Foi provavelmente inevitável que, com o advento da moderna era dos computadores, alguns mestres dirigissem suas capacidades para um objetivo novo e inédito: a procura de um “código secreto” na Bíblia. Apesar de ter sido apresentado em artigos científicos e até mesmo em livros como o auge da sofisticação moderna, a verdade é que essa busca está sendo renovada com ferramentas novas e avançadas, porém a ideia não é nova.
CAPÍTULO 8 – CÓDIGOS OCULTOS, NÚMEROS MÍSTICOS
A Bíblia Hebraica consiste em três partes: a Torá (Ensinamentos), que engloba o Pentateuco (os Cinco Livros de Moisés) e, histórica e cronologicamente, vai desde a Criação até as andanças do Êxodo e a morte de Moisés; Neviyim (Profetas), que engloba os livros de Josué e Juízes, Samuel, Provérbios e Jó – historicamente desde o acampamento israelita em Canaã através da destruição do Primeiro Templo de Jerusalém; e Ketuvim (Escritos), começando com o Cântico dos Cânticos através dos livros atribuídos aos dois líderes que chefiaram os exilados de volta à Judéia para reconstruir o Templo (Esdras e Neemias) e terminando com Crônicas I e II.
Juntas, as três partes são chamadas pelo acrônimo TaNaKh; e já na época dos Profetas foram feitas referências interpretativas à primeira parte, a Torá. Discussões entre sábios judeus e líderes religiosos pretendiam “ler nas entrelinhas” as palavras da Torá, depois de Profetas, e isso se intensificou durante o exílio após a destruição (pelo rei da Babilônia, Nabucodonosor) do Primeiro Templo (586 a.C.) e mais ainda depois da destruição do Segundo Templo (pelos romanos em 70 a.D.).
O registro dessas considerações é o Talmude (O Estudo). O esoterismo hebraico, conhecido como a Cabala (Kabbalah), assumiu e intensificou essa busca por significados ocultos. Esses significados ocultos existem realmente, atesta a própria Bíblia. A chave era o alfabeto, as 22 letras do hebreu. Um dispositivo codificador simples, com o qual até crianças em idade escolar brincam, é a substituição de letras. Os sábios da Cabala na Idade Média usaram uma ferramenta de busca que consistia num sistema chamado ATBSh, no qual a última letra, Tav (“T”), é substituída pela primeira letra, Aleph (“A”); a penúltima, Shin (“Sh”), pela segunda, Beth (“B”), e assim por diante.
O cabalista Abraham ben Jechiel Hacohen ilustrou o sistema e forneceu a chave para ele num livro publicado em 1788. Porém, na verdade, tal sistema de códigos foi usado pelo profeta Jeremias (século VII a.C.), o qual, profetizando a queda do Império Babilônico, substituiu a grafia B-B-L (Babel) pelas letras Sh-Sh-Kh para evitar ser preso (Jeremias 25:26 e 51:42). O Livro das Lamentações, atribuído ao profeta Jeremias, no qual a queda e a destruição de Jerusalém são choradas, emprega outro código oculto, chamado de Acróstico, em que a primeira (algumas vezes a última) palavra de um verso forma uma palavra ou um nome, ou (no caso de Jeremias) revela a identidade das letras sagradas do alfabeto.
A primeira palavra no primeiro verso começa com um Aleph, o segundo verso começa com um Beth, e assim por diante até o vigésimo segundo verso. O mesmo acróstico é repetido pelo profeta no segundo capítulo; depois cada letra começa dois versos no terceiro capítulo, revertendo a um no quarto. O Salmo 119 é construído com acrósticos óctuplos! A autenticidade de certos versos nos Salmos pode ser verificada ao reparar que cada verso possui duas partes, cada uma delas começando em ordem alfabética (por exemplo, o Salmo 145); o mesmo recurso é usado no arranjo dos versos de Provérbios 31. No Salmo 145, além disso, os três versos (11, 12, 13) que louvam a realeza de Javé começam com as letras Kh-L-M, que, ao contrário, são lidas MeLeKh, “Rei” em hebraico.
O uso de acrósticos como código oculto, evidente em outros livros da Bíblia, é encontrado em livros pós-bíblicos também (alguns incluídos no arranjo cristão do Velho Testamento). Um exemplo famoso vem da época da revolta contra o domínio grego no século II a.C. A revolta leva o nome de seus líderes, os macabeus, nome que, na verdade, é um acrônimo baseado no verso do Cântico de Moisés (Êxodo 15:11) – “Quem dentre os heróis é semelhante a Ti, Javé?” -; as primeiras letras das quatro palavras hebraicas formam o acrônimo M-K-B-I, pronunciado Macabi. Depois da destruição do Segundo Templo pelos romanos, no ano 70 d.C. o principal esteio religioso e espiritual para os judeus foram as Escrituras Sagradas – o tesouro das palavras divinas e proféticas. Estaria tudo predeterminado? Tudo previsto? E quanto ao que viria pela frente?
As chaves para o passado e para o futuro podiam estar ocultas nas escrituras sagradas, canonizadas não apenas pelo conteúdo como por cada palavra e cada letra. Essa procura por significados ocultos obscurecidos por códigos secretos se tornou conhecida depois da destruição do Templo como “penetrar na cova proibida”, sendo a palavra para “cova” – PaRDeS – um acróstico criado com as primeiras letras de quatro métodos para extrair a mensagem das Escrituras: Peshat (significado literal), Remez (sugestão), Drash (interpretação) e Sod (segredo). Uma história do Talmude pretende ilustrar os riscos de lidar prematuramente com o que deve permanecer oculto (As pérolas que não se deve dar aos porcos), ao revelar o que ocorreu com quatro rabinos que entraram em Pardes; um deles “olhou e morreu”, outro enlouqueceu, um terceiro ficou violento e começou a “arrancar as plantas pela raiz”; apenas um, o rabino Akiba, saiu inteiro.
