Antártida tem 85 Lagos Subterrâneos até então desconhecidos, diz estudo

Abaixo de espessas camadas de gelo da Antártida, com quilômetros de espessura, existe um universo de lagos pouco conhecido. Os chamados lagos subglaciais, apesar de não poderem ser vistos, fazem parte da estrutura do continente gelado, influenciando no movimento de geleiras e no aumento do nível dos oceanos.

Fonte: Revista Galileu

Dados de satélites revelaram dinâmicas de cinco redes interconectadas de lagos, localizados abaixo da camada de gelo antártica

Mesmo que o número total de lagos subglaciais antárticos seja incerto, um novo estudo pretende aumentar (e muito) as estimativas. Cientistas de diferentes universidades do Reino Unido utilizaram uma década de dados do Cryosat – satélite da Agência Espacial Europeia (ESA) dedicado a monitorar a espessura do gelo polar – para identificar 85 lagos até então desconhecidos por cientistas.

Além de mapear as massas de água, o estudo publicado na revista científica Nature Communications, identificou novas rotas de drenagem e cinco redes interconectadas de lagos subglaciais.

Atravessando lagos e geleiras

Lagos subglaciais têm origem no derretimento de gelo causado pelo calor da superfície rochosa da Terra ou pelo calor do atrito entre o gelo e o leito rochoso. A água pode tanto escoar para o oceano quanto se acumular na rocha, o que acaba criando lagos.

O maior lago subglacial conhecido é o Lago Vostok, ssituado cerca de 4 quilômetros abaixo da estação de pesquisa Antártida da Rússia, encontrado sob a Camada de Gelo da Antártida Oriental. O volume estimado do lago é suficiente para transbordar o Grand Canyon em 25% da capacidade — Foto: Sally Wilson/Nature Communications

Apesar de se conhecer esse processo de formação de lagos, o fato deles estarem enterrados sob centenas de metros de gelo torna sua visualização muito complexa. É aí que satélites como o Cryosat entram em cena, medindo a espessura do gelo marinho polar em várias partes do mundo e concedendo uma rara visão do que acontece abaixo da superfície.

Dados abrangendo o período de 2010 a 2020 foram usados para detectar mudanças na altura das camadas de gelo da Antártida, que “sobem e descem à medida que os lagos se enchem e se esvaziam”, segundo comunicado da ESA.

Com isso, os cientistas conseguiram até mesmo diferenciar lagos subglaciais ativos e estáveis, ou seja, aqueles com ciclos de preenchimento e drenagem e outros com volume constante, respectivamente.

“Antes do nosso estudo, apenas 36 ciclos completos – do início do preenchimento ao fim da drenagem – haviam sido observados no mundo todo. Nós observamos mais de novos 12 ciclos completos, elevando o total para 48”, diz Sally Wilson, pesquisadora da Universidade de Leeds e autora principal do estudo, em comunicado.

O Lago Vostok

Navegando em projeções

Segundo os pesquisadores, estudar a hidrologia subglacial da Antártida é importante para entender de forma mais precisa a dinâmica das camadas de gelo do continente, avaliando o real impacto dos lagos no fluxo de água polar e melhorando as projeções do aumento do nível do mar.

“Os modelos numéricos que usamos atualmente para projetar o papel das camadas de gelo para o aumento do nível do mar não incluem a hidrologia subglacial. Esses novos conjuntos de dados sobre a localização, a extensão e as séries temporais de mudanças dos lagos subglaciais serão usados para desenvolver nosso entendimento dos processos que impulsionam o fluxo de água sob a Antártida”, explica Wilson.


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