Durante minhas viagens pelos Andes, reli várias vezes uma variante curiosa da tradição principal do Viracocha. Nessa variante, originária da área em volta do lago Titicaca conhecida como Collao, o deus Viracocha, herói e civilizador fora chamado de Thunupa:
“Thunupa surgiu no altiplano em tempos antigos, vindo do norte, em companhia de cinco discípulos”.
Homem branco de aparência majestosa, de olhos azuis e barba, ele não bebia, era puritano e fazia prédicas contra a bebida, a poligamia e a guerra. Após viajar grandes distâncias através dos Andes, onde fundou um reino amante da paz e ensinou as artes da civilização, Thunupa foi atacado e ferido gravemente por um grupo de ciumentos conspiradores:
Livro “AS DIGITAIS dos DEUSES”, uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização
Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES“, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.
CAPÍTULO 9 – O Antigo e Futuro Rei
…”Colocaram-lhe o corpo sagrado em um barco de caniços de totora e o soltaram no lago Titicaca. No lago (…) o barco navegou para longe com tal velocidade que os que haviam cruelmente tentado matá-lo foram tomados de grande terror e espanto – porque nesse lago não há correntes (…) O barco chegou à praia em Cochamarca, onde hoje existe o rio Desaguardero. Diz a tradição índia que o barco bateu na terra com tanta força que criou o rio Desaguardero, que antes disso não existia. E nas águas assim criadas, o corpo sagrado foi levado por muitas léguas para a costa marítima, em Arica”…
Barcos, Água e Salvação
Há nessa versão curiosos paralelos com a história de Osíris, o antigo e poderoso deus egípcio da morte e da ressurreição. O relato mais completo do mito original que descreve essa misteriosa figura coube a Plutarco e conta que, após trazer as dádivas da civilização ao seu povo, ensinando-lhe todos os tipos de habilidades úteis, abolindo o canibalismo e os sacrifícios humanos e lhe dando o primeiro código legal, Osíris deixou o Egito e viajou pelo mundo para distribuir também a outras nações os benefícios da civilização. Ele jamais obrigou os bárbaros que encontrou a aceitar suas leis, preferindo, em vez disso, conversar com eles e fazer apelos à razão.
Está consignado também que ele lhes passava os ensinamentos através de hinos e canções, com o acompanhamento de instrumentos musicais. Em certa ocasião, enquanto se encontrava em viagem, 72 membros de sua corte, liderados pelo cunhado, Seth, conspiraram contra ele. Ao regressar Osíris, os conspiradores convidaram-no para um banquete, onde um belíssimo cofre de madeira e ouro foi oferecido como prêmio a qualquer convidado que nele coubesse perfeitamente. Osíris não sabia que o cofre fora fabricado exatamente de acordo com as medidas de seu corpo. Em conseqüência, quando os convidados ali reunidos tentaram, um após outro, e fracassaram, Osíris deitou-se confortavelmente dentro do cofre. Mas, antes de ter tempo de levantar-se, os conspiradores correram para o cofre, fecharam a tampa com pregos e vedaram mesmo com chumbo derretido as fissuras na madeira para que não entrasse ar.
O cofre foi em seguida foi lançado no rio Nilo. Embora a intenção fosse que o cofre afundasse rapidamente, na verdade ele flutuou e afastou-se rapidamente, percorrendo uma grande distância, até chegar à costa do Mar Mediterrâneo. Nessa altura, a deusa ÍSIS, esposa de Osíris, resolveu intervir. Usando de toda magia pela qual era renomada, descobriu o cofre e escondeu-o em lugar secreto. Ainda assim, seu perverso irmão, Seth, caçando nos pântanos, descobriu-o, abriu-o e, em um acesso de loucura assassina, cortou o cadáver real de seu irmão Osíris em 14 partes, que espalhou pela Terra. Uma vez mais, ÍSIS partiu para salvar seu consorte e marido.
Ela construiu um pequeno bote de junco de papiro, calafetou-o com breu e lançou-se ao Nilo em busca dos restos mortais do esposo e consorte. Ao encontrá-los, realizou poderosos encantamentos para reunir as partes esquartejadas do corpo e lhe restituir a forma original. Daí em diante, em estado intacto e perfeito, Osíris passou por um processo de renascimento estelar e tornou-se o deus dos mortos e rei do mundo subterrâneo – do qual, segundo a lenda, voltava ocasionalmente à terra disfarçado de mortal. Embora haja enormes diferenças entre as tradições, é muito estranho que Osíris, no Egito, e Thunupa-Viracocha, na América do Sul, tivessem em comum os seguintes pontos:
- Foram grandes civilizadores;
- Foram vítimas de conspirações;
- Foram gravemente feridos;
- Foram postos dentro de um recipiente ou vaso de algum tipo;
- Foram em seguida lançados na água;
- Flutuaram para longe nas águas de um rio;
- E chegaram finalmente ao mar.
Deveríamos ignorar esses paralelos, considerando-os como meras coincidências? Ou poderia haver entre eles alguma conexão profunda?
