O ataque de “choque e pavor” de Israel sobre o Irã, numa sexta feira 13, — diretamente do manual de estratégia dos EUA — essencialmente falhou, apesar da combinação inicial de velocidade, planejamento militar meticuloso e o elemento surpresa, incluindo a invasão das comunicações eletrônicas iranianas dentro da rede militar; a decapitação da nomenklatura vertical do IRGC; o manual de estratégia de ataque de drones tipo teia de aranha; e o bombardeio — em última análise ineficaz — de nós-chave da infraestrutura nuclear iraniana.
Fonte: SputnikGlobe
Os principais técnicos iranianos levaram horas para recuperar a rede. E assim que isso aconteceu, a maré começou a mudar, a ponto de, após saraivadas de mísseis cirúrgicos na madrugada de domingo, o IRGC anunciar sua capacidade de interromper seriamente os sistemas de comando e controle de Israel usando “inteligência aprimorada”, rompendo assim o Domo de Ferro – ou de Papel.
Centros de infraestrutura absolutamente essenciais em Tel Aviv e Haifa foram destruídos – desde o complexo de armas Rafael (especializado em mísseis, drones, guerra cibernética e componentes do Domo de Ferro) até a usina de energia e a refinaria de petróleo em Haifa. Isso é histórico em mais de um sentido.
Some-se aos gritos de alegria em todas as terras do Islã o enorme trauma psicológico infligido a Israel. O mito da invulnerabilidade israelense foi definitivamente destruído. Desencadear o inferno do alto, matando mulheres e crianças e girando como se não houvesse amanhã não vence uma guerra contra um oponente real.
A estratégia modificada do IRGC – aplicada por uma liderança instantaneamente renovada – está sendo aprimorada dia a dia, de forma calculada e cirúrgica. Não é tão difícil para o IRGC paralisar totalmente a economia israelense. O minúsculo Israel tem apenas uma refinaria de petróleo (já bombardeada e inoperante); três portos, dos quais um já está falido (Eilat) e outro em chamas (Haifa); e um aeroporto (já em situação crítica). O Equivalente israelense do Pentagono foi destruído e a sede do Mossad foi seriamente atacada.
A reação à ação desesperada, até mesmo suicida, de Tel Aviv – sem xadrez envolvido – está em vigor. Teerã está provando que todos os cálculos do eixo sionista de que o Irã poderia – e foi – esvaziado em questão de horas eram, previsivelmente, falsos e extremamente arrogantes.
O presidente dos EUA, por sua vez, caiu em [MAIS] uma armadilha voraz [o idiota não aprende]. Sua base MAGA já está fragmentada – profundamente. A MAGA não sionista é a esmagadora maioria. Ele admitiu, em uma postagem infantilizada e impressionante, “que sabia tudo sobre o choque e o pavor israelense o tempo todo”.

Há menos de 10 dias, em uma reunião em Nova York repleta de suspeitos bilionários de sempre, o próprio Steve Witkoff – o Talleyrand de Trump – observou explicitamente que os mísseis balísticos iranianos são “uma ameaça aos Estados Unidos”. Considerando seu desempenho nas últimas 48 horas, tudo indica que Washington está de fato entrando na Guerra Quente.
Fontes diplomáticas em Teerã apontam que a liderança está trabalhando nesse cenário. É por isso que, essencialmente, ainda mantém suas capacidades – e calibra cuidadosamente os próximos grandes passos na escalada. Mais uma vez: a paciência estratégica iraniana em demonstração.
A questão então é, em um cenário de guerra de fato dos EUA, o que será necessário para que a Rússia e a China, em conjunto, percam sua própria paciência estratégica.
O orgulho, resiliência e a coragem persa – e a confiança em suas próprias capacidades, como observei no mês passado no Irã – reina sobre o fato de que eles consideram ter todos os recursos necessários para sobreviver ao eixo sionista, incluindo os EUA. Afinal, só agora eles estão começando a usar seus mísseis realmente avançados – do Kheybar-Shekan 2 e do Fattah-1 ao Haji Qassem.
A Verdadeira Guerra: Contra os BRICS
Então, em poucas palavras, a resposta iraniana virou o tabuleiro de xadrez completamente de cabeça para baixo. O mestre de cerimônias do circo do caos – incluindo a realização de um desfile militar patético em Washington – está nu. E desmascarado.
Agora, ele detém não uma, mas duas guerras por procuração: contra a Rússia e contra o Irã, com neonazistas em Kiev e genocidas em Tel Aviv na linha de frente. Tudo parte da Grande Guerra: contra os BRICS.
A esta altura, está claro, mesmo para surdos, mudos e cegos, que isso nunca teve a ver com o programa nuclear iraniano, ou com o “esforço” para construir um JCPOA 2.0 de propriedade de Trump. Trata-se da obsessão de longa data do eixo sionista: a mudança de regime em Teerã.
Esse é o Santo Graal, sonhado desde o final da década de 1990, capaz de abrir as portas do Irã para o profundamente problemático Império do Caos, o pais persa com sua imensa riqueza em recursos naturais — de energia a depósitos de terras raras — prolongando assim a vida do Império endividado em vários trilhões de dólares.
