O Fim dos Dias: Armagedom e Profecias do Retorno (dos ‘deuses’ Anunnaki)- (7)

(Zecharia Sitchin)“Quando eles retornarão?” – Fui indagado inúmeras vezes com essa pergunta por pessoas que leram meus livros; “eles” são os Anunnakis – os (“deuses”) extraterrestres que estiveram na Terra, vindos do planeta Nibiru, e que foram reverenciados na Antiguidade na antiga Suméria [atual Iraque-Irã] como deuses [criadores do Adão/Eva de barro, a nossa humanidade atual]. Quando será que Nibiru, com sua órbita alongada, retornará às cercanias de nosso sistema solar, vindo de Sírius, e, então, o que acontecerá?

Do livro: O Fim dos Dias: Armagedom e Profecias do Retorno (dos ‘deuses’ Anunnaki) (Zecharia Sitchin)

7 – O Destino Tinha Cinqüenta Nomes

A utilização de armas nucleares no final do século XXI a.C. conduziu – “com um boom”, pode-se dizer – à Era de Marduk. Foi, em quase todos os aspectos, verdadeiramente uma Nova Era, mesmo na maneira que entendemos o termo nos dias atuais. Seu maior paradoxo foi que, enquanto fez com que o homem olhasse para os céus, fez com que os deuses dos céus descessem para a Terra. As mudanças que a Nova Era forjou nos afetam até hoje.

Para Marduk, a Nova Era foi um acerto de contas, uma ambição alcançada, profecias cumpridas. O preço pago – a desolação da Suméria, a saída de seus deuses, a dizimação de seu povo – não havia sido de sua responsabilidade. Se serviu para algo, foi para punir aqueles que ficaram no caminho do Destino. A inesperada tempestade nuclear, o Vento do Mal, e o seu curso que parecia guiado seletivamente por uma mão invisível, apenas confirmaram o que os Céus haviam proclamado: a Era de Marduk, a Era de Áries, havia chegado.

A mudança da Era Astronômica do Touro para a Era de Áries foi celebrada e marcada especialmente na terra natal de Marduk, o Egito. Descrições astronômicas dos céus (tais como o templo de Denderah, veja figura 20) mostravam a constelação de Áries como o ponto focal do ciclo zodiacal. Listas das constelações
zodiacais começam não com a de Touro, como na Suméria, mas sim com a de Áries (Figura).

As manifestações mais impressionantes eram as fileiras de esfinges com cabeça de carneiro que flanqueavam o trajeto da procissão aos grande templo de Karnak em Luxor [antiga Tebas, capital do Alto Egito], cuja construção, pelos faraós do recente estabelecido Médio Império, começou assim que Rá/Marduk atingiu a supremacia. Esses faraós tinham nomes teofóros que veneravam Amon [o deus com cabeça de Carneiro, Áries].

Esfinges com cabeça de carneiro que flanqueiam o trajeto da procissão ao grande templo de Karnak em Luxor

Amém, de forma que tanto os templos como os reis fossem dedicados a Marduk/Rá como Amon, O Invisível, tendo em vista que Marduk se ausentara do Egito, selecionando a Babilônia, na Mesopotâmia, como sendo sua Cidade Eterna.

Ambos, Marduk e Nabu, sobreviveram sem danos ao armagedon nuclear radioativo “divino”. Apesar de Nabu ter sido o alvo pessoal de Nergal/Erra, ele aparentemente se escondeu em uma das ilhas mediterrâneas e conseguiu sair ileso. Textos subseqüentes indicam que ele recebeu seu próprio centro de culto na Mesopotâmia, chamado de Borsippa, uma nova cidade situada próxima à Babilônia de seu pai, mas continuou vagando e venerando suas favoritas terras do Ocidente. Sua veneração, tanto lá como na Mesopotâmia, é confirmada pelos lugares sagrados nomeados em sua honra – tais como o Monte Nebo, próximo ao Rio Jordão (onde Moisés morreu posteriormente) – e os nomes teóforos reais (tais como Nabo-pol-assar, Nebo-chad-nezzar e muitos outros) pelos quais os famosos reis da Babilônia eram chamados. E seu nome Nebo, como já observamos, tornou-se sinônimo de “profeta” e profecia por todo o antigo Oriente Médio.