Essa procura de significados ocultos foi resumida na época medieval pelos cabalistas e seus acólitos. Como seriam as escrituras examinadas pelo código ATBSh? E se fosse possível ordenar as letras de outra forma? E se uma palavra tivesse sido incluída apenas para ocultar o sentido verdadeiro, porém deveria ser retirada para transmitir o texto original? Com esse método, por exemplo, seria possível provar que o Salmo 92 (Um Cântico para o Dia de Sabat) fora composto por Moisés no Sinai, e não pelo rei Davi. Em outra instância foi afirmado que o grande sábio judeu Maimônides (Espanha e Egito, século XII), era mencionado no livro do Êxodo, onde as primeiras letras das últimas quatro palavras no verso 11:9 criavam o acrônimo R-M-B-M, combinando o acrônimo resultante do nome completo de Maimônides, Rabino Moisés Ben Maimón (explicando a referência a ele como Rambam). Contudo os sábios medievais se perguntaram se a busca precisava limitar-se apenas às primeiras ou últimas letras das palavras, ao início ou final dos versos. O que aconteceria se alguém procurasse sentidos ocultos saltando letras? Cada segunda, cada quarta, cada quadragésima segunda? Era inevitável que, com o advento dos computadores, alguém aplicasse essa tecnologia para realizar a busca metódica de um “código” baseado no espaço entre as letras.
A última centelha de interesse no assunto de fato resultou de tal aplicação das técnicas de computação por vários cientistas israelenses: foi publicado, em agosto de 1994, no prestigioso periódico Statistical Science, por Doron Witzum, Eliyahu Rips e Yoav Rosenberg, um artigo intitulado: “Seqüências de Letras Eqüidistantes no Livro do Gênesis”. Análises, revisões e livros (O Código da Bíblia, de Michael Drosnin, e A Verdade por Trás do Código da Bíblia, de Jeffrey Satinover) lidam, em essência, com uma premissa básica. Se você listar todas as 304.805 letras do Pentateuco em seqüência e arrumá-las em “blocos” que segmentem essas letras em seções consistindo em um determinado número de linhas, cada linha contendo certo número de letras, e depois escolher um método de saltar as letras, determinadas letras formarão palavras que, inacreditavelmente, mostram previsões para a nossa época e para todas as épocas, tais como a previsão do assassinato do primeiro-ministro Rabin, de Israel, ou a descoberta da Teoria da Relatividade por Albert Einstein.
Entretanto, para conseguir essas alegadas “previsões” de eventos futuros em textos escritos milhares de anos atrás, os pesquisadores tiveram de atribuir regras arbitrárias e alteráveis para ler as “palavras do código”. As letras formando as predições acabavam muitas vezes próximas umas das outras, algumas vezes espaçadas (com o espaço variando e flexível), algumas vezes se liam verticalmente, algumas vezes de forma horizontal, ou de trás para a frente, ou de baixo para cima…
Tais arbitrariedades em selecionar a extensão e número de linhas, a direção da leitura, saltar ou não algumas letras, e assim por diante prejudica um pouco a aceitação sem críticas dos não iniciados sobre basear-se unicamente nas letras da Bíblia; e fazer isso sem examinar a questão de o texto do Pentateuco ser precisamente o original, divinamente transmitido, letra a letra. Afirmamos isso por saber que desvios menores (exemplo: determinadas palavras com ou sem uma letra representando a vogal) ocorreram de fato, e também por ser nossa crença (afirmada em Encontros Divinos) de que existia uma letra a mais, um Aleph, no início do Gênesis. Colocadas à parte as implicações teológicas, a conseqüência imediata é a distorção da contagem das letras. Apesar disso, a decodificação de palavras ou significados ocultos nos textos bíblicos deve ser aceita como uma possibilidade séria, não apenas pelos exemplos citados acima, mas também por outras razões importantes. A primeira delas é que codificações e escritas cifradas foram descobertas em textos não hebreus na Mesopotâmia, tanto na Babilônia quanto na Assíria. Incluem textos que começam ou terminam com o alerta de que são secretos, para serem mostrados apenas aos iniciados (ou não serem expostos a olhos não-iniciados), sob pena de morte nas mãos dos deuses.
Tais textos algumas vezes empregam métodos de codificação decifráveis (tais como acrônimos), outras vezes permanecem um enigma. Entre os primeiros, existe um hino do rei assírio Assurbanipal em louvor ao “deus” Marduk e à esposa de Marduk, Zarpanit. Nele, são utilizados os sinais silábicos cuneiformes no início das linhas para passar uma mensagem ao deus Marduk. Além do método de acrônimos, o rei empregou um segundo método de codificação: as sílabas que formavam a mensagem secreta começavam na linha 1, pulavam a linha 2, continuavam na linha 3, pulavam a linha 4, e assim por diante, até a linha 9. Daí em diante a mensagem saltava duas linhas por vez, retornando a uma na linha 26, retomando o espaço duplo na linha 36, depois voltando ao esquema inicial até o final do documento (inclusive o lado de trás).
