Um dos especialistas que falou com a Sputnik crê que o fato de Kiev ter culpado a Rússia pela recente queda de mísseis na Polônia, com a morte de dois poloneses, apesar das outras declarações, poderá ter consequências para a Ucrânia. A euforia do apoio à Ucrânia está esfriando nos países ocidentais, disse Vladimir Batyuk, chefe do Centro de Estudos Militares e Políticos do Instituto de Ciências dos EUA e Canadá da Academia de Ciências da Rússia, à Sputnik.
Após ‘Incidente’ com míssil na Polônia, Ocidente poderá deixar de Financiar a Ucrânia
Fonte: Sputnik
Na quarta-feira (16) Vladimir Zelensky, presidente da Ucrânia, afirmou não ter dúvidas de que Kiev não estava envolvida no incidente na Polônia, onde caíram dois mísseis e duas pessoas foram mortas. Joe Biden, presidente dos EUA, respondeu que isso não era uma prova, e o presidente polonês Andrzej Duda apontou não ter provas de que o míssil caído foi disparado pelos militares russos, e que era “altamente provável” que pertencia ao sistema de defesa antiaérea da Ucrânia.
Na opinião do especialista, os EUA e os países ocidentais podem abandonar a ajuda militar e financeira após o recente incidente, e passar para somente apoio político à Ucrânia.
“É bem possível, pois a euforia inicial sobre o apoio à Ucrânia está esfriando claramente no Ocidente. Aparentemente, mais ajuda à Ucrânia será acompanhada por pressões sobre Kiev para finalmente entrar em negociações com Moscou para pôr fim a este conflito, que, como veem no Ocidente, não pode durar indefinidamente”, comentou Batyuk, sublinhando que isso nem está ligado ao que aconteceu na Polônia.
“Em primeiro lugar, os EUA e especialmente seus aliados europeus não têm possibilidades ilimitadas de fornecer essas armas. Em segundo lugar, mesmo que haja alguns sistemas modernos de armas que poderiam ser fornecidos a Kiev, há a questão do reparo, manutenção e gestão desses sistemas de combate”, referiu, mencionando a necessidade de treinar pilotos de aeronaves de combate e sistemas de defesa antiaérea por vários anos.
De acordo com o especialista, todos os dados disponíveis indicam que foram os mísseis disparados pelo sistema de defesa antiaérea ucraniano para interceptar mísseis russos que caíram em território polonês. O Ministério da Defesa russo disse que naquele dia não foram lançados mísseis contra alvos próximos à fronteira ucraniano-polonesa, enquanto o Ministério das Relações Exteriores expressou confiança de que uma investigação imparcial e a divulgação de seus resultados revelaria a “provocação”.
Já Zhou Rong, pesquisador sênior do Instituto Chongyang de Estudos Financeiros da Universidade Popular da China, vê a OTAN, incluindo Washington, não querendo que o incidente tenha ampla publicidade e intensifique o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
“Na verdade, todas as atuais declarações ocidentais já refletem o reconhecimento da OTAN de que o míssil foi disparado desde o território ucraniano [intencionalmente para provocar escalada da guerra para a OTAN]. Culpar a Rússia pelo incidente é claramente tendencioso. Todas essas declarações atendem apenas às necessidades da postura antirrussa da OTAN.”
Zhou Rong notou que a Ucrânia pode aproveitar esta oportunidade para pedir aos EUA que forneçam melhores sistemas de defesa antimísseis.
OTAN admite que Zelensky ‘mentiu abertamente’ sobre ataque à Polônia, observadores criticam Kiev
O mundo prendeu a respiração na terça-feira (15) depois que um míssil atingiu uma fazenda polonesa perto da fronteira com a Ucrânia, matando duas pessoas. Autoridades ucranianas imediatamente acusaram Moscou, enquanto seus patronos ocidentais invocavam o artigo do Tratado da OTAN sobre defesa coletiva.
