O homem nasceu para ser um guerreiro ou os “deuses” ensinaram a humanidade a guerrear ? Os “deuses” alienígenas/extraterrestres foram responsáveis pelos eventos mais cataclísmicos da história humana ? As guerras da Terra começaram nos “Céus” e os eventos celestes determinaram o futuro da humanidade na Terra ? Neste livro, Zecharia Sitchin apresenta uma evidência surpreendente de que os deuses [Anunnaki, Nefilins, et caterva] que vieram à Terra desde o planeta Nibiru e outros sistemas, travaram uma série de batalhas ferozes pela supremacia e controle do nosso planeta, alistando os terráqueos nesses conflitos entre os “deuses”.
Fonte: As Guerras dos deuses e dos homens : Livro III das crônicas da Terra, de Zecharia Sitchin
Sitchin conta com um estudo meticuloso dos relatos antigos, desde as escritas sumérias em tabletes de argila e o Antigo Testamento até os mitos antigos dos ensinamentos canaanitas, egípcios, hititas, persas, gregos e hindus, para traçar a saga dos “deuses” e dos homens de um início criativo a um fim trágico. Ele usa então fontes modernas, como fotografias da Terra tiradas pela NASA desde o espaço, para revelar a evidência de uma enorme explosão nuclear ocorrida há cerca de 4 mil anos, mudando a vida na Terra para sempre. O novo exame dos mistérios antigos feito por Sitchin explica o Grande Dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra [o primeiro grande núcleo da permissividade e corrupção da ideologia Transgênero e LGBTQ+] e outros eventos cataclísmicos do passado na história da humanidade, possibilitando a compreensão de nosso presente e um vislumbre do nosso futuro.
13 – ABRAÃO: OS ANOS FATÍDICOS
No tempo de Amrafel, rei de Senaar, de Arioc, rei de Elasar, de Codorlaomor, rei de Elam, e de Tadal, rei dos Goim, estes fizeram guerra contra Bara, rei de Sodoma, Bersa, rei de Gomorra, Senaab, rei de Adama, Semeber, rei de Seboim e contra o rei de Bela (esta é Segor)
Assim começa o capítulo 14 do Livro do Gênesis, contando sobre uma antiga guerra em que quatro reinos orientais formaram uma aliança contra cinco reis da região de Canaã. Essa história bíblica sempre foi alvo de análise dos estudiosos, pois vincula Abraão, o primeiro patriarca, com um evento específico não-hebreu, o que poderia estabelecer com exatidão a época do nascimento da nação hebraica.
Os críticos da Bíblia só aceitam suas afirmações quando elas podem ser historicamente comprovadas a partir de fontes independentes. Nesse caso, afirmavam eles, como acreditar no resto da história de Abraão se não existe menção aos nomes de Codorlaomor, Amrafel, Arioc e Tadal nas inscrições sumérias? A identificação de Senaar como a Suméria e Elam não era
suficiente para comprovar o relato bíblico. Por muitas décadas a opinião dos críticos pareceu prevalecer, mas, quando o século dezenove estava chegando ao seu final, tanto o mundo religioso como o intelectual foram surpreendidos com a descoberta de tábuas de argila babilônicas mencionando os nomes de Codorlaomor, Arioc e Tadal ao contarem uma história bem semelhante à encontrada na Bíblia.
A descoberta foi anunciada numa palestra proferida por Theophilus Pinches, em 1897. Examinando várias tábuas de argila do Museu Britânico, ele verificou que elas descreviam uma guerra de grande magnitude, em que um rei de Elam, chamado Kudur-Laghamar, liderara uma aliança de governantes entre os quais se incluíam um Eri-aku e um Tudghula, nomes que em hebraico poderiam ter sido facilmente transformados em Codorlaomor, Arioc e Tadal.
Pinches, que apresentou uma transcrição cuidadosa da escrita cuneiforme e sua tradução, pôde afirmar com confiança que o relato bíblico estava sendo confirmado por uma fonte independente; no caso, mesopotâmica. Com justificado entusiasmo, os assiriólogos da época concordaram com a
leitura que Pinches fizera dos nomes. As tabuinhas de fato falavam num certo “Kudur-Laghamar, rei de Elam”, muito parecido com Codorlaomor, e todos concordavam que era um perfeito nome real elamita, pois o prefixo Kudur (“Servo”) era um componente bastante encontrado nesses casos, e Laghamar era o nome/epíteto elamita de uma certa deidade.
Os estudiosos também concordaram que o nome do segundo rei, soletrado Eri-e-a-ku na escrita
cuneiforme babilônica, seria o sumério original ERI.AKU, que significa “Servo do deus Aku”, sendo Aku uma variante de Nannar/Sin. Sabe-se a partir de uma série de inscrições que os governantes elamitas de Larsa eram chamados de “Servos de Sin”, e assim era fácil concordar que a Elasar da
Bíblia, a cidade real de Arioc, seria de fato Larsa. Houve também concordância unânime em aceitar que Tud-ghula do texto babilônico era o equivalente ao bíblico “Tadal, rei dos goim”, e que por “goim” o Gênesis referia-se às “hordas-nações” que as tabuinhas com escrita cuneiforme
listavam como aliadas de Kudur-Laghamar.
Então estava ali a prova que faltava, e agora ficava comprovada não apenas a veracidade da Bíblia como a existência de Abraão e de um evento internacional em que ele estivera envolvido! No entanto, esse entusiasmo não durou muito. Uma outra descoberta feita na mesma época colocou em descrédito as afirmações de Pinches. Ela foi anunciada pelo padre Vincent Scheil, que relatou ter encontrado entre as tabuinhas guardadas no Museu Otomano de Constantinopla uma carta do
famoso rei Hamurabi da Babilônia, mencionando o nome de Kudur Laghamar. E, como a missiva estivesse endereçada a um rei de Larsa, o padre Scheil concluiu que os três tinham sido contemporâneos; portanto, seriam três dos quatro reis orientais citados no Gênesis. Hamurabi seria “Amrafel, rei de Senaar”.
Por algum tempo, o quebra-cabeças pareceu estar completo. Até hoje é possível encontrar livros de história e comentários bíblicos que afirmam que Amrafel é Hamurabi. A conclusão resultante é que Abraão foi contemporâneo desse governante, algo bastante plausível, pois acreditava-se na época que Hamurabi houvesse reinado de 2067 a 2025 a.C, colocando o patriarca, a guerra dos reis e a subseqüente destruição de Sodoma e Gomorra no final do terceiro milênio antes de Cristo.
No entanto, quando pesquisas posteriores convenceram a maioria dos estudiosos de que Hamurabi havia reinado muito mais tarde (de 1792 a 1750 a.C.), a sincronização aparentemente conseguida por Scheil caiu por terra, e todas as inscrições, até mesmo as descobertas por Pinches na coleção Spartoli do Museu Britânico, tornaram-se alvo de dúvidas. De nada adiantaram as
súplicas de Pinches para que suas traduções fossem examinadas com mais vagar; mesmo que os três reis identificados não fossem contemporâneos de Hamurabi, segundo ele o relato continuava sendo “uma notável coincidência histórica”, que merecia reconhecimento como tal. Em 1917 Alfred Jeremias tentou reviver o interesse pelo assunto, mas a comunidade acadêmica preferiu tratar as tabuinhas Spartoli com indiferença.
Elas permaneceram ignoradas nos porões do Museu Britânico por meio século, até que M. C. Astour voltou ao tema num estudo para a Universidade Brandeis (Political and Cosmic Symbolism in Gênesis 14). Demonstrando que os quatro reis do oriente podiam ser identificados com governantes de épocas muito diferentes entre si, ele concluiu que o texto bíblico não era histórico,
mas uma obra de filosofia religiosa, em que o autor usara quatro incidentes históricos diferentes para ilustrar uma única moral; o destino dos reis malvados.
Como logo surgiram trabalhos salientando as improbabilidades na sugestão de Astour, o interesse nos Textos Codorlaomor acabou novamente desaparecendo. No entanto, o consenso acadêmico de que a história bíblica e os textos babilônicos derivaram de uma fonte comum, muito anterior, nos impele a reviver a súplica de Pinches e seu argumento básico: como é que textos cuneiformes, que confirmam o pano de fundo sobre uma guerra importante e dão o nome de três reis encontrados no Gênesis podem ser ignorados?