Os bônus extras são ainda mais sedutores: isolar a China de uma questão de segurança nacional – a importação de energia – e dos cruciais corredores de conectividade da Nova Rota da Seda, além de abrir um abcesso monstruoso na barriga da Rússia. Um golpe triplo definitivo, de uma só vez, para os três principais BRICS – Irã, Rússia e China; para a integração da Eurásia; e para o impulso rumo a um sistema multipolar (itálico meu) e multinodal de relações internacionais.
Mesmo que os principais estados-civilizações estejam dando cambalhotas para sobreviver ao Império do Caos e à iniciativa de seus mestres de desencadear a Terceira Guerra Mundial, não há ilusões em Moscou e Pequim de que, para confrontar esse cenário, é imperativo agir assimetricamente — com suprema astúcia, em vez de simplesmente responder a provocações (que tem sido o manual russo predominante na guerra por procuração na Ucrânia).
Enquanto isso, a inteligência russa já fez as contas sobre o efeito espelho da Operação Spiderweb de Israel, que empregou exatamente o mesmo modus operandi que o SBU da Ucrânia – que atua como fachada para o MI6 e o Mossad – usou contra os bombardeiros estratégicos russos que fazem parte da tríade nuclear.
Questionamentos sérios estão sendo feitos sobre o envolvimento direto de Tel Aviv na sabotagem ucraniana de Moscou. Assim como questionamentos sérios estão surgindo sobre a rota ucraniana. Os silos de informações da inteligência em Moscou consideram que o processo de “cessar-fogo” de Trump funciona como uma camuflagem rudimentar para forçar a Rússia a recuar por um tempo, enquanto os chihuahuas da OTAN, à serviço do estado profundo, preparam um primeiro ataque (pelo menos em seus sonhos distorcidos).

Então, mais cedo ou mais tarde, poderemos ver a Rússia realmente expandindo a atual estratégia iraniana: uma guerra de infraestrutura massiva, mergulhando a Ucrânia em um apagão completo, metafórico ou não — assim como o bombardeio de uma usina de energia em Haifa mergulhou a cidade em um apagão completo.
Por que o Irã não deve ser deixado fracassar
É claro que a atual e insana escada de escalada não existiria se Trump tivesse tido maturidade suficiente para aceitar a oferta de Ali Shamkhani – posteriormente assassinado por Israel: o Irã poderia se livrar de seu urânio altamente enriquecido e assinar um novo acordo nuclear se as sanções fossem suspensas. Teerã, então, só enriqueceria urânio em níveis baixos para seu programa civil.
Paralelamente, Teerã também sugeriu um projeto conjunto de enriquecimento nuclear com investimento americano, além da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. O Ministro da Fazenda iraniano, Abbas Araghchi, apresentou-o pessoalmente ao Enviado Especial dos EUA, Steve Witkoff, em Omã – antes do fracasso das negociações.
Enquanto isso, o Sul Global assiste ao pingue-pongue de ataques terrivelmente mortal entre Israel e Irã, com crescente consciência de que o Ocidente encurralado é um animal ainda mais perigoso a cada dia, travando uma Guerra Total sob a máscara da paz.
O incêndio e destruição generalizada de Tel Aviv marca o início de uma nova era. Em sua fúria, eles agora ameaçam Teerã com o modelo “Beirute”: destruição gratuita de bairros civis. Mais uma vez, o que eles fazem de melhor: terrorismo e assassinatos.
E, no entanto, não haverá mais impunidade para um sistema genocida. As consequências serão inevitavelmente discutidas esta semana no Fórum Econômico de São Petersburgo, até o discurso de Putin na sessão plenária na sexta-feira e até a Cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro, no início de julho.
Ao observar o Sul Global, a sensação é de que o Irã está, de fato, em processo de restauração da ética e da autoridade geopolítica em toda a Ásia Ocidental, como o Império Persa a exerceu por séculos. É isso que os Estados-civilização fazem: seu papel como guardiões privilegiados de sua esfera de influência é sempre essencial.
É improvável — sob a presidência brasileira; mas os BRICS, mais cedo ou mais tarde, terão que fazer a transição estratégica de uma máquina de declarações hipereducada para se tornarem a espinha dorsal verdadeira, sólida e inquebrável do Sul Global e do Eixo Global de Resistência.
Porque o Ocidente, woke e demente, enfurecido e desorientado, não está mais em modo de guerra híbrida; ele entrou em Totalen Krieg – o mais quente possível. Portanto, o Sul Global precisa mudar para um modo pós-híbrido, de Rebeldes com Causa.
Da Nigéria à Indonésia e ao Vietnã – membros e parceiros do BRICS – há um consenso crescente de que o Irã não deve ser deixado cair. É sério assim. O feitiço do diktat ocidental irrestrito finalmente foi quebrado: tudo o que sobreviverá é “o lamento alto da quimera desconsolada”. É preciso um choque e pavor – fracassados – para quebrar as costas do camelo.