Logo descobriu-se que o míssil era ucraniano. O apoio ocidental ao governo de Zelensky está mostrando sinais de tensão, com a insistência de Kiev de que o míssil de defesa aérea S-300 que caiu na vila de Przewodow, no sudeste da Polônia, era russo, apesar das evidências que apontavam para o contrário, acrescentando insulto à injúria por parte dos ucranianos.
“Isso está ficando ridículo. Os ucranianos estão destruindo a confiança neles. Ninguém está culpando a Ucrânia e eles estão mentindo abertamente. Isso é mais destrutivo do que o míssil”, disse um diplomata não identificado de um dos Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) à Financial Times depois que Zelensky, o presidente da Ucrânia reiterou que Moscou era responsável pelo incidente.
O presidente Zelensky chegou a afirmar que não tinha motivos para desacreditar do relatório elaborado pela Força Aérea ucraniana que informava que a explosão não teria sido causada por mísseis ou ataques do regime de Kiev e exigiu que a Polônia desse acesso ao local do incidente aos investigadores ucranianos. De acordo com ele, não poderia simplesmente aceitar a palavra de Varsóvia.
“Se, Deus me livre, alguns destroços mataram essas pessoas, temos que nos desculpar. Mas, desculpe, primeiro uma investigação, acesso, os dados que você tem — nós queremos ter isso”, afirmou o Zelensky.
Ainda na quarta-feira (16), o chefe da Aliança Atlântica [o Hospício Ocidental], Jens Stoltenberg, após reunião do Conselho do Atlântico Norte em Bruxelas, afirmou durante coletiva de imprensa que não existiam indícios de que o incidente na Polônia significasse um ataque russo ao bloco.
“Uma investigação sobre este incidente está em andamento e precisamos aguardar o resultado, mas não temos indicação de que isso foi resultado de um ataque deliberado”, disse Jens a repórteres após a reunião.
Posteriormente Stoltenberg veio à público desmentir a tese de que o incidente era resultado de disparos deliberados da Rússia, mas não sem apoiar a retórica Ocidental de que Moscou é culpada pelo conflito sem responsabilizar, com isso, as ações hostis do bloco militar em sua expansão para o Leste.
“Nossa análise preliminar sugere que o incidente provavelmente foi causado por um míssil de defesa aérea ucraniano disparado para defender o território ucraniano contra ataques de mísseis de cruzeiro russos. Mas deixe-me ser claro, isso não é culpa da Ucrânia. A Rússia tem a responsabilidade final enquanto continua sua guerra ilegal contra a Ucrânia”, disse Stoltenberg.
Entre os aliados europeus da OTAN, Alemanha e Hungria pediram calma e uma investigação séria a ser realizada antes de qualquer acusação. “Em um assunto tão sério, não devem haver conclusões precipitadas sobre o curso dos eventos antes de uma investigação cuidadosa”, disse o chanceler alemão Olaf Scholz, na quarta-feira.
“Na situação atual, o mais importante é manter a calma“, recomendou o ministro da Defesa húngaro, Kristof Szalay-Bobrovniczky, na terça-feira, após convocar o Conselho de Defesa de seu país. “Também estamos nos exortando a ter muito cuidado para não tirar conclusões de longo alcance dessa avaliação neste momento”, disse ele.
Nas redes sociais, as reações foram menos contidas. Diversos críticos do regime de Kiev, apontaram Zelensky como um “completo maníaco e mentiroso” tentando puxar o Ocidente para uma conflagração mundial, como tuitou o ex-congressista do Texas, Ron Paul.
Zelensky é um dos psicopatas mais perigosos do planeta no momento. Ele está determinado a começar outra guerra mundial.
“Lembra de ontem quando um míssil ucraniano atingiu a Polônia e Zelensky imediatamente culpou a Rússia e usou o incidente para tentar puxar os governos ocidentais para uma guerra nuclear global?”, tuitou o comentarista político Matt Walsh.
“Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro. E, pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis discernir a face do céu, e não reconheceis os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado . . .” – Mateus 16:2-4
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