Nesse código duplo, o rei assírio passava a seguinte mensagem ao deus Marduk (fornecemos a transcrição horizontal embora a mensagem fosse lida verticalmente, de cima para baixo):
“A-na-ku Ah-shur-ba-an-ni-ap-li Eu sou Assurbanipal Sha il-shu bu-ul-li-ta- ni-shu-ma Ma-ra-du-uk Quem chamou a seu deus me deu a vida Marduk [e] Da-li-le-ka lu-ud-lu Louvo a vós”
A descoberta de uma inscrição por um tal Shaggilkinamubbib, sacerdote do templo de Marduk na Babilônia, indica não apenas a acessibilidade do sacerdócio a tais códigos mas também levanta questões em relação à sua antiguidade. Naquele acrônimo (no qual existe um salto de onze linhas entre as sílabas codificadas), o nome do autor é claramente expresso. Tanto quanto se saiba, um sacerdote com esse nome serviu no templo de Esagil na Babilônia por volta de 1400 a.C. Isso iria datar o conceito de criptografia para a época do Êxodo. Como a maior parte dos estudiosos acha essa data muito remota para digerir, prefere datá-la no VIII século a.C. Um método bastante diferente foi utilizado pelo rei assírio Esarhaddon, pai de Assurbanipal.
Numa estela (conhecida pelos estudiosos como a Pedra Negra de Esarhaddon, atualmente no Museu Britânico, que comemorava uma invasão histórica realizada por ele no Egito, afirmava que lançara uma campanha militar não apenas com a bênção dos deuses, mas também sob a égide celestial das sete constelações que “determinam as sortes” – uma referência às constelações zodiacais. Na inscrição (localizada na lateral da pedra), ele afirmava que os sinais cuneiformes que davam nome às constelações “estão na semelhança da grafia do meu nome, Asshur-Ah-Iddin” (Asarhaddon ou Esarhaddon). Como funcionava exatamente esse código não fica claro; porém, pode-se perceber o significado oculto mencionado pelo rei na mesma inscrição. Lidando com a restauração do templo de Marduk, na Babilônia, que o rei assírio assumiu como uma forma de ser também aceito como rei da Babilônia, ele lembra que Marduk, zangado com os babilônios, decretou que a cidade e seu templo deveriam permanecer em ruínas por setenta anos. Esarhaddon conta que “Marduk escreveu no Livro das Sortes”. Entretanto respondeu aos apelos de Esarhaddon. O misericordioso Marduk, em um momento em que seu coração se agradou, virou a tábua de cabeça para baixo e, no décimo primeiro ano, aprovou a restauração.
O que poderia ser deduzido ao observar esse oráculo oculto é que o ato do deus representou uma manipulação dos números – com os símbolos, também cuneiformes que representavam os números. No sistema sumério sexagesimal (de base 60), o símbolo para 1 podia significar tanto 1 como 60, dependendo da posição. O sinal para 10 era um símbolo que parecia uma divisa militar. O que Esarhaddon afirmou foi que o deus apanhou o Livro das Sortes, no qual o período do decreto era de 70 anos e o virou de cabeça para baixo, de forma que os caracteres cuneiformes representassem 11. A associação entre mensagens ocultas e significados secretos não apenas com palavras, mas com numerais e números chamava ainda mais atenção nos escritos de Sargão II, o avô de Assurbanipal. Durante seu reinado (721-705 a.C.), ele fundou uma nova capital administrativo-militar ao lado de uma vila cerca de 32 km a nordeste da antiga capital real e centro religioso, Nínive. Seu nome assírio era Sharru-kin (Rei Justo) e batizou a nova cidade de Dur Sharrukin (Forte Sargão – um sítio arqueológico agora conhecido como Khorsabad).
Na inscrição que comemora essa ocasião, escreveu que o sólido muro construído ao redor da cidade tinha o comprimento de 16.283 cúbitos, “que é o número do meu nome”. Tal uso de números para codificar palavras-sílabas aparece num texto conhecido como Exaltação a Ishtar, em que o autor assina seu nome não com letras, mas com números:
“21-35-35-26-41 filho de 21-11-20-42”
A chave para tais codificações numéricas permanece não-decifrada. Mas temos razões para crer que esses métodos de codificação mesopotâmicos eram conhecidos dos profetas hebreus. Uma das passagens mais difíceis na Bíblia é a profecia de Isaías sobre o tempo da Retribuição, quando “uma grande trombeta será assoprada, e voltarão todos os que se perderam nas terras da Assíria e aqueles que se perderam nas terras do Egito, e serão submetidos a Javé na Montanha Sagrada em Jerusalém” Nesse tempo, Isaías profetizou, a confusão reinará e as pessoas perguntarão umas para as outras “quem terá o entendimento” da mensagem que de alguma forma foi alterada para ocultar o significado:
“Porque manda e torna a mandar, manda e torna a mandar; espera e torna a esperar, espera e torna a esperar – Um pouco aí, um pouco aí; porque em outra linguagem de lábio e em língua estranha ele falará a este povo. Isaías 28:10-11″
Ninguém na verdade entendeu como “manda e torna a mandar” e “espera e torna a esperar” pode resultar em “língua estranha” e “outra linguagem”. As palavras hebraicas eram Tzav (ordem) e Kav (fila) e em mais de uma tradução moderna apareceram como “lei” e “regra” respectivamente (The New American Bible), “preceito” e “murmúrio” (Tanakh, as Escrituras Sagradas) ou mesmo” gritos agudos” e “berros primais” (!) (The New English Bible). Que linguagem pode ser confusa, ou seus sinais escritos assumirem um significado diferente, alterando a ordem e a espera, aqui e ali? É nossa sugestão que o que o profeta Isaías – contemporâneo de Sargão II e Senaqueribe – mencionava era a escrita cuneiforme dos assírios e babilônios! Naturalmente não se tratava de uma linguagem desconhecida; porém, como o verso citado sobre os estados, as mensagens que trazia não poderiam ser compreendidas porque haviam sido codificadas de Kav a Kav, alterando uma linha aqui e outra linha lá, portanto alterando a “ordem” do que a mensagem dizia. A Tzav alterada sugere métodos de codificação (como o A/T-B/Sh) usando a ordem alterada das letras. A solução sugerida para o enigma dos versos 28:10-11 pode servir para explicar as descrições subseqüentes pelo profeta (29:10-12) da inabilidade de qualquer um compreender os escritos porque “as palavras do livro se tornaram para você como um livro selado”.