Esses indícios – cruciais, como veremos, para se entender aqueles anos fatídicos devem ser descartados simplesmente porque Amrafel não era Hamurabi? A resposta é que a carta de Hamurabi encontrada por Scheil não deveria ter prejudicado a descoberta de Pinches, porque Scheil leu-a de modo errado. Segundo sua versão, Hamurabi prometia uma recompensa a Sin-Idinna, rei de Larsa, pelo seu “heroísmo nos tempos de Codorlaomor”. Isso implicava que os dois tinham sido aliados numa guerra contra Codorlaomor e, assim, contemporâneos do rei de Elam.
Devido a essa afirmação, a descoberta de Scheil foi desacreditada, pois ela contradizia tanto a afirmação bíblica de que eram três reis aliados como fatos históricos bem conhecidos: Hamurabi não tratava Larsa como aliado, mas sim como inimigo, vangloriando-se de que derrotara aquele país em batalha e atacara seu recinto sagrado “com a arma poderosa que os deuses lhe tinham dado”.
Um exame mais minucioso da carta de Hamurabi revela que o padre Scheil, em sua ansiedade de provar a identificação desse rei como Amrafel, trocou o significado da missiva: Hamurabi não estava oferecendo uma recompensa através da devolução de certas deusas ao recinto sagrado de Larsa, mas sim exigindo sua devolução à Babilônia.
A Sin-Idinna assim fala Hamurabi sobre as deusas que no Emutbal [o recinto sagrado] ficaram atrás de portas, desde os tempos de Kudur Laghamar, amarradas em panos de saco. Quando eles as pedirem de volta, aos meus homens entregue-as. Os homens pegarão as mãos das deusas; a sua morada as trarão.
Pelo texto, vê-se que o seqüestro das deusas tinha acontecido em épocas anteriores, pois elas eram mantidas cativas no Emutbal “desde os tempos de Kudur-Laghamar”. Isso, portanto, significa que Codorlaomor e Hamurabi não eram contemporâneos. Essa leitura da carta descoberta pelo padre Scheil é corroborada pelo fato de que Hamurabi repetiu a exigência em outra mensagem a Sin-Idinna, dessa vez mandando-a entregar pelas mãos de altos oficiais militares.
Essa segunda carta está no Museu Britânico (no. 23.131) e seu texto foi publicado por L. W. King em The Letters and Inscriptions of Hamarabi.
Para Sin-Idinna assim diz Hamurabi: Agora estou enviando Zikir-ilishu, o Oficial de Transportes, e Hamurabi Bani, o Oficial de Vanguarda, para que eles possam trazer as deusas que estão no Emutbal.
As instruções a seguir deixam claro que as deusas deveriam ser devolvidas de Larsa para a Babilônia:
Farás as deusas viajarem num barco de procissão, arrumado como um santuário, para que elas possam vir à Babilônia. As mulheres do templo as acompanharão. Encherás o barco com creme puro e cereais para alimento das deusas; carneiros e provisões colocarás no barco para sustento das mulheres do templo, o bastante para a viagem até a Babilônia. E indicarás homens para remar o barco e soldados escolhidos para trazer as deusas em segurança à Babilônia. Não as retardes; que elas cheguem rapidamente à Babilônia.
Fica claro, portanto, que Hamurabi – inimigo, não aliado de Larsa – estava querendo sanar males ocorridos muito antes de seu tempo, na época de Kudur-Laghamar. Assim, as cartas confirmam a existência de Codorlaomor e o reino elamita de Elasar (Larsa), elementos-chave no relato bíblico.
Em que período se encaixam esses elementos?
Como os registros históricos deixaram bem esclarecido, foi Shulgi que, em 2068 a.C. 28º. ano de seu reinado, deu sua filha em casamento a um chefe elamita e concedeu-lhe como dote a cidade de Larsa. Em troca, os elamitas colocaram uma “legião estrangeira” à disposição do rei. Essas tropas foram empregadas para subjugar as províncias ocidentais, inclusive Canaã. É então no final do reinado de Shulgi, e quando Ur ainda era uma capital imperial sob seu sucessor imediato, Amar-Sin, que encontramos a brecha no tempo histórico em que todos os registros bíblicos e mesopotâmicos parecem se encaixar com perfeição.
Creio então que é nessa época que deve ser centrada a busca pelo Abraão histórico, pois, como mostraremos adiante, a lenda de Abraão está entrelaçada com a lenda da queda de Ur, e seus tempos foram os últimos dias da Suméria. Com o descrédito da teoria Amrafel-Hamurabi, a verificação da Era de Abraão tornou-se uma verdadeira bagunça. Alguns chegaram a sugerir datas
que faziam do primeiro patriarca um descendente dos reis de Israel… Todavia, as datas exatas de sua época e os eventos nela ocorridos não precisam ser adivinhados, pois as informações nos são fornecidas pela própria Bíblia. Tudo o que temos de fazer é aceitar sua veracidade.
Os cálculos cronológicos são surpreendentemente simples. Nosso ponto de partida é 963 a.C. ano em que Salomão subiu ao trono de Israel. O Livro dos Reis afirma inequivocamente que Salomão começou a construção do templo de Yahweh/Enlil em Jerusalém no quarto ano de seu reinado, terminando-o no 11º ano. I Reis também diz que: “No ano quatrocentos e oitenta após a saída dos
filhos de Israel da terra do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão sobre Israel… ele construiu o templo de Yahweh/Enlil“.
Essa afirmação é apoiada (com uma ligeira diferença) pela tradição sacerdotal que diz que houve doze gerações de sacerdotes, cada uma de quarenta anos, desde o Êxodo até a época em que Azarias “exerceu o sacerdócio no templo construído por Salomão em Jerusalém” (Crônicas, 15:36).
Ambas as fontes concordam sobre a passagem de 480 anos, com uma diferença: uma conta a partir do início da construção do templo (960 a.C.), e a outra a partir de seu término (953 a.C.), quando puderam começar as funções de sacerdócio. Isso coloca o êxodo israelita do Egito em 1440 ou 1443 a.C.
Essa última data é a que está mais de acordo com outros acontecimentos. Com base no conhecimento reunido até o início deste século, os egiptólogos da Bíblia tinham chegado à conclusão de que o êxodo devia ter realmente acontecido em meados do século 15 a.C. No entanto, a maioria dos acadêmicos determinou uma data no século 13 porque ela parecia se encaixar melhor com a datação arqueológica de vários sítios cananeus, ajustando-se com os registros bíblicos sobre a conquista de Canaã pelos israelitas.
Apesar de quase oficial, essa nova data não foi unanimemente aceita. K. M. Kenyon, um dos maiores especialistas sobre Jericó, a cidade mais importante conquistada pelos israelitas, concluiu que sua destruição nessa ocasião ocorreu por volta de 1560 a.C. – bem antes do século 13 a.C. Por outro lado, a pessoa que mais escavou Jericó, J. Garstang, afirmava que as evidências arqueológicas davam sua conquista pelos israelitas como tendo acontecido entre 1400 e 1385 a.C. Acrescentando a esse número os quarenta anos de peregrinação israelita pelo deserto, ele e outros estudiosos encontraram apoio arqueológico para dar como data do êxodo um ano entre 1440 a 1425 a.C.
data que concorda com nossa sugestão de 1433 a.C.
Durante mais de um século os estudiosos também vasculharam os registros em busca de uma pista para determinar a data em que ocorreu o êxodo. As únicas referências aparentes são encontradas na obra de Manetho. Como citado por Flávio Josefo em Contra Apião, o historiador egípcio afirmou que, “depois que as explosões do desagrado de Deus caíram sobre o Egito”, um faraó chamado Tutmosis negociou com o Povo Pastor, “O povo do leste, para eles evacuarem o Egito e irem para onde quisessem sem ser molestados”.
Então esse povo partiu, atravessou o deserto “e construiu uma cidade num país atualmente chamado Judéia, à qual deram o nome de Jerusalém”. Teria Josefo ajustado os escritos de Manetho para adequá-los aos relatos bíblicos ou de fato os eventos relacionados com a escravidão dos israelitas ocorreram mesmo na época do bem conhecido faraó Tutmés?
Manetho referiu-se “ao rei que expulsou o povo pastor do Egito” numa seção de sua obra dedicada aos faraós da XVIII Dinastia. Os egiptólogos agora aceitam como fato histórico a expulsão dos hicsos (os “reis pastores” asiáticos) em 1567 a.C. pelo fundador da XVIII Dinastia, o faraó Amósis. Essa nova dinastia, que estabeleceu o Novo Império no Egito, pode bem ser a nova dinastia de faraós “que não conhecia José”, da qual fala a Bíblia (Êxodo 1:8).
