A Teoria da Terra Oca é antiga e popular em diversas partes do mundo, mas a versão amazônica explica como era possível chegar até lá. Não é a primeira vez que histórias surgem a respeito das supostas cidades que ficam escondidas na Amazônia. A mais recente, por exemplo, é da suposta cidade perdida de Ratanabá, além de Akakor, Paititi, entre outras. No entanto existe também uma história que não é sobre uma cidade perdida específica na Amazônia, mas que a região seria um portal para um mundo desconhecido habitado por gigantes.
Lenda indígena explica que Amazônia é a Porta de Entrada para mundo dos Gigantes no Interior da Terra
Fonte: Portal Amazônia
Você já deve ter ouvido falar sobre algo parecido, como a história do escritor Júlio Verme, ‘Viagem ao Centro da Terra’, lançado em 1864. No livro, o autor fala que no núcleo da Terra há um mundo totalmente novo.
É nessa linha de raciocínio que a ‘Teoria da Terra Oca’ trabalha e circula na comunidade científica há algum tempo. Um de seus primeiros defensores, Edmund Halley, lançou sua versão da teoria no século XVII. Halley era fascinado pelo campo magnético do planeta Terra e percebeu que a direção do campo variava ligeiramente com o tempo, o que o levou a argumentar que isso só seria possível se existissem vários campos magnéticos. Foi então que o astrônomo concluiu que a Terra era oca, e que ela era composta por quatro esferas, uma localizada dentro da outra.
O astrônomo também acreditava que o interior da Terra era habitado e que existia uma atmosfera luminosa lá dentro. Para Halley, as auroras boreais ocorriam quando os gases da atmosfera interna escapavam pela crosta terrestre. Com o passar do tempo, outros teóricos acabaram adotando as ideias de Halley, adicionando suas próprias teorias à ideia original.
Inspirado pelas teorias de Halley, o matemático suíço Leonhard Euler criou a tese de que existiria apenas uma camada oca dentro da Terra, com um sol de quase 1.000 km de extensão, que ofereceria luz e calor aos possíveis habitantes da região. Euler acabou servindo de inspiração para outro matemático, dessa vez escocês, Sir John Leslie, que acreditava que não existia apenas um sol na chamada Terra Oca, mas dois.
O norte-americano John Symmes foi um dos maiores defensores da teoria. Ele acreditava que existiam duas entradas nos polos terrestres, com quase 6.500 e 9.700 quilômetros de diâmetro respectivamente que levavam ao mundo interior.
No século XIX, a descoberta de um mamute na Sibéria serviu de “evidência” para a teoria e Marshall Gardner afirmava que o animal havia se mantido tão bem preservado porque havia morrido recentemente, depois de sair pela abertura no Polo Norte e morrer congelado. Gardner acreditava que outros animais tidos como extintos também viviam livremente no interior do planeta e que os esquimós eram originários de lá.
A Terra Oca, segundo os indígenas Macuxi
Mas se tudo isso envolve os polos do planeta, o que a Amazônia tem a ver com isso ? Parece distante da realidade regional, porém, segundo os indígenas Macuxi, há uma teoria regional da Terra Oca, conhecida há mais de 100 anos. Habitantes da região amazônica, vivem na região das Guianas, entre as cabeceiras dos rios Branco e Rupununi, território atualmente partilhado entre o Brasil e a Guiana.
Em suas lendas, os macuxis são os descendentes dos filhos do Sol, o criador do Fogo e os protetores do interior da Terra. As lendas relatam que até ao ano de 1907, os macuxis entrariam em algum tipo de caverna e viajavam de 13 a 15 dias até que chegassem ao interior da Terra. Seria ali, o lugar onde os gigantes viviam, criaturas com cerca de 3 a 4 metros de altura.
Os gigantes tinham a tarefa de proteger a entrada, impedindo estranhos de entrarem na ‘Terra oca’. As lendas afirmam ainda que aqueles que se aventuravam no percurso da caverna misteriosa, viajavam durante três dias, descendo apenas escadas gigantes, medindo cerca de um metro cada degrau. Após o terceiro dia, eles deixariam para trás as suas tochas e continuavam a sua jornada iluminados por luzes que já estavam presentes nas cavernas. Lanternas gigantes, do tamanho de uma melancia a brilhar como o sol.
Depois de quatro a cinco dias de viagem, aqueles dentro da caverna iriam perder peso e massa corporal, o que lhes permitiria se mover muito mais rápido. Após cinco dias de viagem, eles iriam encontrar enormes cavernas cujos limites não podiam ser vistos, e em uma das câmaras do sistema de cavernas, haveria quatro objetos semelhantes ao sol, que eram impossíveis de olhar, desconhecidos pelo povo macuxi.
Acredita-se que no interior da Terra existam lugares onde as árvores com alimentos são capazes de crescer. Os macuxi dizem que frutas como mangas, bananas e algumas plantas menores podem ser encontradas após uma semana de viagem. Quanto mais o povo indígena se aventurava para o interior da Terra, maiores eram as áreas com vegetação.
Mas nem todas as áreas eram verdes e prósperas. O povo macuxi diz que alguns lugares são extremamente perigosos e devem ser evitados, como aqueles com pedras e riachos ferventes em ebulição.
Ao chegarem ao chamado “centro da Terra”, os exploradores iriam comer a comida dos gigantes: maçãs do tamanho de cabeças humanas, uvas do tamanho de um punho humano e peixes gigantes e deliciosos eram capturados pelos gigantes e dados aos macuxi como presentes.
Após se abastecerem com comida oferecida pelos gigantes, os exploradores voltariam para casa, para o mundo “exterior”, ajudados pelos gigantes do mundo interior. Ainda segundo as lendas, o povo indígena seria o guardião do submundo, protetores da entrada para o interior da Terra que está cheia de poderes e riquezas incríveis.
Para os povos macuxi, a sua história era real, e eles eram os protetores da entrada até que exploradores britânicos foram para a Amazônia em busca de ouro e diamantes. Eles acabaram encontrando as cavernas e nunca mais foram vistos. Desde então, os indígenas dizem que foram punidos pelos gigantes por não cumprir os seus deveres, fazendo com que a lenda dos gigantes desaparecessem com os anos.
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