O próprio Marduk, como recordaremos, perguntava-se: “Até quando?”, do seu posto de comando em Harran, quando ocorreram os eventos fatais. Em seu texto autobiográfico, A Profecia de Marduk, ele previu a vinda do Tempo Messiânico, quando os deuses e os homens reconheceriam sua supremacia, quando a paz reinaria e a abundância iria banir o sofrimento, quando um rei de sua escolha “fará da Babilônia a mais importante”, com o templo Esagil (palavra para “templo”) erguendo-se ao céu:

Um rei na Babilônia surgirá; na minha cidade Babilônia, em seu centro, meu templo ao céu ele erguerá;
como uma montanha Esagil ele renovará, o plano terreno do Céu-Terra, pois como uma montanha Esagil ele planejará; o Portal do Céu se abrirá.
Na minha cidade, Babilônia, um rei surgirá; em abundância ele residirá; minha mão ele pegará, ele me guiará em procissões… Em minha cidade e em meu templo Esagil na eternidade deverei entrar.

Aquela nova Torre de Babel, no entanto, não foi feita com a intenção (como foi no caso da primeira) de servir como torre de lançamento. A sua supremacia, reconhecia Marduk, estava agora sendo impulsionada não pela posse de uma conexão espacial física, mas pelos “Signos do Céu” – pelo passagem do Tempo Celestial zodiacal, pela posição e movimento dos corpos celestes, o Kakkabu (estrelas/planetas) do céu.

Consequentemente, ele previu o futuro Esagil como o observatório astronômico do reino, fazendo com que o Eninnu de Ninurta e os vários Stonehenges [templos megalíticos astronômicos] construídos por Thoth se tornassem redundantes. Quando o Esagil foi eventualmente construído, era um zigurate erguido de acordo com os planos detalhados e precisos (Figura): sua altura, seu espaçamento entre sete estágios e sua orientação eram de tal forma que seu topo apontava diretamente para a estrela Iku – a estrela-guia da constelação de Áries – em cerca de 1.960 a.C.

Zigurate Esagil

O armagedom radioativo nuclear e suas consequências despropositais resultaram em um final abrupto do debate sobre a quem pertencia a era zodiacal; o Tempo Celestial passara a ser o Tempo [Era] de Marduk. Mas o planeta dos deuses, Nibiru, ainda estava orbitando e controlando o Tempo Divino – e a atenção de Marduk se voltara para isso. Como seu texto Profecia deixa claro, agora ele havia previsto os sacerdotes astrônomos vasculhando os céus das posições do zigurate em busca do “planeta correto de Esagil”:

Conhecedores de presságio, colocados a postos,
devem então subir ao seu centro.
Esquerda e direita, em lados opostos,
eles devem permanecer separados.
O rei então se aproximará;
O correto Kakkabu de Esagil
sobre a terra [ele observará].

Nascia uma Religião-Estrela. O deus – Marduk – tornara-se uma estrela; uma estrela (que nós chamamos de planeta) – Nibiru – tornara-se “Marduk”. A religião tornara-se Astronomia, a Astronomia tornara-se Astrologia. De acordo com a nova Religião Estrela, o Épico da Criação, Enuma Elish, fora revisado em sua versão babilônica para conceder a Marduk uma dimensão celestial: ele não só viera de Nibiru – ele era Nibiru.

