A Turquia rejeitou veementemente uma proposta de envio de tropas francesas ao longo da fronteira com a Síria para estabelecer uma zona segura com o objetivo de aliviar as tensões com as Forças Democráticas Sírias (SDF), um grupo que Ancara considera uma organização terrorista. “Não nos envolvemos com países que tentam se esconder atrás do poder dos Estados Unidos enquanto promovem suas próprias agendas.”

Fonte: Middle East Eye

Hakan Fidan ministro das Relações Exteriores da Turquia diz que Ancara não leva a sério os “pequenos países europeus” como a França na Síria.

“Alguns pequenos países europeus que participam de operações militares na Síria sob o comando dos EUA estão tentando promover seus próprios interesses falando sobre certas questões, mas isso não traz nenhum benefício real para eles ou para a região”, disse o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, na sexta-feira, durante uma entrevista coletiva ao vivo em Istambul.

Ancara alertou sobre uma potencial ofensiva transfronteiriça turca no nordeste da Síria contra a milícia curda YPG, que lidera as SDF, se o grupo não cumprir as exigências turcas.

Fidan reiterou que os combatentes estrangeiros dentro das SDF, que são apoiadas pelos EUA [leia-se Israel], devem deixar o país, junto com os quadros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), mesmo que sejam cidadãos sírios. A Turquia vê o YPG como uma extensão do PKK, um grupo militante curdo que trava uma insurgência contra o estado turco há 40 anos.

Embora o governo francês não tenha proposto publicamente proteger a fronteira entre a Turquia e a Síria, o presidente francês marionete Rothschild Emmanuel Macron declarou no início desta semana que Paris não abandonaria as SDF, que têm sido uma das muitas facções envolvidas na guerra civil de 13 anos na Síria. 

“Os Estados Unidos e a França poderiam de fato proteger toda a fronteira. Estamos prontos para que essa coalizão militar assuma essa responsabilidade”, Ilham Ahmed, copresidente de relações exteriores da administração curda no norte da Síria,  foi citado  pela TV5 Monde esta semana.

Autoridades turcas também rejeitaram uma proposta recente das SDF para desmilitarizar a cidade de Kobane, no norte da Síria, sob observação dos EUA .

Fidan disse que a Turquia só levaria a sério as opiniões da França sobre a Síria se Paris estivesse disposta a operar de forma independente na Síria — sem apoio dos EUA — conduzindo operações militares, estabelecendo bases e mantendo territórios.

“Se a França pretende agir na Síria, ela deve primeiro repatriar, processar e prender seus próprios cidadãos que são terroristas mantidos em campos sírios”, disse Fidan. “Vocês se recusam a assumir a responsabilidade por seus próprios detidos enquanto apoiam os terroristas que os mantêm presos. Essa postura é indefensável.”

A França frequentemente justifica seu apoio às SDF, que desempenharam um papel fundamental na derrota do Estado Islâmico (EI) na Síria, citando os campos de prisioneiros administrados pelas SDF, usados ​​para deter membros do EI e suas famílias.