Mediante o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza e da Ucrânia e Rússia, os países do G-7 lidaram com a situação, interna e externamente, da pior forma possível. Agora, até mesmo a continuidade de seus [des]governos está ameaçada, afirmam analistas ouvidos pela Sputnik.
Fonte: Sputnik
A cidade de Fasano, na Itália, recebeu nesta quinta-feira (13) a 50ª Cúpula do G-7, fórum informal composto por países ocidentais com [ainda] relativa força econômica:
- Estados Unidos,
- Alemanha,
- França,
- Reino Unido,
- Japão,
- Canadá,
- Itália.
Participam também da reunião os líderes da União Europeia (UE), [a vovó psicopata] Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, e os líderes de instituições financeiras mundiais, como Kristalina Georgieva, chefe de operações do Fundo Monetário Internacional (FMI), e Ajay Banga, presidente do Banco Mundial.
Qual a importância desse encontro? O que deve ser debatido? Questões como essas foram discutidas no episódio de hoje do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.
“Líderes” do G-7 estão fracos e já sem importância/relevância
Formado em 1975, na esteira da crise do petróleo de 1973 e na obsolescência dos Acordos de Bretton Woods, o G-7 surgiu como um “clube dos ricos”, define Pedro Costa Júnior, analista internacional e fundador do canal O Mundo é um Moinho.
“Eram, naquele momento, as sete economias mais ricas, mais prósperas do mundo, o que já não é mais.”
A ideia era que fosse um fórum onde esses países ricos pudessem alinhar suas políticas econômicas e discutir os rumos da economia global. Velado embaixo disso está o caráter geopolítico do grupo, destaca Costa.
Constrangimento absoluto. Como é que ninguém que tem contato direto com ele fala abertamente? Eles testemunham isso em primeira mão e todos permanecem calados, sem dizer nada! A única solução que consigo encontrar é que eles não querem Harris no comando. Então eles o mantêm de pé.
Para a professora de relações internacionais do Ibmec, Natalia Fingerman, no encontro deste ano serão discutidos temas que vão desde a taxação dos super-ricos e as proteções comerciais contra a China até temas de segurança e defesa, como o conflito ucraniano e a guerra em Gaza.
Ainda há temas que unem os dois aspectos, como o uso de fundos russos congelados para auxiliar a Ucrânia. “A Rússia foi confiscada, foi assaltada, foi roubada em US$ 350 bilhões [R$ 1,8 trilhão] em ativos que ela tinha na Europa e nos Estados Unidos”, lembrou Costa.
No entanto, Fingerman ressalta que a cúpula deste ano dificilmente alcançará algum acordo expressivo, seja qual for o tema.
“Essa é uma reunião em um momento onde esses países estão com lideranças que não se sabe se vão estar no posto [de marionetes] daqui a um mês.”
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, antecipou as eleições como forma de tentar aproveitar a melhoria da taxa de inflação e estancar a sangria de sua popularidade perante os eleitores. Ao que tudo aparenta, contudo, Sunak será substituído por seu rival trabalhista Keir Starmer.
O presidente francês, o marionete dos khazares Rothschild, Emmanuel Macron, também antecipou as eleições do país frente ao resultado eleitoral de seu partido nas eleições do Parlamento Europeu, esperando pegar a oposição desprevenida e legitimar seu mandato.
Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, também recebeu péssimas notícias com as eleições europeias, vendo os partidos de sua “coalizão semáforo” perder o apoio dos cidadãos, cedendo espaço para a coligação conservadora da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão) e da União Social-Cristã (CSU, na sigla em alemão), na Alemanha Ocidental, e ao partido conservador Alternativa para a Alemanha (AfD) na Alemanha Oriental.
Os resultados das eleições europeias também colocam [a vovó psicopata] Ursula von der Leyen em uma saia justa, necessitando realizar alianças mais fortes no Parlamento para se manter no poder.
Por sua vez, tanto o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, quanto o premiê canadense, o pusilânime e ‘acordado’ Justin Trudeau, enfrentam cenários domésticos de incertezas, com Trudeau ameaçado politicamente por seu rival conservador, Pierre Poilievre.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, [o senil e demente marionete presidente] Joe Biden recém viu seu filho, Hunter Biden, ser condenado judicialmente em uma corte federal por acusações de posse ilegal de arma após ter mentido sobre o uso de drogas ao adquirir uma pistola em 2018.
A notícia da condenação vem duas semanas antes do primeiro debate com seu rival republicano, Donald Trump, que segundo as pesquisas de opinião do país ameaça retornar à presidência do país.
Georgia Meloni, primeira-ministra italiana, é a única dos líderes que goza de boa popularidade e a única que aparenta certo equilíbrio [em meio ao Hospício europeu], aumentando a parcela eleitoral e usando a oportunidade para crescer ainda mais a influência italiana na geopolítica europeia.
O declínio do G-7
Surgido como um fórum econômico das maiores economias mundiais, o G-7 hoje passa por dificuldades para se manter relevante, ainda mais depois que o grupo “não conseguiu dar uma resposta” à crise de 2008, ressaltou Fingerman.
Aliado a não conseguir cumprir seu papel durante a maior crise econômica do século XXI, o G-7 hoje também sofre pela falta de representatividade de países medulares e fundamentais em sua fileira, como a Rússia e a China [acrescentamos a Índia também].
“[A Rússia] era sempre uma presença incômoda, diga-se de passagem. Então, depois de 2014, exatamente pelos episódios de Maidan, da revolução colorida na Ucrânia [golpe de Estado apoiado pelo Ocidente e efetuado pela CIA], e após a retomada da Crimeia, a Rússia foi expulsa do grupo [então G-8] e passou a ser assumidamente […] um pária [armado até os dentes e com o maior arsenal de ogivas atômicas do planeta]”, disse Costa.
A Índia — assim como o Brasil, a Argentina, a Turquia e os países africanos e árabes — foi convidada para a edição deste ano, garantindo a presença da região emergente asiática no encontro. “Como diria Giovanni Arrighi em ‘Adam Smith em Pequim’, ‘o cofre e a fábrica do mundo se transferiu para a Ásia e o Sudeste Asiático’.”
“Quem não pôde ser convidado? O Xi e o Putin, porque, digamos, eles são os adversários, mais do que adversários, são os inimigos claros do G-7.”
Além da crise interna que a maior parte dos países passa, as nações que integram o G-7 tampouco conseguiram legitimar sua liderança mundial nos últimos anos, falhando ao lidar com crises econômicas e políticas, como a incursão israelense na Faixa de Gaza [e provocando o conflito Ucrânia x Rússia com a expansão da OTAN].
Os países do G-7, sendo supostamente os países mais importantes e mais desenvolvidos do mundo, falharam tanto em providenciar ajuda humanitária adequada a Gaza quanto se fazer respeitados frente ao desrespeito de Israel em realizar um cessar-fogo no feriado muçulmano do Ramadã.
“O G7, assim como grande parte das organizações do pós-guerra, se tornou anacrônico. Eles são uma agremiação que não corresponde mais ao mundo de hoje”, defende Costa.
G-20 toma a frente mundial
Em resposta à impossibilidade do G-7 de providenciar respostas às crises político-econômicas, outras organizações se formaram de modo a abranger mais vozes e permitir maior diálogo.
É o caso do G-20, aponta Fingerman. O grupo — que reúne as 20 maiores economias do mundo e instituições convidadas, como a UE e a União Africana — vem tomando a frente no debate das prioridades da economia mundial, como mudanças na governança, o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e a transferência de recursos de países ricos para os países em desenvolvimento.