Escrito em “babilônico”, um dialeto vindo do acadiano (a lingua-mãe semita), Marduk ficou sendo o mesmo que Nibiru, o planeta natal dos anunnakis, e deu o nome de “Marduk” à Grande Estrela/Planeta que tinha vindo do espaço longínquo [desde o sistema estelar triplo de Sírius, na Constelação do Cão Maior] para vingar tanto o Enki-Ea celestial como o Enki-Ea da Terra (Figura). Logo, fez de “Marduk” o “Senhor” no Céu como da Terra. O seu Destino – nos céus, a “sua órbita” – era maior do que o de todos os deuses celestiais (os outros planetas) (veja figura 1); em paralelo a isso, ele estava destinado a ser o maior dos deuses anunnakis na Terra.

O Épico da Criação revisado era lido publicamente na quarta noite do festival de Ano Novo. Creditou a Marduk a derrota do “monstro” Tiamat na Batalha Celestial, a criação da Terra e a remodelação do sistema solar – todas as façanhas que, na versão suméria original, eram atribuídas ao planeta Nibiru como parte de uma cosmogonia científica sofisticada. A nova versão agora era de Marduk, incluindo a “adaptação artística” do “homem”, com o desenvolvimento do calendário e a escolha da Babilônia como sendo o “Umbigo da Terra”.

O festival de Ano Novo – o evento religioso mais importante do ano – começou no primeiro dia do mês Nissan [sétimo mês do calendário hebraico], coincidindo com o Equinócio Vernal. Chamado na Babilônia de “festival Akiti”, desenvolvia-se ali uma celebração que durava 12 dias do festival de dez dias sumérios A.KI.TI (“Na Terra Gere Vida”). Era conduzido de acordo com cerimônias definidas de forma bem elaborada e rituais prescritos que encenavam (na Suméria) o conto de Nibiru e a vinda dos Anunnakis [os Anjos Caídos/Watchers/Vigilantes] à Terra, assim como (na Babilônia) a história da vida de Marduk. Incluía episódios das Guerras das Pirâmides, quando ele foi sentenciado a morrer em uma tumba selada, e sua “ressurreição” quando foi trazido de volta à vida; de seu exílio, para se tornar o invisível; e o seu retorno vitorioso final.

Procissões, idas e vindas, aparições e desaparições, incluindo uma paixão representada por atores que visual e vividamente apresentavam Marduk ao povo como um deus sofredor – sofrendo na Terra, mas finalmente vitorioso ao ganhar a supremacia sobre os demais “deuses” por meio de uma contraparte celestial. (A história de Jesus do Novo Testamento era tão parecida que estudiosos e teólogos na Europa debateram no século passado se Marduk era o “Protótipo de Jesus”.)

As cerimônias consistiam em duas partes. A primeira envolvia uma jornada solitária de barco feita por Marduk, subindo e cruzando o rio em direção a uma estrutura chamada Bit Akiti (“Casa de Akiti”); a outra, acontecia dentro da própria cidade. É evidente que a parte solitária simbolizava a jornada celestial de Marduk vindo da localização distante de seu planeta natal no espaço [Nibiru] até entrar no interior do sistema solar, uma jornada em um barco sobre as águas, de acordo com o conceito de que o espaço interplanetário era uma primitiva “profundeza aquática” a ser atravessada por “barcos celestiais” (naves espaciais). Esse conceito era representado geograficamente na arte egípcia, em que os deuses celestiais eram descritos como atravessando os céus em “barcos celestiais” (Figura 44).

As festividades populares baseavam-se no retorno bem-sucedido de Marduk do distante e solitário Bit Akiti. Essas cerimônias públicas e alegres se iniciavam com Marduk no cais sendo saudado pelos outros deuses, e o seu acompanhamento pelo rei e pelos sacerdotes na Procissão Sagrada, assistidas por multidões cada vez maiores. As descrições da procissão e o seu trajeto eram tão detalhados que ajudaram a guiar os arqueólogos que escavaram a antiga Babilônia.

