Esta é uma história contada na primeira pessoa, pelo próprio personagem que a viveu, há milhares de anos, no então continente de Atlântida, a sua vida passada na ilha continente hoje perdida sob às águas do oceano Atlântico, veio ao conhecimento do público no final do século XIX, quando sua história foi publicada na Califórnia, Santa Barbara. Ela ilumina a escuridão sobre um período longínquo da história da própria humanidade, que é descartada como lenda e mito pelo establishment dos eruditos acadêmicos que também duvidavam da existência de Troia e Micenas até que Heinrich Schliemann as descobrisse em 1870.
Livro concluído em 1886 e publicado em 1905 por Baumgardt Publishing Company: “Um Habitante de Dois Planetas ou a Divisão do Caminho”, de Philos, o Tibetano
“Nunca pronuncies estas palavras: “isto eu desconheço, portanto é falso”. Devemos estudar para conhecer; conhecer para compreender; compreender para julgar“. – Aforismo de Narada.
“O propósito desta história é relatar o que conheci pela experiência, e não me cabe expor ideias teóricas. Se levares alguns pequenos pontos deixados sem explicação para o santuário interior de tua alma, e ali meditares neles, verás que se tornarão claros para ti, como a água que mitiga a tua sede. . .
“Este é o espírito com que o autor propõe que seja lido este livro. E chama de história o relato que faz de sua experiência. Que é história?. . . Ao leitor a decisão…… O que é a experiência? Dois componentes: o conjunto das sensações que compõem uma dada situação e a percepção pessoal ou “tradução” individual desse conjunto de sensações. Que este livro seja lido pelo fascínio da narrativa, como “lenha atirada à sua fogueira pessoal”, alimento para o seu “fogo interior“! Jogue a lenha na sua fogueira e deixe queimar. Os produtos dessa queima – calor e luz – ativarão ou reativarão um processo interno de pensar e sentir em você mesmo, um processo de ser, no cadinho da vida. Conhecer. . . A verdade. . . Quem pode decidir? – Philos, o Tibetano
Livro: “Um Habitante de Dois Planetas ou a Divisão do Caminho”, de Philos, o Tibetano – LIVRO UM, CAPÍTULO VII e VIII – DOMINA A TI MESMO e UMA GRAVE PROFECIA
CAPÍTULO VII – DOMINA A TI MESMO
Foi no período do intervalo anual dos estudos que cheguei à capital. Os Xioqua e os Incala participavam dessas férias, a maioria procurava primeiro pelos seus lares, por uma temporada de descanso, mas em geral logo voltavam à Capital para usufruir dos programas especiais de lazer. Alguns, entretanto, dirigiam-se por mar para ( a colônia de) Umaur (América do Sul) ou para Incalia (América do Norte), ou seja, sul ou norte da América, respectivamente, outros se limitavam a visitar as províncias mais distantes da própria Atlântida.
Até agora, caro leitor, tiveste de tentar adivinhar que tipo de religião seria o culto a Incal; podes inclusive ter inferido que os poseidanos eram politeístas, por causa das referências que fiz a vários deuses deste ou daquele nome, classe ou grau. Na verdade eu disse que acreditávamos em Incal e o simbolizávamos na forma do Sol. Mas o Sol propriamente dito era apenas um emblema DELE. Afirmar que nós, a despeito de nosso esclarecimento, adorávamos o orbe do dia, séria tão absurdo quanto dizer que os católicos adorassem a cruz do Calvário pelo que ela é como objeto. Em ambos os casos foi o significado a eles atribuído que fez o Sol e a cruz receberem alguma espécie de consideração.
Os atlantes tinham a tendência de personificar os princípios da natureza e os objetos da terra, do mar e do ar. Isso era resultado do puro amor nacional pela poesia e poderia ser facilmente ligado ao favorecimento com que o gosto popular sempre tratara uma história épico-cronológica de Poseid, na qual os principais homens e mulheres figuravam como heróis e heroínas. Os poderes da natureza como o vento, a chuva, o raio, o calor, o frio e fenômenos afins eram deuses de variados graus, enquanto que o princípio germinativo da vida, o princípio destrutivo da morte e outros grandes mistérios eram caracterizados por deuses maiores.