Teófilo, bispo de Antióquia, escrevendo no século 2, também referiu-se a Manetho em suas obras e afirmou que os hebreus tinham sido escravizados pelo rei Tethmosis, para quem “construíram cidades fortificadas como Peitho, Rameses e On, que é Heliópolis, e depois partiram sob um faraó cujo nome era Amasis” .
Por tudo isso, parece que os problemas dos israelitas começaram sob um faraó chamado Tutmés e culminaram com sua partida sob um sucessor chamado Amasis. Analisemos agora os fatos históricos que já estão bem estabelecidos. Depois que Amósis expulsou os hicsos, seus sucessores no trono do Egito vários dos quais eram chamados Tutmés, segundo os historiadores antigos
envolveram-se em campanhas militares na Grande Canaã usando a Estrada do Mar como rota de invasão. Tutmés I (1525/1512 a.C.), um soldado profissional, colocou o Egito em pé de guerra e enviou expedições militares para o interior da Ásia, atingindo até o rio Eufrates. Acreditamos que era ele que temia pela lealdade dos israelitas e por isso ordenou a matança de todos os bebês primogênitos (Êxodo, 1:9-16).
Pelos nossos cálculos, Moisés nasceu em 1513 a.C. um ano antes da morte de Tutmés I. Já no início deste século, vários autores se perguntavam se a “filha do faraó” que retirou Moisés das águas e o criou no palácio real não seria Hatshepsut, a filha mais velha de Tutmés I com sua consorte oficial, sendo assim a única princesa que poderia ostentar o importante título de “Filha do Rei”. Pensamos
que fosse mesmo ela e que Moisés continuou a receber o tratamento de filho adotivo porque, depois de Hatshepsut ter se casado com o faraó seguinte, seu meio-irmão Tutmés II, ela foi incapaz de gerar descendentes.
Tutmés II morreu logo e teve um curto reinado. Tutmés III, filho de uma mulher de harém, foi o maior rei guerreiro do Egito e, no entender de alguns egiptólogos, um verdadeiro Napoleão da Antiguidade. De suas dezessete campanhas contra países estrangeiros com o intuito de obter tributos ou cativos para suas importantes obras de construção, a maioria foi realizada em Canaã, no Líbano e na margem do Eufrates. Cremos que, como T. E. Peet (Egypt and the Old Testament) e outros afirmaram antes, foi Tutmés III que escravizou os israelitas, pois em suas campanhas militares ele penetrou até Naharim, ao norte. Esse é o nome egípcio para a área no alto do rio Eufrates que a Bíblia chama de Aram-Naharim, onde tinham permanecido os parentes dos patriarcas hebreus. Isso então explicaria o temor do faraó (Êxodo 1:10) de que, “em caso de guerra… eles combaterão contra nós”.
Pensamos também que Moisés fugisse de uma sentença decretada por Tutmés III quando se
lançou ao deserto depois de saber de suas origens hebréias e tomar o partido de seu povo.
Tutmés III morreu em 1450 a.C. e foi sucedido por Amenófis II- o Amasis de Teófilo. E, de fato, só “muito tempo depois da morte do rei do Egito”, como é dito em Êxodo 2:23, Moisés atreveu-se a voltar àquele país para exigir do novo faraó (Amenófis II, em nossa opinião) que libertasse seu povo. O reinado de Amenófis II durou de 1450 a 1425 a.C., e concluímos que o êxodo aconteceu em 1433 a.C. quando Moisés estava com oitenta anos (Êxodo, 7:7).
Continuando com nossos cálculos retroativos, agora tentaremos estabelecer a data em que os israelitas chegaram ao Egito. As tradições judaicas falam numa estada de quatrocentos anos, mas o livro do Êxodo diz que “a estada dos filhos de Israel no Egito durou quatrocentos e trinta anos” (12:40-41). Essa diferença pode ser atribuída ao fato de José estar com trinta anos ao ser feito
chefe do Egito, época em que seus irmãos foram se juntar a ele. Isso deixa intacto o número 400 como os anos de estada dos israelitas (não dos josefitas) no Egito e, portanto, coloca a chegada destes àquele país em 1833 a.C. (1433 + 400).
A pista seguinte é encontrada no Gênesis 47:8-9: “Então José introduziu seu pai, Jacó, e apresentou-o a Faraó… Faraó perguntou a Jacó: ‘Quantos são teus anos de vida’, e Jacó respondeu a Faraó: ‘Os anos de minha peregrinação sobre a terra foram cento e trinta’”. Portanto, Jacó nasceu em 1963 a.C. Ora, Isaac estava com sessenta anos quando teve Jacó (Gênesis 25:26). Isaac nasceu de seu pai, Abraão, quando este tinha cem anos (Gênesis 21:5). Portanto, Abraão, que viveu até os 175 anos, estava com 160 quando nasceu seu neto Jacó. Isso coloca a data de nascimento de Abraão em 2123 a.C.
O século de Abraão, a centenas de anos que decorreu desde seu nascimento até o nascimento de seu filho e sucessor, Isaac, foi o século que assistiu à ascensão e queda da Terceira Dinastia de Ur. Nossa leitura da cronologia bíblica coloca Abraão bem no meio dos eventos daquela época. E não apenas como um mero observador, mas como um participante ativo. Ao contrário do que dizem os críticos da Bíblia, que afirmam que a partir da história da Abraão ela perde o interesse na história do Oriente Médio e da Humanidade como um todo, passando a focalizar apenas a “história tribal” de uma nação específica, ela na verdade continua a relatar acontecimentos de grande importância para a espécie humana e sua civilização – em especial uma guerra com aspectos sem precedentes e um desastre de natureza única, eventos nos quais o patriarca hebreu desempenhou um importante papel.
E essa é a história de como o legado da Suméria foi preservado quando a Suméria em si deixou de existir. Apesar dos inúmeros estudos que já foram feitos sobre Abraão, o fato é que tudo o que conhecemos sobre ele é o que está na Bíblia. Descendente direto de Sem (Shem), Abraão – de início chamado Abrão -, era filho de Terah e tinha como irmãos Harã e Nahor. Quando Harã morreu, ainda bastante jovem, a família vivia em “Ur dos caldeus”. Lá Abrão casou-se com Sarai, que posteriormente veio a ser chamada de Sarah.
Então “Terah tomou seu filho Abrão e seu neto Ló, filho de Harã, e sua nora Sarai, mulher de Abrão. Ele os fez sair de Ur dos caldeus para ir ao país de Canaã; mas chegando a Haran, ali se estabeleceram”. Os arqueólogos conseguiram descobrir Haran (“O Centro das Cavernas”). Ela
ficava a noroeste da Mesopotâmia, nos contrafortes das montanhas Taurus, e era uma importante encruzilhada da Antiguidade. A cidade controlava a estrada da rota norte que cortava as terras do leste da Ásia. Na época da Dinastia de Ur, Haran marcava o ponto onde se limitavam os domínios de Nannar e Adad na Ásia Menor. Os arqueólogos descobriram que ela era um centro florescente, que copiava Ur tanto na disposição de ruas e edificações como na devoção a Nannar/Sin.
A Bíblia não esclarece o motivo da partida da família da Abraão de Ur e também não especifica em que época aconteceu. Todavia, podemos adivinhar as respostas quando relacionamos esse evento com acontecimentos ocorridos na Mesopotâmia como um todo e em Ur em particular. A Bíblia nos informa que Abraão estava com 75 anos quando saiu de Haran para ir a Canaã. Toda a tônica da narrativa subseqüente sugere uma longa estada da família em Haran.
Ora, se Abraão nasceu em 2123 a.C. como concluímos anteriormente, ele era um menino de dez anos quando Ur-Nammu subiu ao trono de Ur, mesma época em que Nannar ganhou a custódia de Nippur. Portanto, Abraão era um jovem de 27 anos quando Ur-Nammu inexplicavelmente perdeu a proteção de Anu e Enlil/Yahweh e tombou morto num distante campo de batalha. Já descrevemos o efeito traumático do incidente sobre o povo da Mesopotâmia, o impacto que isso causou na fé em relação à onipotência de Nannar e à palavra de Enlil/Yahweh.