A última palavra, hatoom, geralmente é traduzida como “selada”, mas no uso bíblico possui a conotação de “oculto”, um segredo. Era um termo empregado no mesmo sentido em que os mesopotâmicos guardavam escritos dos olhos dos não iniciados. Assim foi empregada no profético Cântico de Moisés (Deuteronômio 32:34), em que Deus afirma que as coisas que estão por vir “estão guardadas e seladas em meus tesouros”. O termo também é usado no sentido de “oculto” ou “tornado secreto” em Isaías 8:17, e mais ainda no Livro de Daniel e no simbolismo das coisas que virão ao Final das Coisas. Isaías, cujas profecias estavam ligadas à área internacional e à codificação de mensagens reais em seu tempo, talvez tenha revelado a “pista” para a existência de um “Código Bíblico”. Três vezes ele corrigiu a palavra Ototh (sinais) para parecer Otioth – plural de Oth, que significa tanto “sinal” quanto “letra”, combinando o significado de letras em sua profecia. Já mencionamos a referência de Isaías a Javé como criador das Letras (do alfabeto). No verso 45:11 o profeta, louvando a unidade de Javé, afirma que foi Javé quem “dispôs nas letras tudo aquilo que virá a passar-se”. E que tal disposição estaria codificada parece ser a forma para entender o enigmático verso 41:23. Descrevendo como as pessoas desconcertadas na Terra irão procurar adivinhar o futuro pelo passado, Isaías as menciona quando implora a Deus: Diga-nos as letras de trás para a frente!
Em que a palavra Ototh teria significado: “Diga-nos os sinais desde o início das coisas”. Porém o profeta escolheu – três vezes – escrever Otioth, “letras”. O pedido claro é poder entender o plano divino enxergando as letras de trás para a frente, como num código, no qual as letras foram reordenadas. Mas, como os exemplos da Mesopotâmia indicam, os acrósticos são um dispositivo simples demais, e o verdadeiro código – ainda não decifrado, no caso de Sargão II – apoiava-se no valor numérico dos caracteres cuneiformes. Já mencionamos o “segredo dos deuses” em relação ao número de classificação deles – números que algumas vezes eram escritos ou evocados em lugar dos nomes. Outros tabletes nos quais a terminologia dos sumérios ficou retida, mesmo em textos acadianos (muitos permanecendo obscuros por quebra das peças), apontam para o uso claro de numerologia como código secreto, sobretudo quando os deuses estavam envolvidos.
Não é de admirar que, quando as letras do alfabeto hebraico recebessem valores numéricos, tais valores desempenhassem um valor maior na codificação e decodificação de sabedoria secreta do que como letras. Quando os gregos adotaram o alfabeto, retiveram a prática de atribuir valores numéricos às letras; e é pelos gregos que a arte e as regras para interpretação das letras, palavras ou grupos de palavras [conferindo um valor numérico convencionado a cada letra] recebem o nome de gematria. Começando na época do Segundo Templo, a gematria numerológica se torna uma ferramenta nas mãos dos estudiosos, assim como os gnósticos pesquisam os versos e palavras bíblicas buscando números e informações ocultas, ou para traçar novas regras onde as bíblicas ficavam incompletas. Assim, quando um homem jurava ser um nazirita, o período não especificado de abstenção devia ser de 30 dias, porque a palavra que o definia YiHYeH (será) em Números, no capítulo 6, tem o valor numérico de 30.
A confrontação de palavras e suas implicações com seus equivalentes numéricos abria possibilidades incontáveis de significados ocultos. Por exemplo, foi sugerido que Moisés e Jacó tiveram uma experiência divina similar, por causa de que a escada para o céu (Sulam em hebraico), que Jacó enxergou em sua visão noturna, e o monte (Sinai), no qual Moisés recebeu as Tábuas da Lei, possuíam o mesmo valor numérico, 130. O emprego da numerologia e especialmente da gematria para detectar significados secretos atingiu novos níveis com o crescimento, durante a Idade Média, do esoterismo judaico conhecido como Cabala. Naquelas buscas, uma atenção especial era dada a nomes divinos. Um dos mais importantes era o estudo do nome que o Senhor Deus forneceu a Moisés, YHWH. “Eu sou aquele que sou, YHWH é meu nome” (Êxodo 3:14-15). Se forem simplesmente adicionadas, as quatro letras do nome divino (o tetragrama) totalizam 26 (10+5+6+5), porém sob métodos mais complexos advogados pelos cabalistas, nos quais os nomes soletrados das quatro letras (Yod, Hei, Wav, Hei) foram adicionados, o total perfaz 72.
