Guerra na Ucrânia: da cautela ao pânico francês… O que a mudança de Macron esconde

O que aconteceu ao presidente quando considerou enviar tropas francesas para lutar contra os russos na Ucrânia? Vários relatórios confidenciais da defesa explicam o “PÂNICO” no Eliseu, onde líderes partidários foram convidados na quinta-feira, 7 de março, para discutir o assunto. Na frente da guerra, os russos estão numa posição de força e na ofensiva. Contudo, foi necessário, face a vitória de Putin, brandir uma ameaça [“bravata”] insustentável?

Guerra na Ucrânia: da cautela ao pânico francês… O que a mudança de Macron esconde

Fonte: Marianne.net/monde

Ao não descartar o envio de soldados franceses para a Ucrânia, Emmanuel Macron causou protestos por toda a Europa e recebeu a rejeição americana. Vários soldados franceses, entrevistados por Marianne,  dizem que “caíram do armário”.

“Não devemos nos enganar, enfrentando os russos, somos um exército de líderes de torcida! », zombou um oficial superior francês, convencido de que “enviar tropas francesas” para a frente ucraniana seria simplesmente “não razoável”. No Eliseu, assumimos a posição: “O presidente queria enviar um sinal forte”, escorrega um assessor, usando a fórmula “observações milimétricas e calibradas”.

No Ministério das Forças Armadas da França, na comitiva de Sébastien Lecornu, defendemos as palavras presidenciais: “O estado das forças na Ucrânia é muito preocupante. As palavras do presidente apelam a um começo e mostram que estamos num ponto de viragem”. Como chegamos aqui? Vários relatórios confidenciais da defesa, que Marianne pôde consultar, falam de uma “situação crítica” na guerra para a Ucrânia. Explicação em três observações, longe dos discursos oficiais.

A conversa do presidente francês Emmanuel Macron sobre talvez o envio de tropas francesas para ajudar Kiev pode ter sido estimulada por três avaliações produzidas pelos militares franceses que pintaram um quadro terrível do conflito na Ucrânia, segundo a revista Marianne.

Os relatórios, que de alguma forma chegaram às mãos do semanário, argumentavam que a Ucrânia destruiu a sua força treinada pelo Ocidente na fracassada ofensiva de 2023, ficou sem homens para mobilizar e que a sua recente perda em Avdeevka mostra que não consegue sequer manter a linha de frente contra a Rússia.

A Ucrânia não pode vencer esta guerra militarmente”, conclui o primeiro relatório, escrito no outono de 2023, após a desastrosa ofensiva terrestre de Kiev. Ele elogia as forças russas como o novo padrão “tático e técnico” de como conduzir operações defensivas e desmascara o mito das PRE$$TITUTA$ ocidentais dos “ataques à carne”.

Se o Ocidente continuar procurando uma solução militar na Ucrânia seria “o mais grave erro de análise e julgamento”, dizia o documento confidencial, segundo Marianne.

O segundo relatório, que delineia as perspectivas para 2024, diz que Kiev precisa de 35 mil homens por mês, mas está “recrutando menos de metade” desse número, enquanto a Rússia recruta 30 mil voluntários mensalmente. Entretanto, a ofensiva de 2023 “destruiu taticamente” metade das 12 brigadas de combate de Kiev [e segundo o MoD da Rússia, a Ucrânia já perdeu cerca de 444 mil homens no conflito].

“O Ocidente pode fornecer impressoras 3D para fabricar drones ou munições ociosas, mas nunca será capaz de imprimir homens”, afirma o relatório. Uma solução aconselhada foi o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia para realizar tarefas de apoio na retaguarda, libertando os ucranianos restantes para o trabalho na difícil linha da frente.

O segundo relatório também reconheceu que as forças especiais ocidentais“soldados à paisana” tinham uma presença muito maior na Ucrânia do que oficialmente era reconhecida, incluindo “alguns britânicos”, bem como comandos navais franceses [fora os agentes da CIAe mercenários de vários países] que treinavam os ucranianos.

O terceiro, último e mais recente relatório, que fez os observadores militares franceses “suarem frio”, descreveu a Batalha de Avdeevka como uma possível “derrota” das forças ucranianas. Descreveu como a Rússia criou o “inferno” para as tropas ucranianas ao usar enormes bombas planadoras para infligir mais de 1.000 vítimas por dia à Ucrânia. O documento francês também descreveu a retirada ucraniana de 17 de Fevereiro como “repentina e despreparada”.

Estas bombas modernizadas provaram ser “dramaticamente” eficazes contra as forças ucranianas, como observado por especialistas ocidentais e meios de comunicação como o Washington Post e a CNN, porque as tropas de Kiev não conseguem defender-se eficazmente contra tais munições. 

Com a sua capacidade de percorrer longas distâncias com precisão, as bombas equipadas com UMPC podem ser disparadas de jactos russos bem fora do alcance efetivo dos sistemas de defesa aérea existentes em Kiev, deixando as forças ucranianas incapazes de se defenderem contra elas. 

No final de Fevereiro, Macron argumentou aos membros da OTAN que todas as opções para ajudar a Ucrânia deveriam estar “sobre a mesa”, implicando a possibilidade de enviar tropas terrestres francesas. Contudo, a ideia foi publicamente repudiada pela maioria dos membros do bloco liderado pelos EUA.


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