Israel: Benjamin Netanyahu em suspenso

A personificação da ARROGÂNCIA

As provocações de Benjamin Netanyahu suscitaram reações que o massacre de quase 30 mil palestinos não provocaram. Todos os protagonistas do Oriente Médio Alargado e do Ocidente, que constantemente se confrontam, uniram-se de súbito contra ele. Se cada um encara o futuro dos palestinos de Gaza de forma diferente, todos estão de acordo para dizer que Israel não pode continuar com supremacistas judeus [fanáticos sionistas] no seu governo. Caminha-se para um deslocamento provisório dos palestinos sob proteção egípcia, seguido de uma purga em Israel.

Israel: Benjamin Netanyahu em suspenso

Fonte: Voltairenet.org – Por Thierry Meyssan

A reação de Washington, seguida pelos seus principais aliados, à “Conferência para Vitória de Israel” e à ovação dada ao Rabino Uzi Sharbaf em presença de 12 ministros em exercício do governo judeu alterou profundamente os dados no Oriente Médio.

Lembremos que este rabino [um fanático sionista] fora condenado à prisão perpétua em Israel pelos seus assassinatos de árabes. Ele assume-se como uma continuação do “Gangue Stern” que assassinou, em 1944, o Ministro britânico das Colônias e, em 1948, o enviado especial das Nações Unidas, o Conde Folke Bernadotte.

O seu grupo sobreviveu durante toda a Guerra Fria, cometendo massacres e atrocidades na África e na América Latina, sob a cobertura da luta contra o comunismo. À época, os Anglo-Saxões achavam estes criminosos úteis para os seus planos [1]. Já não é o caso hoje em dia e nem Londres, nem Washington, que sabem do que eles são capazes, podem deixá-los voltar-se contra si.

Esta “Conferência para a Vitória de Israel” foi uma ameaça direta aos Anglo-Saxões que tentam levar Benjamin Netanyahu à razão [2] . Nas horas que se seguiram, Washington tomou medidas extraordinárias contra os supremacistas judeus com os quais tinha até então contemporizado, nomeadamente uma proibição de coleta e de transferência de fundos através dos bancos ocidentais. Ela foi seguida sucessivamente por Londres, Berlim, Paris e, finalmente, pelos outros principais aliados.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, tentou uma última vez convencer o Primeiro-Ministro judeu, Benjamin Netanyahu, a aceitar um cessar-fogo de seis semanas. Este não modificou a sua posição de forma alguma, confirmando a intenção de prosseguir a guerra e atacar Rafah. Quando muito, aceitou enviar uma delegação para retomar no Cairo as negociações que haviam sido interrompidas em Paris. Por fim, Joe Biden, estupefato por o ouvir anunciar um novo massacre de civis, exclamou perante inúmeras testemunhas que Netanyahu não passava de um “idiota de merda” (sic).

Entretanto, Israel prosseguia a sua campanha contra a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Depois de ter exigido a dissolução da Agência porque 12 dos seus funcionários (quer dizer, 0,09% dos seus funcionários em Gaza) teriam participado na Operação “Torrente de Al-Aqsa”, as FDI alegavam que o Hamas tinha instalado o seu Quartel-General num túnel por baixo da sede da UNRWA em Gaza.

E quando o Diretor da Agência, Philippe Lazarini, exclamava que ignorava todas estas acusações, o embaixador israelita nas Nações Unidas, Gilad Erdan, tuitava :

Não é que não soubesse, você não queria era saber. Nós mostramos os túneis dos terroristas sob as escolas da UNRWA e fornecemos provas que o Hamas utiliza a UNRWA. Nós imploramos-lhe que procedesse a uma busca geral em todas as instalações da UNRWA em Gaza. Mas você não apenas se recusou, como escolheu enfiar a cabeça na areia. Assuma as suas responsabilidades e demita-se já. Todos os dias encontramos mais provas que em Gaza, o Hamas=a ONU e vice-versa. Não se pode ter confiança naquilo que diz a ONU ou naquilo que se diz a partir de Gaza.

Privada de financiamento, a Agência aprestava-se a fechar as suas portas. Ela informou os governos libanês e jordaniano que já não seria capaz de ir em socorro não só dos habitantes palestino de Gaza e da Cisjordânia, mas também das centenas de milhares de refugiados que eles acolhem.

De repente, a mudança de opinião dos Anglo-Saxões transformou o ambiente. Alguns Estados restabeleceram o financiamento da UNRWA, enquanto o Irã apelava à calma. Os ataques contra as bases militares dos EUA tornaram-se mais raros. Os Anglo-Saxões e o Eixo da Resistência, inimigos irreconciliáveis no mês passado, voltavam a falar entre si através de intermediários e talvez até diretamente. Por todo o lado, as negociações interrompidas foram retomadas.