Os Barcos de Junco de Suriqui
O ar cortava com um frio alpino. Eu me encontrava sentado na proa de uma lancha a motor que se deslocava a 20 nós horários pelas águas geladas do lago Titicaca. O céu azul claro refletia tonalidades de cores de água-marinha e turquesa da terra distante; o corpo imenso do lago, brilhando em tons acobreados e prateados, parecia estender-se à frente por toda eternidade…
Os trechos das lendas que falavam em barcos feitos de junco precisavam ser estudados com mais atenção, uma vez que eu sabia que “barcos de caniços de totora” constituíam uma forma tradicional de transporte no lago. A antiga perícia necessária para construir barcos desse tipo, porém, desaparecera na maior parte em anos recentes e, nesse momento, viajávamos para Suriqui, o único local onde eles ainda eram produzidos da forma correta. Na ilha de Suriqui, em uma pequena aldeia perto da praia, descobri dois velhos índios construindo um barco com molhos de juncos de totora.
A elegante embarcação, que parecia quase completa, media cerca de 4,5m de comprimento, era larga a meia-nau, mas estreita e alta na proa e popa. Sentei-me ali durante algum tempo para observá-los. O mais velho dos dois, coberto por um chapéu de feltro marrom sobre um curioso gorro de lã com pontas, plantava repetidamente o pé esquerdo descalço no lado do barco para lhe dar mais apoio, enquanto puxava e esticava as cordas que mantinham nos devidos lugares os molhos de juncos. Notei também que, de vez em quando, ele esfregava um pedaço da corda na testa suada – umedecendo-a dessa maneira para lhe aumentar a adesão.
O barco, cercado por galinhas que ciscavam por ali e ocasionalmente investigado por uma alpaca que pastava nas proximidades, encontrava-se em meio a um lixo de juncos rejeitados, no quintal de uma casa de fazenda em ruínas. Aquele foi um dos vários barcos que tive oportunidade de examinar nas horas seguintes e, embora o ambiente fosse inconfundivelmente andino, repetidamente senti uma sensação de déjà vu, oriunda de outro tempo e lugar. A razão: os barcos de totora de Suriqui eram virtualmente idênticos, tanto em método de construção quanto em aparência final, aos belos botes feitos com junco de papiro, nos quais faraós haviam navegado no Nilo milhares de anos antes.
Em viagens pelo Egito, eu vira imagens de muitos desses barcos pintadas nas paredes de tumbas antigas. A semelhança provocou-me um arrepio pela espinha abaixo, ao vê-Ios nesse momento trazidos de forma tão colorida à vida em uma obscura ilha no lago Titicaca – mesmo que a pesquisa que vinha realizando tivesse me preparado em parte para essa coincidência. Eu sabia que nenhuma explicação satisfatória jamais fora dada de como essas semelhanças tão ricamente detalhadas em projetos de barcos poderiam ocorrer em dois lugares tão distantes um do outro. Não obstante, repetindo as palavras de uma autoridade em navegação antiga, que estudara o enigma:
Aqui estava a mesma forma compacta, as pontas elevadas em ambas as extremidades, com cordas amarrando as peças desde o tombadilho até o fundo do barco e transformando-o em uma única peça (…) Cada palha era posta em seu lugar com a máxima precisão para obter simetria perfeita e elegância aerodinâmica, ao mesmo tempo que os feixes de juncos eram tão fortemente amarrados que pareciam (…) troncos dourados torcidos e transformados em um bico, em forma de tampão, na proa e na popa.
Os barcos de junco do antigo Nilo e os do lago Titicaca (cujo projeto inicial, insistiam os índios, lhes fora dado pelos “ajudantes de Viracocha”) tinham ainda outros aspectos em comum. Ambos, por exemplo, eram equipados com velas montadas em fasquias peculiares, de dois elementos. Ambos haviam sido também usados para transporte à longa distância de materiais de construção extremamente pesados: obeliscos e blocos enormes de pedra, usados nos templos de Gizé, Lúxor e Abidos, por um lado, e os misteriosos edifícios de Tiahuanaco, por outro.
Nesses tempos remotos, antes de o lago Titicaca tornar-se mais de 50m mais raso, Tiahuanaco situava-se à beira d’água, dando para uma paisagem de imponente e sagrada beleza. Nesse momento, o grande porto, a capital do próprio Viracocha, estava perdido entre colinas corroídas pela erosão e planícies descampadas varridas pelos ventos.
A Estrada para Tiahuanaco…
Voltando de Suriqui para o continente, seguimos em nosso jipe alugado pelas colinas, levantando uma nuvem de poeira. A rota levounos pelas pequenas cidades de Puccarani e Laha, onde viviam estóicos índios aymara, que andavam em passos lentos pelas estreitas ruas lajeadas ou permaneciam sentados tranqüilamente em pequenas praças batidas pelo sol.
Seriam esses indivíduos descendentes dos construtores de Tiahuanaco, como insistiam os estudiosos do assunto? Ou estariam certas as lendas? Teria sido a antiga cidade obra de estrangeiros dotados de poderes divinos, que ali haviam se estabelecido em um passado remoto?
A Matrix , o SISTEMA de CONTROLE MENTAL: “A Matrix é um sistema de controle, NEO. Esse sistema é o nosso inimigo. Mas quando você está dentro dele, olha em volta, e o que você vê? Empresários, professores, advogados, políticos, carpinteiros, sacerdotes, homens e mulheres… As mesmas mentes das pessoas que estamos tentando despertar. Mas até que nós consigamos despertá-los, essas pessoas ainda serão parte desse sistema de controle e isso as transformam em nossos inimigos. Você precisa entender, a maioria dessas pessoas não está preparada para ser desconectada da Matrix de Controle Mental. E muitos deles estão tão habituados, tão profunda e desesperadamente dependentes do sistema, que eles vão lutar contra você para proteger o próprio sistema de controle que aprisiona suas mentes …”