Os equivalentes numéricos desses números formam outras palavras cheias de significado. (No início da cristandade, um ramo de Alexandria sustentava que o nome do ser supremo e criador primordial era Abraxas, a soma de cujas letras perfazia 365 – o número de dias num ano solar. Os membros da seita costumavam usar camafeus feitos de pedras semi-preciosas, ostentando a imagem e o nome do deus – freqüentemente IAW (abreviatura de YHWH). Existem motivos para acreditar que Abraxas derive de Abresheet, “Pai/Progenitor do Começo”, que propusemos como a primeira palavra completa, iniciando com” A”, do Gênesis, em vez da atual Bresheet que faz o Gênesis iniciar com “B”. Se o Gênesis realmente tivesse mais uma letra, a seqüência de códigos agora vigente teria de ser reexaminada.)
Quanto valor se pode ligar a códigos ou significados numéricos – um código inerente às próprias letras, e não um espaçamento arbitrário entre elas? Porque essas práticas eram utilizadas no tempo dos sumérios, válidas entre os acadianos e em todas as épocas, eram consideradas um “segredo dos deuses” que não devia ser revelado aos não iniciados, e por causa da ligação ao DNA humano, acreditamos que os códigos secretos eram numéricos!
Na verdade, uma das pistas mais óbvias (e, como numa história de detetive, a mais ignorada) é o próprio termo para “livro”, SeFeR em hebraico. Ele deriva da raiz SFR, assim como a palavra para escritor/escriba (Sofer), contar (Lesapher), e história ou narrativa (Sippur), e assim por diante. Porém a mesma raiz também se refere a tudo que se relaciona com números! Contar é Lisfor, numeral é Sifrah, número é Mispar, contagem é Sephirah. Em outras palavras, desde o instante em que a raiz hebraica de três letras surgiu, escrever com letras e contar com números foram considerados a mesma coisa. Realmente, existem momentos na Bíblia Hebraica em que os significados “livro” e “número” são intercambiáveis, como em Crônicas I, 27:24, onde, lembrando um censo conduzido pelo rei Davi, a palavra “número” foi usada duas vezes na mesma sentença, uma para mostrar o número (de pessoas contadas), outra para mencionar o livro de registros de Davi.
Tal significado duplo, talvez triplo, desafiou os tradutores do verso 15 no salmo 71. Ao procurar a ajuda de Deus, embora não conhecesse todos os milagres do Senhor, o salmista jurou contar todos os feitos de salvação e justiça, “embora eu não conheça Sefiroth”. A versão do rei James traduz a palavra como “números”; tradutores mais modernos preferem a conotação de “dizer”, – “contar”. Porém nessa forma incomum, o salmista incluiu um terceiro significado, o de “mistérios”. À medida que a época se tomava mais turbulenta na Judéia, com uma revolta (aquela dos macabeus contra o domínio grego) seguida por outra (contra a opressão dos romanos), a busca de mensagens de esperança – augúrios messiânicos – intensificou-se. A leitura de textos antigos para encontrar números codificados desenvolveu-se para o uso de números como códigos secretos. Um dos exemplos mais enigmáticos e melhores codificados passou para o Novo Testamento: o número de uma “besta” codificou-se como “666” no Apocalipse:
“Aqui há Sabedoria; quem tem Inteligência calcule o número da besta. Porque é Número de Homem; e o número dele é 666”. – Apocalipse 13: 18
A passagem trata de expectativas messiânicas, da queda do mal, e em seguida de uma Segunda Vinda de Cristo, o retorno do Reino dos Céus para a Terra. Incontáveis tentativas foram feitas ao longo dos milênios para decifrar o código numeral de “666” e assim compreender a profecia. O número aparece claramente no manuscrito (grego) do livro cujo título completo é O Evangelho Segundo São João, que começa com a afirmação: “No início era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” e está repleto de referências numéricas. Usando os valores numéricos das letras gregas (que seguem de perto o sistema hebraico) e os métodos de gematria, foi sugerido que a ”besta” era o cruel Império Romano, porque o valor numérico da palavra LATEINOS era 666. Outros sugeriram que o código numérico era relativo ao próprio imperador (Trajano), cujo nome do meio, ULPIOS, também resultava no número 666. Outra sugestão ainda era que o código era em hebraico, para Neron Qesar (Nero, o Imperador), cuja grafia hebraica era N-R-W-N + Q-S-R, que também somava 666; e assim por diante, numa variedade de gematrias que usavam adição direta ou métodos de triangulação.
A possibilidade de que o segredo codificado de “666” seja relacionado com o hebraico em vez do grego ou romano pode ser a chave para resolver finalmente o enigma. Descobrimos que 660, em hebraico, é o equivalente numérico de SeTeR – uma coisa escondida, um mistério oculto; foi empregado na Bíblia em ligação com os divinos Sabedoria e Entendimento, ocultos do homem. Para torná-la 666, a letra Wav (6) precisa ser adicionada, trocando o significado de “segredo” para “seu segredo” SiTRO, “sua coisa escondida”. Alguns acham que essa conotação de “seu segredo” descreve uma “escuridão aquosa” onde a Batalha Celestial com Tiamat é recordada:
“A Terra balançou e tremeu, os alicerces das colinas se abalaram… Saiu fumaça das narinas dele, um fogo devorador de sua boca… Ele tornou a escuridão seu segredo, com uma escuridão molhada e nuvens celestiais cobertas”. – Salmos 18:8-12
Existem referências repetidas na Bíblia àquela Batalha Celestial, que na Epopéia da Criação mesopotâmica ocorreu entre Nibiru/Marduk e Tiamat, e na Bíblia foi entre YHWH, como Criador Primitivo, e Tehom, uma “profundeza molhada”. Tehom/Tiamat era algumas vezes referido como Rahab, o “apressado”, ou escrito com uma inversão das letras: RaBaH (“O grande”) em vez de RaHaB. As palavras no salmo 18 ecoam uma afirmação bastante anterior no Deuteronômio 29:19, no qual os julgamentos de YHWH “na última geração” são profetizados e descritos numa época em que “sairá fumaça das narinas” de Deus. Essa época de narração final muitas vezes é referida na Bíblia pelo advérbio Az – “então”, naquele futuro em particular. Se o autor do Apocalipse, como fica evidente, também tinha em mente aquele Az, aquele “então” na época da Última Geração, quando o Senhor há de aparecer como fez quando o Céu e a Terra foram criados, na época da batalha com Tehom Rabah (um termo usado em combinação em Amós 7:4, Salmos 36:7, Isaías 5:10), depois uma aproximação numérica ao enigma do “666” iria sugerir que o Apocalipse falava da Volta do Senhor Celestial num renascimento da Batalha Celestial: pois a soma total do valor numérico de Az + Tehom + Rabah é 666. Tal tentativa, feita por nós para decodificar o número “666”, reconvertendo-o em letras e depois procurando palavras contendo essas letras no Velho Testamento, não cobre todas as possibilidades.