Esta calmaria será provavelmente de curta duração, mas, de momento, os Ocidentais tem os mesmos interesses que todos os povos do Oriente Médio: interromper a loucura assassina dos judeus sionistas revisionistas. Washington já não encara uma derrota de Israel como a sua própria derrota. Já não se sente mais obrigado a colaborar, contra sua vontade, no massacre dos palestinos. Pelo contrário, uma vitória de Israel seria uma derrota dos Estados Unidos, incapazes de manter a paz e cúmplices de um massacre e/ou genocídio.

Esta reviravolta muda tudo.

No seio do gabinete de guerra, em Tel Aviv, a certeza de gozar de uma impunidade em todas as circunstâncias esfumou-se : sem o apoio de Washington, o Hezbollah faria de Israel pouco menos que picado.

A África do Sul apresentou perante o Tribunal Internacional de Justiça(CIJ) uma queixa adicional à sua querela contra Israel. Ela levanta a questão das medidas preventivas necessárias em caso de ataque israelita a Rafah. Seguindo uma vez mais a posição do Departamento de Estado dos EUA, o TIJ ordenou a Israel tomar antecipadamente, desta vez, medidas para proteger os civis.

Precisamente no Líbano, isso já não parece ser extremista quando ele exige a aplicação total da Resolução 1701 da ONU. Assim, o Hezbollah retirará as suas forças do Sul do Líbano, se Israel retirar igualmente as suas da fronteira, e não da linha de demarcação, mas sim da fronteira.

Nem os Estados Unidos, nem a França se referem mais às suas propostas para a paz Israel / Líbano. Para Washington, tudo por uma paz separada e uma divisão do Eixo da Resistência. Para Paris, a mesma coisa, mas com uma roupagem jurídica mais complexa, fazendo referência ao acordo de Naqura (1996) e à Resolução 1701 (2006). Pelo contrário, eles esperam que o Hezbollah mantenha a sua pressão sobre as FDI na fronteira Norte para as impedir de atacar Rafah na Faixa de Gaza.

Os pesos pesados do Oriente Médio, que são o Egito, a Arábia Saudita, a Turquia e o Irã, fazem passar as suas dissensões para segundo plano, reaproximam-se a fim de fazer face ao inimigo comum : os fanáticos judeus sionistas revisionistas. A Arábia Saudita e o Irã renovaram os seus laços, há um ano, graças aos bons ofícios da China Popular [3].

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, dirigiu-se ao Egito para se encontrar com o seu homólogo, Abdel Fattah al-Sissi, com o qual até aqui recusava-se a falar. Com efeito, em 2013, o General al-Sissi derrubara o Presidente Mohamed Morsi (apoiado por Erdogan-ndT), dando-se o caso que este último tinha falsificado a sua eleição [4] e que, primeiro, 40 milhões de Egípcios se haviam manifestado contra ele, e depois 33 milhões haviam festejado a sua queda [5].

O Egito está organizando, a toda a pressa, um vasto acampamento capaz de receber 1 milhão de palestinos refugiados de Gaza na Península do Sinai. O grupo al-Arjani deve terminar as obras de terraplanagem e arranjos finais em 23 de Fevereiro [6]. Os Palestinos poderiam ser autorizados a escapar das bombas israelitas e a refugiar-se lá. A Turquia e a Arábia Saudita viriam então em sua assistência.

Evidentemente, ninguém pretende validar a expulsão dos palestinos das suas terras. Além disso, todos se concertam para o que se seguirá : como derrubar Benjamin Netanyahu e os fanáticos judeus sionistas revisionistas que o rodeiam ?

Devemos, pois, contar nas próximas semanas com um cataclismo político em Israel. Entretanto, se Benjamin Netanyahu desaparecer da cena política, o Ucraniano Volodymyr Zelensky também se achará na berlinda. A questão é saber se, neste caos, cada protagonista manterá os seus compromissos e prosseguirá o plano comum até ao seu final, ou se alguns atores se aproveitarão da confusão para impor as suas soluções.


“E ouvireis falar de GUERRAS e de rumores de GUERRAS; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.  Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá FOMES, PESTES e TERREMOTOS, em vários lugares. Mas todas estas coisas são [APENAS] o princípio de dores.  –  Apocalipse 13:16


Uma resposta

  1. Enquanto as premissas em conflito se chocam, a busca pelo poder se intensifica. O ser humano “esqueceu” de utilizar sua consciência favorecendo seu discernimento; nos envolvemos inadvertidamente abraçando causas e conclusões que nos impedem maior compreensão. “A história está ainda por registrar um só caso em que aqueles que se apoderaram do poder pela violência continuem a exercê-lo sem violência ou queiram espontaneamente abandoná-lo. (Fulton J. Sheen)”

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