Dos textos inscritos nas tábuas de argila e da topografia escavada da cidade, constatou-se que havia sete estações, nas quais a procissão sagrada fazia parada para os rituais prescritos. As estações apresentavam nomes sumérios e acadianos e simbolizavam (em sumério) as jornadas dos anunnakis dentro do sistema solar (de Plutão à Terra, o sétimo planeta) e (em babilônico) as “estações” na história da vida de Marduk: seu nascimento divino no “Lugar Puro”; como seu direito de primogenitura, seu direito à supremacia, foi negado; como ele foi sentenciado à morte; como foi enterrado (vivo, na Grande Pirâmide); como foi resgatado e ressuscitado; como foi banido e forçado ao exílio; como, no final, mesmo os grande deuses, Anu e Enlil, curvaram-se ao destino e o proclamaram supremo.

O Épico da Criação sumério original se estende por seis tábuas (comparado com os seis dias bíblicos da criação). Na Bíblia, Deus descansou no sétimo dia, usando este para rever Sua obra. A revisão babilônica do Épico culminou com o acréscimo da sétima tábua que estava totalmente devotada à glorificação de Marduk ao concedê-lo 50 nomes – um ato que simbolizava que ele havia assumido a Graduação de Cinqüenta, que até então pertencera a Enlil (e à qual Ninurta também se candidatara).

Começando com seu nome tradicional MAR.DUK, “Filho do Lugar Puro”, os nomes – alternando entre sumérios e acadianos – concediam a ele epítetos que iam de “Criador de Tudo” a “Senhor que moldou o Céu e a Terra” e outros títulos relacionados à batalha celestial com Tiamat e a criação da Terra e da Lua: “À frente de todos os deuses”; “Distribuidor de tarefas aos igigis e aos anunnakis” e o Comandante deles; “O deus que mantém a vida… o deus que revive os mortos”; “Senhor de todas as terras”, o deus cujas decisões e benevolência sustentam a humanidade, o povo que ele moldou; “Concedente do cultivo”, que faz chover para enriquecer as plantações, que distribui os campos e que “colhe abundância”, tanto para os deuses como para o povo.

Finalmente, a ele foi concedido o nome de NIBIRU, “Aquele que deterá a posse da Travessia do Céu e da Terra”:

O Kakkabu que nos céus é brilhante…
Aquele que a Profundeza Aquática incessantemente percorre –
Deixai que “Travessia ” seja teu nome!
Que ele controle os cursos das estrelas no céu,
que ele conduza os deuses celestiais como rebanho de ovelhas.

“Com o título ‘Cinqüenta’ os grandes deuses o proclamaram; aquele cujo nome é ‘Cinquenta’ os deuses tornaram supremo”, o longo texto declara no final. Quando a leitura das sete tábuas terminou, após durar a noite toda – provavelmente já ao amanhecer -, os sacerdotes que conduziram o ritual fizeram os seguintes pronunciamentos prescritos:

Permiti que os Cinquenta Nomes sejam mantidos na mente…
Permiti que o sábio e o conhecedor discutam sobre eles.
Permiti que o pai recite-os ao seu filho,
Permiti que os ouvidos dos pastores de ovelhas e vaqueiros fiquem abertos.
Permiti-lhes que se regozijem com Marduk, o “Enlil” dos deuses,
aquele cuja ordem é firme, cujo comando é inalterável;
a palavra da sua boca ninguém poderá mudar.

Quando Marduk apareceu diante das pessoas, ele estava vestido em trajes magníficos que sobrepujavam os simples trajes de lã dos antigos deuses da Suméria e Acádia (Figura 45).

