conhecimento dos céus. Esse conhecimento foi mencionado quase com reverência pelos comentaristas clássicos que visitaram o Egito, do século V a.C. em diante. Heródoto, o primeiro desses viajantes, observou:
Os egípcios foram os primeiros a descobrir o ano solar e dividir seu curso em doze partes. (…) E foi a observação do curso das estrelas que os levou a adotar essa divisão. (…)
Platão (século IV a.C.) deixou consignado que os egípcios haviam observado as estrelas “por dez mil anos”. Mais tarde, no século I a.C., Diodoro de Sicília escreveu uma versão ainda mais detalhada desse fato:
As posições e arranjos das estrelas, bem como seus movimentos, sempre foram objeto de observação cuidadosa entre os egípcios. (…) Desde os tempos antigos até hoje, eles preservaram registros a respeito de cada uma dessas estrelas, durante um número incrível de anos. (…)
Por que deveriam os egípcios ter cultivado um interesse quase obsessivo por observações a longo prazo das estrelas e por que, em especial, deveriam ter mantido registros de seus movimentos “durante um número incrível de anos”? Essas observações detalhadas seriam dispensáveis, se seu único interesse, como sugeriram, com toda seriedade, numerosos estudiosos, fosse de natureza agrícola (a necessidade de prever as estações, o que qualquer pessoa nascida no campo pode fazer). Deve ter havido alguma outra finalidade. Além do mais, para começar, como foi que os antigos egípcios se iniciaram em astronomia? Não se trata do tipo de hobby que um povo morador em um vale fechado desenvolveria por iniciativa própria. Talvez fosse bom levar mais a sério a explicação que eles mesmo deram: que um deus ensinou seus ancestrais a estudar as estrelas.
Poderíamos também dar mais atenção a numerosas referências de natureza inegavelmente marítima contidas nos Textos da Pirâmide. E novas e importantes inferências poderiam ser tiradas da arte religiosa antiga, na qual os deuses são mostrados viajando em barcos belos, aerodinâmicos, de proa alta, construídos de acordo com as mesmas especificações avançadas para navegação oceânica exibidas pelos barcos da pirâmide, em Gizé, e a misteriosa esquadra ancorada nas areias do deserto, em Abidos. De modo geral, indivíduos que vivem em terras longe do mar não se tornam astrônomos, o que acontece, porém, com povos de navegadores. Não seria possível que a iconografia marítima dos antigos egípcios, o projeto de seus barcos e igualmente, a notável obsessão com a observação das estrelas pudessem ter sido parte de uma herança transmitida a seus ancestrais por uma raça de navegadores, na pré-história remota?
Realmente, só uma raça, só uma civilização marítima esquecida, é que poderia ter deixado suas impressões digitais sob a forma de mapas que mostravam exatamente como era o mundo, antes do fim da última Era Glacial. Realmente, só uma civilização como essa, traçando seu curso pelas estrelas “durante dezenas de milhares de anos”, poderia ter observado e previsto acuradamente o fenômeno da precessão de equinócios, com a exatidão atestada por antigos mitos. E, embora hipotética, só essa civilização poderia ter medido a terra com precisão suficiente para ter chegado às dimensões reduzidas à escala na Grande Pirâmide.
A Assinatura de uma Data Distante
Era quase meia-noite quando chegamos a Gizé. Hospedamo-nos no Siag, um hotel com excelente vista da pirâmide, e ficamos sentados no terraço, observando, enquanto as três estrelas do cinturão de Órion cruzavam lentamente os céus do sul. E foi a disposição dessas três estrelas, como demonstrou recentemente o arqueoastrônomo Robert Bauval, que serviu como gabarito celeste para o plano do sítio arqueológico das três pirâmides de Gizé. Esse fato em si constituiu uma descoberta notável, sugerindo um nível muito mais alto de astronomia de observação e de perícia em topografia e em projeto, que estudiosos atribuíam aos antigos egípcios.
Ainda mais notável, contudo – e a razão por que combinei me encontrar com ele em Gizé na manhã seguinte – era a alegação de Bauval de que o padrão traçado no chão (com quase quinze milhões de toneladas de pedras perfeitamente aparelhadas) correspondia exatamente ao modelo do céu durante a época em torno de 10.450 anos a.C. Se Bauval tinha razão, as pirâmides haviam sido projetadas, usando-se as mudanças que a precessão provoca nas posições das estrelas, como assinatura arquitetônica permanente do XI milênio a.C.
Se voce REALMENTE tem interesse em saber QUEM construiu as Pirâmides (e a ESFINGE), no EGITO e no MÉXICO, QUANDO, para QUAL FINALIDADE, e as CONSEQUÊNCIAS, por favor leia TODO O MATERIAL sobre o planeta MALDEK.