Paz Mundial, nova Globalização e Brasil como potência regional marcam ‘Nova Era’ do BRICS

A cúpula do BRICS, que começa amanhã na África do Sul, ocorrerá em um momento em que os países como Rússia e China impulsionam a nível mundial uma nova ordem geopolítica baseada no multilateralismo, livre da hegemonia econômica, financeira, militar e política ditada por Washington. A 15ª Cúpula do BRICS será realizada entre os dias 22 e 24 de agosto em Joanesburgo, na África do Sul.

Paz Mundial, nova Globalização e Brasil como potência regional marcam ‘nova era’ do BRICS

Fonte: Sputnik

“A cúpula do BRICS de Joanesburgo é significativa e importante para três propósitos: primeiro, o de contribuir para a paz mundial; segundo, o de projetar uma das bases econômicas de uma nova globalização; e terceiro, o de começar a construir uma proposta distinta de multilateralismo, que leva em conta os países não por suas condições econômicas, mas por sua identidade política”, afirmou à Sputnik o ex-presidente da Colômbia Ernesto Samper, que governou de 1994 a 1998.

Para Samper, o movimento de países não alinhados e outras alianças estratégicas, como o BRICS, que estão fora da bipolaridade ou da bipolarização, “são muito importantes para a paz mundial e para começar a construção de uma alternativa ao processo frente ao fenômeno da desglobalização”.

“Devido à polarização causada pela hostilidade dos EUA contra países como a China, Irã, Venezuela, Cuba e Rússia, que considera inimigos, é mais do que necessário apostar em uma maior cooperação global”, advertiu.

Ele também destacou que o Sul Global vem sendo vítima de práticas colonialistas das grandes potências e dos países alienados às políticas imperialistas estabelecidas pelos EUA e as nações do G-7.

Espera-se que durante a cúpula na África do Sul sejam debatidas questões globais dedicadas à geopolítica, segurança, finanças e economia. Para os analistas, a expansão do BRICS, a criação de uma moeda comum e os planos para o revitalizado Novo Banco de Desenvolvimento estarão na pauta.

O chefe do Departamento de Energia da Fundação Instituto de Energia e Finanças e especialista do Comitê Nacional Russo de Pesquisa, Aleksei Gromov, afirmou à Sputnik que o mais importante “não é a quantidade de países, mas garantir a sustentabilidade da associação e união dos membros nas principais questões da agenda do BRICS“.

Por sua vez, o analista do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica Aníbal García, falando sobre a segurança alimentar do bloco, destacou o papel da Rússia, China e do Brasil na segurança alimentar global, pois são grandes produtores agrícolas.

“O Brasil é uma potência regional no setor agrícola, o que pode contribuir para que o BRICS possa ter uma maior participação e relevância no setor. Além disso, há os fertilizantes no processo, com a Rússia sendo um ator fundamental”, destacou.

Ele também destacou os acordos entre Brasil e China no setor agrícola, que preveem a construção de uma reserva de sementes.

Pela sua dimensão e capacidade de abordar diversos temas atuais, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper acredita que o BRICS possa assumir os chamados novos temas da agenda mundial, que envolvem a soberania alimentar, mudança climática e inteligência artificial, entre outros tópicos relevantes.

A 15ª Cúpula do BRICS será realizada entre os dias 22 e 24 de agosto em Joanesburgo, na África do Sul.

A expansão dos países afiliados ao grupo BRICS, composto pela Rússia, China, Brasil, Índia e África do Sul, será colocada na mesa e discutida entre os líderes participantes. A África do Sul confirmou que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o líder chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, estarão presentes na cúpula.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Joanesburgo nesta segunda-feira (21) para participar da 15ª Cúpula do BRICS. Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, acompanhará a cúpula de forma virtual, sendo representado pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, durante a reunião.

Aproximadamente 70 líderes do Sul Global, incluindo todos os chefes de Estado africanos, foram convidados para o Fórum Empresarial, sendo que 50 deles já haviam confirmado a presença no evento, incluindo o presidente iraniano Ebrahim Raisi.

Quais assuntos estarão em pauta na cúpula?

Expansão do BRICS

A ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, afirmou que, em agosto, 40 países já haviam expressado interesse em ingressar no BRICS, sendo que 20 deles se candidataram formalmente.

Segundo a ministra sul-africana, a Argélia, Argentina, Bangladesh, Cuba, Egito, Irã, Indonésia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão entre os países que expressaram interesse em aderir ao bloco.

Todos os atuais membros concordam com a expansão do grupo, desde que os candidatos cumpram os “critérios” e “orientações”.

“O BRICS pretende mostrar liderança global ao abordar as preocupações do Sul Global e no avanço da representação dos países em desenvolvimento no processo global de tomada de decisões”, afirmou a ministra.

Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS, vai liderar o evento que visa fazer com que os países em desenvolvimento reduzam a sua dependência do dólar americano nas transações bilaterais e internacionais. O NDB é considerado como potencial rival do Banco Mundial e de outras instituições de crédito lideradas pelo Ocidente.

Todos os cinco países do BRICS passaram a utilizar as moedas locais em suas negociações comerciais em vez do dólar americano, ação que foi acelerada após as sanções ocidentais, lideradas pelos EUA, contra a Rússia.

Recentemente, o presidente russo, Vladimir Putin, informou que aproximadamente 80% do comércio bilateral entre Moscou e Pequim passou a ser efetuado nas moedas locais.

Vínculo econômico entre África e Sul Global

O Fórum Empresarial do BRICS está sendo realizada sob o tema “BRICS e África: Parceria para um Crescimento Acelerado Compartilhado, Desenvolvimento Sustentável e Multilateralismo Inclusivo”, segundo a presidência sul-africana.

Conforme o anúncio oficial, o principal objetivo do fórum é o “estreitamento” das relações comerciais e vínculos de investimento entre o BRICS e as nações africanas.

O ex-embaixador da Índia na Jordânia, Líbia e Malta, Anil Trigunayat, afirmou à Sputnik que o BRICS reconquistou um certo peso e atratividade entre as nações em desenvolvimento devido às condições “geopolíticas incertas”.

“Com a China e a Índia como os principais impulsionadores do crescimento econômico e dos mercados, os países estão curiosos para participar das oportunidades do Sul Global”, afirmou.

O ex-embaixador também afirmou que o BRICS pode se tornar um novo G-20 se for capaz de superar a competição entre os seus países membros e os desafios globais.


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