Ur-Nammu morreu em 2096 a.C. e talvez tenha sido nessa época que – sob o impacto do triste acontecimento ou em conseqüência dele – Terah e sua família deixaram Ur, dirigindo-se para uma terra distante, mas parando no início em Haran, uma cidade igual a Ur, que tão bem conheciam.
Durante os anos do declínio de Ur, a família permaneceu em Haran. Então, subitamente, o “Senhor” agiu de novo:
Enlil/Yahweh disse a Abrão: “Deixa teu país, teu local de nascimento e a casa de teu pai para o país que te mostrarei”… Abrão partiu, como lhe disse Iahweh, e Ló partiu com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando deixou Haran.
Novamente não existe explicação para essa mudança tão radical, mas a pista cronológica é muito reveladora. O ano de 2048 a.C. quando Abraão estava com 75 anos, foi o ano da queda de Shulgi!
Como a família de Abraão era descendente direta de Sem (Gênesis 11), ele sempre foi considerado um semita, portanto diferente (na mente dos especialistas) dos sumérios não-semitas e indo-europeus posteriores. Mas, no sentido bíblico original, todas as pessoas da Grande Mesopotâmia eram descendentes de Sem, não havendo diferença entre “semitas” e “sumérios” nesse particular.
Não existe nada na Bíblia que sugira – como querem alguns estudiosos – que Abraão e sua família eram amoritas (isto é, semitas ocidentais), que tinham ido à Suméria como migrantes para depois voltarem à terra natal. Pelo contrário, todos os registros apontam para a imagem de uma família com raízes na Suméria desde seus primórdios, que de uma hora para outra recebeu ordens de abandonar sua terra natal e ir para um país desconhecido.
A correspondência dos dois eventos bíblicos que vimos acima com as datas de dois importantes eventos históricos – e outros mais que virão – deve servir para indicar uma Ligação direta entre todos eles. Abraão emerge desse quadro não como um filho de imigrantes estrangeiros, mas como herdeiro de uma família diretamente envolvida nos assuntos de Estado sumérios!
Na tentativa de descobrir quem era Abraão, os estudiosos agarraram-se à semelhança entre sua designação como hebreu (Ibri) e o termo Hapiru (que no Oriente Médio podia se transformar em Habiru), pelo qual os assírios e babilônios dos séculos XVIII e XVII a.C. denominavam os semitas ocidentais salteadores. No final do século XV a.C. o comandante de uma guarnição egípcia pediu a seu rei que lhe enviasse reforços para combater os habiru que se aproximavam do forte. Foi com base nesses indícios que alguns estudiosos entenderam que Abraão era um semita ocidental [Ibri, Hapiru e Habiru indicam a ORIGEM dos povos hebreus: os Anunnaki de NIBIRU chefiados pelo deus Enlil/Yahweh] .
Muitos especialistas, contudo, duvidam que o termo habiru denote um grupo ético e imaginam se não seria um simples substantivo significando “salteadores” ou “invasores”. A sugestão de que ibri (claramente derivado do verbo “atravessar, cruzar”) e habiru são uma coisa só, cria substanciais
problemas filológicos e etimológicos. Existem também grandes inconsistências genealógicas que deram origem a graves objeções a essa teoria sobre a identidade de Abraão, especialmente quando os dados bíblicos são comparados com a conotação “bandido” do termo habiru.
A Bíblia conta incidentes relacionados com o poço de água e neles fica claro que Abraão tomava cuidado para não se envolver em conflitos com os residentes locais enquanto viajava através de Canaã. Quando ele se envolveu na Guerra dos Reis, recusou-se a tomar parte no saque. Esse não é o comportamento que se poderia esperar de um bárbaro nômade e indica o caráter de uma pessoa com altos padrões de conduta. Ao chegarem ao Egito, Abraão e Sarah foram levados à corte do faraó. Em Canaã, Abraão fez acordos com os governantes locais. Nada disso evoca a imagem de um salteador. Muito pelo contrário, o que vem a nossa mente é um personagem de alto nível, com prática em negociação e diplomacia.
Foi devido a essas considerações que Alfred Jeremias, na época um importante assiriólogo e professor de História da Religião na Universidade de Leipzig, anunciou em sua obra Das alte Testament em Lichte des Alten Orients, publicada em 1930, que “Abraão era um sumério [Anunnaki] em sua formação intelectual”. Ele ampliou essa conclusão em Der Kosmos von Sumer, um estudo publicado em 1932, em que disse: “Abraão não era um babilônio semita, mas um sumério”. Em sua opinião, o patriarca teria sido o patrono de uma reforma que visava elevar a sociedade suméria a níveis religiosos mais altos.
Idéias como essas eram audaciosas demais para uma Alemanha que assistia à ascensão do nazismo e suas loucas teorias raciais. Logo depois que Hitler subiu ao poder, as sugestões heréticas de Jeremias foram violentamente combatidas por Nikolaus Schneider num estudo intitulado War Abraham Sumerer? Em que ele concluiu que Abraão não era nem sumério nem hebreu de ascendência pura: “Desde o reinado de Sargão em Ur, a cidade natal de Abraão, nunca houve lá uma população suméria pura, sem mestiçagem, nem uma cultura suméria homogênea”.
Os acontecimentos subseqüentes, que culminaram na Segunda Guerra Mundial, puseram fim aos debates sobre o assunto. Infelizmente o fio lançado por Alfred Jeremias não foi retomado. Mesmo assim, todas as evidências bíblicas e mesopotâmicas nos dizem que Abraão era mesmo um [anunnaki] sumério. De fato, o Antigo Testamento (Gênesis 17:1-16) nos explica bem claramente
corno Abraão, através de uma aliança com seu Deus, transformou-se de um nobre sumério num potentado semita ocidental. Durante o ritual de circuncisão, ele teve o nome mudado do sumério AB.RAM (“Amado de seu Pai”) para o semita/acadiano Abraão (“Pai de uma Multidão de Nações”), e o nome de sua mulher, SARAI (“Princesa”) foi adaptado para Sarah, semita.
Portanto, foi somente aos 99 anos que Abraão tornou-se um “semita”. Para decifrarmos o enigma milenar da verdadeira identidade de Abraão e da natureza de sua missão em Canaã, precisamos procurar respostas na história, nos costumes e na língua dos sumérios. Seria muito ingênuo acreditar que o “Senhor” Enlil/Yahweh escolheria para chefiar uma importante missão em Canaã, da qual resultaria o nascimento de uma nação e o governo de todas as terras desde a fronteira do Egito até a da Mesopotâmia, uma pessoa ao acaso, alguém que estivesse caminhando pelas ruas de Ur.
Vamos começar a procurar mais informações sobre a família de Abraão nos nomes de seus membros. A jovem com quem ele se casou tinha o nome/ epíteto de “Princesa”. Ora, como ela era meia-irmã de Abraão (“Ela é realmente minha irmã, filha de meu pai, mas não de minha mãe”, Gênesis 20:12), podemos assumir como certo que ou o pai de Abraão ou a mãe de Sarah era de ascendência real. Como a filha de Harã, irmão de Abraão, tinha também um nome real – Melca (Milkha), que significa “Com as Atitudes de uma Rainha” -, fica claro que o pai de Abraão, Terah, era quem descendia da realeza.
Dessa forma, quando falamos na família de Abraão, estamos nos referindo a uma família pertencente aos mais altos níveis da aristocracia, sem dúvida pessoas com atitudes nobres, elegantemente vestidas, como as que encontramos retratadas em tantas estátuas sumérias. Essa família aristocrática não apenas afirmava que descendia diretamente de Sem como mantinha registros de sua genealogia, guardando os nomes de seus primogênitos por não menos que três séculos, pois estão citados na Bíblia: Arfaxad, Salé e Héber; Faleg, Reu e Serug; Nahor, Terah e Abraão.
E o que significam esses nomes/epítetos? Se Salé (“Espada”) nasceu, como diz o Gênesis, 258 anos antes de Abraão, ele veio ao mundo em 2381 a.C. época das lutas que levaram Sargão ao trono da nova capital, Acad. Após 64 anos, a família deu ao primogênito o nome de Faleg (“Divisão”). De fato, foi essa a época em que a Suméria e Acad se separaram, depois da tentativa de Sargão em remover o solo sagrado da Babilônia.
