Com 16,4% dos votos no pleito, o SPD de Scholz obteve uma das piores votações da sua história. Em comparação com 2021, foram quase dez pontos percentuais a menos. A contagem final aponta que a conservadora União Democrata Cristã (CDU) combinada com seu parceiro bávaro, a União Social Cristã (CSU), foi a legenda mais votada do pleito, com cerca de 28,5% dos votos de legenda, cacifando o líder dos conservadores, Friedrich Merz, a ocupar o posto de chanceler federal e substituir o impopular social-democrata Olaf Scholz na chefia do governo alemão.
Fonte: Deutschewelle
Em meio a um cenário de crise econômica e tensões geopolíticas, os alemães foram às urnas neste domingo (23/02) em eleições legislativas para definir os novos membros do Parlamento (Bundestag). Apesar de ter superado o Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, a CDU/CSU não assegurou maioria entre as 630 cadeiras no Bundestag. Assim, a legenda ainda terá que costurar alianças com outras siglas para solidificar a ascensão de Merz ao posto e garantir a formação de um governo estável, um processo que pode se arrastar por semanas.
Até lá, Scholz deve permanecer no posto interinamente. Castigado por desaprovação recorde, o atual chanceler federal e o SPD obtiveram apenas 16,4% dos votos de legenda – o pior resultado em mais de um século –, levando o partido a cair para a terceira posição entre as maiores bancadas do Bundestag, algo que também não era observado desde o fim do século 19.

Com o resultado, Scholz vai se tornar o chanceler federal mais breve desde a reunificação do país, em 1990, tendo ficado menos de quatro anos no cargo.
Já a segunda maior bancada passará a ser a da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve 20,8% dos votos numa eleição dominada por questões como imigração, crise econômica e acusações de interferência externa. Com essa percentagem, a AfD dobrou seu eleitorado em relação ao último pleito, em 2021.
O Partido Verde, da idiota ‘verde’ Annalena Baerbock parceiros de Scholz na atual coalizão de governo, sofreram um leve declínio, aparecendo com cerca de 11,6% dos votos. Eles foram seguidos pelo partido A Esquerda (Die Linke), com 8,8%, uma marca que reverteu o desgaste sofrido pela legenda nos últimos anos.
Os resultados também apontam que o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) – cuja saída do governo, em novembro, levou à antecipação da eleição – ficou abaixo da cláusula de barreira de 5% e, por isso, ficará de fora do Bundestag.
Após horas de suspense, o mesmo ocorreu por estreita margem com a nova legenda populista de esquerda Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), que conquistou 4,972% dos votos de legenda, ficando abaixo da cláusula de barreira por meros 13 mil votos.
O fracasso da BSW em formar uma bancada deve ser encarado com alívio pelo bloco CDU/CSU de Merz, já que entrada da legenda teria pulverizado ainda mais o Bundestag, dificultando a formação de alianças.
A participação eleitoral neste domingo foi de 82,5%, a mais alta desde a Reunificação.
A ascensão de Merz
Nascido em 1955 em Brilon, na antiga Alemanha Ocidental, Merz ingressou na CDU ainda na adolescência. Formado em Direito, ele chegou a atuar como juiz antes de se candidatar a cargos eletivos. Estreou como eurodeputado em 1989. Na década seguinte, foi eleito para o Parlamento alemão.
Membro de um grupo rival interno ao da ex-chanceler Merkel na CDU, Merz acabou se afastando da política em 2009, passando a atuar no setor privado. Em 2018, com a aposentadoria de Merkel já no horizonte, voltou à política, tornando-se líder da CDU em 2021.

Social-democratas amargam derrota histórica
Com 16,4% dos votos no pleito, o SPD de Scholz obteve uma das piores votações da sua história. Em comparação com 2021, foram quase dez pontos percentuais a menos.
O resultado negativo só é comparável aos obtidos nos primeiros anos da legenda, entre os anos 1870 e 1880, durante o antigo Império Alemão. A última vez que o partido havia ficado abaixo da marca dos 20% foi no pleito de 1933, quando os nazistas já estavam no poder e a campanha foi marcada por intimidação.
Com o resultado deste domingo, os social-democratas caíram para a terceira posição entre as bancadas no Parlamento. Novamente um resultado histórico: a última vez que a legenda não ocupou o primeiro ou segundo lugares ocorreu em 1887. Com seus dias contados como chanceler, Scholz também será o líder de governo menos longevo desde a Reunificação, em 1990.
Scholz chegou ao poder em dezembro de 2021, na esteira de 16 anos de governo da ex-chanceler conservadora Angela Merkel, costurando uma inédita – pelo menos desde a Reunificação – tríplice coalizão para governar a Alemanha, formada pelo seu SPD, o Partido Verde e o FDP.
No início de novembro, o FDP saiu ruidosamente do governo. Sem os liberais, Scholz se viu na posição de líder de um governo de minoria e acabou abrindo caminho para eleições antecipadas – inicialmente, o pleito estava marcado para setembro.
Após a divulgação da boca de urna, neste domingo, Scholz falou de um “resultado eleitoral amargo”.