Combatentes Houthi prometem atacar Navios de Guerra dos EUA no Mar Vermelho se ‘americanos atacarem’ o Iêmen

A ameaça segue as notícias de que Washington planeja formar uma coalizão para impedir ataques a navios de carga no Mar Vermelho. Os navios de guerra dos EUA serão atacados se os Houthis do Iémen forem alvos de Washington, alertou o líder do grupo iemenita rebelde, Abdel-Malek al-Houthi, na quarta-feira, reagindo à notícia de que os EUA estabelecem uma coligação de navios de guerra para combater os seus ataques a navios comerciais no Mar Vermelho.

Combatentes Houthi prometem atacar navios de guerra dos EUA no Mar Vermelho se ‘americanos atacarem’ o Iêmen

Fonte: Rússia TodayBBC-Londres

Desde o mês passado, os militantes rebeldes iemenitas têm disparado mísseis contra navios internacionais que navegam pelo Mar Vermelho. Os ataques têm perturbado o tráfego marítimo, com o grupo alegando que os ataques foram em resposta aos ataques de Israel aos palestinos em Gaza.

Na segunda-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin, anunciou a operação ‘Prosperity Guardian’, que reúne navios de guerra de dez países para “enfrentar conjuntamente os desafios de segurança no sul do Mar Vermelho e no Golfo de Aden, com o objetivo de garantir a liberdade de navegação para todos os países e reforçar a segurança e a prosperidade regional.” 

O grupo inclui oito países da OTAN: EUA, Reino Unido, Holanda, Canadá, França, Itália, Noruega e Espanha, bem como Bahrein e Seicheles. A coligação marítima planeja patrulhar conjuntamente a área sensível, a fim de repelir e responder aos ataques dos rebeldes Houthis.

Após o anúncio dos EUA, o líder Houthi, Abdel-Malek al-Houthi, disse: “qualquer alvo americano em nosso país agora será alvo para nós”, acrescentando “Os navios de guerra, os interesses e a navegação dos EUA serão, neste caso, alvo de nossos mísseis, drones e operações militares”, em uma transmissão televisiva efetuada nessa quarta-feira. Ele também alertou os EUA contra o envio de soldados ao Iêmen, dizendo que eles “enfrentariam algo mais duro do que o que enfrentaram no Afeganistão e o que sofreram no Vietnã”.

Os líderes Houthis dizem que têm perseguido Israel e todos os navios com destino a Israel no Mar Vermelho devido ao genocídio dos palesgtinos em Gaza. O atual conflito em Gaza começou em 7 de Outubro, quando combatentes do Hamas atacaram Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e capturando dezenas de reféns.

O bombardeamento retaliatório massivo de Israel ao enclave palestino, que as autoridades israelitas dizem ter como objetivo exterminar o grupo militante, deixou quase 20.000 mortos até agora, a maioria mulheres e crianças, segundo autoridades de saúde de Gaza.

Navios de guerra dos EUA atualmente operando no Mar Vermelho“. O Porta Aviões nuclear USS Eisenhower CVN69 dos EUA e o grupo anfíbio BATAAN estão a caminho do Iêmen em apoio a uma resposta potencial aos ataques Houthi

A violência continuou com os Houthis assumindo a responsabilidade por dois ataques a navios no Mar Vermelho na segunda-feira. Mais cedo, no sábado, as autoridades dos EUA e do Reino Unido disseram que os seus navios de guerra abateram 15 drones hostis sobre o Mar Vermelho.

Os ataques perturbaram uma importante rota comercial que liga a Europa e a América do Norte à Ásia através do Canal de Suez e o Mediterrâneo e causaram atrasos nas entregas e os custos de transporte de conteiners dispararam, à medida que as companhias marítimas optam por rotas alternativas, muitas vezes mais longas, pelo sul da África, para tentar evitar o Mar Vermelho.


Iêmen: quem são os rebeldes que juraram atacar todos os navios rumo a Israel no Mar Vermelho

Os rebeldes houthis, que controlam grande parte do território do Iêmen, alertaram que irão atacar todos os navios que viajarem pelo mar Vermelho em direção a Israel. Em novembro, forças dos houthis sequestraram um navio de carga ligado a Israel no Mar Vermelho. E, nos últimos dois meses, eles também atacaram diversos outros navios mercantes com foguetes e drones.

Os houthis atacaram alvos israelenses

Depois do início da operação de retaliação israelense na Faixa de Gaza, em 19 de outubro, rebeldes houthis dispararam diversos mísseis e drones em direção ao território de Israel. Os Estados Unidos  declararam que seus navios de guerra no Mar Vermelho interceptaram alguns deles, enquanto outros caíram no mar ou em território egípcio [Península do Sinai].

Em novembro de 2023, rebeldes houthis capturaram o que eles afirmam ser um navio de carga israelense no Mar Vermelho e o levaram para um local perto do litoral do Iêmen. Israel afirmou que o navio não é israelense e que não havia tripulantes de Israel a bordo, mas relatos não confirmados indicam que o navio pode ter pertencido a um armador israelense.

O Mar Vermelho está agora praticamente fechado ao tráfego. São 8,8 milhões de barris de petróleo de trânsito diário de petróleo e quase 380 milhões de toneladas de trânsito diário de carga. O tráfego global agora será redirecionado em torno do Cabo da Boa Esperança, sul da África acrescentando 40% à distância da viagem (e ainda mais ao custo)

Desde o dia 3 de dezembro, os houthis atacaram uma série de navios mercantes no Mar Vermelho com drones e mísseis balísticos disparados da vizinha costa do Iêmen, ocupada pelos rebeldes. Navios de guerra dos EUA, do Reino Unido e da França interceptaram vários desses projéteis, mas diversos navios foram atingidos.

