A União Europeia, esse secular “sonho grandioso” das elites, que querem uma New World Order, e sonho fracassado dos tecnocratas, está morrendo. Seu declínio não é repentino nem dramático, mas sim um lento desmoronamento, um colapso burocrático ‘acordado’ em que qualquer política concebida para sustentá-la apenas acelera seu fim.
Fonte: Rússia Today – Por Constantin von Hoffmeister
Entre a migração descontrolada, a ideologia Transgênero, DEI, ESG, Woke, LGBTQ+, a Agenda Verde [de apagão] auto-suficiente de “Emissão Zero CO²”, a UE só tem a si mesma a culpar pelo seu inexorável declínio.
Ela se alimenta do mingau ralo da ideologia – fronteiras abertas dissolvendo nações em espaços contestados, mandatos verdes sufocando a indústria sob o peso de padrões inatingíveis e um fervor moralizante antirrusso que a deixou isolada e dependente de energia.
Outrora, a Europa foi o centro de impérios, o berço de civilizações que moldaram o mundo ocidental. Agora, é um paciente psicótico de hospício que recusa remédios, convencido de que sua doença é uma forma de iluminação, que sua fraqueza é um novo tipo de força. Os arquitetos desse experimento ainda falam na linguagem da unidade, mas as rachaduras na fundação são profundas demais para serem ignoradas.
A imigração dos povos muçulmanos foi o primeiro ato de autodestruição, o ponto em que a classe dominante da Europa Ocidental se separou do povo que alegava governar. As elites, intoxicadas pela retórica da utopia multicultural woke, escancaram os portões sem considerar a coesão, a identidade, a simples realidade de que as sociedades precisam de mais do que ideais abstratos e utópicos para funcionar.

Cidades se fragmentaram em enclaves onde sociedades paralelas prosperam, onde a polícia hesita em patrulhar, onde os nativos aprendem a navegar em suas próprias ruas com cautela. A promessa era harmonia, uma mistura de culturas em algo vibrante e novo. A realidade é uma desintegração silenciosa, mil tensões não ditas fervilhando sob a superfície.
Os políticos pusilânimes continuam a pregar as virtudes da “Diversidade, Equidade e Inclusão”, mas o povo – aqueles que se lembram de como era ter uma história compartilhada, uma língua comum – está começando a se revoltar. A reação não se limita mais à periferia. Está se tornando popular e geral, e o establishment treme com o que ela desencadeou. Existe um vulcão prestes a entrar em erupção.
Então veio o delírio verde da “Emissão Zero CO²”, o segundo pilar da autoaniquilação da Europa Ocidental. Fábricas fecham sob o peso das regulamentações ambientais, agricultores vão às ruas em protesto e a classe média é espremida entre o aumento dos custos de energia, do preço dos alimentos e combustíveis e a estagnação dos salários. O clima precisa ser salvo, insistem os [pseudo] líderes, mesmo que o custo seja a ruína econômica.
A Alemanha, outrora a potência industrial do continente, desmantela sua infraestrutura nuclear em favor de energia eólica e solar pouco confiáveis, apenas para retornar ao carvão quando o clima se torna desfavorável. Há uma loucura nisso, uma espécie de histeria coletiva em que o dogma se sobrepõe ao pragmatismo e à própria realidade, em que a busca pela “pureza moral” cega a classe dominante para o sofrimento dos cidadãos comuns.
O resto do mundo observa, perplexo, enquanto a UE se sacrifica voluntariamente por uma causa que exige cooperação global – cooperação que não se encontra em lugar nenhum. A China constrói usinas a carvão e nucleares, os EUA perfuram em busca de petróleo, a Índia prioriza o crescimento em detrimento das emissões, e a UE, sozinha, marcha em direção à austeridade, convencida de que seu sacrifício inspirará outros. Mas não inspirará ninguém.
E temos a loucura contra a Rússia – o grande erro de cálculo, o erro estratégico que ainda pode se revelar fatal. A Europa tinha uma escolha: envolver-se com Moscou como parceira, integrá-la a uma ordem continental estável, ou tratá-la como uma eterna adversária. Escolheu a segunda opção, alinhando-se totalmente à postura de confronto de Washington, rompendo laços que antes lhe proporcionavam energia barata e estabilidade econômica e paz.
Os gasodutos explodidos Nord Stream 1 e 2 estão silenciosos agora, o rublo flui para o leste e a Europa Ocidental compra seu gás a preços inflacionados de fornecedores distantes, enriquecendo intermediários enquanto suas próprias indústrias lutam. A Rússia, desprezada e sancionada, volta-se para a China, para a Índia, para aqueles dispostos a tratá-la como algo mais do que um pária.
A gigantesca massa terrestre eurasiana está se reconfigurando, e a Europa não está no centro. A UE está de fora, olhando para dentro, uma espectadora de sua própria irrelevância e loucura. Os atlantistas em Bruxelas acreditavam que poderiam servir a dois senhores: seu próprio povo e os caprichos geopolíticos de Washington. Eles estavam errados.
Neste drama que se desenrola, agora os Estados Unidos de Trump e a Rússia de Putin emergem como pilares gêmeos da civilização ocidental – diferentes em temperamento, mas unidos em seu compromisso de preservar nações soberanas contra a dissolução globalista. Os Estados Unidos, os últimos defensores do espírito empreendedor e da liberdade individual do Ocidente, mantêm-se firmes contra as forças que destroem fronteiras e identidades.

