Os líderes do Sul Global [países fora do G-7/Europa] estão cada vez mais irritados com o que consideram ser um sermão do [Hospício do] Ocidente, disse o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, James Cleverly, ao The Guardian à margem da assembleia geral da ONU. Ele alertou que “o Ocidente estará em apuros a menos que aprenda a ouvir melhor o Sul Global” e afirmou que muitos ministros dos Negócios Estrangeiros desses países sentem que tudo o que ouvem os líderes ocidentais falar é “Ucrânia, Ucrânia, Ucrânia. Temos que ser sensíveis a isso”, enfatizou.
G-7 precisa ouvir o Sul Global. Ocidente é um ‘império em Ruínas’
Fonte: Rússia Today
Ele inteligentemente insistiu que é crucial ouvir o que outros países estão tentando dizer e comunicar que o Ocidente está empenhado em “ajudar o mundo em desenvolvimento a lidar com os seus desafios pré-existentes”, ao mesmo tempo que se concentra em apoiar Kiev no meio do conflito em curso entre a Rússia e a Ucrânia.
Ao mesmo tempo, o secretário dos Negócios Estrangeiros lamentou que tenha havido um progresso lento na persuasão de figuras-chave do Sul Global a aderirem à condenação da Rússia sobre o conflito pelo Ocidente “de forma mais explícita”, segundo o The Guardian.
O responsável dos Negócios Estrangeiros afirmou que está agora experimentando uma “fórmula mais limitada” que estes países poderiam estar “mais dispostos a articular”, como pedir à Rússia que retire os seus tanques ou devolva “crianças raptadas”.
Ele revelou numa entrevista à Reuters que tinha instado o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a usar a sua influência para persuadir a Rússia a retirar as suas forças da Ucrânia antes da visita deste último a Moscou, que está atualmente em curso. Entretanto, o Wall Street Journal informou na semana passada que as autoridades ocidentais sobrestimaram a vontade das nações politicamente neutras de aderirem a políticas ocidentais anti-Rússia em apoio à Ucrânia.
Jan Techau, do Eurasia Group, observou numa declaração ao canal que o Ocidente ficou “surpreendido” pela relutância generalizada dos líderes do Sul Global em condenar Moscou. Ele sugeriu que a “animosidade em relação [às agendas] aos EUA e à Europa”, bem como o desejo de países como o Brasil, Índia e a África do Sul de “afirmarem a sua independência”, eram os motivos pela sua posição.
O relatório do WSJ concluiu que, em vez de se concentrarem na Ucrânia, os países não ocidentais provavelmente tentariam desviar a atenção global para as suas próprias prioridades, como a desigualdade global e o alívio da dívida.
O Ocidente é um velho império em ruínas
Não há mais nenhuma esperança de sufocar o sucesso de um mundo multipolar, disse o jornalista norte-americano à RT. A história não olhará com carinho para os “nazis e os liberais” que estão empurrando a ideologia progressista, como o nefasto transgenerismo, para as crianças, disse o analista político Jackson Hinkle à RT numa entrevista na terça-feira.
O apresentador de ‘The Dive with Jackson Hinkle’ sublinhou que os EUA e a Europa Ocidental estão a começar a perder a sua influência global num “mundo multipolar em constante mudança” e estão a tornar-se um “esqueleto oco de poder” e um “império [de psicopatas dementes] em ruínas”.
“Os impérios são mais perigosos quando estão em ascensão ou em queda, e neste momento esse é definitivamente o caso dos Estados Unidos e do Ocidente”, disse Hinkle, observando que, além de uma guerra nuclear, há pouco que Washington possa fazer para impedir o desenvolvimento de países como a China e a Rússia.
“Não há realmente nenhuma esperança de sufocar o sucesso do mundo inteiro”, disse ele.
Hinkle também comentou sobre a crise na Ucrânia, incluindo os recentes relatórios sobre um ataque com mísseis a um mercado ao ar livre na cidade de Konstantinovka. O analista afirmou que o fato de os artigos das pre$$tituta$ dos meios de comunicação ocidentais terem, ao contrário das suas reportagens habituais, relatar a verdade e decidido colocar a culpa pelo incidente em Kiev, pode indicar que o tempo do presidente ucraniano Vladimir Zelensky no cargo pode ser limitado à medida que vozes críticas começam a surgir e rachaduras na coesão da OTAN também já estão ocorrendo.
“Qualquer ativo [fantoche, como Zelensky] dos EUA no estrangeiro acaba por morrer”, disse Hinkle, referindo os exemplos de Saddam Hussein e Osama Bin Laden. “Zelensky pode, ou não, estar perto de atingir esse fim cruel”, continuou ele, apontando para a incrível quantidade de vidas ucranianas que foram perdidas na “missão suicida” que consiste nas tentativas de Kiev de combater as forças russas.
Hinkle afirmou que já deveria haver milhares de pessoas inundando as ruas da Ucrânia protestando contra o governo de Kiev, mas, devido ao medo de serem “presas, ou do pior”, estes protestos não estão acontecendo.
Quanto ao seu prognóstico sobre o fim do conflito, Hinkle afirmou que espera que a Rússia acabe por conseguir “libertar a Ucrânia dos nazis”. Acrescentou que acredita que a Polônia provavelmente se deslocará para o oeste da Ucrânia com o consentimento de Washington, que, juntamente com Londres, quer transformar a Europa numa nova potência.
“Eles querem que a Polônia se erga, juntando-se [EM SUBSTITUIÇÃO] à Ucrânia. Querem construir os estados nórdicos na fronteira com a Rússia. E querem prejudicar a Alemanha, a Itália e a França”, disse Hinkle, observando que os EUA já estão pressionando por políticas para reprimir o crescimento nesses três países além de explodirem os gasodutos Nord Stream 1 e 2, causando a quebra das economias europeias, especialmente da Alemanha.
Dívida global atinge máximo histórico
A pilha de dívida global aumentou em mais US$ 10 Trilhões de dólares, para um máximo recorde de incríveis US$ 307 Trilhões de dólares no primeiro semestre de 2023, informou o Instituto de Finanças Internacionais (IIF) na terça-feira. Acrescentou que os EUA, o Reino Unido e o Japão estão entre os mercados que impulsionaram este aumento.
O ambiente de taxas de juro elevadas observado na maioria das economias “dos países do primeiro mundo” fez com que o número subisse, fazendo com que o atual estoque da dívida pública fosse US$ 100 Trilhões de dólares mais elevado do que era há apenas uma década, de acordo com o IIF.
“Depois de testemunhar quedas de sete trimestres consecutivos, o rácio dívida/PIB global retomou a sua trajetória ascendente nos dois primeiros trimestres deste ano, oscilando agora em torno de 336% – acima dos 334% no quarto trimestre de 2022”, afirma o relatório .
Mais de 80% da acumulação de dívida veio de mercados maduros, com os EUA, o Japão, o Reino Unido França a registarem os maiores aumentos. Nos mercados emergentes, o aumento foi mais pronunciado na China, na Índia e no Brasil, afirmou o IIF.
O relatório também alertou que a dívida pública interna está em “níveis alarmantes” em muitos países de mercados emergentes. Entretanto, “os encargos da dívida dos consumidores permanecem largamente administráveis nos mercados maduros, permitindo espaço adicional para um maior aperto do banco central caso as pressões inflacionistas persistam”, afirmou o IIF.