A transmutação de Abresheet em Abraxas (com um valor numérico de 365) como uma divindade suave, as referências bíblicas (citadas anteriormente) a códigos em escrita cuneiforme ao alterar as linhas dos sinais, assim como a referência à leitura de trás para a frente, assim como o emprego do A-T-B-Sh para esconder identidades de deuses estrangeiros, levantam a questão: até que ponto, sobretudo quando o destino dos hebreus misturou-se tanto ao de outros povos e seus deuses, as informações bíblicas codificadas escondiam mesmo dados secretos de escritos estrangeiros e seus panteões? Se as histórias da criação no Gênesis eram mesmo versões mais curtas dos segredos da criação no Enuma elish, e quanto àquelas partes secretas, reveladas a Enmeduranki, Adapa (e Enoch)? Lemos no Gênesis que, quando o faraó promoveu José, que interpretava sonhos, a ministro, deu a ele um nome apropriado para um egípcio ocupando aquele alto cargo: Zofnat-Pa’aneach. Enquanto os estudiosos tentaram reconstruir a escrita hieroglífica e o significado egípcio do nome epíteto, o que se torna óbvio é que na realidade aquele era um nome codificado em hebraico, pois nessa língua significava claramente “O que resolve” (Pa’aneach) “coisas secretas/escondidas” (Zofnot). Tais transfigurações de linguagem/letra/número reforçam a questão (e a possibilidade) – não apenas em relação ao motivo para o “666” – dos códigos incluírem alusões a outras divindades e panteões conhecidos na Antiguidade.
Um dos aspectos inexplicados do alfabeto hebraico é que cinco letras são escritas de forma diferente quando colocadas ao final da palavra. Se formos nos aventurar em Pardes, a “alcova proibida”, e adotar a premissa de um código combinando números e letras, diríamos que, lendo ao contrário (da esquerda para a direita), a razão codificada para essas cinco letras é um “código secreto” (Zofen) de “60” (M+Kh), que é o número secreto de Anu! Se for assim, é apenas uma coincidência que a primeira letra da palavra hebraica para “segredo” – SOD – (“S”) possua o valor numérico “60”, e ainda mais que o valor numérico da palavra inteira seja “70” – o número secreto da desolação decretada por Marduk (depois revertida por ele mesmo) para a cidade de Babilônia? Sobre o mesmo assunto, a afirmação (em Jeremias e outros lugares) de que a desolação de Jerusalém e seu Templo duraria os mesmos setenta anos – uma profecia – foi apresentada como revelação de um segredo, um Sod, de Deus? É uma abordagem que aceita a possibilidade de que o Velho Testamento, assim como o Novo Testamento foram aproveitados para conter antigos segredos mesopotâmicos, que poderiam levar a uma nova solução possível para o enigma “666”.
Uma das raras circunstâncias em que o número “6” foi revelado como classificação divina foi num tablete reconstruído por Alasdair Lvingstone em Mystical and Mythological Explanatory Works of Assyrian and Babylonian Scholars (“Trabalhos de Explicação Mística e Mitológica de Eruditos Assírios e Babilônicos”). O tablete reconstruído – que apresenta o aviso em relação aos segredos que contém – começa com 60 como o número do “deus preeminente, pai dos deuses” e depois, numa coluna separada, revela sua identidade: Anu. Seguido por Enlil/Yahweh (50), Ea/Enki (40), Sin (30) e Shamash (20). Nessa lista, Adad, “deus dos raios e trovões”, corresponde a “6”. À medida que a lista continua, encontramos o “600” como número secreto dos anunnaki. O que emerge do tablete mesopotâmico em relação aos números secretos dos deuses pode muito bem ser a chave para resolver por fim o mistério do “666”, examinando-o como um número codificado à moda suméria:
600 = Os anunnaki, “Aqueles que Vieram do Céu para a Terra”.
60 = Anu, o governante supremo.
6 = Adad, um dos deuses que ensinam técnicas. ____
666 = “Aqui está a Sabedoria”, “Contada por ele, que possui Entendimento”.
(A proximidade de Anu e Adad começou no II milênio a.C. e não encontrou apenas expressões textuais, mas também expressou-se no fato de possuírem templos em conjunto. Por incrível que pareça, a Bíblia também lista Anu e Adad um junto ao outro numa lista de deuses de “outras nações” – Reis II, 17:31). Os números secretos dos deuses servem como pistas para decifrar o significado oculto em outros nomes divinos. Assim, quando o alfabeto foi concebido, a letra “M” – Mem, de Ma’yim, água (Mar, Mare, Mere, Maria, Maya, ou seja ILUSÃO) igualava-se aos pictogramas egípcio e acadiano da água (um pictograma de ondas), assim como a pronúncia nessas linguagens para “água”. Teria sido apenas coincidência que o valor numérico para o “M” no alfabeto hebraico seja “40” – o número secreto de Ea/Enki, “cujo lar é a água”, o protótipo de Aquário?