Entretanto, todos e cada um desses deuses eram uma extensão do altíssimo Incal. Essa história épica foi contada em versos e rimas constituindo um poema em que todas as linhas denotavam o toque magistral do gênio. Supostamente foi seu autor um Filho da Solitude. Havia um adendo abrangendo acontecimentos e épocas posteriores, que era claramente um trabalho inferior, ao qual se atribuía menos valor que à parte principal do poema.
Temos como fato que o culto a Incal jamais abrangeu outra coisa além da adoração de Deus como entidade espiritual, e os “deuses” não eram incluídos nos serviços religiosos realizados nos dois domingos de cada semana, ou seja, o primeiro e décimo primeiro dia, pois a semana poseidana tinha onze dias, o mês compreendia três semanas, um ano onze meses, com um ou mais dias acrescentados ao final (como no nosso “ano bissexto“) conforme as exigências do calendário solar, sendo que esses dias a mais eram feriados, como o nosso Dia de Ano Novo atual. O feito de tantos deuses e deusas terem sido aparentemente venerados foi devido à influência nacional da história épica de que falei acima, sendo apenas um hábito mental falar a respeito deles.
Em nosso monoteísmo, diferíamos pouco da religião que domina a civilização hebraica; não reconhecíamos a Trindade divina, nem o espírito crístico, nem qualquer Salvador; só reconhecíamos a necessidade de agirmos da melhor maneira que nos fosse possível perante Incal. Considerávamos toda a raça humana filha de Deus, não apenas uma pessoa misteriosamente concebida como Seu único filho.
Milagres eram uma coisa impossível, pois considerávamos todas as coisas racionalmente passíveis de serem referidas a uma lei inegável. Mas os poseidanos acreditavam que Incal certa vez vivera em forma humana na Terra e depois lançara fora o grosseiro corpo mundano para assumir a forma de espírito livre.
Naquele tempo ele havia criado a humanidade e, como os poseidanos eram evolucionistas, a palavra “humanidade” também abrangia os animais inferiores. Com o decorrer do tempo, evoluiu o gênero homo na forma de um homem e uma mulher, quando então Incal colocou a mulher espiritualmente acima do homem, posição que ela perdeu pela tentativa de se deleitar com um fruto que crescia na árvore da Vida, no Jardim do Céu.
Segundo a lenda, ao agir dessa forma ela desobedeceu a Incal, que havia dito que Seus filhos mais superiores e avançados não deveriam provar daquele fruto, pois quem o fizesse certamente morreria, já que nenhum ser poderia ter a vida imortal e ao mesmo tempo reproduzir sua espécie. A lenda diz: “Eu disse a minhas criaturas, alcançai a perfeição e estudai-a sempre, e tereis a vida eterna. Mas aqueles que comerem dos frutos desta árvore não poderão conter o Eu”.
A punição que foi aplicada teve uma forma racionalista, já que a finalidade da mulher foi obter prazeres proibidos, o que ela, por não ser instruída, desconhecia. A mão com que ela pegou no fruto não firmou seu aperto e este se abriu, de modo que sua semente caiu na terra e se transformou em pedras de sílex, e o Fruto ainda aderido à árvore tornou-se igual a uma serpente de fogo (n.t. analogia à kundalini), cujo hálito queimou as mãos da culpada.
Sentindo grande dor, ela largou a Árvore da Vida e caiu no chão, jamais se recuperando totalmente dos seus ferimentos. E o homem se tornou superior pelo desenvolvimento de sua natureza, por causa da necessidade que sentiu de preservar a companheira e ele mesmo do frio e de condições semelhantes, trazidas pelas pedras de sílex (A última Era Glacial).
Tendo caído nessas condições materiais, a reprodução das espécies voltou a ser uma necessidade e a lei da continência, supostamente ordenada por Incal, foi violada. Então a morte (do corpo físico) voltou a ser parte do conhecimento humano e, até que a Palavra, o Verbo, fosse observado, nenhum ser humano conheceria a condição da não morte.
“DOMINA A TI MESMO! Desta capacidade de autodisciplina e autocontrole depende todo o conhecimento; nenhuma lei oculta é tão grandiosa quanto esta”.
