Na manhã desta terça (18), dois terremotos foram registrados na cidade de Frutal (MG). De acordo com o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, houve dois abalos sísmicos pouco depois das 10h: um de magnitude 4,1º [4,3º pelo USGS dos EUA] e outro de 3,2º na escala Richter.
Os registros dos terremotos também foram feitos pela Rede Sismográfica Brasileira e pela rede de sismógrafos do USGS {United States Geological Survey} dos EUA. Os eventos foram considerados de baixa magnitude, mas suficientes para terem sido percebidos pela população.
Latest Earthquakes in the South America Region:
DATE and TIME (UTC) | LAT | LON | MAG | DEPTH km | DIST km | LOCATION (Shows interactive map) | IRIS ID (Other info) |
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18-JUN-2024 13:08:03 | -19.96 | -48.86 | 4.3 | 11 | 0 | BRAZIL | 11853921 |
Os terremotos aconteceram às 10h08 e 10h19 e duraram poucos segundos. Minas é um estado onde há vários eventos dessa natureza, mas moradores de Frutal dizem que nunca haviam sentido tremores assim.
— Eu estava trabalhando aí de repente começou a tremer tudo. Os copos da mesa começaram a tremer, fiquei sem entender — disse a engenheira civil Rarissa Maluf, de 30 anos, que inicialmente achou que se tratava de um caminhão de compactação de asfalto na rua. — Depois vieram muitos relatos de amigos, e aí entendemos que foi um terremoto.
Criada na cidade vizinha de Itapagipe, e moradora de Frutal há dois anos, Rarissa diz que já ouviu falar de tremores na região, mas que nunca havia sentido esses abalos.
— Só durou uns cinco segundos, mas foi bem assustador, bem estranho. Acho que essa foi a primeira vez que toda a cidade sentiu — disse a engenheira, que não chegou a sentir o segundo terremoto. — Em outros pontos da cidade deu para sentir. Teve gente falando que caiu suporte da televisão, ou escadas.
No dia 3 de junho, Frutal apresentou um outro terremoto, por volta das 21h30, mas com magnitude menor, de apenas 2,7º, o que não foi percebido pelos moradores.
‘Especialista’ diz que foi ‘um pouco acima do normal [?!]’
Professor do Instituto de Geociências da UNB e especialista em terremotos, Juraci de Carvalho explica que um terremoto de magnitude próximo a 4º na escala Richter ainda é considerado baixo, sem potencial para causar danos relevantes, mas pode resultar em algumas rachaduras, a depender da estrutura.
— Mas não é todo dia que acontece evento 4.1 no Brasil. Evento de hoje não foi extraordinário, mas foi um pouco acima do normal — resumiu Carvalho.
O especialista explica que, diferente de países como EUA, Chile e Japão, o Brasil não fica na borda de uma placa tectônica. Ainda assim, há pressões que causam abalos de baixa magnitude.
— Estamos completamente dentro da placa. Mas tem a Cadeia Dorsal Mesoatlântica empurrando o Brasil em direção ao Pacífico, e a placa de Nazca empurrando de volta. Então é um corpo pressionado, e de vez em quando há uma falha — explicou Carvalho, que lembra ser inviável prever quando acontecerá um terremoto. — Nem países que investem muito, como EUA e Japão, conseguem detectar esses eventos.
O maior terremoto já registrado na história do Brasil ocorreu no dia 9 de dezembro de 1955, em Mato Grosso. Esse terremoto teve uma magnitude estimada em 6,2 na escala Richter.
A Defesa Civil de Frutal recebeu três ligações às 12h10 de moradores da cidade que se assustaram com os tremores.