Havia um código numérico igualmente secreto que se originou na Suméria para YaHU – a forma abreviada para o tetragrama YHWH? Havia um iniciado sumério que procurava aplicar o código secreto de números ao seu nome “teofórico” (como aqueles usados em prefixos e sufixos em nomes pessoais). Poder-se-ia dizer que YHU é um código secreto para “50” (IA = 10, U = 5, IA.U = 10×5 = 50), com todas as implicações teológicas. Enquanto a atenção se focalizou no “significado” do “666”, achamos no verso críptico do Apocalipse uma afirmação da maior importância. O código secreto se refere à Sabedoria, e só pode ser decifrado pelos que possuem Entendimento.
Esses são precisamente os dois termos usados pelos sumérios, e pelos que vieram depois deles, para indicar o conhecimento secreto que os anunnaki ensinavam apenas aos iniciados privilegiados. Na base do conhecimento incrível e abrangente dos sumérios, está uma quantidade comparável de números. Como o assiriologista-matemático Herman V. Hilprecht observava no início do século XX, após a descoberta de numerosos tabletes mesopotâmicos sobre matemática – The Babylonian Expedition of the University of Pennsylvania (“A Expedição Babilônica da Universidade da Pensilvânia”) -, “todas as tabelas de multiplicação e divisão das bibliotecas do templo em Nippur e Sippar, e da biblioteca de Assurbanipal em Nínive, são baseadas no número 12.960.000” – um número virtualmente astronômico, um número que requeria uma espantosa sofisticação para ser compreendido, e cuja utilidade para os humanos no IV milênio a.C. parece completamente questionável. Porém ao analisar esse número – com o qual começavam alguns tabletes matemáticos -, o prof. Hilprecht concluiu que só podia ser relacionado ao fenômeno da precessão – o retardamento da Terra em sua órbita ao redor do Sol, que leva 25.920 anos para completar-se (até que a Terra retorne exatamente ao mesmo lugar).
Esse círculo completo das doze casas do Zodíaco foi chamado de Grande Ano. O número astronômico 12.960.000 representa 500 Grandes Anos. Mas quem, a não ser um anunnaki, poderia entender isso? Ou para quem, também a não ser um anunnaki, poderia ser útil um período tão grande de tempo? Ao considerar sistemas numéricos e de contagem, o sistema decimal (base dez) é obviamente agradável ao homem, resultado da contagem dos dedos das mãos. Mesmo o intrigante sistema do calendário maia, que divide o ano em 18 meses de 20 dias cada (mais 5 dias especiais no final do ano), pode ser relacionado com o número de dedos dos pés e das mãos, 20. Porém onde os sumérios foram buscar o sistema sexagesimal (base 60), utilizado na contagem do tempo (60 minutos, 60 segundos), em astronomia (o círculo celeste de 360 graus) e na geometria?
Em nosso livro When Times Began (“O Começo do Tempo”), sugerimos que os anunnaki, vindos de um planeta cujo período orbital (um ano em Nibiru) equivalia a 3.600 órbitas do planeta Terra, precisavam de algum tipo de fator determinante para períodos tão diversos – e encontramos um no fenômeno da precessão (que apenas eles, e não seres humanos, homens com períodos curtos de vida, determinados pela órbita terrestre, poderiam ter descoberto). Quando dividiram o círculo celestial em doze partes, o retardo precessional – que poderia ser facilmente observado por eles – era de 2.160 anos por “casa”. Sugerimos que isso levava à razão de 3.600:2.160, ou 10:6 (a proporção áurea dos gregos) e o sistema sexagesimal que progride segundo 6 x 10 x 6 x 10, e assim por diante (resultando em 60, 360, 3.600, e assim por diante até o imenso número de 12.960.000).
Nesse sistema, vários números de importância celeste ou sagrada parecem deslocados. Um é o número sete, cujo significado na história da criação é tão facilmente reconhecido, como o sétimo dia da Criação ou o nome da casa de Abraão Beer-Sheba (“O Poço dos Sete”). Na Mesopotâmia era aplicado aos Sete Que Julgam, Os Sete Sábios, os sete portões do Mundo Inferior, os sete tabletes do Enuma elish. Era um epíteto de Enlil (Enlil é sete, afirmavam os sumérios); e, sem dúvida, o que deu origem ao significado: era o número planetário da Terra. “A Terra (KI) é o sétimo” [planeta] afirmam todos os textos sumérios. Isso, como já explicamos, faz sentido apenas para alguém vindo do espaço exterior em direção ao centro do Sistema Solar. Para quem vem, por exemplo, do distante Nibiru, Plutão seria o primeiro planeta; Netuno e Urano, o segundo e terceiro; Saturno e Júpiter, o quarto e quinto; Marte seria o sexto, a Terra seria o sétimo; Vênus o oitavo – como, de fato, esses planetas foram representados nos monumentos e nos cilindros e tabletes. (Em hinos sumérios para Enlil “o Todo-Benemérito”, ele era invocado para prover comida e bem-estar à terra, e também para garantir tratados e acordos. Não é de espantar, então, que, em hebraico, a raiz de onde deriva o numeral sete – Sh-V-A – seja a mesma de onde derivam as palavras para “estar saciado” e para “jurar, fazer uma promessa”.)