Mas até hoje o nome que mais despertou interesse é o do primogênito Héber, nascido em 2351 a.C., pois foi dele que realmente derivou o termo bíblico Ibri (“hebreu”), denominação que Abraão aplicava a si e a sua família. Esse termo tem claramente origem na raiz, que significa “atravessar, cruzar”, e tudo o que os estudiosos encontraram como explicação para esse qualificativo foi a conexão habiru/hapiru, que já analisamos e descartamos. Essa interpretação errônea originou-se da busca pelo significado do nome/epíteto na Ásia Ocidental.
Um estudo mais atento mostra que o termo Ibri deriva de Eber (Héber), o pai de Faleg, e da raiz “atravessar, cruzar”; em vez de ficarmos procurando o significado do nome/epíteto em idéias relacionadas com os hapiru salteadores, devemos buscar a resposta na língua e origem sumérias de Abraão e seus ancestrais. É então que a solução surge com chocante simplicidade.
O sufixo bíblico “i”, quando aplicado a uma pessoa, designa “nativo de”. Um gileadi, por exemplo, era alguém nascido em Gilead. Portanto, Ibri significava nativo de um lugar chamado “Travessia” ou “Cruzamento”, e esse, exatamente, era o nome sumério para Nippur: NI.IB.RU – O “Local do
Cruzamento” [NIBIRU], ponto onde as linhas da Malha de Orientação pré-diluviana se cruzavam, o original Umbigo da Terra, o velho Centro de Controle da Missão Anunnaki. A perda da letra n nas transposições do sumério para o acadiano/hebraico era uma ocorrência freqüente. Ao afirmar que Abraão era um Ibri, a Bíblia estava simplesmente explicando que o patriarca hebreu era um Ni-ib-ri, ou seja, um homem de origem nippuriana [nibiruana, era um Anunnaki]!
O fato de a família de Abraão ter migrado de Ur para Haran fez com que os estudiosos concluíssem que Ur era a cidade natal do patriarca, mas na Bíblia não há nada que comprove isso. Pelo contrário, a ordem que Abraão recebeu para prosseguir até Canaã, deixando seu passado para trás, especifica três domicílios separados: o país (a Cidade-Estado de Ur), a casa do pai (na época
de Haran) e o local de nascimento (não identificado). Portanto, nossa teoria de que Ibri significa “nativo de Nippur” resolve o problema do verdadeiro local de nascimento do patriarca.
Como o nome Héber indica, foi em sua época – meados do século 24 a.C. que começou a associação da família com Nippur. Esta jamais foi uma capital real, sendo uma cidade consagrada, o “centro religioso” da Suméria no entender dos estudiosos do assunto. Lá também era o lugar onde o conhecimento da astronomia era confiado aos sumos sacerdotes e, portanto, o local onde era feito o calendário, ou seja, a lista de relações entre o Sol, a Terra e a Lua [e Nibiru] em suas órbitas.
Há muito é reconhecido que nossos calendários atuais derivam do calendário nippuriano original. Todos os indícios mostram que o calendário nippuriano começou por volta de 4000 a.C. na Era de Touro. É aí que encontramos uma outra confirmação sobre o cordão umbilical que liga os hebreus a Nippur. O calendário judaico continua contando os anos a partir de um “enigmático” início
em 3760 a.C. [a data da penúltima passagem do planeta NIBIRU pelo nosso sistema solar]. A tradição diz que essa seria uma contagem “a partir do início do mundo”, mas a verdadeira afirmação que os sábios judeus fizeram é que esse é o número de anos que se passaram “desde que começou a contagem dos anos”. Em nossa opinião isso significa: desde a introdução do calendário em Nippur.
Portanto, entre os ancestrais de Abraão encontramos uma família sacerdotal, de sangue real, chefiada por um alto sacerdote nippuriano; eles eram os únicos que tinham permissão para entrar na câmara mais interna do templo, onde recebiam a palavra da deidade para transmiti-la ao rei e ao povo. O nome do pai de Abraão, Terah, também é de grande interesse. Procurando pistas para identificá-lo somente no ambiente semita, os estudiosos da Bíblia o encaram, assim como a Héber e Nahor, como meros topônimos (nome que designam lugares), afirmando que havia cidades com essas denominações no norte e no centro da Mesopotâmia. Já os assiriólogos que procuraram o
significado do nome na terminologia do acadiano (a primeira língua semita), só conseguiram encontrar o substantivo Tirhu, que significava “um artefato ou vaso para propósitos mágicos”.
Mas, voltando até a língua suméria, descobrimos que o sinal cuneiforme para escrever Tirhu derivava diretamente do usado para escrever o nome de um objeto chamado DUG.NAMTAR
numa tradução literal, “O que Fala a Sorte” -, ou seja, um pronunciador de oráculos! Então, isso indica que Terah era um sacerdote do oráculo, designado para se aproximar da “Pedra que Sussurra” para ouvir as palavras da deidade e em seguida comunicá-las (com ou sem interpretação) à alta hierarquia leiga. Essa mesma função foi a posteriormente assumida pelo alto sacerdote israelita, que era o único a ter permissão para entrar no Santo dos Santos, aproximar-se do Dvir (“Falador”) e “ouvir a voz de Deus vinda da cobertura que fica sobre a Arca da Aliança, entre dois querubins”.
No monte Sinai, durante o êxodo israelita, o “Senhor” Enlil/Yahweh proclamou que sua aliança com os descendentes de Abraão significava que eles seriam para ele “um reino de sacerdotes”. Essa foi uma declaração que refletiu bem a posição da linhagem de Abraão: um sacerdócio real. Por mais incríveis que essas conclusões possam parecer, elas estão de pleno acordo com as práticas sumérias que os reis tinham de indicar suas filhas e filhos, e muitas vezes a si mesmos, para cargos de alto sacerdócio, o que resultava num entrelaçamento entre as linhagens real e sacerdotal.
Inscrições votivas encontradas em Nippur confirmam que os reis de Ur apreciavam muito o título de “Devoto Pastor de Nippur” e que quando iam lá desempenhavam as funções sacerdotais. O governador de Nippur – PA.TE.SI NI.IB.RU – era também UR.ENLIL (“O Principal Servo de Enlil/Yahweh“). Um exemplo é AB.BA.MU, um governador de Nippur durante o reinado de
Shulgi.
O fato de uma família de pessoas tão intimamente associadas a Nippur – a ponto de chamarem-se a si próprios de “nippurianos” (ou seja, “hebreus”) estar ocupando altos cargos em Ur é uma possibilidade que condiz com as circunstâncias que prevaleciam na Suméria na época em questão. Lembremo nos de que foi nessa ocasião que, pela primeira vez, Nannar e o rei de Ur obtiveram a custódia de Nippur, juntando as funções seculares e religiosas. Então é bem possível que, quando Ur-Nammu subiu ao trono de Ur, Terah tenha se mudado com a família para a capital talvez para servir de ligação entre o templo de Nippur e o palácio real. A estada da família na capital deve
ter durado o mesmo tempo que o reinado de Ur-Nammu, pois foi no ano de sua morte, como já vimos, que ela se mudou para Haran.
A Bíblia não especifica o que a família fez em Haran, mas, considerando-se sua linhagem real e a sua posição religiosa, ela devia pertencer à alta aristocracia da cidade. A facilidade com que Abraão posteriormente lidou com vários reis sugere que ele estava envolvido nos assuntos de relações
exteriores de Haran. Sua especial amizade com os hititas residentes em Canaã, conhecidos por sua experiência militar, pode lançar alguma luz sobre onde o patriarca adquiriu os conhecimentos militares que empregou com tanto êxito na Guerra dos Reis.
As tradições da Antiguidade costumam apresentar Abraão, como um personagem muito versado em astronomia, um conhecimento extremamente valioso nas longas viagens, em que a orientação era feita pelas estrelas. Segundo Flávio Josefo, Berosso referia-se a Abraão, sem denominá-lo especificamente, quando escreveu sobre a ascensão entre os caldeus “de um certo grande e virtuoso homem que era afamado como astrônomo”. (Se Berosso realmente estava se referindo a Abraão, o significado da inclusão do patriarca hebreu nas crônicas babilônicas excede de longe uma mera citação de alguém com bons conhecimentos de astronomia.)
Durante todos os ignominiosos anos do reinado de Shulgi, a família de Terah permaneceu em Haran. Foi então que, depois do falecimento do rei, chegou a ordem divina de Enlil/Yahweh para que eles prosseguissem a viagem para Canaã. Terah era então bastante idoso, e Nahor deveria ficar com ele em Haran. O escolhido para cumprir a missão foi Abraão, embora ele mesmo já fosse idoso, pois estava com 75 anos.