A maior companhia de navegação do mundo, a Mediterranean Shipping Company, declarou que está desviando seus navios para longe do Mar Vermelho. Também agiram assim a companhia francesa CMA CGM, a dinamarquesa Maersk, a alemã Hapag-Lloyd e a petrolífera BP.

O Comando Central dos Estados Unidos (Centcom), responsável pelas operações militares americanas no Oriente Médio, afirmou que “esses ataques lançados pelos houthis no Iêmen são totalmente viabilizados pelo Irã”. Os Estados Unidos propuseram uma força-tarefa naval para proteger a navegação comercial contra novos ataques dos houthis.

Quem são os rebeldes houthis e qual é o seu objetivo?

Os houthis são um grupo armado iemenita da minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas. O grupo foi formado nos anos 1990, para combater o que eles consideravam ser corrupção do então presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh (1942-2017). O nome do movimento vem do seu fundador, Houssein al Houthi (1959-2004). Eles também se autodenominam Ansar Allah (Partidários de Deus).

Após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003, os houthis adotaram o slogan: “Deus é grande. Morte aos Estados Unidos. Morte a Israel. Maldição aos judeus e vitória para o Islã.” Eles se declaram parte do “eixo da resistência” liderado pelo Irã contra Israel, os Estados Unidos e o Ocidente em geral – em conjunto com o Hamas e o Hezbollah.

Localização do Yemen, na entrada do Mar Vermelho

Isso explica por que os houthis estão agora atacando os navios que se dirigem a Israel no Golfo Pérsico, segundo Hisham Al-Omeisy, especialista em Iêmen da organização Instituto Europeu da Paz. “Agora, eles estão realmente combatendo os imperialistas, estão lutando contra os inimigos da nação do Islã”, afirma ele. “Sua base se identifica com isso.”

Como os houthis ocuparam grandes partes do Iêmen?

Os houthis ganharam grande força política no Iêmen no início de 2014, quando se levantaram contra o presidente iemenita Abdrabbuh Mansour Hadi, sucessor de Ali Abdullah Saleh. Eles chegaram a um acordo com seu antigo inimigo e tentaram conduzir Saleh de novo ao poder.

Os rebeldes tomaram o controle da província de Saada, no norte do Iêmen. E, no início de 2015, eles capturaram a capital do país, Sanaa, forçando o presidente Hadi a fugir para o exterior.

Arábia Saudita, vizinha do Iêmen, interveio militarmente para tentar derrubar os houthis e reempossar Hadi na presidência. A ação teve o apoio do Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos. Os houthis repeliram os ataques e continuaram a controlar grandes partes do Iêmen. Eles assassinaram Ali Abdullah Saleh em 2017, quando ele tentou trocar de lado e aliar-se aos sauditas.

Quem apoia os rebeldes houthis?

Arábia Saudita também acusa o Irã de fornecer drones e mísseis de cruzeiro usados pelos houthis para atacar instalações petrolíferas sauditas em 2019. Os houthis dispararam dezenas de milhares de mísseis de curto alcance em direção à Arábia Saudita e também atacaram alvos nos Emirados Árabes Unidos. O fornecimento dessas armas desrespeitaria um embargo das Nações Unidas, e o Irã nega as acusações.

Os rebeldes houthis seguem o modelo do grupo armado xiita no Líbano, o Hezbollah. A organização libanesa fornece extensos treinamentos e conhecimentos militares aos houthis desde 2014, segundo o instituto de pesquisa americano Centro de Combate ao Terrorismo.

Os houthis também consideram o Irã como aliado, já que a Arábia Saudita é seu inimigo comum. O Irã é suspeito de fornecer armas aos rebeldes houthis. Os Estados Unidos e a Arábia Saudita afirmam que o Irã forneceu os mísseis balísticos disparados pelos houthis sobre a capital saudita, Riad, em 2017. Os mísseis foram derrubados.

Qual o poder dos rebeldes houthis e que parte do Iêmen eles controlam?

O órgão oficial de governo do Iêmen é o Conselho de Liderança Presidencial. O presidente Abdrabbuh Mansour Hadi transferiu seus poderes para o conselho em abril de 2022.

Atualização de Suez: 46 navios porta-contêineres foram agora desviados ao redor do Cabo da Boa Esperança, ( pelo sul da ÁFRICA) em vez de transitarem pelo Mar Vermelho.

Sua sede fica em Riad, na Arábia Saudita. Mas a maior parte da população iemenita vive em regiões controladas pelos houthis e a organização cobra impostos no norte do país, além de emitir dinheiro.

O Conselho de Segurança da ONU menciona um especialista no movimento houthi, Ahmed al-Bahri, que afirma que, em 2010, os houthis tinham 100 mil a 120 mil seguidores. Esse contingente é composto de soldados armados e apoiadores desarmados.

As Nações Unidas também afirmam que cerca de 1,5 mil crianças recrutadas pelos rebeldes houthis morreram em combate em 2020, além de outras centenas no ano seguinte.

Os houthis controlam grande parte do litoral do Mar Vermelho, de onde eles lançam seus ataques aos navios. Al-Omeisy afirma que esses ataques ajudaram os rebeldes iemenitas nas atuais negociações de paz com a Arábia Saudita.

“Ao mostrar aos sauditas que eles realmente podem fechar o Estreito de Bab al-Mandab [que liga o Mar Vermelho ao Golfo de Áden], eles pressionam ainda mais os sauditas em busca de concessões”, explica ele.


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