Apesar de Marduk ser um deus invisível no Egito, sua veneração e aceitação acabaram chegando por lá de forma rápida. Um hino para Rá-Amon que glorificava o deus por meio de uma variedade de nomes simulando os Cinqüenta Nomes acadianos chamava-o de “Senhor dos Deuses, que o Contemplam no Horizonte” – um deus celestial – “Aquele que Fez Toda a Terra”, assim como um deus na Terra “que criou a humanidade e fez as bestas, que criou as árvores frutíferas, fez as ervas e deu vida ao gado” – um deus “para quem o sexto dia é celebrado”. Os retalhos de similaridades entre os contos da criação mesopotâmico e bíblicos são claros.

De acordo com estas expressões de fé, na Terra, no Egito, Rá/Marduk era um deus invisível porque a sua principal moradia era em outro lugar – um longo hino na realidade se refere à Babilônia como o lugar onde os deuses estão em júbilo por sua vitória (estudiosos, no entanto, sugerem que a referência não está relacionada à Babilônia mesopotâmica, mas a uma cidade pelo mesmo nome localizada no Egito). Nos céus, ele era invisível porque “está distante no céu”, porque ele foi “para trás dos horizontes… à altura do céu”. O símbolo do reino do Egito – um disco alado geralmente flanqueado por serpentes – é, na maioria das vezes, explicado com um disco solar “porque Rá era o Sol”, mas, de fato, era o símbolo antigo de Nibiru (Figura 46) que se encontrava em toda parte do mundo, e era Nibiru que havia se tornado uma distante “estrela” invisível.

O fato de Rá/Marduk ter ficado fisicamente ausente do Egito fez com que sua Religião Estrela fosse expressa na sua forma mais clara naquela civilização. Lá, Aten, a “Estrela de Milhões de Anos”, representando Rá/Marduk em seu aspecto celestial, tornou-se A Invisível porque estava “distante no céu”, porque havia ido “para trás do horizonte”. A transição para a Nova Era de Marduk e a nova religião não foram aceitas de forma tão suave nas terras enlilitas. Primeiro, o sul da Mesopotâmia e as terras ocidentais que estavam no trajeto do vento venenoso tinham que se recuperar do seu impacto radioativo.

A calamidade que se sucedeu na Suméria, como recordaremos, não foi por causa da explosão nuclear em si, mas sim pelo subseqüente vento radioativo. As cidades foram esvaziadas de seus residentes e rebanhos, mas fisicamente não haviam sofrido danos. As águas estavam envenenadas, mas a corrente dos dois grandes rios Tigre e Eufrates logo corrigiu isso. O solo absorveu o veneno radioativo, e levou mais tempo para se recuperar; mas isso também melhorou com o passar do tempo. Assim, foi possível que as pessoas lentamente voltassem a repovoar e reabitar a terra desolada.

O primeiro registro de um governante administrativo no Sul devastado foi um ex-governador de Mari, uma cidade situada no extremo noroeste do Rio Eufrates. Descobrimos que “ele não era uma semente suméria”; seu nome, Ishbi-Erra, era, na realidade, um nome semita. Ele estabeleceu suas bases na cidade de Isin, e de lá coordenou os esforços para ressuscitar as outras principais cidades, mas o processo era lento, difícil e, às vezes, caótico. Seus esforços para a reabilitação foram continuados por vários sucessores, que também traziam nomes semitas, a reconhecida “Dinastia de Isin”. Juntando todos, levaram quase um século para restaurar Ur, o centro econômico da Suméria, e finalmente Nippur, o tradicional coração religioso da região; mas até então esse processo de uma cidade por vez encontrara desafios de outros governantes de cidades locais, sendo que a Suméria de outrora continuou sendo uma terra fragmentada e falida.

Mesmo a própria Babilônia, apesar de ter ficado fora da trajetória direta do Vento do Mal, precisava de um país restaurado e repovoado se quisesse reerguer-se ao tamanho e ao status imperial, e não obteve a grandiosidade das profecias de Marduk por um bom tempo. Mais de um século se passou até que uma dinastia formal, chamada por estudiosos de Primeira Dinastia da Babilônia, fosse instaurada no trono (cerca de 1.900 a.C.). Ainda assim, outro século se passou até que um rei viveu à altura da grandeza profetizada e sentou no trono da Babilônia; seu nome era Hammurabi. Ele é mais conhecido pelo código de leis que proclamou – leis registradas em uma estela de pedra que os arqueólogos descobriram (e que está agora no Louvre de Paris).