Era o ano 2048 a.C. e ele marcou o início de 24 anos fatídicos – dezoito deles abrangendo os reinados cheios de guerras dos sucessores imediatos de Shulgi (Amar-Sin e Shu-Sin) e seis abrangendo o reinado de Ibbi-Sin, o último soberano de Ur. Sem dúvida, é mais do que mera coincidência a morte de Shulgi ter servido de sinal não somente para a mudança de Abraão como também para um realinhamento entre os deuses do Oriente Médio. Por mais incrível que pareça, foi exatamente quando Abraão (acompanhado de tropas de elite, como veremos adiante) deixou Haran – o portal para as terras hititas – que o exilado Marduk surgiu no “País dos Hatti”. Uma outra notável coincidência é que Marduk permaneceu ali durante os 24 anos fatídicos que culminaram com o grande desastre.
A prova dos movimentos de Marduk é uma tabuinha encontrada na biblioteca de Assurbanipal, em que o deus, já idoso, conta sobre suas perambulações e seu retorno à Babilônia:
Ó grandes deuses, saibam de meus segredos. Enquanto prendo meu cinturão, as lembranças voltam a minha mente. Sou o divino Marduk, um grande deus. Por causa de meus pecados fui expulso e para as montanhas me dirigi. Por muitas terras vaguei. Fui desde onde o sol se levanta até onde ele se põe. No País dos Hatti perguntei a um oráculo sobre meu trono e minha soberania. Enquanto ele falava, perguntei: “Até quando?”. E, por 24 anos, no meio deles me aninhei.
O aparecimento de Marduk na Ásia Menor – insinuando uma inesperada aliança com Adad – era assim o outro lado da moeda da missão de Abraão em Canaã. De acordo com o restante do texto, Marduk enviou de seu novo local de exílio, passando por Haran, emissários e suprimentos para seus seguidores na Babilônia. Ele também mandou agentes comerciais a Mari, dessa forma fazendo investidas nos dois pontos de passagem – o pertencente a Nannar/Sin e o de Inanna/Ishtar.
Como se só estivesse esperando por um sinal – que foi a morte de Shulgi -, todo o mundo antigo começou a se mexer. A Casa de Nannar caíra em descrédito, e a Casa de Marduk via se apresentar uma oportunidade. Embora Marduk continuasse proibido de entrar na Mesopotâmia, seu primogênito, Nabu, esforçava-se para obter adesões à causa de seu pai. Sua base de operações era Borsippa, seu próprio “centro de culto”, mas sua área de ação estendia-se muito além dele, indo até mesmo à Grande Canaã. Foi dentro desse quadro de rápidas mudanças que Abraão recebeu a ordem de partir para Canaã.
Acompanhado da mulher, do sobrinho Lót e família e de seu séquito, o patriarca tomou o rumo sul. Houve uma parada em Sequém, onde ele ouviu a palavra do Senhor. “Dali ele passou à montanha, a orientação de Betel”, e armou sua tenda, tendo Betel a oeste e Hai a leste. Construiu ali um altar a Yahweh/Enlil e invocou seu nome. “Betel, que significava “Casa de Deus” – lugar ao
qual Abraão continuou a voltar -, ficava nos arredores da futura Jerusalém e seu monte sagrado, o Moriá (“Monte de Dirigir”). Foi na Rocha Sagrada desse monte que a Arca da Aliança foi colocada quando Salomão construiu o templo de Yahweh/Enlil em Jerusalém.
Desse lugar, “de acampamento em acampamento, ele foi para o deserto de Neguev”. O Neguev, a região desértica onde se mesclavam Canaã e a península do Sinai, era claramente o destino final de Abraão. Vários pronunciamentos divinos designaram o Riacho do Egito (atualmente chamado de Wadi El-Arish) como a fronteira sul dos domínios do patriarca e o oásis de Cades-Barn como seu
posto setentrional mais avançado. O que Abraão faria no Neguev, cujo próprio nome (“A Secura”) alardeia sua aridez? O que existia ali para justificar uma longa e apressada viagem desde Haran, enfrentando quilômetros e quilômetros de terreno árido?
O primeiro ponto de interesse de Abraão em sua longa jornada foi o monte Moriá. Naqueles tempos o monte servia juntamente com seus vizinhos, o monte Zofim [“Monte dos Observadores” ´(os duzentos “Anjos Caídos” liderados por Semjaza)] e o monte Sião (“Monte do Sinal”), como local do Centro de Controle da Missão dos Anunnaki. Quanto ao Neguev, sua única importância estava ligada ao fato de ele ser o portal para o Espaçoporto na península do Sinai.
A narrativa subseqüente nos informa que Abraão tinha aliados militares na região e que em seu séquito havia um corpo de elite composto de várias centenas de guerreiros. O termo bíblico para eles, Naar, tem sido traduzido de várias maneiras, em especial como “partidários” ou simplesmente “jovens”. No entanto, estudos mais profundos mostram que em hurrita a palavra designava “cavaleiros” ou “cavalaria”.
De fato, estudos recentes de textos mesopotâmicos que tratam de movimentações militares colocam entre os soldados da cavalaria e condutores de carros de guerra os LU.NAR (“Homens-Nar”), um grupo de cavaleiros mais rápidos. Encontramos em termo idêntico na Bíblia (Samuel, 1:30-17): depois que o rei Davi atacou o acampamento amalecita, os únicos a escapar foram “quatrocentos Ish-Naar [aqui traduzido por ‘jovens’, mas que numa tradução literal seria ‘Homens-Nar’ ou LU.NAR], que fugiram em camelos” .
As descrever os guerreiros de Abraão como Homens-Naar, o Antigo Testamento está nos informando que o patriarca levava com ele uma tropa de cavalaria que possivelmente usava camelos em vez de cavalos. Abraão pode ter emprestado a idéia de construir uma tal força de ataque rápido dos hititas, que habitavam a região fronteiriça de Haran. No entanto, para as regiões
áridas do Neguev e da península do Sinai, a montaria mais indicada seria o camelo. A imagem de Abraão que está emergindo desse quadro, não é de um pacífico pastor nômade, mas a de um comandante militar inovador, talvez não se ajuste à idéia habitual que se faz do patriarca, mas está de acordo com as antigas lendas sobre ele.
Dessa forma, ao citar fontes mais antigas, Flávio Josefo (século 1 d.C.) escreveu: “Abraão reinou em Damasco, onde era um estrangeiro, tendo vindo das terras acima da Babilônia à frente de um exército”, de onde, “depois de um longo tempo, Deus o fez sair junto com seus homens e ele foi para a região que na época era chamada de Terra de Canaã, mas que atualmente é a Judéia”.
A missão de Abraão, portanto, era de cunho militar. Ele deveria proteger as instalações espaciais dos Anunnaki – o Centro de Controle da Missão e o Espaçoporto! Depois de uma curta estada no Neguev, Abraão atravessou a península do Sinai e entrou no Egito. Não sendo nômades comuns, ele e Sarah foram recebidos no palácio real. Pelos meus cálculos isso aconteceu por volta de
2047 a.C. quando os faraós que governavam o Baixo Egito (região norte do país), por não serem seguidores de Amen (“O Deus Escondido”, isto é, Ra/Marduk), estavam enfrentando as pressões dos príncipes de Tebas (região sul), onde Amen era considerado a divindade suprema.
Só poderemos adivinhar que assuntos de Estado – alianças, defesas conjuntas, ordens divinas – foram discutidos entre o faraó acossado e o Ibri, Abraão o general nippuriano [nibiruano, um Anunnaki]. A Bíblia silencia sobre isso e também sobre a duração da estada do patriarca no Egito (que o Livro dos Jubileus afirma ter sido de cinco anos). Quando chegou a hora de Abraão voltar ao Neguev, ele estava acompanhado de uma grande comitiva de homens do faraó.
“Do Egito, Abraão com sua mulher, e tudo o que possuía, e Ló com ele, subiram ao Neguev”. Ainda segundo a Bíblia, o patriarca estava “rico em rebanhos” de carneiros e gado para fornecer alimentos e roupas, e de jumentos e camelos de montaria. Novamente Abraão foi para Betel com a intenção de “invocar os nome de Enlil/Yahweh“, procurando instruções. Seguiu-se uma separação de Lót, pois o sobrinho optou por residir na Planície do rio Jordão, “que era toda irrigada – antes que Enlil/Yahweh destruísse Sodoma e Gomorra como o jardim de Enlil/Yahweh, como a terra do Egito, até Segor”.
