Príncipe holandês filiado ao Partido Nazista de Hitler

Cartão do Partido nazista prova a filiação do príncipe Bernhard von Lippe-Biesterfeld. O governo holandês confirmou a autenticidade de um cartão do partido nazista guardado pelo príncipe Bernhard, príncipe consorte por décadas depois da Segunda Guerra Mundial. Um ex-chefe dos arquivos do palácio, Flip Maarschalkerweerd, disse que encontrou o cartão enquanto vasculhava as coisas do príncipe após sua morte. Além de ser um nazista afiliado ao partido, o príncipe também foi fundador do nefasto Grupo Bilderberg, criado em 1954.

O cartão nazista que prova filiação de príncipe holandês ao partido de Hitler

Fonte: BBCLondres

Bernhard, um aristocrata alemão, negou repetidas vezes ser membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemão (NSDAP, na sigla em alemão), mais conhecido como partido nazista, de Adolf Hitler. No entanto, os historiadores deram pouco crédito às suas negações.

Em 1996, um pesquisador do Instituto Holandês de Estudos de Guerra disse ter encontrado uma cópia do cartão no arquivo de uma universidade dos Estados Unidos. Gerard Aalders, que foi amplamente criticado na época pela sua revelação, disse nas redes sociais que “o príncipe Bernhard mentiu até ao fim sobre o seu passado nazista”.

Bernhard von Lippe-Biesterfeld se casou com a princesa holandesa Juliana em 1937 e acompanhou a família real holandesa no exílio quando a guerra eclodiu em 1940.

Mas nunca conseguiu confiança dos serviços de segurança britânicos, apesar de ter participado em uma transmissão real holandesa através da BBC em 1943 e de ter sido colocado no comando das forças unificadas da resistência holandesa em 1944.

Foi até condecorado pelo seu papel como piloto da Royal Air Force (Força Aérea Real) durante a guerra. Quando Juliana se tornou rainha em 1948, Bernhard se tornou príncipe consorte. Bernhard foi para o túmulo jurando que nunca tinha sido um membro afiliado do partido de Hitler.

“Posso declarar com a mão apoiada na Bíblia: nunca fui nazista”, disse ele em uma entrevista publicada (em holandês) após a sua morte em 2004.

Pesquisa nos arquivos

Ele admitiu ser um membro potencial de duas organizações nazistas quando era estudante por um período depois de 1933 – o serviço de segurança Sturmabteilung (SA) e a Schutzstaffel (S.S., na realidade Schwarze Sohne [Sol Negro]) – mas argumentou em 1971 que “no início era preciso participar um pouco de uma forma ou de outra”, porque se descobrissem que ele se opunha teria sido complicado passar nos exames universitários.

Casa real holandesa publicou o cartão de membro original do NSDAP (partido Nazista) do príncipe Bernhard

Isso era muito diferente de ser um membro voluntário e portador de cartão de afiliação do partido político de Hitler de 1933 a 1936 e manter o cartão em sua posse até a sua morte.

Além da cópia do cartão que apareceu nos EUA na década de 1990, em 2010 a historiadora Annejet van der Zijl encontrou o cartão de estudante do príncipe em um arquivo alemão que também indicava que era membro do partido nazista desde 27 de abril de 1933.

Flip Maarschalkerweerd diz que encontrou o cartão de membro do NSDAP do príncipe enquanto fazia um inventário dos arquivos do príncipe quando ele morreu.

Ele disse ao jornal NRC Handelsblad que também encontrou uma nota datada de 1949 de um administrador militar dos EUA na Alemanha chamado Lucius Clay, que escreveu ao príncipe que estava prestes a destruir o cartão, mas depois decidiu “você ganhou o direito de destruí-lo você mesmo”.

O jornalista Jan Tromp, que entrevistou o príncipe em profundidade durante vários anos, disse que a revelação não foi uma surpresa, mas seria um choque e uma traição para aqueles que participaram da resistência holandesa e comemoraram a libertação com o príncipe anos depois. Tromp acreditava que a mentira do príncipe acabou se transformando em autoengano.

“Para o príncipe, não havia outra escolha senão negar que era membro do clube inimigo – um clube que destruiu o país e enviou milhares de holandeses para campos de concentração”, disse ele ao jornal De Volkskrant.

Horas depois de uma imagem do cartão de membro aparecer na mídia holandesa, a casa real confirmou a existência do cartão e publicou uma foto dele. Num comunicado, afirmou que o rei Willem-Alexander atribui grande importância à investigação independente e ao conhecimento do passado.

“[O rei] está ciente do papel e da posição da Casa de Orange-Nassau na história do reino”, acrescentou. Vários partidos políticos e grupos judaicos apelaram ao primeiro-ministro interino, Mark Rutte, para iniciar uma investigação.

A “Nobreza” europeia sempre esteve no centro das dificuldades dos povos ocidentais

Naomi Mestrum, do Centro de Informação e Documentação de Israel (Cidi), disse que a prova do passado nazista do príncipe escreve outra “página negra a uma parte dolorosa da história recente da [nobreza da] Holanda”. Rutte disse que, embora tenha sido um desenvolvimento terrível, pesquisas anteriores deixaram claro de forma bastante convincente que o príncipe era membro do partido nazista.

Além de ser um nazista afiliado ao partido, o príncipe também foi fundador do nefasto Grupo Bilderberg, criado em 1954 pelo príncipe Bernhard, da Holanda, pelo primeiro-ministro belga Paul Van Zeeland, pelo conselheiro político Joseph Retinger e pelo presidente da multinacional Unilever na época, o holandês Paul Rijkens, o Clube Bilderberg é uma organização não-oficial que nasceu supostamente para promover a “cooperação transatlântica” e debater “assuntos relevantes em nível mundial” – o que, em plena Guerra Fria, equivalia a discutir a ameaça comunista.

O nome Bilderberg vem do hotel holandês que abrigou a primeira reunião, em 1954. O sucesso desse evento convenceu os seus organizadores a realizá-lo anualmente, sempre em algum país europeu, nos Estados Unidos ou no Canadá.


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