“Use todas as coisas deste mundo sem abusar de nenhuma”. (I Corintios, 7, 31). Esta era a crença popular sobre a criação da humanidade por Incal. Os sumos sacerdotes seguiam uma religião que era virtualmente a essência, embora por razões óbvias o vulgo desconhecesse esse fato. A data dessa ocorrência mítica era teologicamente explicada como tendo acontecido pelo menos mil séculos antes (100 mil anos), e algumas autoridades a remontavam a um passado ainda mais distante. Não se supunha que Incal, o Pai da Vida, punisse Seus filhos, mas que apenas havia feito leis de natureza auto-executora, que eram fruto de Sua vontade imanente, e se alguém transgredisse essas leis seria inexoravelmente punido pela natureza, sendo inadmissível colocar uma causa em movimento sem o conseqüente efeito.
Se a causa fosse boa, bom também seria o seu efeito. Nisso eles estavam absolutamente corretos. Nenhum mediador pode evitar que soframos os resultados de nossas más ações.* A nação poseidana acreditava na existência de um céu de bons efeitos para os que pusessem boas causas em movimento, e que havia uma região cheia de maus efeitos para os maus; os dois locais eram adjacentes, e os que não fossem nem bons nem maus, supostamente viveriam num território intermediário, por assim dizer. Entretanto, ambas essas condições do pós-vida estavam inseridas na Terra das Sombras, pois poderíamos traduzir literalmente o termo “Navazzamin” como “O país das almas que partiram”. *NOTA: Não confundir “compensar” com “remir”. Cristo remiu, nós devemos fazer compensação.
Embora a religião de Incal fosse baseada em causa e efeito, havia uma leve incoerência na crença mais ou menos prevalecente de que Ele supostamente recompensaria os muito bons. Hoje, amigo, estás no umbral de um novo desabrochar. A religião de hoje ainda está tingida por esse conceito de um Criador onipotente mas antropomórfico, o que é legado de uma antigüidade já morta. Tu vives nos anos derradeiros de um antigo Ciclo Humano, o Sexto. Embora seja minha decisão não explicar o que isso significa, desejo-te a paz de Deus.
Mas direi que o novo conceito da Causa Eterna dessa humanidade será mais elevado, sublime, puro e amplo, uma maior aproximação do ilimitado, do que qualquer outro que eras há muito passadas já sonharam. Cristo efetivamente vive e está entre os Seus, que em breve o conhecerão como nenhum homem exotérico já o fez. Conhecendo-o, terão ciência das coisas do Pai e as farão, porque está escrito: “Faço a vontade de meu Pai“.
GLORIA IN EXCELSIS!
Em breve a fé será conhecimento. A crença será irmã gêmea da ciência e o Verbo arderá como um Sol de novo significado, pois a verdadeira religião significa “Eu faço a união“.
RESSURJAM CHRISTOS!
A Igreja (católica romana) Exotérica fechou as extremidades de Sua Cruz. Por isso ela é exotérica e nunca será esotérica até que abra os braços do Caminho de “Quatro Vias“. Abri os olhos e os ouvidos! “Não fecheis os braços de Minha Cruz”
CAPÍTULO VIII – UMA GRAVE PROFECIA
Era a primeira hora do primeiro dia do quinto mês após eu ter começado a freqüentar o Xioquithlon; era Bazix, conseqüentemente, a trigésima semana do ano, cujo fim se aproximava, restando Apenas três semanas para terminar o ano de 11.160 a.C.
Como o leitor já verificou, o dia para os poseidanos começava no meridiano e, portanto, a primeira hora do dia era contada do meio-dia à uma da tarde. A contar dessa hora, no último dia de cada semana até o final da vigésima quarta hora do dia seguinte, o primeiro dia da semana subseqüente, todos os negócios ficavam suspensos e o tempo era voltado para o culto religioso, uma observância que era imposta pela mais rígida de todas as leis, o costume. Hoje, em 1.886 d.C, existem os que argumentam que se um homem se empenha a semana inteira num trabalho sedentário, deve no domingo buscar a recreação natural, dedicando-se ociosamente a esportes atléticos ou a fatigantes passeios. Mas eu digo que assim como o corpo é a externalidade da alma, assim como é a alma também será o corpo.
Portanto, se a alma é de Deus, então voltar ao Pai com a freqüência possível é ser recriado, é obter repouso, renovação. Talvez não precise ser entre quatro paredes; melhor entre Suas obras (em meio à natureza), mas sempre com o pensamento natural, sem artificialidade, voltado principalmente para Ele. Por isso hoje continuo a favorecer a observância do Sabado, seja ele o sétimo ou qualquer outro dia da semana que atualmente tem sete dias, ou o décimo primeiro e o primeiro, como era na Atlântida.