Ainda assim, levou uns dois séculos até que a visão profética de Marduk relacionada à Babilônia pudesse se concretizar. As fracas evidências do período pós-calamidade – alguns estudiosos referem-se ao período que seguiu a morte de Ur como sendo a Época das Trevas na história mesopotâmica – sugerem que Marduk permitiu que outros deuses – incluindo seus adversários – cuidassem da recuperação e do repovoamento de seus antigos centros de culto, mas é duvidoso que tenham aceito seu convite. A recuperação e reconstrução que foram iniciadas por Ishbi-Erra começou em Ur, mas não há menção alguma de que Nannar/Sin e Ningal tenham retornado a Ur.

Há uma citação da presença ocasional de Ninurta na Suméria, especialmente no que diz respeito ao seu guarnecimento pelas tropas de Elam e Gutium, mas não há registro de que ele ou sua esposa, Bau, tenham jamais retornado à sua querida Lagash. Os esforços feitos por Ishbi-Erra e seus sucessores em restaurar os centros de culto e seus templos culminaram – depois da passagem de 72 anos – em Nippur, mas não há menção de que Enlil e Ninlil tenham retomado sua residência por lá. Para onde eles foram?

Um caminho para chegar nesse assunto intrigante seria apurar o que o próprio Marduk – agora o deus
supremo e julgando que devia dar ordens a todos os anunnakis – havia planejado para eles. As evidências textuais e outras evidências daquele tempo mostram que a subida de Marduk à supremacia não havia posto fim ao politeísmo – as crenças religiosas em vários deuses. Pelo contrário, sua supremacia dependia da continuação do politeísmo, pois, para ser supremo sobre os outros deuses, era necessário que houvesse a existência de outros deuses. Ele estava satisfeito em deixá-los como estavam, contanto que suas prerrogativas fossem sujeitas ao seu controle; uma tábua babilônica registrou (na sua porção não danificada) a seguinte lista de atributos divinos que haviam sido, a partir de então, associados a Marduk:

  • Ninurta é Marduk da enxada
  • Nergal é Marduk do ataque
  • Zababa é Marduk do combate
  • Enlil é Marduk do senhorio e do conselho
  • Sin é Marduk, o iluminador da noite
  • Shamash é Marduk da justiça
  • Adad é Marduk das chuvas

Os outros deuses haviam permanecido, assim como seus atributos, mas agora tinham os atributos que ele havia concedido a eles. Ele permitiu que suas venerações continuassem; o próprio nome do governante/administrador interino no sul, Ishbi-Erra (“Sacerdote de Erra”, isto é, de Nergal) confirma sua política tolerante. Mas o que Marduk esperava era que eles viessem e ficassem com ele em sua contemplada Babilônia – prisioneiros em gaiolas douradas, poder-se-ia dizer.

Em suas Profecias autobiográficas, Marduk mostra claramente suas intenções em relação aos outros deuses, incluindo seus adversários: era para eles irem e morarem ao lado dele, no distrito sagrado da Babilônia. Santuários ou pavilhões para Sin e Ningal, onde residiriam – “junto com seus tesouros e posses”! -, foram especificamente mencionados. Textos descrevendo a Babilônia, e escavações arqueológicas na região mostram que, de acordo com os desejos de Marduk, o distrito sagrado da Babilônia também incluía santuários residenciais dedicados a Ninmah, Adad Shamas e até Ninurta.