O patriarca prosseguiu viagem para a região montanhosa, estabelecendo-se no pico mais alto próximo de Hebron, do qual podia ver em todas as direções. O Senhor lhe disse: “Anda! Percorre esta terra no seu cumprimento e na sua largura porque eu ta darei”. E foi logo depois disso que, “no tempo de Amrafel, rei de Senaar”, formou-se a expedição militar da aliança oriental. “Por doze anos [os reis cananeus] ficaram sujeitos a Codorlaomor, mas no décimo terceiro ano eles se revoltaram”. (Gênesis,14:4-5).
Há muito os estudiosos buscam nos registros arqueológicos indícios que possam esclarecer os eventos relatados na Bíblia. Seus esforços, contudo, têm sido infundados porque eles insistem em procurar Abraão na era errada. Mas, se estamos mesmo certos em nossa cronologia, fica simples encontrar solução para o problema “Amrafel”. É uma solução nova, mas que se apóia em sugestões feitas (e ignoradas) mais de século atrás. Em 1875, comparando a leitura tradicional do nome – Amrafel com sua grafia nas traduções primitivas da Bíblia, F. Lenormant sugeriu que a leitura correta deveria ser “Amar-pai”. Dois anos depois o especialista D. H. Haigh também adotou essa versão, salientando que o segundo elemento “é o nome de um deus Lua [Sin]”, e declarou: “Há muito estou convencido de que Amar-pal é um dos reis de Ur”.
Em 1916 Franz M. Bohl, em sua obra sobre os reis dos Gênesis, sugeriu de novo – e sem sucesso – que a leitura correta de “Amrafel” deveria mesmo ser “Amar-pal”, explicando que significava “Visto pelo Filho”, uma denominação bem de acordo com outros nomes reais do Oriente Médio, como, por exemplo, o do egípcio Thot-més (“Visto por Thot”). Pal, que significa “filho”, era realmente um sufixo comum nos nomes reais mesopotâmicos e costumava ser usado para denominar a deidade considerada o filho de um determinado deus. Como em Ur, Nannar/Sin era considerado o filho predileto de Enlil. Nossa teoria é de que Amar-pal e Amar-Sin fossem um único nome.
Minha identificação do “Amrafel” do Gênesis 14 como sendo Amar-Sin, o terceiro rei da III Dinastia de Ur, ajusta-se perfeitamente à cronologia bíblica e à suméria. O relato bíblico sobre a Guerra dos Reis coloca a campanha numa data logo após a volta de Abraão do Egito para o Neguev, mas antes do décimo aniversário de sua chegada a Canaã, ou seja, entre 2042 e 2039 a.C. Amar-Sin/Amar-pal reinou de 2047 a 2039 a.C. Portanto, a Guerra dos Reis aconteceu no final de seu reinado.
Os cálculos relacionados com o reinado de Amar-Sin apontam seu sétimo ano – 2041 a.C.- como aquele em que houve a importante expedição militar às províncias ocidentais. Os dados bíblicos (Gênesis 14:4-5) dizem que a guerra estourou catorze anos depois que os elamitas a serviço de Codorlaomor subjugaram os reis cananeus. E, de fato, catorze anos antes de 2041 – 2055 a.C.- foi a data em que Shulgi, depois de ouvir os oráculos de Nannar, enviou os elamitas para Canaã.
Nossa sincronização entre os eventos bíblicos e sumérios e suas respectivas datas resulta na seguinte seqüência, que é sustentada por todos os fatores de tempo relacionados na Bíblia:
- 2123 a.C. Abraão nasce em Nippur
- 2113 a.C. Ur-Nammu sobe ao trono de Ur e recebe a custódia de Nippur. Terah e sua família mudam para Ur.
- 2095 a.C. Shulgi sobe ao trono depois da morte trágica de Ur-Nammu. Terah e sua família partem para Haran.
- 2055 a.C. Shulgi recebe os oráculos de Nannar e envia tropas elamitas a Canaã.
- 2048 a.C. Anu e enlil ordenam a morte de shulgi. Abraão, aos 75 anos, recebe a ordem de sair de Haran.
- 2047 a.C. Amar-Sin (“Amrafel”) ascende ao trono de Dr. Abraão sai do Neguev para o Egito.
- 2042 a.C. Os reis cananeus prestam fidelidade a “outros deuses”. Abraão volta do Egito com tropas de elite.
- 2041 a.C. Amar-Sin inicia a Guerra dos Deuses
Quem seriam os “outros deuses” que estavam ganhando a lealdade das cidades cananéias? A resposta é: Marduk, que tramava de seu novo local de exílio, mais próximo da arena dos acontecimentos, e Nabu, seu filho, que percorria o leste de Canaã procurando adesões à causa de seu pai. Como indicam os nomes dos lugares citados na Bíblia, toda a terra de Moab caíra sob a
influência de Nabu. A região também era conhecida por Terra de Nabu, e muitos dos acidentes geográficos da área tinham nomes dados em honra desse deus. O pico mais alto da região manteve seu nome através dos milênios e chegou até nós. É o monte Nebo.
Então esse é o quadro histórico dentro do qual o Antigo Testamento colocou a invasão vinda do oriente. Mas, mesmo encarada do ponto de vista da Bíblia, que comprimiu as lendas mesopotâmicas dos deuses num molde monoteísta, essa guerra foi realmente incomum. O propósito declarado – o abafamento de uma rebelião – foi na verdade apenas uma faceta secundária. O verdadeiro alvo uma encruzilhada no deserto – nunca foi atingido.
Seguindo a rota sul, que ia da Mesopotâmia a Canaã, os invasores desceram para a região da atual Transjordânia, tomando a Estrada do Rei e atacando os mais importantes postos avançados que guardavam os pontos de travessia do rio Jordão: Astarot-Carnaim, ao norte; Ham, no centro; e Cariataim no sul. Segundo a história bíblica, o verdadeiro alvo dos invasores era El-Farã (El Parã), mas ele jamais chegou a ser alcançado. Continuando o avanço pela Estrada do Rei, eles em seguida deram a volta em torno do mar Morto, passaram pelo monte Seir e tomaram a direção de El-Farã “na margem do deserto”. No entanto, foram forçados a dar meia-volta na altura de “Ein Nushpat (a Fonte do Julgamento) que é Cades”. Portanto, El-Farã (“lugar Glorioso de Deus”?) não foi atingido. De alguma forma os invasores foram derrotados nas cercanias de Cades.
Foi na volta do avanço frustrado a El-Farã que os invasores se defrontaram com os reis cananeus. “O rei de Sodoma, o rei de Gomorra, o rei de Adama e o rei de Seboim e o rei de Bela (este é Segor) fizeram uma expedição e ergueram batalha contra eles no vale de Sidim”… Portanto, a batalha com os reis cananeus foi uma fase posterior da guerra e não o primeiro objetivo. Há um século, num minucioso estudo intitulado Kadesh-Barnea, H. C. Trumbull concluiu que o verdadeiro objetivo dos reis invasores era El-Farã, que ele identificou corretamente como o oásis fortificado chamado Nakhl, situado na planície central da península do Sinai.
Porém, nem ele nem outros estudiosos chegaram a explicar por que uma grande coalizão de reis enviaria um exército para um alvo tão distante, situado a milhares de quilômetros de seus domínios, enfrentando deuses e homens, com o único objetivo de capturar um oásis isolado no meio de uma vasta planície desértica. Então, por que eles foram até lá e quem bloqueou seu avanço em Cades Barne, forçando-os a voltar? Ninguém até agora deu uma resposta a essa pergunta. E nenhuma outra faria sentido senão a que oferecemos: o alvo do exército invasor era o Espaçoporto dos deuses Anunnaki, e quem bloqueou seu avanço em Cades-Barne foi Abraão.
Desde épocas muito primitivas Cades-Barne era o local mais próximo das instalações espaciais dos Anunnaki no qual os homens podiam entrar sem ter permissão especial. Shulgi esteve lá para orar e fazer oferendas ao “Deus que Julga”. Quase mil anos antes dele o rei sumério Gilgamesh parou lá para tentar conseguir a permissão especial. Ali era o lugar que os sumérios chamavam de BAD.GAL.DINGIR e Sargão de Acad de Dur-Mah-Ilani, e que as inscrições colocam-no inequivocamente em Tilmun (a península do Sinai). Nossa teoria é de que esse era o lugar que a Bíblia chama de Cades-Barne e foi lá que Abraão, com suas tropas de elite, bloqueou o avanço dos invasores sobre o Espaçoporto propriamente dito.