Contudo, não farei de minhas preferências um argumento, apenas fazendo uma reasserção da bem conhecida lei psicológica segundo a qual um dia periódico de descanso é necessário para tua saúde, a felicidade e a espiritualidade. Na Atlântida, toda pessoa era livre para usar as horas da manhã, mesmo no décimo primeiro dia, da maneira que lhe fosse mais agradável, trabalhando ou se divertindo. Mas na primeira hora, um sino enorme e de bela tonalidade badalava com um som intenso e reverberante duas vezes, fazia uma pausa, e depois soava mais quatro vezes. Nesse momento cessavam todas as ocupações e se iniciava o culto religioso. No dia seguinte, o grande sino tocava novamente; outros sinos soavam em sincronia em toda a extensão do grande continente: O mesmo acontecia nas populosas colônias de Umaur e Incalia, com a diferença de tempo cuidadosamente calculada.
Havia um homem no grande templo de Incal em Caiphul que cumpria esse dever solene e docemente. Então o tempo de culto terminava e o resto do Inclut (primeiro dia) era dedicado a recreações de toda sorte. Não deve minha descrição levar-te a pensar que esse culto fosse de natureza tristonha ou severa; não o era, nem avançava pela noite adentro, mas só até o momento em que todas as luzes permitidas naquela oportunidade se tornassem da cor vermelho-carmim pela fusão da velocidade atômica da força ódica, formando uma combinação dos elementos da luz e do estrôncio, realizada nas estações ódicas.
Por volta da terceira hora após ter terminado o Dia-Solar, um acontecimento peculiar aconteceu em minha vida em Poseid. Caminhando vagarosamente para casa e não tendo ainda chamado um vailx, preferindo andar, tomado da sonhadora calma produzida por influência da música ouvida num concerto público realizado nos jardins de Agacoe, encontrei um homem velho de nobre porte, também a pé. Eu o havia visto muitas vezes em ocasiões anteriores e sabia ser um príncipe por causa do turbante cor de vinho. Ao vê-lo, na oportunidade de que falo, a direção de meu pensamento foi alterada e resolvi não ir diretamente para casa e permanecer na cidade por mais algum tempo, talvez toda a noite.
No momento em que tomei essa decisão, o homem sorriu, mas continuou a caminhar. Notei então que, embora parecesse mesmo o príncipe que eu tinha em mente, não se tratava da mesma pessoa; eu me iludira com certeza, pois seu turbante era branco puro, e não cor de vinho. Senti que ele tinha desejado falar comido mas por alguma razão não o fizera. Se eu estivesse por ali em uma hora mais tardia, poderia novamente encontrá-lo e descobrir o que ele tinha para me dizer. Ponderando nisso entrei num café localizado num dos túneis em forma de caverna, onde uma avenida transpunha uma colina; pedi o almoço e fiquei esperando ser servido. Nesse meio tempo entrou no local um xioquene, ou estudante, com quem eu havia
feito amizade, para fazer o mesmo que eu.
Almoçamos juntos e terminada a refeição fomos até o canal, onde tomamos um barco que era alugado por um homem pobre que ganhava a vida alugando esses barcos para quem gostasse dessa distração raramente utilizada por ser o vailx o transporte comum. Havia uma brisa fresca e navegamos na direção do oceano pela saída formada pelo Nomis, o grande rio que fazia um circuito completo da cidade, atravessando o fosso, ou canal, e depois desembocando no mar. Por causa desse demorado passeio não consegui voltar à avenida a não ser depois da caída da noite. Quando cheguei perto do ponto onde havia acontecido meu encontro com o desconhecido de turbante branco, desta vez de carro, vi sua imponente figura imóvel à luz brilhante da lua tropical.
Eu tinha desejado bastante re-vê-lo, e desta vez inclinei a cabeça numa saudação cortês. Diante disso o estranho disse: “Um momento! Eu gostaria de falar contigo, jovem, em particular.” Quase mecanicamente fiz o carro parar, obedecendo seu gesto indicando que eu descesse e, posicionando a alavanca para que o veículo se movesse à mesma velocidade de uma caminhada lenta, deixei que continuasse a se mover, sabendo que se ninguém o utilizasse logo chegaria a uma estação de parada onde se deteria automaticamente. Quando me vi diante do sacerdote, que é o que eu pensava que fosse, ele disse:
“Teu nome, pelo que julgo, é Zailm Numinos?”