O número 7 é um número-chave em Apocalipse (7 anjos, 7 selos, e assim por diante). Da mesma forma, outro número extraordinário: o 12 e seus múltiplos, como 144.000 em Apocalipse 7:3-5, 14:1 etc.). Já mencionamos suas aplicações e seu significado como número de membros de nosso Sistema Solar (o Sol, a Lua e 10 planetas – os 9 que conhecemos mais Nibiru). Então vem o número peculiar 72. Dizer, como já foi feito, que ele é simplesmente o resultado da multiplicação de 12 por 6, ou que, quando multiplicado por 5 resulta em 360 (como o número de graus num círculo), é afirmar o óbvio. Mas por que 72? Já observamos que a Cabala chegou, por meio da gematria, ao número 72 como o número secreto de YHWH. Embora obscurecido pela passagem do tempo, quando Deus instruiu Moisés e Aarão a se aproximarem do Monte Sagrado levando 70 dos anciãos de Israel, o fato é que Moisés e Aarão possuíam 72 companheiros: além dos 70 anciãos, Deus disse que convidassem dois dos filhos de Aarão (embora Aarão tivesse quatro), perfazendo um total de 72.
Entre outros lugares, encontramos esse número na história egípcia que narra a contenda entre Hórus e Seth. Ao relatar a história a partir de textos em hieróglifos, Plutarco (em De Iside et Osiride, em que compara Seth com Tifon dos mitos gregos) afirma que Seth enganou Osíris para entrar no baú na presença de 72 “camaradas divinos”.
Por que então 72 nessas várias situações? A única resposta plausível, acreditamos, pode ser encontrada no fenômeno da precessão, pois o número 72 representa a quantidade de anos necessária para retardar a Terra em um grau.
Até hoje não é certo como surgiu o conceito de Jubileu, o período de 50 anos decretado na Bíblia e usado como unidade de tempo no Livro dos Jubileus. Aqui está a resposta: para os anunnaki, cuja órbita ao redor do Sol durava 3.600 anos terrestres, a órbita passava por 50 graus precessionais (50 x 72 = 3.600)! Talvez fosse mais do que uma coincidência que o número secreto de Enlil – e o número buscado por Marduk – também era 50, já que era um dos números que expressavam o relacionamento entre o Tempo Divino (derivado dos movimentos de Nibiru), Tempo Terrestre (relativo aos movimentos da Terra e sua Lua), e o Tempo Celestial (ou zodiacal, resultado da precessão).
Os números 3.600, 2.160, 72 e 50 eram números que pertenciam às Tabelas dos Destinos no coração de DUR.AN.KI, em Nippur. Eram números que expressavam a verdadeira “Ligação Céu-Terra”. A Lista de Reis Sumérios afirma que 432.000 anos (120 órbitas de Nibiru) se passaram desde a chegada dos anunnaki à Terra até o Dilúvio. O número 432.000 também é mencionado no conceito hindu de passagem das Eras e catástrofes periódicas que se abateram sobre a Terra (Período de duração da Era do Ferro, o Kali Yuga). O número 432.000 também representa 72 x 6000. E talvez seja interessante lembrar que, de acordo com os sábios judeus, a contagem de anos no calendário hebreu – 5763 em 2003 chegará a um término quando alcançar 6.000; completará então seu ciclo.
Parece evidente, dos antigos registros relacionados aos iniciados – Adapa, Enmeduranna, Enoch -, que o cerne da sabedoria e da compreensão revelado a eles, não importando o resto, era astronomia, calendário e matemática (o “segredo dos números”). De fato, como ficou demonstrado pelas práticas de codificação na Antiguidade, o elo comum entre eles, não importa qual a linguagem usada, eram os números. Se houve algum dia uma linguagem universal na Terra (como afirmam os textos sumérios e a Bíblia), teria de possuir uma base matemática; e se – ou melhor, quando – nos comunicamos com extraterrestres, como já foi feito com os anunnaki em suas visitas, e como faremos quando nos lançarmos ao espaço exterior, a linguagem cósmica será a dos números SAGRADOS.
Na verdade, os sistemas atuais de computação já adotaram uma linguagem de números universal. Quando, numa máquina de escrever, a tecla para a letra “A” é pressionada, uma alavanca se move e atinge o papel com o tipo “A”. Nos computadores, quando a tecla “A” é pressionada, um sinal eletrônico é ativado, usando “zeros” (0) e “uns” (1) para expressar o “A”: a letra foi digitalizada. Os computadores modernos possuem, em outras palavras, letras convertidas em números; pode-se afirmar que eles apresentam uma escrita “gematriada”. E, se levarmos a sério as afirmações bíblicas e sumérias sobre a inclusão de conhecimento médico na Sabedoria e no Entendimento passado a nós – em algum lugar dos textos meticulosamente copiados ou “canonizados”, estará ali a chave para lidar com toda a sabedoria genética embutida em nossa criação, que ainda nos acompanha na saúde, na doença e na morte?
Atingimos o ponto em que nossos cientistas identificaram um gene específico – chamando-o, vamos dizer, P51 – num local específico no cromossomo 1 ou 13 ou 22, relacionando-o com uma doença específica. Esse gene e essa localização podem ser expressos em computadores – agora em números, ou em letras, ou em combinações entre ambos. Já existe, naqueles textos antigos, especialmente na Bíblia Hebraica, essa informação genética codificada? Se apenas pudéssemos decifrar tal código, nos tornaríamos seres como o “Modelo Perfeito” que Enki e Ninhursag pretenderam criar. Continua…