As insinuações do Antigo Testamento tornam-se um relato detalhado nos Textos de Codorlaomor, descobertos na Mesopotâmia, que esclarecem que o objetivo da guerra foi enviar a volta de Marduk e tentar frustrar seus esforços para conseguir acesso ao Espaçoporto. Esses textos não somente dão os nomes dos mesmos reis citados na Bíblia como repetem até o pormenor do
Antigo Testamento sobre a mudança da lealdade no “décimo terceiro ano”.
Quando analisamos os Textos de Codorlaomor a fim de esclarecer a narrativa bíblica, devemos ter em mente que eles foram escritos por um historiador babilônico favorável às ambições de Marduk em transformar a Babilônia no “umbigo das quatro regiões voltado para o céu”. Foi com o objetivo de frustrar essas ambições que os deuses contrários a Marduk ordenaram que Codorlaomor capturasse e profanasse a Babilônia:
Os deuses… Para Kudur-Laffimar, rei da terra de Elam, eles decretaram: “Desça lá!”. O que era mau para a cidade ele fez. Na Babilônia, a preciosa cidade de Marduk, ele apoderou-se da soberania; na Babilônia, a cidade do rei dos deuses, Marduk, a monarquia derrubou; fez do templo um covil para os bandos de cães; corvos em vôo, aos gritos, seu esterco depositaram lá.
A humilhação da Babilônia foi só o começo. Depois das “más ações” cometidas lá, Utu/Shamash agiu contra Nabu, a quem acusava de ter subvertido a lealdade de um certo rei para com seu pai, Nannar/Sin. E isso aconteceu, afirmam os Textos de Codorlaomor, no décimo terceiro ano
(exatamente como diz o Gênesis 14).
O filho de seu pai veio diante dos deuses; naquele dia, Shamash, o Brilhante, contra o senhor dos senhores, Marduk falou: “A fidelidade de seu coração o rei traiu: na época do décimo terceiro ano ele entrou em desacordo com meu pai”. “O rei deixou de cumprir suas funções ligadas à fé; tudo por culpa de Nabu”.
Os deuses em assembléia, assim alertados para o papel desempenhado por Nabu na disseminação das rebeliões, formaram uma coalizão de reis leais e indicaram o elamita Kudur-Laghamar como seu comandante militar. A primeira ordem foi: “Que Borsippa, a fortaleza de Nabu, com armas seja
aniquilada”. Executando a ordem, “Kudur-Laghamar, abrigando malvados pensamentos contra Marduk, destruiu o santuário de Borsippa com fogo e matou seus filhos à espada”.
Em seguida veio a ordem para a formação de uma expedição contra os reis rebeldes. O texto babilônico dá a lista dos alvos a ser atacados e os nomes de quem deveria chefiar a investida. Entre eles reconhecemos alguns nomes hebreus. Eriaku (Arioc) deveria atacar Shebu (Beersheba), e Tud-Ghula (Tadal) estava incumbido de “com a espada aniquilar os filhos de Gaza“.
Agindo de acordo com o oráculo de Ishtar, o exército dos reis do oriente chegou à região da atual Transjordânia. O primeiro lugar a ser atacado foi uma fortaleza nas “terras altas”, vindo em seguida Rabattim. A rota seguida foi a mesma descrita no capítulo 14 do Gênesis: do território montanhoso ao norte para o distrito de Rabat-Amon no centro, seguindo para o sul e dando a volta no mar Morto. Em seguida Dur-Mah-Ilani deveria ser capturada, e as cidades cananéias (inclusive Gaza e Bersabéia, no Neguev) severamente punidas. Porém, em Dur-Mah-Ilani, segundo o texto babilônico, “o filho do sacerdote, a quem os deuses tinham ungido em conselho”, pôs-se no caminho dos invasores e “impediu a humilhação”.
O texto babilônico estaria de fato se referindo a Abraão, o filho de Terah, o sacerdote? A possibilidade é reforçada pelo fato de que os textos bíblicos e mesopotâmicos tratam de um mesmo evento, da mesma localidade e com o mesmo resultado. No entanto, existe mais do que apenas uma possibilidade, pois descobrimos uma pista extremamente intrigante: até agora tinha passado despercebido o fato de que as listas de datas para o reinado de Amar-Sin chamam seu sétimo ano – o crucial 2041 a.C. ano da expedição militar – também de MU.NE IB.RU.UM BA.HUL, ou seja, “ano no qual a morada pastoril de IB.RU.UM foi atacada”.
Essa afirmação, dando o ano crucial exato, poderia estar se referindo a outro que não Abraão e o lugar em que ele montara suas tendas? Existe também uma possível comemoração gravada dessa invasão. É uma cena num escudo cilíndrico sumério, que tem sido considerada uma representação da viagem de Etana, um dos primeiros reis de Kish, ao Portão Alado, onde uma “Águia” o levou tão alto que a Terra desapareceu de vista. Todavia, o escudo mostra o herói coroado montado num cavalo – costume ainda não existente no tempo de Etana – e parado entre o local onde ficava
situado o Portão Alado e dois grupos distintos.
Num deles, quatro potentados armados, cujo líder também está a cavalo, avançam para uma área cultivada na península do Sinai (indicada pelo símbolo do crescente de Sin, com o trigo crescendo dentro dele). O outro grupo é constituído por cinco reis que olham para a direção oposta. Portanto, o desenho tem todos os elementos de uma antiga ilustração da Guerra dos Reis e do papel desempenhado pelo “Filho do Sacerdote”, não lembrando em nada a viagem de Etana ao Espaçoporto. O herói, a figura central da cena, então seria Abraão.
Depois de cumprir a missão de proteger o Espaçoporto Anunnaki, Abraão voltou a sua base perto de Hebron. Encorajados pelo feito do patriarca, os reis cananeus mandaram suas forças interceptarem o exército oriental que estava em retirada. Este, contudo, levou a melhor, e os guerreiros “tomaram todos os bens de Sodoma e Gomorra”, bem como um refém de primeira qualidade: “eles tomaram também Lót e sua família (o sobrinho de Abraão) e se foram; ele morava em Sodoma”
Ao saber do incidente, Abraão convocou seus melhores cavaleiros e partiu em perseguição aos invasores em retirada. Alcançando-os perto de Damasco, conseguiu libertar Ló e recuperar todo o butim. Ao voltar foi saudado como um vitorioso no vale de Salém (Jerusalém):
Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho, pois era sacerdote do Deus Altíssimo. Ele pronunciou esta bênção: “Bendito seja Abraão pelo Deus Altíssimo que criou o Céu e a Terra; e
bendito seja o Deus Altíssimo que entregou teus inimigos em tuas mãos”.
Logo os reis cananeus também chegaram para agradecer a Abraão e lhe ofereceram todos os bens capturados como recompensa. Mas Abraão, dizendo que seus aliados locais poderiam compartilhar do butim, não aceitou “nem uma correia de sandália” para si mesmo e seus guerreiros. Ele não agira por amizade aos reis cananeus nem por inimizade à Aliança Oriental. Na guerra entre a Casa de Nannar e a Casa de Marduk, Abraão era neutro. Como ele mesmo afirmou, foi por Yahweh/Enlil, o Deus Altíssimo, que criou o Céu e a Terra, que levantei minha mão”.
A invasão fracassada não conseguiu impedir aquela onda de eventos no mundo antigo. Um ano depois, em 2040 a.C. Mentuhotep II, líder dos príncipes tebanos, derrotou os faraós do norte e ampliou o governo de Tebas (e de seu deus) até os arredores ocidentais da península do Sinai. No ano seguinte, Amar-Sin tentou atingir a península por mar, mas acabou encontrando a morte devido a uma picada venenosa.
Os ataques contra o Espaçoporto dos Anunnaki de Nibiru tinham sido contidos, mas o perigo que o ameaçava não fora eliminado. Os esforços de Marduk para conseguir a supremacia entre os deuses se intensificaram ainda mais. Quinze anos depois, Sodoma e Gomorra desapareceram em chamas quando Ninurta e Nergal desencadearam a fúria das “Armas do Juízo Final”[Artefatos nucleares].