“Sim, é esse o meu nome.”
“Eu te vi muitas vezes e estou informado a teu respeito. Tens uma louvável vontade de te aprimorares e alcançares elevadas honrarias entre os homens. Ainda és um menino, mas a bom caminho de teres êxito como homem, no sentido comum dado ao termo “êxito”. Um menino consciencioso entretanto, olhado com simpatia pelo soberano. Serás bem sucedido e chegarás a posições de elevada honra e abundância, e terás a consideração de todos os teus semelhantes. Contudo, não viverás o período completo concedido ao homem na Terra. Em tua breve vida conhecerás o amor. Vivenciarás a mais pura afeição que o homem é capaz de sentir por uma mulher. Mas não obstante tudo isso, esse não será um amor plenamente realizado neste período de existência”.
“E amarás novamente e derramaras lágrimas por causa disso. Farás algum bem ao mundo mas, ah, bastante mal também. E por causa de um destino sombrio, muitas tristezas te advirão. Por tua causa, alguém sofrerá profunda infelicidade e angústia; terás de pagar caro por isso e não estarás livre até que o tenhas feito. Entretanto, eis que nesta vida não te será exigido muito. Quando menos pensares em pecado, tropeçarás nele e cometerás uma grave ofensa que representará uma sina perseguidora e inexorável. Mesmo agora, nos teus dias de inocência, já palmilhas o caminho do destino”.
Ah, assim é. Certa vez chegaste perto de compreender a tua morte, que é apenas a menor parte do que te acontecerá; mas acordaste e fugiste das cavernas da montanha ardente para a segurança.Não obstante, pássaras finalmente para Navazzamin, o inundo das almas que daqui partem e -atenta! – eu te digo que perecerás numa caverna. E eu serei o último ser vivo em quem o teu olhar de poseidano pousará. Não terei então a aparência que tenho agora e não saberás que sou aquele que dará fim ao malfeitor que te terá atraído insidiosamente para a tua destruição. Tenho dito. Que a paz esteja contigo.”
Muito me espantei ao ouvir essas palavras, julgando a princípio que quem as pronunciara tivesse fugido do Nossinithlon (literalmente a “Casa dos Lunáticos” ou pessoas loucas), isso a despeito das circunstâncias em que nos havíamos encontrado. Mas à medida que ele falava eu me convencia de que tinha feito um julgamento falso. Finalmente, confuso, olhei para o chão, não sabendo o que pensar, tomado por um indefinível temor. Quando ele se calou e me desejou paz, levantei os olhos para fitá-lo de frente e, para meu espanto, não vi mais viva alma, pois eu estava sozinho na grande praça com uma fonte no centro, cujo jato parecia praia líquida à luz da Lua. Olhei para todos os lados. Teria sonhado? Certamente não. Seriam as palavras do misterioso estranho verdadeiras ou falsas? O tempo satisfará tua curiosidade, amigo, assim como satisfez a minha.
Continua…
{n.t. Nos registros de um antiquíssimo Templo budista em LHASA, no TIBET, há para ser visto uma antiga inscrição caldéia de cerca de 2.000 anos a.C. (ou mais antiga ainda…) onde se pode ler:
“Quando a estrela Baal caiu sobre o lugar onde agora é só mar e céu, as sete cidades com suas portas de ouro e seus templos transparentes tremeram e balançaram como as folhas de uma árvore na tempestade. E eis que um dilúvio de fogo e fumaça surgiu a partir dos palácios, a agonia e os gritos da multidão preencheram o ar. Eles procuraram refúgio em seus templos e cidadelas e o sábio Mu, o hierático sacerdote de Ra-Mu, se levantou e lhes disse:
“Será que eu não previ tudo isso”?
E as mulheres e os homens em suas roupas brilhantes e pedras preciosas se lamentavam:
“Mu, salve-nos.”
E Mu respondeu:
“Vocês morrerão junto com os seus escravos e suas riquezas materiais e de suas cinzas surgirão novas nações. E se eles também se esquecerem que são superiores, não por causa do que eles usam ou possuem, mas do ( bem e a Luz) que eles colocarem para fora de si mesmos, a mesma sorte vai cair sobre eles!”
As chamas e o fumo sufocaram as palavras de Mu. A terra das sete cidades e seus habitantes foram despedaçados e engolidos para as profundezas do oceano revolto em poucos dias”.}
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