Projeto brasileiro de ‘Agricultura Espacial’ é cotado para integrar programa Artêmis na Lua

O Brasil, por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), desenvolve pesquisas científicas para cultivar alimentos na superfície da Lua. O projeto é cotado para integrar o programa Artemis, que visa ocupar o território lunar em 2026, conforme apurou a Sputnik Brasil nesta quarta-feira (22).

Fonte: Sputnik

De acordo com Clarissa Castro, pesquisadora da empresa pública Embrapa, a iniciativa e o projeto pretende viabilizar fazendas verticais no satélite “natural” da Terra. Segundo ela, o grão de bico é o alimento que será utilizado para os testes iniciais, ainda na Terra, e posteriormente enviados ao espaço.

“O grão de bico, da variedade Aleppo [originário da Síria], pretendemos cultivar no espaço, devido a seu elevado poder de proteínas e por ser produtor de serotonina. Pretendemos testar isso na dieta dos astronautas. E a ideia é aportar para o projeto Artemis”, afirmou Castro.

Durante o 4º Fórum SpaceBR Show, em São Paulo, no estande da Embrapa — companhia vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) —, foi apresentado o protótipo de pequenos cultivos verticais e de pequenas câmaras, ajustadas com a luz e temperatura adequados, que servirão de base para que as plantações ocorram em base humana na Lua.

Além disso, há um sistema de monitoramento dos estímulos que a planta recebe, incluindo até mesmo o toque humano nas folhas. Esse toque pode ser identificado em um software, que exibe uma espécie de “eletrocardiograma”, de modo a apresentar gráficos na tela. “A ideia é que as plantas tenham seus estímulos monitorados”, explicou a pesquisadora.

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamonjá havia anunciado publicamente que as tecnologias visavam fomentar a criação de produtos e tecnologias advindas do espaço para aumentar o desenvolvimento e a produtividade na agricultura terrestre.

Segundo publicou a Embrapa em 2023, a partir da parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), foi consolidada uma rede de pesquisa com 12 instituições e mais de 30 pesquisadores para avançar no desenvolvimento de sistemas de produção e adaptação das culturas de grão de bico e batata doce, espécies consideradas opções de base alimentar para humanos em condições fora da Terra.

O objetivo é que futuras missões tripuladas para Marte possam se alimentar a partir da Lua, dentro do projeto Artemis, que reúne 39 países para estabelecer uma base lunar. Idealizado pela agência espacial norte-americana, a NASA, o programa lançou a primeira missão sem tripulação em 2022. A primeira com tripulantes está prevista para ocorrer em meados de 2026.

A proposta também pretende avançar na adaptação de culturas, desde o plantio em ambientes fechados até a qualidade nutricional dos alimentos, incluindo, entre outros aspectos, adequação de soluções nutritivas em hidroponia e aeroponia — cultivo que mantém as plantas suspensas no ar, apoiadas pelas raízes.

Qual é o satélite brasileiro que irá para a Lua?

Além disso, em parceria com a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA, na sigla em inglês), o Instituto de Tecnologia e Aeronáutica (ITA) construirá um satélite para explorar a Lua. Conforme apurou a Sputnik Brasil, o projeto SelenITA está cotado também para integrar o Artemis, entre 2027 e 2028.

A iniciativa já havia sido oficializada pelo instituto, cuja sede fica em São José dos Campos, São Paulo. O satélite será construído na própria cidade do interior paulista. Há apoio também da AEB e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

De acordo com o ITA, a missão espacial brasileira visa estudar campos magnéticos em solo lunar, impactos de asteroides, vento solar e meteoros, transporte de poeira por fenômenos naturais, entre outros.


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