Quando a Babilônia finalmente se elevou a potência imperial – sob Hammurabi – seu templo-zigurate de fato alcançou os céus; o grande rei profetizado se sentou no trono no tempo correto; mas para o seu distrito sagrado e repleto de sacerdotes, os outros deuses não foram. Essa manifestação de Nova Religião não se realizou.

Observando o registro estelar do Código de Leis de Hammurabi (Figura 47), nós o vemos recebendo as leis não de outro que não fosse Utu/Shamash – o próprio, de acordo com a lista indicada acima, cujas prerrogativas como deus da Justiça pertenciam agora a Marduk; e o preâmbulo inscrito na estela
invocava Anu e Enlil – aquele cujos “Senhorio e Conselho” haviam sido presumidamente tomados por Marduk – como os deuses a quem Marduk agradecia por seu status:

Eminente Anu,
Senhor dos deuses que do céu à Terra veio,
e Enlil, Senhor do Céu e da Terra
que determina os destinos da Terra,
determinou a Marduk, o primogênito de Enki,
as funções de Enlil sobre toda a humanidade.

Esses reconhecimentos do contínuo fortalecimento dos deuses enlilitas, dois séculos depois que a Era de Marduk havia começado, refletem o que estava acontecendo: eles não se recolheram no distrito sagrado de Marduk. Dispersos da Suméria, alguns acompanharam seus seguidores para terras longínquas nos quatro cantos da Terra; outros permaneceram nas proximidades, reunindo seus seguidores, antigos e novos, para renovarem o desafio contra Marduk.

O sentimento de que a Suméria não era mais uma terra natal está claramente expresso nas instruções divinas passadas a Abrão de Nippur – no momento da revolta nuclear – para “semitizar” seu nome para Abraão (e o da sua esposa, de Sarai para Sarah), e para fixar sua permanente residência em Canaã. Abraão e sua esposa não eram os únicos sumérios em busca de um novo refúgio. A calamidade nuclear despertara movimentos migrantes em uma escala nunca vista antes. A primeira onda de pessoas estava longe das terras afetadas; seu aspecto mais significativo, e aquele com os efeitos mais duradouros, foi a dispersão dos remanescentes da Suméria para longe da própria Suméria. A seguinte onda de migrantes
foi para o interior daquela terra abandonada, vinda de ondas de todas as direções.

Seja qual for a direção que essas ondas de migração tomaram, os frutos de 2 mil anos da civilização suméria foram adotados por outras pessoas nos dois milênios seguintes. De fato, apesar de a Suméria como uma entidade física ter sido esmagada atomica e radioativamente, as realizações alcançadas por sua civilização ainda permanecem conosco até hoje – basta olhar para o seu calendário de 12 meses, ver a hora no seu relógio que mantém o sistema sexagesimal sumério (“base sessenta”), consultar o zodíaco astrológico de doze casas celestiais, ou dirigir o seu aparelho mecânico sobre rodas (um carro).

A evidência de uma diáspora suméria que se espalhou com sua linguagem, escrita, religiões, símbolos, costumes, conhecimento celestial, crenças e deuses surge em várias formas. A parte as generalidades – a religião baseada em um panteão de deuses que vieram dos céus, uma hierarquia divina, epíteto para deuses que significam o mesmo em diferentes idiomas, conhecimento astronômico que inclui um planeta natal dos deuses, zodíaco com suas 12 casas, contos sobre a criação virtualmente idênticos e memórias de deuses e semideuses que os estudiosos tratam como “mitos” – há uma gama de incríveis similaridades específicas que não podem ser explicadas de outra forma que não seja por meio da real presença dos sumérios.

Foram expressas na disseminação na Europa do símbolo da Águia Dupla de Ninurta (Figura 48); o fato de que três idiomas europeus – o húngaro, o finlandês e o basco – eram parecidos apenas com o sumério; a descrição que se espalhou por todo o mundo – inclusive na América do Sul – de Gilgamesh combatendo dois ferozes leões com as próprias mãos (Figura 49).