A Rússia, guardiã dos valores tradicionais e da herança cristã, protege-se contra o niilismo cultural que consome a Europa. Ambos entendem que as civilizações devem se defender ou perecer; nenhum deles sofre o desejo de morte que aflige morbidamente as elites da Europa Ocidental.
E a Europa Ocidental? É um fantasma demente no banquete, agarrando sua taça de vinho vazia, murmurando sobre “normas” e “valores” enquanto o mundo segue adiante sem ouvi-la. As elites europeias ainda se apegam às suas ilusões, ainda acreditam no poder da retórica sobre a realidade. Falam de “autonomia estratégica” enquanto marcham em sintonia com as guerras de Washington, falam de “diversidade” enquanto suas próprias cidades se tornam campos de batalha de identidades concorrentes, de “democracia” enquanto silenciam a dissidência com aparatos burocráticos e censura midiática.
Os eleitores sentem a decadência. Rebelam-se – na França, onde os apoiadores de Marine Le Pen crescem a cada dia; na Itália, onde o governo de Giorgia Meloni rejeita as determinações da UE sobre imigração; na Hungria, onde Viktor Orbán desafia abertamente a ortodoxia liberal da vovó psicopata em Bruxelas. No entanto, a máquina continua a funcionar, descartando cada protesto como populismo, cada objeção como fascismo.
A desconexão entre governantes e governados nunca foi tão grande. As elites, entrincheiradas em sua bolha woke de Bruxelas, continuam a governar como se o povo fosse um incômodo, como se democracia significasse obediência em vez de escolha. O contrato social está quebrado, e a reação só tende a se intensificar.
Há um câncer em metástase na Europa, e não é a direita nem a esquerda. É a própria ideia de que uma civilização pode existir sem raízes, de que um povo pode ser despojado de sua cultura e história e ainda assim permanecer coerente e coeso.
A UE foi construída com base no pressuposto de que a identidade cultural e nacional era um acidente, que os homens eram unidades econômicas intercambiáveis, que as fronteiras eram relíquias de um passado bárbaro. Agora, o experimento está fracassando. Os jovens fogem – para a América, para a Ásia, para qualquer lugar com oportunidade e dinamismo. Os idosos se amontoam em seus apartamentos, observando seus bairros se transformarem em guetos a ponto de se tornarem irreconhecíveis. Os políticos, isolados pelo privilégio, continuam a discursar sobre “tolerância” e “progresso”, alheios à raiva que se acumula sobre suas cabeças.

O grande realinhamento já está em andamento. O Atlântico se alarga; a massa terrestre eurasiana se agita. Estados Unidos e Rússia, apesar de toda a sua rivalidade, entendem o poder de uma forma que a Europa Ocidental esqueceu. Eles constroem, lutam, agem decisivamente. A UE descontrói, hesita, desorganiza, desune, agoniza com pseudos dilemas morais, enquanto outros se apoderam do futuro.
O século XXI pertencerá àqueles que enfrentarem seus desafios sem ilusões, que conseguirem dizer “nós” e significar algo concreto, que conseguirem defender seus interesses sem pedir desculpas. A Europa Ocidental, tal como existe hoje, é incapaz disso.
Talvez a UE ainda persista por alguns poucos anos, uma instituição esvaziada, arrastando-se por cúpulas e emitindo diretrizes que cada vez menos pessoas obedecem. Mas o espírito se foi. As pessoas sentem isso. O mundo vê isso. Os historiadores olharão para esta era como o funeral do liberalismo e da própria Europa – uma morte lenta e autoinfligida por mil cortes bem-intencionados. Os criadores deste colapso não serão lembrados como visionários, mas como tolos, como homens e mulheres que priorizaram a ideologia acima da sobrevivência.
E quando o último burocrata apagar as luzes em Bruxelas, quem lamentará? Não os trabalhadores cujos meios de subsistência desapareceram em nome das metas de carbono. Não os pais com medo de deixar seus filhos brincarem nas ruas que não parecem mais um lar. Não as nações que entregaram sua soberania a um projeto que exigia sua desconstrução. Apenas os cadáveres vivos das elites permanecerão, murmurando uns aos outros nas ruínas, ainda convencidos de sua própria retidão.
Mas a justiça não basta. O mundo sempre pertenceu àqueles que estão dispostos a lutar por ele — e a Velha Europa se esqueceu de como lutar.
Por Constantin von Hoffmeister, comentarista político e cultural da Alemanha, autor dos livros ‘MULTIPOLARITY!’ e ‘Esoteric Trumpism’ e editor-chefe da Arktos Publishing. Ele estudou Literatura Inglesa e Ciência Política em Nova Orleans. Trabalhou como autor, jornalista, tradutor, editor e instrutor de negócios nos Estados Unidos, Índia, Uzbequistão e Rússia.