Representação de Marduk

No Extremo Oriente, há uma clara similaridade entre as escritas cuneiforme sumérias e os manuscritos da China, da Coreia e do Japão. A similaridade não está apenas na escrita: muitos hieróglifos são identicamente pronunciados e apresentam também os mesmos significados. No Japão, a civilização tem sido atribuída a uma enigmática tribo antepassada chamada AINU. A família do imperador é considerada como sendo de uma linhagem de semideuses que desceram do deus-Sol, e as cerimônias de posse de um novo rei incluem uma secreta estadia noturna solitária com a deusa do Sol – uma cerimônia ritual que de forma fantástica segue o mesmo passo dos rituais de Casamento Sagrado na antiga Suméria, quando o novo rei passava a noite com Inanna/Ishtar.

Nas Quatro Regiões de colonização Anunnaki originais, as ondas migratórias de diversos povos despertados pela calamidade radioativa e a Nova Era de Marduk, muito parecido com enchentes e transbordamento de rios e riachos depois de chuvas torrenciais, enchiam as páginas de subsequentes séculos com a subida e a queda de nações, estados e cidades-estados.

No vácuo sumério, recém-chegados vinham das proximidades e de regiões longínquas; suas arenas, seus palcos principais, permaneceram no que pode ser corretamente chamado de as Terras da Bíblia. De fato, até o advento da Arqueologia moderna, muito pouco ou nada se sabia sobre a maioria delas, exceto pelas menções feitas nos escritos hebraicos; ela proporcionou não apenas um registro sobre aqueles vários povos, mas também sobre os seus “deuses nacionais” – e sobre as guerras combatidas em nome daqueles deuses.

Mas então, nações como as hititas, estados como Mitanni, ou capitais reais como Mari, Carchemish ou Susa, que eram quebra-cabeças repletos de dúvidas, foram literalmente escavadas pela Arqueologia; nas suas ruínas foram encontrados não apenas artefatos intrigantes, mas também centenas de tábuas de argila com inscritas cuneiformes que trouxeram à luz sua existência e também a extensão de suas dívidas para com o legado sumério. Virtualmente em qualquer lugar, encontramos “primeiro” os sumérios em ciência e tecnologia, literatura e arte, reinado e sacerdócio, servindo como base sobre a qual as subseqüentes culturas foram desenvolvidas.

Na Astronomia, a terminologia, as fórmulas orbitais, as listas planetárias e os conceitos zodiacais sumérios foram todos retidos. A escrita cuneiforme suméria manteve-se em uso por mais mil anos, e em seguida mais ainda. O idioma sumério foi estudado, os léxicos compilados e os contos épicos sumérios sobre deuses e heróis foram copiados e traduzidos. Assim que os diversos idiomas daquelas nações foram decifrados, descobriu-se que seus deuses eram, acima de tudo, membros do antigo panteão anunnaki.

Será que os próprios deuses enlilitas acompanharam seus seguidores quando tal replantio de conhecimento e de crenças sumérias ocorreu em terras bem mais distantes? Os dados não são conclusivos. Mas o que é historicamente certo é que, dentro de dois ou três séculos da Nova Era, nas terras que fazem fronteira com a Babilônia, aqueles que supostamente deveriam ter se tornado os convidados de Marduk, embarcaram em tipo renovado de afiliações religiosas: As Religiões de Estados Nacionais.

Marduk pode ter ostentado os Cinquenta nomes divinos; mas isso não evitou que, dali em diante, nação lutasse contra nação e homens matassem homens “em nome de deus” – os deuses deles.


“A sabedoria (Sophia) clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras:  “Até quando vocês, inexperientes, irão contentar-se com a sua inexperiência? Vocês, zombadores, até quando terão prazer na zombaria? E vocês, tolos [ignorantes], até quando desprezarão o conhecimento?  Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber as minhas palavras [o conhecimento]”. – Provérbios 1:20-23


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